domingo, 30 de dezembro de 2012

Seleção 2012



Mais um ano encontra-se à beira do fim, mais um ano encontra-se à beira do início. Eis a já tradicional revisão do ano.

Depois de um 2011 relativamente tranquilo, estável, tirando uma ou outra ocasião, 2012 foi de novo um ano algo agitado, com muitos altos e baixos. Não que o oposto fosse de esperar, já que foi ano de Campeonato Europeu. No início de 2012, a Seleção Nacional vinha de uma Qualificação difícil mas triunfante, com um encerramento particularmente apoteótico. Tal euforia fora, contudo, contrariada pelo sorteio da fase de grupos, que ditara que Portugal partilharia o grupo com a Alemanha - vice-campeã europeia - a Holanda - vice-campeã mundial - e a Dinamarca - seleção que nos complicara a vida à grande e à dinamarquesa nas últimas duas fases de Qualificação.


O primeiro jogo da Seleção do ano deu-se a 29 de fevereiro; um particular frente à Polónia, ma das anfitriãs do Europeu, a propósito da inauguração de um dos estádios que serviria de palco à fase final. A calendarização deste jogo provocou alguma polémica, visto este ter-se realizado apenas dois dias antes do Benfica-Porto - os jogos da Seleção nunca são convenientes, pelo que se vê. Esta foi a primeira oportunidade que a Turma das Quinas teve para se reunir em mais de cem dias, a última oportunidade que Paulo Bento teria de estar com os jogadores antes da Divulgação dos Convocados antes do Euro 2012.

Este jogo ficou marcado pela estreia de Nélson Oliveira entre os Convocados, bem como da nova presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Humberto Coelho e João Pinto passaram a fazer parte da comitiva. Embora não possa avaliar o trabalho da FPF noutros ramos do futebol, tenho de admitir que durante o Euro 2012, a estrutura federativa fez um bom trabalho na Seleção. O que provavelmente contribuiu para o bom percurso que fizemos.


Mas regressemos ao Portugal x Polónia. Aquando deste jogo, aparentemente, a atmosfera era positiva dentro da Seleção. Aquando deste jogo aparentemente, a atmosfera era positiva dentro da Seleção. Os jogadores pareciam felizes por estarem de novo juntos, pareciam possuir espírito vencedor e motivação para fazerem um bom particular.

Tais promessas ficaram por cumprir.

O particular, que terminou com o marcador inalterado, revelou-se igual a tantos outros realizados pela Seleção ao longo dos últimos anos. A primeira parte foi boa, com algum carácter, a segunda não foi tão boa. Destacaram-se Nani e Rui Patrício. As muitas oportunidades falhadas davam os primeiros indícios dos problemas na finalização que assombraram a Equipa das Quinas ao longo de praticamente todo o ano.


Tais problemas são, para mim, o maior enigma deste ano. Durante todo o Apuramento a finalização nunca foi um problema, nós terminámos 2011 com uma goleada, que aconteceu em 2012?

Ninguém pareceu demasiado preocupado com tais sinais, quase ninguém levou o particular a sério. A temporada de clubes estavam bem ativa, o Europeu estava demasiado distante no tempo para que alguém perdesse demasiado tempo pensando num particular da Seleção.


As atenções só se voltaram a sério para a Turma das Quinas mais de dois meses depois. Os Convocados para o Europeu foram anunciados a 14 de maio. Esse foi, definitivamente, um dos dias mais emocionantes de 2012, melhor do que o Natal. Guardo imensas recordações: passar o dia a atualizar a página do Facebook, ouvir programas relativos ao tema na rádio, contar as horas até à Divulgação, acompanhá-la radiofonicamente, bem como o respetivo rescaldo, na aula, no átrio da Faculdade, no carro. A Convocatória foi razoavelmente isenta de polémicas, embora a opinião pública se dividisse no tocante a certos nomes, como o habitual.

O estágio de preparação do Europeu começou alguns dias mais tarde. A primeira parte decorreu sem incidentes significativos, tirando a lesão de Carlos Martins e consequente chamada de Hugo Viana. Nessa altura, achei mesmo que andava-se a dedicar demasiado tempo de antena à Seleção, quando ainda não havia razões para tal.


Ao fim da primeira semana de estágio, disputou-se um particular com a Macedónia. Um jogo aborrecido, insonso, de contenção. No entanto, tendo-se realizado numa fase relativamente precoce da preparação para o Europeu, não houve grande drama.

O mesmo não aconteceu uma semana mais tarde, no particular com a Turquia, na Luz. Um jogo que tinha tudo para correr bem, que se realizou em casa cheia, num ambiente eletrizante. E a Seleção até entrou menos mal, em sintonia com a vibração do público. Só que as dificuldades na concretização vieram ao de cima, os turcos fizeram pela vida, o Ronaldo falhou um penálti, o último golo que sofremos podia muito bem ser incluído numa compilação de apanhados do futebol de 2012 


Agora que penso nisso, este ano tivemos demasiados jogos desse género, em que tínhamos tudo para ganhar mas acabámos por ter exibições roçando a mediocridade. Contra a Macedónia, contra a Turquia, contra a Irlanda do Norte...

A única coisa boa do jogo foi o golo do Nani; o primeiro golo da Seleção do ano - em junho... - mas o único do jogador do Manchester United, algo que é atípico...

Se ainda deixei passar o empate com a Macedónia, este deixou-me mesmo zangada. Por, depois de tanta promessa, tanto pedido de apoio, os Marmanjos não corresponderem dentro de campo. E, como se não bastasse, ainda virem com desculpas esfarrapadas e reagirem com arrogância às manifestações de desagrado dos adeptos (leia-se: aos assobios). E não fui a única a sentir-me assim.



Mas já lá vamos. Não posso deixar de falar da minha aparição no programa A Tarde é Sua dedicado à Equipa das Quinas. Outro dos momentos altos deste ano em termos pessoais. Foi um dia de muitos nervos, mas diverti-me imenso. Tive a oportunidade de conhecer a equipa por detrás do Hino da Seleção 2012 - Paulo Lima, Catarina Rocha (que lança em breve o seu primeiro CD), Eduardo Jorge, a Alexandra e a Mafalda - que, de resto, para mim foi uma das músicas mais marcantes deste ano; falei do meu livro, da referência ao Ronaldo - um aparte só para comentar que, hoje, diz-se muito que ele e o Messi são de outra galáxia. Talvez inclua a possibilidade de o Ronaldo ter vindo do planeta Minerva nas sequelas ao meu livro... - do vírus da Seleção, do Hélder Postiga - que, mais tarde, retribuiria tais declarações. Um dia que nunca esquecerei.

Estávamos, agora, em vésperas da nossa estreia no Europeu e a polémica estalou. Como é habitual, as primeiras críticas abriam caminho a outras, algumas justificando-se outras não, tudo isto à boleia dos últimos maus resultados - o buraco por onde todos se enfiaram. Falou-se de "circo", do poder das patrocinadoras, dos sinais exteriores de riqueza ostensivamente exibidos pelos jogadores, do tempo de antena conferido à Seleção, etc. O mais triste foi termos tido um ex-selecionador associado a tal polémica.


Há quem diga que esta má imprensa contribuiu para diminuir as expectativas, para dar alguma sobriedade ao grupo, aumentando-lhes o desempenho. Paulo Bento recusou-se a dar mérito às pessoas que se alimentaram das machadadas à credibilidade da Equipa das Quinas. Eu também não quero fazê-lo, em parte por uma questão de princípio, em parte porque, a ter contribuído para o sucesso da Seleção, tal contributo terá sido pouco significativo quando comparado com o trabalho de equipa, a união.

Por outro lado, não concordo com o que o Paulo Bento disse, a certa altura, ao referir que algumas pessoas estariam a torcer contra Portugal. Se houve coisa de que me apercebi neste Europeu, pela primeira vez em seis anos, foi que, nas grandes vitórias da Seleção, todos os portugueses ficam felizes. Mesmo os que habitualmente adoram odiar a Equipa de Todos Nós, mesmo os mais clubistas, mesmo os que se queixam da atenção dada ao futebol, mesmo - sou capaz de apostar - o Rui Santos, tirando, talvez, o Pinto da Costa (e mesmo assim...) ninguém ficou chateado com as vitórias da Seleção no Euro 2012. Isso foi o melhor desta fase final e é isso que eu e o Paulo Bento gostávamos de ver fora das fases finais.


Mas regressemos à nossa estreia no Europeu, frente à Alemanha. Um jogo que perdemos por uma bola a zero. Não foi um mau encontro, Portugal mostrou argumentos. Só que teve demasiado respeito pelo adversário, acordou demasiado tarde e a Alemanha foi tremendamente eficaz. De novo a história dos "vinte e dois homens atrás de uma bola e no fim ganha a Alemanha" de novo. Destaque para os quase-golos de Pepe, Nani e Varela. O deste último dando um presságio para o jogo seguinte. Portugal dava sinais de ter uma palavra a dizer no Europeu. No entanto, vitórias morais nunca são suficientes, já era altura de virmos cumpridas as promessas que andavam a ser feitas.


A história do jogo com a Dinamarca, realizado quatro dias mais tarde, foi diferente. Foi o meu preferido do Europeu, empolgante como apenas os jogos da Seleção em fases finais conseguem ser, absolutamente contra-indicado em doentes cardiovasculares, um dos mais emocionantes a que já assisti. Pelo menos, foi um dos jogos em que mais exprimi tais emoções - leia-se, o jogo em que mais gritei. Recordo o Pepe beijando as Quinas da sua camisola, os meus gritos de "ESTE É P'RA MIM! ESTE É P'RA MIM!" após o golo do Hélder Postiga, o Moutinho correndo para os braços do Varela depois de ele salvar o dia - com o meu golo preferido do Europeu - antes de a Seleção em peso se atirar para cima deles, eu e a minha irmã gritando como se não houvesse dia seguinte, de triunfo e alívio por estarmos de novo em vantagem quando tudo parecia perdido.


A passagem aos quartos-de-final, só foi assegurada quatro dias mais tarde, frente à Holanda. Um jogo em que a Turma das Quinas entrou mal, mais uma vez, mas conseguiu dar a volta por cima, ganhando por 2-1. Ambos os golos foram marcados por Cristiano Ronaldo, que soube responder da melhor forma às críticas ao seu desempenho frente à Dinamarca. Portugal conseguia, assim, o que muitos haviam julgado quase impossível: sobreviver ao Grupo da Morte.


Nos quartos-de-final, Portugal encontrou-se com a República Checa. A Seleção entrou mal, uma vez mais, só que os checos não souberam tirar proveito disso e os Marmanjos acabaram por melhorar. Apenas Peter Cech e o poste impediram uma vitória mais dilatada. Assim, ganhámos por apenas 1-0, golo de Crsitiano Ronaldo, mais uma vez. Destaque para os festejos de Luís Figo e Eusébio nas bancadas. A Seleção carimbava, assim, a passagem às meias-finais do Europeu. Era o maior avanço numa fase final em seis anos, a primeira campanha digna de orgulho desde o Mundial 2006.


O nosso adversário nas meias foi a Espanha, a campeã europeia e mundial. Atrevo-me a dizer que foi, talvez, o jogo que maior interesse despertou em todo o campeonato Europeu. Lembro-me dos tweets do Phoenix dos Linkin Park, do Chuck Comeau dos Simple Plan, do apoio da eterna adepta portuguesa Nelly Furtado. Foi, sem dúvida, um dos jogos mais intensos desta fase final, sofrimento desde o primeiro minuto ao último penálti. Foi, no fundo, a verdadeira final do Europeu, pois fomos a única equipa a conseguir fazer frente ao poderio espanhol. Apenas perdemos por um detalhe, por um pormenor tornado pormaior, até Del Bosque admitiu, há bem pouco tempo, que os espanhóis tiveram sorte. 

Mas eu sempre tive noção disso, que muitos jogos entre grandes se decidem no limite, não podemos tirar o mérito à Espanha pelo seu terceiro título consecutivo. 


Algo que não mencionei antes aqui no blogue foi que, no dia a seguir à meia-final frente à Espanha, à tarde, fui receber a Seleção ao aeroporto da Portela. Eu e mais umas centenas de pessoas. Não falei disso no blogue por falta de tempo. Se forem a ver, só consegui publicar a minha análise ao jogo com a Espanha vários dias após a final do Europeu. Já foi uma entrada grande, que demorou a ser escrita, se ainda tivesse de acrescentar mais uns quantos parágrafos, demoraria outra semana a concluí-la. Tomei a decisão de ir até à Portela por estar stressada e deprimida, de certa forma na ressaca da nossa expulsão do Europeu. O único consolo possível seria mesmo fugir para junto da Seleção. Não foi como ir ver um treino ao Jamor. Mais do que pedir autógrafos, o que eu queria mesmo era consolar os jogadores e que eles me consolassem a mim. Muitas vezes desejaria eu, mais tarde, largar tudo e ir ter com a Seleção - e ainda desejo de vez em quando. A diferença era que, naquela altura, tinha possibilidades de fazê-lo. Por fim, seria um último bom momento antes de dar por encerrado o capítulo do Euro 2012.

Por isso fui. Apanhei o Metro até ao Marquês de Pombal e, de seguida, o autocarro 22 - isto deu-se, mais ou menos, uma ou duas semanas antes de abrir o Metro até ao aeroporto Cheguei deviam ser quatro e meia. Já havia gente fazendo a festa na zona das chegadas e câmaras televisivas testemunhando-a. Mantive-me longe das lentes delas, não estava com disposição. Cedo consegui fixar-me junto à rampa de saída, onde já estava montado um cordão policial. Aqui, conheci a Verónica e a Margarida, que me fizeram companhia durante as duas horas de espera. Durante esse intervalo de tempo que se ia esticando - nestas coisas há sempre atrasos - a multidão ia sempre ensaiando palavras de ordem e cantando o hino.


Eles finalmente chegaram eram cerca de seis e meia da tarde. Mais tarde, leria que os jogadores tinham sido apanhados de surpresa e, por acaso, foi o que pareceu. Eu estava numa posição privilegiada, em pude ver e ser vista pelos jogadores. E, mesmo assim, podia ter tido melhor sorte pois o Cristiano Ronaldo esteve a dar autógrafos a uns dois metros de mim. Em todo o caso, eu tinha um letreiro, uma folha arrancada de um caderno A4 onde tinha escrito algo como "Obrigado Portugal! Paulo Bento 4 Ever! Somos grandes graças a  vocês!". Acho que consegui fazer com que fosse lido pelo Eduardo, pelo Ricardo Costa, pelo Hélder Postiga - este chegou mesmo a olhar para mim quando o chamei. O Quaresma, que usava um boné todo quitado, chegou mesmo a piscar-me o olho. Entretanto, na confusão, o cordão policial tinha-se desfeito e consegui aproximar-me do Nani. Mas como este abraçava uma miudinha que devia ser irmã dele ou algo do género, não tive lada de ir incomodá-lo.


Depois daí para o exterior, juntamente com o resto da multidão, rodeando o autocarro. Aqui cantou-se o hino e gritou-se:

- O-BRI-GA-DO! O-BRI-GA-DO!

Foi, de facto, arrepiante. A multidão só se dispersou depois de o autocarro ter partido. Depois disso, fui tratar de arranjar transporte de regresso. A confusão era grande junto às paragens de autocarro, como seria de esperar. Lá pelo meio, consegui encontrar a Margarida - aquando da chegada dos jogadores, tínhamo-nos separado - e agradecer-lhes a companhia. Ainda cheguei a pôr a hipótese de apanhar um táxi mas, entretanto, veio o autocarro 22 e entrei. E ainda bem que o fiz.


O 22 estava cheio de gente tinha vindo receber a Seleção, pelo que passámos a viagem inteira até ao Marquês de Pombal trocando experiências com os Marmanjos no aeroporto, conversando sobre o Europeu e sobre a caminhada até ao Mundial, que se iniciaria em breve. Foi, de certa forma, a última grande conversa de café do Euro 2012 que, ainda por cima, terminou com o senhor que vinha a meu lado a beijar-me a mão em jeito de despedida.

Tal gesto foi-me tão valioso como cada um dos olhares trocados com os jogadores no aeroporto.

Esta pequena aventura ajudou-se a renovar a esperança num título para Portugal a curto ou médio prazo e a encerrar o capítulo do Euro 2012. Além de ter sido mais uma recordação agradável. Foi como quando fui receber a Seleção ao Jamor após o Mundial 2006.


Em suma, o Euro 2012 foi o melhor período deste ano que agora finda. Pelos motivos que enumero frequentemente e outros mais, que descobri ou de que me recordei. É uma emoção diferente ver um jogo de um Europeu ou de um Mundial, já que agrega todo o País, tal como já expliquei acima. Tenho saudades disso, de participar em inúmeras conversas de café e não só, armando-me em especialista na matéria, tão especialista que até fora convidada para a televisão; de ver o Paulo Bento no banco, dando instruções, atirando com o blazer e a gravata, envolvendo-se tanto que parecia querer entrar em campo e ele mesmo fazer o que era preciso; dos jogos às oito menos um quarto; de ver os jogos com a minha irmã, etc. De vez em quando, vou ver os tweets enviados durante os jogos e sou transportada para esse período. Entro de tal forma no espírito que, quando regresso ao presente, sinto-me deprimida, como se acordasse de um sonho bom.

Em agosto, tendo em conta o nosso percurso no Europeu, tinha esperança de que a Qualificação para o Campeonato do Mundo, a realizar-se no Brasil e 2014, corresse melhor que as Qualificações anteriores. Tal esperança sair-me-ia furada mais tarde, mas antes do início do Apuramento sentia-me otimista. Para isso, contribuíra a minha visita ao Jamor, acompanhada da minha irmã - visita que nos rendeu autógrafos do Eduardo, do João Pereira e do Rui Patrício - bem como o jogo com o Panamá - jogo que a Seleção ganhou por duas bolas a zero, cortesia de Nélson Oliveira e Cristiano Ronaldo, com uma exibição acima da média em jogos deste carácter. 


A Qualificação em si arrancou cerca de três semanas mais tarde com um jogo frente ao Luxemburgo. A Seleção obteve uma vitória cinzenta, absurdamente suada tendo encontra o nosso adversário. Chegou mesmo a estar a perder. Na altura, achei ridículo mas agora, depois dos últimos jogos... De qualquer forma, a Seleção conseguiu dar a volta ao resultado, com golos marcados pelo Cristiano Ronaldo e pelo Hélder Postiga amealhando, deste modo, os primeiros três pontos da Qualificação.

Um aparte só para comentar que, este ano, o Cristiano foi o melhor marcador da Seleção, com cinco golos. O segundo melhor foi o Hélder, com quatro. Em terceiro, ficou o Varela, com dois.


A Seleção entrou em campo com a sua congénere azeri quatro dias mais tarde com uma atitude diferente, mais desenvolta, mais enérgica mas... ainda sem pontaria. Ou melhor, com pontaria mas para o sítio errado. O poste foi um dos grandes protagonistas de 2012. O que nos valeu foi o facto de os azeris não terem sido capazes de se aproveitarem desta nossa fraqueza. Assim, teve de vir o Varela, já promovido a bombeiro da Seleção, salvar a honra ao convento e quebrar o enguiço, dando espaço a Postiga e a Bruno Alves para dilatarem a vantagem. 


No mês seguinte, a seleção jogou fora, com a Rússia. Fê-lo num clima frio, num relvado artificial, amputada de dois titulares  - Meireles e Coentrão. Um jogo difícil, em que a Turma das Quinas nem sequer jogou muito mal, embora não tenha conseguido evitar a derrota pela margem mínima. Apesar do desapontamento por não termos ganhou ou, pelo menos, empatado, não me preocupei por aí além. Afinal, aquele era o jogo mais difícil de todo o Apuramento. Os outros correriam melhor.


Enganava-me. Verdadeira deceção, verdadeiro balde de água fria foi o jogo seguinte, frente à Irlanda do Norte. Foi mais um daqueles jogos que tinha tudo para correr bem - comemoravam-se as cem internacionalizações de Cristiano Ronaldo, o Dragão estava cheio, Rui Reininho veio cantar o hino - mas que correu pessimamente. A primeira parte foi medíocre. O golo sofrido foi uma reposição do tento russo. A segunda parte correu um pouco melhor mas, mais uma vez, os Marmanjos acordaram demasiado tarde para conseguirem melhor que um empate.

Ainda houve mais um jogo da Equipa das Quinas este ano, um particular contra o Gabão no mês seguinte, mas um jogo de tal maneira e em tantos aspetos irrelevante que não vou gastar mais linhas com ele.


É basicamente isto. Sinto-me algo desanimada. Nos últimos dois anos, por esta altura, a Seleção atravessava bons momentos e eu sentia-me otimista relativamente ao ano que começaria em breve. Agora... nem por isso. O ano nem sempre foi fácil para mim, muitos pensamentos heréticos, crises existenciais, desânimo relativamente ao futuro. Os últimos jogos da Seleção não me fazem sentir melhor e, neste momento, na reta final do ano, muitos dos nossos jogadores andam, igualmente, a passar por dificuldades nos respetivos clubes. O Nani está lesionado e não é desejado no Manchester United. O Fábio Coentrão também anda lesionado e ainda não se percebe se se encaixa no Real Madrid. Além de que, segundo consta, o ambiente não está fácil no clube madrileno, o que certamente afetará Pepe e Cristiano Ronaldo. Também o Quaresma andou ao longo de meses em guerra com o Besiktas e, agora, está sem clube. O Meireles, esse, teve uma disputa com um árbitro, arriscou-se a ficar de fora de onze jogos mas, felizmente, ficará apenas fora de quatro. E nem falo do Sporting e no efeito que tal crise não estará a ter em Rui Patrício e outros jogadores selecionáveis...

Não sei qual será o efeito destas crises individuais no rendimento da Seleção como coletivo. Se o desempenho cairá por os Marmanjos não andarem a jogar com a devida regularidade ou se, pelo contrário, eles recorrerão à Terapia das Quinas, se encararão uma Convocatória como um escape à situação nos clubes e, consequentemente, jogarem ainda melhor.


Em suma, estamos todos a precisar de uma viragem de maré no ano que começa em breve. Já ajudava se fosse apenas em termos futebolísticos, se relançasse a Seleção no caminho até ao Brasil. Já perdemos todos os pontos que podia perder, não quero escorregadelas em 2013. Até porque tenciono assistir ao jogo com a Rússia, na Luz, e quero que a Seleção esteja num bom momento nessa altura. Será esse um dos meus desejos para 2013: que seja um ano mais tranquilo que 2012, que a Equipa de Todos Nós consiga ultrapassar esta fase má e que nos volte a dar alegrias.

Acredito que o conseguirá. Se houve coisa que aprendi em todos estes anos como adepta hardcore da Turma das Quinas é que nenhuma manifestação de fé, de apoio, é tempo perdido, mesmo em fases menos boas, como esta. Porque, mais cedo ou mais tarde, a Seleção levanta-se e recompensa-o. Pode nem sempre ser fácil ser-se adepto incondicional mas vale a pena. 

De uma coisa podem, contudo, ter a certeza: no próximo ano, continuarei a acompanhar tudo o que acontecer relacionado com a Seleção, seja bom ou mau, quer com o blogue ou com a página do Facebook. Desafio-vos, então, a continuarem a aturar-me ao longo do próximo ano, enquanto observamos a Seleção abrindo caminho até ao Brasil. As coisas não estão fáceis mas, com sorte, daqui a um ano estaremos a debater as nossas hipóteses na fase final do Campeonato do Mundo de 2014. É esse um dos meus maiores desejos para 2013.

Feliz Ano Novo!

domingo, 18 de novembro de 2012

Gabão 2 Portugal 2 - De segunda linha

Na passada quarta-feira, dia 14 de novembro, a Seleção portuguesa de futebol disputou no Estádio da Amizade, em Libreville, um jogo de carácter particular contra a seleçao local. O encontro terminou com o marcador assinalando dois golos para cada lado.

Nem o resultado, nem mesmo a exibição me surpreenderam, dadas as agravantes já listadas na entrada anterior e mais algumas. Como o estado do relvado, a humidade do ar e o facto de só se ter realizado um treino como preparar este jogo. Em praticamente todos os aspetos, foi um jogo de segunda linha, de qualidade menor. A equipa portuguesa era, tirando dois ou três jogadores, constituída por suplentes. Tal como já referi, o relvado assemelhava-se a um batatal. O árbitro, que até possuia cadastro nestas coisas, teve uma atuação desastrada.

Até o relato radiofónico era de segunda linha. Já vos tinha dito que só pude acompanhar o jogo desta forma. Só que o comentário não tinha a habitual emotividade rasando a histeria, que tanta graça empresta aos jogos mais aborrecidos. O jogo não dava azos a grandes entusiasmos, é certo, mas... A única coisa que se destacou neste relato foi o facto de, por ter confundido Éder com Edinho, o locutor insistir sempre em tratar o ponta-de-lança por Éderzito.

- O Éder que não leve a mal - chegou a dizer a certa altura.

Acho que vou também recorrer a esse diminutivo para me referir ao ponta-de-lança do Sporting de Braga aqui no blogue.



Foi um jogo deveras estranho. Os dois penálties, cobrados quase de seguida, foram um exemplo. Não sei se as três grandes penalidades que ajudaram a definir o resultado final eram todas legítimas. Já li todas as versões. Além do mais, o estado do terreno e a agressividade dos gaboneses estiveram a isto de atirar mais uns quantos Marmanjos para a já longa lista de lesionados. O comentador chegou a dizer coisas omo:

- Vítor Pereira deve ter ficado com os cabelos em pé com este lance.

Embora eu tivesse desejado a vitória, sobretudo depois do golo do Hugo Almeida, Portugal não a merecia. O empate acaba por ser o resultado mais justo. Tal como disse anteriormente, não estava à espera de muito melhor.

Pontos, contudo, para a estreia de Pizzi e de Éderzito.



Choveram críticas ao timing deste particular, numa altura intensa para aos clubes - apesar de há anos ser prática comum marcarem-se jogos da Seleção para meados de novembro, quer particulares, quer oficiais. Se Paulo Bento e/ou a Federação dispensassem esta data, não faltaria quem criticasse o desperdício de uma oportunidade para afinar armas. Isso aconteceu em agosto de 2010.

Há quem critique o facto de a Seleção ter aceite participar no jogo por dinheiro - é, de facto, uma área moralmente cinzenta. Contudo, ainda hoje se fala dos estádios do Euro 2004, supostamente pagos com o dinheiro dos contribuintes. A FPF arranja uma maneira alternativa de obter financiamento para projetos como a Casa das Seleções e atira-se tudo ao ar.

Uma das vozes mas sonantes neste coro de críticas pertence a Pinto da Costa. Sem surpresas. Só os mais ingénuos é que acreditaram nas palavras de apoio à Equipa de Todos Nós, saídas da boca deste senhor. Gostei da resposta de Paulo Bento, aconselhando-o a entender-se com a Federação e a não perturbar o seu trabalho de Selecionador. Nenhum dirigente de clube tem o direito de interferir na Turma das Quinas. Mas não percebi a referência à seleção colombiana...

De qualquer forma, apesar de isso me emprestar assunto para o blogue e página do Facebook, espero que a polémica não dure muito.

Eu própria não vejo grande utilidade neste particular, para ser sincera. Tirando o teste de alternativas e, lá está, o cachet. Preferia que o jogo se tivesse realizado mais perto de casa e em melhores condições. Há quem diga que os jogadores podiam ter-se esforçado um bocadinho mais, mas duvido que o fizessem caso tivessem de repetir o jogo.

Como tal, é bom que essa Cidade do Futebol seja mesmo espetacular, já que tivemos de levar com um jogo destes para financiá-la.


Paulo Bento afirmou, na Conferência de Imprensa de antevisão a este jogo, que as pessoas devem apoiar a Equipa de Todos Nós, não apenas durante as fases finais, mas também em jogos menores, como este. Eis algo que deveria ter sido dito há muito tempo. No entanto, jogos como o de quarta-feira não persuadem ninguém a apoiar a Seleção. Se até eu me senti entediada com o jogo, sendo como sou...

Em princípio, haverá outro particular dia 6 de fevereiro do próximo ano. Com um pouco de sorte, será frente a um adversário melhorzito. Chegou a falar-se da Espanha mas, pelo que percebi, ainda nada está confirmado. Outro adversário possível é o Brasil, visto que estão previstos dois particulares com eles no próximo ano. Espero bem que seja um adversário desse calibre, contra quem não se poderá falar de falta de motivação, desculpa tão invocada a propósito de jogos particulares. Espero, sobretudo, que, independentemente do adversário, seja um jogo que convença as pessoas, que me convença a mim, que vale a pena apoiar a Equipa de Todos Nós, independentemente do caráter do jogo, do adversário e da altura do ano. 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Procurando soluções em território desconhecido

Na próxima quarta-feira, dia 14 de novembro, a Seleção Portuguesa enfrentará no Gabão a congénere local , num jogo de carácter particular.

Não sei se é esse o vosso caso mas eu nunca tinha ouvido falar do Gabão antes deste jogo ter sido anunciado, em julho. Segundo o meu pai, situa-se na costa ocidental de África, acima de Angola. Agora que fui pesquisar o mapa do país, descobri que se encontra entalado entre a Guiné Equatorial, os Camarões e a República do Congo. Tendo sido uma colónia francesa, a sua língua oficial é o francês. A sua capital é Libreville, que é também a cidade onde o jogo terá lugar.

É um nome bonito, Libreville. Segundo o Wikipédia, foi fundada por escravos libertados de um navio brasileiro pela marinha francesa. Daí que tenha sido batizada "Cidade Livre", em francês.

A sua seleção é igualmente desconhecida para mim até porque a Turma das Quinas nunca jogou contra ela. A Equipa de Todos Nós estará, portanto, a explorar território desconhecido - mas também a História pode testemunha que os portugueses têm experiência nessas andanças. Em princípio, a seleção gaba... gabanesa? - enfim, do Gabão não nos criará problemas de maior mas também se dizia isso da Irlanda do Norte...


Um dos objetivos deste jogo é a angariação de fundos para a Cidade do Futebol, cujo projeto foi apresentado em setembro último. Chegou a ser colocada a hipótese de a Cidade ficar sediada em Óbidos, que tem um vasto currículo como Casa da Seleção, mas acabou por ser escolhido o Vale do Jamor, em Oeiras, para a localização. Fiquei satisfeita, pois o Jamor é-me mais acessível que Óbidos para assistir a treinos da Seleção. No entanto, não está garantido que usufrua dessa vantagem pois a Cidade do Futebol só ficará concluída daqui a três anos. Sei lá onde estarei eu, onde estaremos todos nessa altura...

De qualquer forma, qualquer que seja a Casa da Seleção, será também uma casa para mim.

A lista de convocados para este particular foi divulgada na sexta-feira passada. Não houveram novidades na lista, tirando Hélder Barbosa e Rúben Ferreira, Chamados posteriormente para substituírem os lesionados Nani e João Pereira. Ainda não compreendi muito bem porque é que o Raúl Meireles não foi Convocado. O Fábio Coentrão só agora é que voltou a treinar no Real Madrid, segundo consta e procuram-se alternativas, depois do que aconteceu quando ele se lesionou. E descobri agora, enquanto passava este texto a computador, que o Cristiano Ronaldo foi igualmente dispensado, devido à selvagem cotovelada que apanhou ontem, no encontro que opôs o Real Madrid ao Levante, que lhe compromete a visão. O principal objetivo do jogo é precisamente a procura de soluções entre os suplentes, o teste de alternativas, como forma de nos preparamos  para o que nos espera em março do próximo ano.


Não alimento grandes entusiasmos em relação a este jogo. É apenas um particular, com um adversário pouco sonante, pouco motivador. Estamos amputados de vários titulares habituais, incluído o insubstituível Cristiano Ronaldo. É altamente provável que os Marmanjos estejam mais preocupados com o que se passa nos respetivos clubes. Além de que a viagem até ao Gabão será certamente longa e desgastante, o que jogará contra eles. O resultado será o menos importante, quando queremos afinar armas, combater o "mau momento" em que nos encontramos depois da última jornada.

No entanto, há que recordar que este será o último jogo da Seleção do ano. Segundo certas superstições, antes do fim do Mundo. A jornada seguinte da Seleção será apenas em fevereiro, na melhor das hipóteses. Não podemos dar-nos ao luxo de deixá-lo passar em branco. Nem tenciono fazê-lo. Espero que essa, igualmente, a atitude dos jogadores, que estes façam um esforço por oferecerem aos portugueses uma pequena alegria na forma de uma vitória neste particular. Pelos motivos já várias vezes citados neste blogue.


Não vou poder ver o jogo na televisão, pelo menos não a primeira parte, poderei apenas ouvi-lo na rádio. Não o lamento, antes pelo contrário, pois apenas o relato radiofónico poderá colorir um jogo que não se adivinha muito interessante. Tal como aconteceu em maio último, aquando do jogo contra a Macedónia. Não sei, depois, quando terei tempo de publicar a análise ao jogo. Não se admirei se conseguir fazê-lo no próximo fim de semana. E não excluo a hipótese de o jogo, pura e simplesmente, não justificar uma análise. No entanto, é pouco provável pois, desde setembro de 2010, todos os encontros da Seleção têm tido direito a entrada pós-jogo, até mesmo quando não consigo vê-los, porque é que este será uma exceção?

Posso ainda estar desiludida com a última dupla jornada da Turma das Quinas, posso não ter o entusiasmo que tinha aquando de outros jogos da Seleção, mas ainda sou a mesma, ainda tenho o vírus dentro de mim. Podem ter existido alturas em que o meu entusiasmo tenha atingido mínimos históricos, mas nunca perdi por completo a esperança num resultado positivo, nem mesmo em situações piores que a atual. Da única vez que estive a isto de desistir - aquando do caso Queiroz - a Seleção depressa me recordou os motivos pelos quais podemos confiar nela. Não deixarei de desfrutar deste jogo, ainda que esse gozo apenas dure noventa minutos, ou menos. Na esperança de que a Equipa de Todos Nós volte a dar bons sinais, a recordar-me os motivos pelos quais merece a nossa fé. Não se esqueçam, na RTP 1, quarta-feira, às 19h30.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A Pátria Fomos Nós

Era para publicar este texto na página do Facebook mas este tornou-se demasiado longo, logo, incompatível com uma rede social que pede consultas rápidas. Deste modo, quebro o hábito, muito enraizado, de só publicar no blogue quando acontece alguma coisa de relevante com a Seleção e venho falar-vos de um livro.

Há pouquíssimos dias, mudei de casa, depois de muitas semanas empacotando o conteúdo do apartamento antigo. Não fazem ideia da tralha que acumulámos ao longo de vinte anos... Nestas alturas, contudo, temos também a felicidade de encontrar coisas que há muito julgávamos perdidas. Este exemplar de A Pátria Fomos Nós é um exemplo desses objetos.

Este livro é da autoria de Afonso de Melo, que foi Assessor de Imprensa da Seleção Nacional entre 2004 e 2006. Foi escrito durante o Mundial da Alemanha como uma espécie de diário da jornada da Seleção durante essa fase final. Digo "uma espécie" pois não fala apenas sobre a Equipa de Todos Nós. É frequente o autor divagar, recorrendo a muitas referências culturais, mas acaba por se relacionar quase tudo, de uma forma ou de outra, com o futebol.

Por motivos óbvios, adoro o livro. Comprei-o faz agora seis anos, mais coisa menos coisa, poucos meses após a sua edição. Durante dois anos reli-o várias vezes - uma das quais foi um ano após o Mundial 2006, em que ia lendo a cada dia o texto correspondente ao mesmo dia do ano anterior. Foi uma das coisas que me deu vontade de criar o blogue O Meu Clube é a Seleção. Sei que a última vez que o li antes de o "perder" foi durante o Euro 2008, no dia do Portugal-Alemanha, como forma de me entusiasmar para o jogo. Vejo agora que, depois disso, enfiei-o numa pasta, juntamente com uma série de jornais da altura - outra coisa que vocês não podem imaginar é a quantidade de jornais desportivos noticiando sobre jogos da Seleção que eu fui guardando ao longo destes anos... Esta pasta foi, seguidamente, atirada para debaixo da minha cama e nunca me dei ao trabalho de voltar a esvaziá-la durante quatros anos.

Encontrei o livro de novo na semana passada e, quatro anos, duas fases finais e duas trocas de Selecionador mais tarde, tornei a lê-lo. Enquanto lia e recordava a situação da Seleção aquando do Mundial 2006, não pude evitar fazer comparações entre essa altura e o momento atual.

Sendo o autor jornalista e, na altura, Assessor de Imprensa da Seleção, este gasta várias páginas do livro tecendo críticas à Comunicação Social, portuguesa e estrangeira, a certos comentadores, ao assédio da Imprensa à Equipa das Quinas. Hoje, seis anos mais tarde, na era dos blogues, do Facebook e do Twitter, estamos pior. Hoje, qualquer gato pingado (eu incluída) pode "opinar" publicamente sem perceber do assunto sobre que escreve.

Além de que, em 2006, as críticas nunca partiram de um ex-selecionador rancoroso.

Em termos de jogadores e treinador, a Seleção está completamente diferente. Paulo Bento não é Luiz Felipe Scolari. Os únicos "sobreviventes" são o Cristiano Ronaldo, o Hélder Postiga e o Hugo Viana - embora este nem sequer seja um Convocado habitual. Ninguém pode substituir jogadores como Luís Figo e Pedro Pauleta. E muitos dos Marmanjos elogiados no livro - Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Deco - desiludiram-me nestes últimos anos.


No entanto, existem pequenas grandes coisas que se mantiveram, ainda que não de uma forma constante. Pelo menos, sei que estiveram presentes durante a boa campanha no Euro 2012. A união popular em torno da Equipa de Todos Nós, quando o resto do País só nos dava desilusões - mais agora que em 2006. O facto de a união e a amizade serem o ponto forte da Seleção Nacional, tal como, segundo o livro, Costinha terá afirmado em vésperas do Rússia-Portugal, de setembro de 2005.

O autor escreveu algumas vezes ao longo do texto frases como: "Portugal está sempre em vantagem! Eles eram 40 mil e nós um só". A Seleção foi também uma só durante o Euro 2012, jogadores e equipa técnica foram um só. Daí a nossa campanha.

O livro termina com a seguinte frase, a seguinte promessa: "Um dia traremos a taça...". Continuo à espera que se cumpra. Julgo que já estivemos mais longe, mesmo assim. Mas isso é conversa para outra ocasião. Para já, tal como fiz no domingo passado, a propósito do aniversário de Luís Figo, ao longo dos próximos dias tenciono partilhar com  vocês na página do Facebook algumas das minhas passagens preferidas do livro. Mantenham-se ligados!

Por isso e porque para a semana há jogo da Seleção!

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Portugal 1 Irlanda do Norte 1 - Escorregadela em relvado molhado

Na passada terça-feira, dia 16 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu a sua congénere norte-irlandesa no Estádio do Dragão, em jogo contando para o Apuramento para o Mundial 2014, que terá lugar no Brasil. O encontro terminou com um empate a uma bola.
Como disseram na quarta-feira de manhã, na Antena1, não foi Seleção, foi deceção. É uma boa maneira de resumir o jogo. Ninguém estava à espera que a Turma das Quinas consentisse tal resultado quando tínhamos tudo para sairmos do Dragão com uma vitória.

Eu estava bastante confiante, bem disposta, aquando do início do jogo e não era a única. Toda a gente se sentia orgulhosa e entusiasmada com a centésima internacionalização de Cristiano Ronaldo, que foi homenageado por tal feito no início do jogo, na presença de outro herói da Seleção, o inesquecível Luís Figo.


Outro belo momento antes do início do jogo foi o hino cantado por Rui Reininho, dos GNR. Uma vez que há já muitos anos que associo a música Sangue Oculto à Seleção Nacional, quase esperei que Rui, em vez do hino, começasse a cantar: "Há luz na artéria principal...". Em todo o caso, a presença do cantor fez-me sorrir enquanto entoava o hino. A voz dele, contudo, mal se ouviu no meio das cinquenta mil gargantas do Dragão.

A alegria no início do jogo não duraria muito. A primeira parte de Portugal foi medíocre ao ponto de a nossa melhor oportunidade ter sido um quase auto-golo. E a jogada que deu origem ao tento que colocou os norte-irlandeses em vantagem foi uma reposição do golo russo de sexta-feira passada. Não queria acreditar no que estava a acontecer, não percebia como é que estávamos a perder aquele jogo.


Aquando do início da segunda parte, obriguei a mim mesma a seguir a minha própria máxima de acreditar até ao apito final. No fim de contas, nunca ninguém disse que era fácil ser-se adepto incondicional da Seleção. Aquele era apenas mais um exemplo.

No entanto, como diz a música, ninguém disse que seria tão difícil, depois do nosso passado recente. Mas já lá vamos.

Na segunda parte, Portugal decidiu finalmente começar a jogar, embora o desacerto entre os jogadores fosse evidente. No entanto, apesar de continuar a barafustar no Twitter, à semelhança de muito boa gente, sentia que o golo do empate já estivera mais longe. 


Mesmo assim, ainda tivemos de esperar até aos oitenta minutos para que o golo do empate chegasse. Dos pés do Hélder Postiga, como não podia deixar de ser. Podem alegar que é sorte, que ele precisa de vinte remates para marcar um golo, que com a tenda montada na grande área norte-irlandesa alguma bola teria de entrar, que ele não roça os calcanhares a "matadores" como Pedro Pauleta, que o Paulo Bento tem um "fetiche" pelo Carteiro, mas a verdade é que ele já conta três golos em quatro jogos nesta fase de Qualuificação - e quando ele não marcou, mais ninguém envergando a camisola das Quinas o fez. Outros, se calhar, marcariam golos mais facilmente mas, pelos vistos, não se têm dado a esse trabalho.

Depois deste golo, Portugal continuou a procurar colocar-se à frente no marcador, a ver se conseguíamos os três pontos, mas tínhamos acordado tarde de mais. Quando o jogo acabou, cada uma das equipas em campo no Dragão ganhou apenas um ponto.


De repente, a Seleção está num mau momento. Numa altura em que nunca havíamos precisado tanto de uma alegria, em que eu nunca havia precisado tanto de uma alegria, a Seleção perde um jogo e empata outro. Acabamos por ficar na mesma situação em que estávamos há dois anos, com a diferença de que, quando era para o Euro 2012, foi uma melhoria, uma recuperação milagrosa  Isto, isto foi uma escorregadela das grandes. Que até podia ter sido pior. Algo que, depois da emocionante reviravolta que foi a Qualificação para o Euro 2012, do nosso percurso nessa fase final, nunca pensei que acontecesse tão cedo. 

Sinto-me traída. Durante estes dois anos, a Seleção esteve associada a alegria, a boas recordações, a esperança de momentos ainda melhores no futuro, mesmo depois de termos sido expulsos do Euro 2012. Foi um consolo, em suma. Com isto, transformou-se em mais uma fonte de angústia. Logo agora...


Agora só temos novo jogo oficial daqui a cinco meses. Em circunstâncias normais, estaria desagradada com isso. No entanto, esta pausa prolongada pode vir a dar jeito pois é urgente pararmos e refletirmos. Porque só vejo a Seleção cometendo os mesmos erros outra e outra vez, alguns dos quais já vêm de trás. Dependência excessiva no onze-base, más entradas em jogo, deslizes na defesa, o eterno problema da finalização, etc. Alguma coisa terá de mudar. Espero que Paulo Bento o perceba e consiga resolver este imbróglio.

Os particulares que vamos ter entre estes jogos de Qualificação (dois, penso eu) são capazes de ajudar. O primeiro é no próximo mês, frente ao Gabão. Como o jogo virá numa altura complicada para mim e duvido que haja muito a dizer, talvez não publique entrada pré-jogo. Mas não deixarei de manter a página do Facebook atualizada.


Apesar de a Seleção nos ter traído completamente, de ter falhado, continuo a colocar os Marmanjos num pote diferente das outras instituições deste País. Porque a Equipa de Todos Nós de vez em quando falha, como tudo na vida. No entanto, ao contrário dos nossos políticos, é capaz de se levantar e de, mais cedo ou mais tarde, dar uma alegria aos portugueses, por pequena que seja, fazer por merecer o apoio, a fé e... o dinheiro gasto nos bilhetes para os jogos. Ainda acho que vamos conseguir Qualificarmo-nos, nem que seja via play-offs. Não é por isso que estou zangada. Estou zangada porque acho que seríamos capazes de nos apurarmos sem este drama todo. É como diz o Menos Ais: "Continhas até ao fim não é tradição, é sina". A Seleção parece, por vezes, fazer de propósito, só parece ser capaz de acordar para a vida quando sente "o rabinho a arder", como diz a minha irmã. E qualquer alegria que nos possam dar, agora só virá em março do próximo ano.

E daí, talvez o jogo com o Gabão ajude nisso, talvez nos dê uma vitoriazita que nos ajude a dormir melhor nessa noite. Que nos faça acreditar, nem que seja um pouco, que a Seleção pode dar a volta a este texto e dar-nos alegrias maiores em breve. Durante estas próximas semanas, procurarei agarrar-me a esse pensamento como forma de neutralizar o sabor amargo que esta jornada dupla deixou na boca.Só espero que a Turma das Quinas não torne a boicotar tais esperanças daqui a um mês.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Rússia 1 Portugal 0 - Escorregadela em relvado artificial

Na passada sexta-feira, dia 12 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol defrontou a sua congénere russa em Moscovo, no Estádio Luzhniki, de onde saiu derrotada pela margem mínima. O jogo contou para a Qualificação para o Mundial 2014, que terá lugar no Brasil.

Foi um jogo algo estranho, atípico e, no que toca a mim, aborrecido. Visto ter decorrido entre as quatro e as seis da tarde, pouca gente estava a vê-lo. O Twitter estava sem movimento nenhum. O facto de ter ido para o café durante a segunda parte não alterou nada. Nem me vou alongar muito nesta análise.

A Rússia entrou no jogo muito, ainda não tinham decorrido trinta segundos desde o apito inicial e já os russos estavam na nossa grande área. O golo deles, aos seis minutos, veio sem surpresa. E apesar de, na altura, ter tido vontade de dar um par de estalos ao Ruben Micael, que substituía o lesionado Raúl Meireles, por causa daquele passe desastrado - deem-me um desconto, uma miúda não é de ferro! - agora, mais a frio, considero que, se os russos não marcassem naquela altura, fá-lo-iam mais tarde. Não é por aí.


De resto, reinava um ambiente desfavorável à equipa portuguesa, no Estádio Luzhniki. Não digo infernal porque o Inferno pressupõe fogo, calor, e lá estava era frio. O Paulo Bento, então, estava todo enchouriçado em casacos. A minha irmã chegou a comentar que, naquele dia, era pouco provável que o Selecionador se reduzisse a mangas de camisa quando se envolvesse a sério no jogo.

Os adeptos russos, esses, não pareciam minimamente incomodados com o frio. Como dizia um dos comentadores televisivos, a vodca e a seleção da casa mantinham-nos quentes.


Depois veio a lesão do Fábio Coentrão no músculo adutor complicar ainda mais a nossa já difícil vida. Aquele momento em que estão todos a olhar para a zona onde ele se lesionou... E também a preocupação e o apoio de Ronaldo e dos outros... De repente, estávamos sem dois dos nossos habituais titulares. O facto de a Seleção ter este onze muito restrito é, em simultâneo, uma das nossas maiores forças e fraquezas. Força, porque praticamente todos eles jogam juntos com a camisola das Quinas há já alguns anos e, apesar de nem todos serem grandes talentos, funcionam bem como equipa, tal como ficou provado no Euro 2012. Fraqueza, porque as ausências dos habituais titulares acabam por ser muito penalizadoras. Já há um ano, tivemos uma vitória difícil frente à Islândia e uma derrota agonizante frente à Dinamarca quando nos faltavam titulares habituais (o Pepe e o Coentrão, não eram?). 


No entanto, a questão é que, ao contrário do que aconteceu frente à Dinamarca no ano passado, a Seleção não jogou mal, mesmo em circunstâncias complicadas. Sobretudo na primeira parte, na altura em que a Rússia construiu a muralha de Kremlin em frente à baliza depois do golo, em vez de tentarem matar o jogo. Não me pareceu que Portugal pudesse ter feito muito mais. Volta à baila o velho problema da finalização. É engraçado como voltaram a questionar a Opção por Hélder Postiga quando, no rescaldo dos dois últimos jogos da Seleção, em que ele marcou, lhe louvavam a eficácia superior à de Ronaldo. É o costume....

A segunda parte não foi tão bem conseguida embora, lá está, Portugal tivesse mantido a atitude. A certa altura, começavam a reinar a frustração e o desespero. Paulo Bento chegou a descarregar na placa lateral do banco de suplentes. E eu já só rezava:

- Pelo menos, um empate... pelo menos, um empate... pelo menos, um empate...

Mas o marcador chegou ao fim do jogo sem mais alterações. 


Esta derrota não me preocupa por aí além. Este era o jogo mais difícil de toda a Qualificação. Já tinha dito na entrada anterior que a Rússia era traiçoeira. Tal como o Paulo Bento disse na flash-interview, não vamos colocar tudo em causa por um jogo em que Portugal foi superior em tudo menos no marcador. Nas últimas três Qualificações, estávamos em pior situação nesta fase do campeonato e desenrascámo-nos. Na última, inclusivamente, apesar do péssimo arranque, podíamos ter ficado em primeiro se tivéssemos pontuado em Copenhaga. É claro que era um grupo diferente mas também nada nos garante que a Rússia não dá um tropeção frente a Israel ou a outra equipa qualquer. E se tivermos de ir a play-offs, ao menos serão dois jogos da Equipa das Quinas de bónus.

No entanto, eu queria mais. Depois do drama que foram as últimas três Qualificações, queria um Apuramento imaculado, só de vitórias ou, pelo menos, sem derrotas. Queria o consolo de uma vitória de Portugal, mesmo sem uma exibição por aí além. Está visto que esta fase de Apuramento não vai ser tão fácil como eu julgava, à partida. E se nada garante que a Rússia não perca pontos nos próximos jogos, muito menos está garantido que Portugal deu uma escorregadela frente a adversários teoricamente menores. Acabamos de dar uma no relvado artificial do Estádio Luzhniki. A história do futebol português é demasiado rica em exemplos desses.


Por outro lado, se a Seleção conseguiu fazer um jogo razoável nestas circunstâncias - fora de casa, numa "cimeira de líderes", ao frio, num relvado sintético, sem Meireles, sem Coentrão - em princípio, não terá problemas nos próximos jogos. Começando com o de amanhã, frente à Irlanda do Norte, num Dragão que se espera cheio. E depois, em junho do próximo ano, quando os nossos amigos russos nos vierem visitar à Luz, nós recebe-los-emos com o prato frio da vingança. Em princípio, devo ir ver esse jogo. Cá em casa andamos, desde o Euro 2012, com vontade de ir a um jogo da Seleção mas estes primeiros são todos no Norte... Além de que ando há muito com vontade de visitar o Estádio da Luz.

Mas muita água há de correr, no que toca à Seleção e não só, antes desse jogo. Agora o nosso próximo adversário é a Irlanda do Norte. Temos de vencê-los para garantir que, para já, o Apuramento não descarrila.

E também para termos algo que contrabalance, nem que seja só levemente, a angústia derivada a mais um brutal aumento de impostos.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Em boa hora

No próximo dia 12 de outubro, sexta-feira, a Seleção Portuguesa de Futebol enfrentará, no Estádio Luzhiniki, em Moscovo, na Rússia, a seleção local. Quatro dias depois, receberá no Estádio do Dragão, a sua congénere norte-irlandesa (é assim que se diz, não é?). Ambos os jogos contarão para o Apuramento para o Campeonato do Mundo em Futebol, que terá lugar no Brasil, no verão de 2014. A Equipa de Todos Nós encontra-se, neste momento, reunida em Óbidos com vista à preparação destes dois encontros.

Os russos constituem um  adversário razoavelmente conhecido, tendo em conta jogos disputados com eles num passado relativamente recente, bem como o facto de jogadores como o Bruno Alves estarem familiarizados com o futebol daquele país.


Comecemos por recordar o segundo jogo da fase de grupos do Euro 2004. Lembro-me de este ter decorrido numa altura de grande contestação a Luiz Felipe Scolari, depois da derrota aos pés da Grécia, no jogo de estreia. Eu própria me sentia desconfiada - só apanhei o, já famoso por estas bandas, vírus da Seleção no Estádio de Alvalade, no jogo com a Espanha. De qualquer forma, a Seleção apresentou-se completamente renovada no segundo jogo desse Europeu, no Estádio da Luz. Lembrava-me - antes de o confirmar vendo os vídeos-resumo - que o primeiro golo foi marcado por Maniche e que o segundo resultou de uma bela assistência de Cristiano Ronaldo, em que Rui Costa teve, apenas, de empurrar a bola para a baliza com o pé. Ficou-me bem gravada na memória uma imagem, algo cómica, do Cristiano ouvindo as instruções de Luiz Felipe Scolari, pouco antes de ser lançado a meio da segunda parte, enquanto colocava adesivos nos brincos, ajudado por um ou dois assistentes. Igualmente bem gravados ficaram o lance do golo  e os festejos do, na altura, "puto" abraçado ao "cota" da Seleção.


O jogo seguinte com a Rússia deu-se quatro meses depois, no Estádio de Alvalade, desta feita contando para a Qualificação para o Mundial 2006. Foi a célebre goleada de sete bolas contra uma, uma verdadeira festa de golos. Segundo o que me recordava deste jogo, o Cristiano marcou dois golos, o Petit marcou outros dois, o Pauleta e o Simão marcaram um cada. Só agora, depois de ver o vídeo-resumo, é que me recordei que o outro marcador foi Deco. Outra coisa de que me recordei com este vídeo, foi que um dos golos do Cristiano Ronaldo foi um tiro espetacular, de fora da área. Ele sempre foi mágico...


O outro jogo com a Rússia, em setembro do ano seguinte, é, contudo, de má memória para o madeirense, visto ter sido disputado pouco após a morte do pai, Dinis Aveiro. É, de resto, a única coisa de que me recordo deste jogo, para além do resultado: um empate sem golos.


Anos mais tarde, a Rússia chegou mais longe do que nós no Euro 2008, tendo tido, inclusivamente, o mérito de expulsar uma prometedora Holanda. Falhou o Mundial 2010 e no Euro 2012 caiu na fase de grupos, não  sem antes golear a República Checa - a quem nós só ganhámos por uma bola tirada a ferros.

Em suma, a seleção russa é imprevisível, traiçoeira, capaz do melhor e do pior. Não podemos subestimá-a. Não a subestimaríamos de qualquer forma, pois está empatada connosco no topo da tabela classificativa, é a mais forte do nosso grupo, a seguir a nós próprios. Paulo Bento parece estar bem ciente disso pois já afirmou, mais do que uma vez, que a Seleção jogará para a vitória mas um empate pode, eventualmente, ser aceitável. A única coisa de que tenho a certeza é de que este será um jogo interessante, dos mais interessantes desta fase de Qualificação.

Devido à diferença horária, o jogo com a Rússia começará às quatro da tarde, cá em Portugal. Era para ter aula ou, caso conseguisse assistir mais cedo, ainda estar a caminho de casa a essa hora. Mas esta semana não terei essa aula, felizmente... ou infelizmente. Para ser sincera, gostava de ter uma desculpa para ouvir o relato radiofónico, que prefiro ao televisivo, mesmo que fosse durante a aula (não seria a primeira vez e até dava outro gozo... eh eh eh!). Assim, mais ninguém deve estar em minha casa a essa hora, mesmo o Twitter não deve ter grande atividade a essa hora... Acho que vou ver o jogo para um café ou assim.


Se a seleção russa é relativamente bem conhecida, o mesmo não poderei afirmar no que toca à Irlanda do Norte. Tanto quanto me recordo, tivemos um particularzito em 2005, acho que empatámos, mas não passa disso. Como já referi aqui no ano passado, aquando do sorteio para esta fase de Qualificação, são daquelas equipas que não têm nada a perder, que, não disputando connosco o Apuramento, podem fazer-nos perder pontos. Também requererá cuidados.


Não há muito mais a dizer, nesta altura do campeonato. Depois de três ou quatro anos de blogue sobre a Seleção, estes jogos de Qualificação já não dão grande material para escrita, pelo menos não para estas entradas pré-jogo. Acrescento, apenas, que estes dois jogos vêm em muito boa hora, pela parte que me toca. Estas últimas semanas não têm sido muito fáceis para mim. Agora sou eu que ando "triste", em vez do Cristiano - aliás, o Ronaldo parece tudo menos triste, anda a marcar dois ou três golos por jogo... Por meu lado, tenho tido uns dias difíceis, essencialmente pelos mesmos motivos de toda a gente: a crise, a austeridade, a incerteza em relação ao futuro, o stress do curso, a possibilidade bem forte de ser obrigada a emigrar quando terminar os estudos. Também não ajudou o facto de ter estado meio doente na semana passada. Uma simples constipação, mas que causou demasiado transtorno para algo benigno.

Como podem ver, tenho andado invulgarmente necessitada da Terapia das Quinas. E já tem dado frutos. Por causa das queixas de Cristiano Ronaldo aquando d'El Clásico, estava com medo que o madeirense ficasse de fora desta jornada dupla da Seleção. Mas tudo não passou de um susto. Foi um grande alívio quando o soube e até me senti entusiasmada com a perspetiva de termos este Ronaldo que marca dois ou três golos por jogo do nosso lado.

Sem pressão, Cristiano! Até porque ele ainda não recuperou totalmente da lesão. Os outros também terão de se mexer nestes dois jogos.

É a história do costume. A Seleção não resolverá nenhum destes problemas mas, se estes jogos e tudo o que está ligado a eles - o entusiasmo, eventuais momentos de futebol, a expetativa de uma presença no Mundial 2014 - ajudarem a afastar pensamentos negativos, a dormir melhor durante a noite, a ter um motivo para sobreviver aos próximos tempos, terá valido a pena. A história do costume.
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