segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Procura-se Rei Salomão

No próximo Sábado, dia 14 de Novembro, no Estádio da Luz, jogar-se-á a primeira mão dos play-offs de acesso ao Campeonato do Mundo de 2010, que a Selecção Portuguesa disputará com a Selecção Bósnia. A segunda mão jogar-se-á na Quarta-feira seguinte, dia 18 de Novembro, no terreno do adversário. Carlos Queiroz divulgou ontem os Convocados.


Pegando de novo na metáfora escolar que utilizei em entradas anteriores, é como tivéssemos passado o ano lectivo quase todo sem atinar com a matéria e a tirar más notas e, chegado o terceiro período, a hipótese de chumbar, outrora remota, ganha cada vez mais força e começamos todos a estudar que nem doidos, a ver se passamos. Deixamos tudo para a última hora, à boa maneira portuguesa. Acabamos por ter de ir a exame oral para decidir se se passa ou não. De resto, agora que já conseguimos umas positivas, a nossa confiança está um pouco mais elevada. Mas convém não esquecer que a oral não é nenhum piquenique.

Ou seja, voltando à literalidade, a Bósnia não é um adversário "fácil". Muitos defendem que seria o adversário mais acessível que nos poderia calhar, mas hoje em dia já não há adversários acessíveis. Convém lembrar que esta Selecção ficou em segundo lugar no seu grupo, tal como nós - e nós vimo-nos gregos para chegarmos cá. Que não se espere facilidades. Também estou convencida que ninguém está à espera disso. Ainda por cima, o seleccionador veio dizer que tenciona imitar a estratégia da Grécia no Euro 2004, conquistando o meio campo e saindo a jogar para o ataque sempre que possível.

Tenho dúvidas de que isso resolva todos os problemas que a gente criar aos bósnios (claro que vamos criar!). Os gregos só (ou pelo menos quase só) nos ganharam porque não estávamos mentalizados para uma final. De resto, acho que eles devem ter mantido a estratégia durante a qualificação para o Mundial 2006 e não lhes valeu. E não fizeram grande campanha durante o Euro 2008. E a Selecção mudou bastante deste essa final. Se eu fosse aos bósnios, não me fiava muito niesta estratégia. Mas que percebo eu de futebol?

Em minha casa chegou a pôr-se a hipótese de irmos assistir ao jogo no Estádio da Luz. A minha irmã faz anos mais ou menos nesta altura e pediu isso como presente. Só que o meu pai tem de trabalhar nesse dia e a minha mãe não quer ir sozinha connosco. Também a mim não me dá muito jeito, uma vez que tenho teste na Segunda-feira seguinte - o que me chateia imenso. Mas tenho imensa pena, lá isso tenho. Por outro lado, tenho a certeza de que a Luz irá estar cheia, que se irá criar de novo o correspondente Inferno, à semelhança do que aconteceu no jogo frente à Hungria, os marmanjos não sentirão a nossa falta.

Deste modo, faço aqui um apelo a todos que estejam a planear ir assistir ao jogo: vão e gritem, pulem e apoiem o máximo que conseguirem por nós!

De resto, a minha irmã tem imensa sorte de fazer anos nesta altura do ano em que há sempre jogos da Selecção. Já teve a sorte de ter um jogo no dia de anos. O resultado não foi propriamente uma prenda mas enfim... Infelizmente, quando eu faço anos nunca há jogo da Selecção. Nunca mesmo! Por ironia do destino, eu nasci duas semanas antes do previsto. Eu já estava bastante grande, por isso os médicos acharam melhor antecipar o nascimento para não ter de me arrancarem com cesariana. O pior é que eu não quis sair e tiverem de recorrer à cesariana à mesma. Mais valia terem-me deixado em paz, sossegadinha lá no útero, e terem feito a cesariana duas semanas mais tarde, numa altura em que costuma haver jogo.

Voltando à Selecção, esta encontra-se outra vez em rota de colisão (adoro esta expressão...) com o Real Madrid por causa do Cristiano Ronaldo. Carlos Queiroz Chamou-o apesar de o clube madrileno garantir que ele ainda está lesionado, que precisa de mais quinze dias de repouso absoluto para recuperar. Ao que consta, Ronaldo foi observado por um médico holandês, o mesmo que já o tinha tratado no ano passado, depois do Euro 2008, teoricamente isento. O pior é que no Sábado, na capa do jornal "O Jogo", dizia que esta conversa toda não passava de um bluff do Real Madrid, que no outro dia já se via o Ronaldo a treinar corrida num treino do Real à porta fechada (como é que os jornalistas conseguiram espreitar, só Deus sabe), que o Real Madrid queria era que ele estivesse apto para um jogo contra o Barcelona, perto do fim do mês (não me lembro da data exacta). E hoje, no Sapo Desporto, dizia que o Real Madrid considerou a Chamada de Ronaldo uma "provocação" e que põe a hipótese de processar a Selecção.


Isto já parece o caso Esmeralda... E tanto nesse caso, como este caso Ronaldo, dava jeito alguém que desse uma de Rei Salomão, que viesse avaliar quem é que defende o superior interesse da criança, perdão, do jogador. E, já agora, gostava de saber, pela boca do próprio, o que é que o Cristiano pensa disto tudo. Se quer vir ajudar a Selecção, ou prefere jogar pelo seguro e poupar-se. Eu sou suspeita para opinar sobre isto, não me arrisco a dizer quem é que tem razão, se o Ronaldo deve Vir à Selecção ou não. Seria egoísta colocar a Selecção à frente do bem-estar de uma pessoa. Mas acho que devia ser o Cristiano, que já é maior e vacinado, a decidir.

Além disso, só tenho mais isto a dizer: malta, apertem os cintos, pois estamos a atravessar uma zona de forte turbulência.

Se por acaso ele não conseguir recuperar a tempo de nenhum dos play-offs não é o fim do mundo. Nem necessariamente o fim do Campeonato do Mundo para nós. A Selecção não é, nunca foi e duvido que alguma vez o seja só Cristiano Ronaldo. Tal como nunca foi só Figo ou só Eusébio. É certo que estes deram um grande contributo para caminhadas de sucesso, podendo mesmo ser considerados crucias nalguns momentos. Mas uma equipa de futebol é constituída por onze jogadores, não apenas um. E muitas vezes, para não dizer sempre, é preciso mais do que um jogador só para marcar um golo.

Também já houveram jogos que vencemos sem a ajuda do Ronaldo. Há quem diga mesmo que houve alturas em que jogámos melhor porque o Ronaldo não estava lá. Estou a lembrar-me do Portugal-Brasil de 2007, em que nos organizámos melhor depois de o Ronaldo ter sido substituído. Muitas vezes, o madeirense é tão marcado que não consegue fazer nada de especial. Além disso, temos outros jogadores de talento para nos ajudar: o Nani, o Simão, o Deco, etc.

Por outro lado, confesso que também fico um bocado nervosa com a sua ausência. Ao fim e ao cabo, o Ronaldo é "aquela coisa", é o Melhor do Mundo, é aquele que neste momento mais temos parecido com o Figo, aquele que mais mobiliza os adeptos e mais assusta os adversários...

Resta esperar pela sua chegada na próxima Quarta-feira (o Real Madrid lá deu uma desculpa, perdão, pretexto para adiar a sua vinda por dois dias) e pela avaliação dos médicos da Selecção. Mas parece-me que este braço-de-ferro ainda agora começou.


Só espero que, na altura do jogo, já esteja resolvido para que, com ou sem Ronaldo, nos possamos concentrar em carimbarmos o nosso passaporte para o Mundial 2010.

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