sábado, 5 de dezembro de 2009

Sorteios, apostas e desejos

Ontem, Sexta-feira, dia 4 de Dezembro de 2009, realizou-se o sorteio para os grupos da fase final do Campeonato do Mundo a realizar no próximo ano, na África do Sul. Portugal ficou no Grupo G, à semelhança do Brasil, da Coreia do Norte e da Costa do Marfim.

Eu tomei conhecimento dos resultados do sorteio de uma maneira curiosa. Geralmente à Sexta-feira saio das aulas às duas da tarde mas como tive de compensar as aulas perdidas devido ao feriado, só saí às seis. Tive pena de não poder assistir ao sorteio em directo. É irónico, já que, há dois anos, o sorteio do Euro 2008 era num Domingo, mas nenhuma televisão portuguesa, de sinal aberto ou da TV Cabo, se dignou a transmitir em directo. Este ano, a RTP transmitiu mas eu estava em aulas. De qualquer forma, vim para a estação de Entrecampos com a minha colega - não revelarei o seu nome verdadeiro, chamar-lhe-ei Joana. Éramos para apanhar o comboio das 18h19, mas este estava atrasado. Como geralmente acontece quando um comboio se atrasa à hora de ponta, ao pessoal que ia nesse comboio juntou-se parte do pessoal que iria no comboio seguinte, nós incluídas. Resultado, quando o comboio chegou, às 18h25 e nós entrámos, aquilo ficou a rebentar pelas costuras. Íamos de pé, quase abraçadas uma à outra, completamente espremidas. Isto na estação de Entrecampos. Depois de Sete Rios, ainda foi pior.

Mas foi mais ou menos nessa altura que ouvi um rapaz poucos anos mais velho do que eu, provavelmente um estudante regressando a casa, como eu, a falar ao telemóvel. Eu fui ouvindo as palavras "Luisão", "Drogba", "Coreia", "Costa do Marfim", "Brasil", "ganhamos os dois". De início pensei que estivesse a falar do Benfica ou assim, mas depois lembrei-me do sorteio... Depois de ele desligar, enchi-me de lata e perguntei:
- É o sorteio do Mundial? O que é que calhou? - pergunto-me o que é que a Joana terá pensado.
- O Brasil, a Coreia e a Costa do Marfim.

- Ah, obrigada...

Deste modo, arranjámos tema de conversa para o resto da viagem. O que vale é que a Joana também gosta de futebol. Tive sorte com a turma deste semestre, já que posso falar sobre este desporto com o pessoal. Faz-me lembrar quando estava no 8º e no 9º ano e era adepta fervorosa do Sporting e falava sobre isso com os rapazes da minha turma. Lembro-me de estarmos na aula de Inglês a jogar um jogo em que tínhamos um clube e devíamos dizer o maior número de jogadores desse clube. Os meus colegas ficavam surpreendidos por verem uma rapariga que sabia tanto quanto eles. Também há muito que o futebol deixou de ser um interesse exclusivamente masculino. Lembro-me também de eu e o meu irmão irmos para o café assistir aos clássicos. Como não tínhamos SportTV... Claro que nessa altura, o mais certo era apanharmos uma desilusão.

Mas voltando ao sorteio do Mundial 2010 e à viagem, de comboio, a Joana disse logo que não sabia se passávamos, já que tínhamos o Brasil como adversário. Já horas antes, no fim do almoço, quando eu e o António nos pusemos a falar do sorteio que se realizava dentro de poucas horas - para não estarmos sempre a falar do trabalho que tínhamos de apresentar na aula a seguir ou das notas que tinham acabado de sair - ele afirmou que Portugal tinha equipa para vencer qualquer um excepto precisamente o Brasil e Espanha. Eu, por acaso, não tinha muito medo do Brasil, ficaria mais nervosa se nos tivesse calhado a Alemanha (não me venham dizer que três golos em quatro remates não assustam, sobretudo depois de termos tido jogos com vinte ou trinta remates e zero golos!) ou também a Espanha. Não nos lembrávamos dos jogadores brasileiros sem ser o Luisão, o Helton e o Kaká. Eu estava mais optimista do que ela, mas não muito mais. Invoquei o particular de Fevereiro de 2007 em que vencemos os nossos irmãos por duas bolas sem réplica num jogo espectacular. Só me lembro de eu e a minha irmã virmos a correr da aula de música - eu com uma guitarra às costas - para ver o jogo.

A Joana, por sua vez, invocou o último particular, em Novembro do último ano, em que levámos uma bela tareia:6-2. Na altura, tive pena de o jogo ser à meia-noite. Eu tinha de me levantar cedo no dia seguinte. E além disso era apenas um amigável. Se fosse oficial, talvez fizesse o sacrifício. E mesmo assim, teria de ser daqueles decisivos. Em todo o caso, pus o jogo a gravar e fui-me deitar. Na manhã seguinte, a primeira coisa que fiz foi ir ao Teletexto ver o resultado. Ao vê-lo, ri-me. Foi daquelas gargalhadas que a gente solta para não chorar. Dei graças a Deus por ter tido uma boa desculpa para não ver aquela desgraça e nem me dei ao trabalho de ver a gravação.

Já que estamos dentro do tema, um aparte para referir que ainda pouco tempo antes tinha abdicado das minhas preciosas horinhas de sono (sou muito dorminhoca... se de manhã só se está bem é na caminha, às quatro da manhã nem se fala) para ver uma prova desportiva. Foi quando a Vanessa Fernandes ganhou a medalha de prata no triatlo. Se bem se lembram, a prova era em Pequim, logo as horas das provas não nos davam jeito nenhum. E como a Telma Monteiro e outros atletas sobre quem depositávamos as nossas esperanças competiam enquanto estávamos a dormir mas não estavam a ganhar nada, eu e os meus irmãos decidimos levantarmo-nos às três da manhã para ver a Vanessa, a ver se isso dava sorte. E acabou por dar.

Voltando ao Brasil, eu comparei-o ao Sporting na medida em que é uma fábrica de talentos e que os distribui pelas outras selecções (a nossa incluída). A Joana, que é benfiquista, não gostou muito da comparação e eu corrigi, afirmando que o Brasil não deixava todos os talentos fugir e costumava ganhar.

Também não sabíamos muito sobre a Costa do Marfim, apenas que o Drogba jogava por este país e que fora com esta selecção que a Alemanha disputara o jogo inaugural do Mundial 2006. E nem sequer sabíamos se a Coreia que íamos defrontar era do Sul ou do Norte - lembrava-me de ter visto ambas na lista dos qualificados. Estávamos ambas ansiosas por esclarecer essa dúvida, por conhecer a constituição dos outros grupos e as datas dos jogos.

A grande favorita a ganhar o título de campeã do Mundo é a Espanha, nisso estávamos de acordo. Nós e provavelmente todos os apreciadores de futebol. Depois do Euro 2008 e da qualificação para o Mundial 2010... Ambas também concordámos que não nos importávamos muito se a Espanha ganhasse, já que "são nossos vizinhos" e poderia ser bom para a candidatura à organização do Mundial de 2018 ou 2022.

Confessei, por fim, que tinha pena de não defrontarmos a França. Já manifestei o desejo de uma desforra cá no blogue, mas como ficámos no mesmo pote, era impossível ficarmos juntos no mesmo grupo. Falava-se que ficaríamos entre os cabeças-de-série porque ficámos em quinto lugar no ranking da FIFA mas aparentemente decidiram usar o ranking do mês de Outubro como critério. Para ser sincera, não sei bem como é que ficámos em tão alta posição, sobretudo sendo a mais alta desde Junho de 2002. Depois do Euro 2004 e do Mundial 2006 não chegámos ao quinto lugar mas conseguimos atingi-lo depois de uma qualificação à tangente? Gostava de saber que critérios é que utilizam para este ranking...

Quando cheguei a casa fui logo à Internet informar-me melhor sobre o sorteio. E não demorei muito a conhecer a constituição dos outros grupos, as datas dos nossos jogos e as opiniões de Carlos Queiroz, alguns jogadores, entre outros.

Assim, eis a data e a hora (no nosso fuso horário) dos nossos jogos:

Dia 15 de Junho (Terça-feira): Costa do Marfim vs Portugal 15h

Dia 21 de Junho (Segunda-feira): Portugal vs Coreia do Norte 12h30

Dia 25 de Junho (Sexta-feira): Portugal vs Brasil 15h

A hora não é a das mais favoráveis por coincidir com o horário laboral da maior parte das pessoas. E também para mim não me vai dar muito jeito. Uma das coisas que mais me chateia nestes Campeonatos Internacionais é que são sempre em Junho. Exactamente no mês em que temos sempre exames. Não seria tão mau se fossem em Março, por exemplo. O ideal seria se fossem em Agosto, em que o pessoal está de férias e poderia estar sempre a pensar em futebol sem se sentir culpado. É muito injusto obrigarem-nos a escolher entre o percurso académico e o futebol. Se, por um lado, temos pelo menos dez exames por ano e Europeus ou Mundiais só de dois em dois anos, também é chato termos de ir à segunda fase ou ficar com cadeiras em atraso porque ficámos a ver o jogo em vez de estudar. Além disso, o stress dos exames mais o stress da Selecção às vezes pode ter uns efeitos secundários indesejáveis. Foi durante o Mundial 2006 e nas vésperas dos exames nacionais do 11º ano que apanhei herpes labial pela primeira vez.

Por outro lado, misturar futebol e vida académica até pode ter uns efeitos engraçados. Lembro-me que no dia do Portugal vs Irão desse Mundial tinha estado a estudar os sistemas circulatórios das diferentes classes de animais para o exame de Biologia e Geologia. Devem-se lembrar que nesse jogo, o Figo teve uma exibição excelente, tendo mesmo sido considerado o melhor em campo. Não marcou nenhum dos golos, mas esteve em todos os que foram marcados. Passou a bola ao Deco para que este desse aquele tiro fenomenal e foi numa falta sobre ele que se marcou o penálti que o Ronaldo transformou no nosso segundo golo. Mais tarde, já terminado o jogo, quando se comentava a partida e como o Figo era o grande responsável pelo desempenho da Selecção, eu disse que o Figo era o órgão propulsor da Selecção (órgão propulsor é o termo geral para os órgãos que bombeiam o sangue pelo corpo todo. No sistema circulatório dos mamíferos é chamado coração). Ao menos aquela parte da matéria foi fácil de memorizar já que me lembrava de ter visto aquilo no dia do Portugal-Irão.

E agora que penso nisso, acho que também se pode dizer que o Figo é o catalizador da Selecção. Para aqueles que não sabem assim tanto de Química, um catalizador acelera as reacções químicas. Não que seja impossível os reagentes reagirem, mas a reacção é significativamente mais lenta, nalgumas circustâncias é quase impossível que ocorra. Desta forma, o catalizador tem um papel importante na formação do produto, sem ter participado directamente no processo. Mais ou menos o que o Figo costumava fazer.

Por acaso, até nem tenho tido muito azar no que toca ao calendário de exames versus calendário da Selecção. No Euro 2008 calhou duas vezes em vésperas de exames. O que até nem é muito mau. Considerando que passava o dia quase todo a estudar, podia perfeitamente fazer uma pausa de hora e meia para ver o jogo. E como no dia seguinte fazia uma folga depois do exame, aptinha tempo para actualizar o blogue. Este ano é que vai ser mais complicado porque o jogo contra a Coreia começa uma hora e meia antes de um exame. Contas feitas, não verei os últimos quinze minutos do jogo. Nem é assim tão mau. Visto que a Coreia do Norte é teoricamente o adversário mais acessível, aos setenta e cinco minutos o jogo já deve estar resolvido, espero. O pior será descobrir como é que poderei ver o jogo lá na Faculdade. Hei-de averiguar. Na pior das hipóteses, oiço o relato na rádio através do meu leitor de MP3.

A constituição dos restantes grupos é a seguinte:

Grupo A: África do Sul, México, Uruguai e França

Grupo B: Argentina, Nigéria, Coreia do Sul e Grécia

Grupo C: Inglaterra, Estados Unidos da América, Argélia e Eslovénia

Grupo D: Alemanha, Austrália, Sérvia e Gana

Grupo E: Holanda, Dinamarca, Japão e Camarões

Grupo F: Itália, Paraguai, Nova Zelândia e Eslováquia
Grupo H: Espanha, Suíça, Honduras e Chile
Aquando do sorteio para o Euro 2008, eu decorei logo a constituição dos quatro grupos. Sim, tenho boa memória mas esta é muito selectiva. Decoro mais facilmente estas coisas do que as deduções das fórmulas de Física... Triste, não é? Desta vez não tive pachorra para memorizar. É que no Euro 2008 eram só quatro grupos, um deles era igualzinho ao nosso do Euro 2004, só que em vez de nós, estava lá a Suécia e a França, a Itália e a Holanda estavam no mesmo grupo. Só isto ajuda muito a decorar. Aqui são oito grupos e não estou familiarizada com pelo menos metade das selecções apuradas.

Desta feita, os grupos estão bastante equilibrados, não calhou nenhum grupo como aquele da França e da Itália do Euro 2008. Parece que o pior é mesmo o nosso grupo, visto que estamos lá nós, a Costa do Marfim (ao que consta, é uma das melhores Selecções africanas) e o Brasil (nem precisa de justificações). Se em sorteios anteriores até tivemos alguma sorte ao ficarmos no mesmo grupo de selecções teoricamente acessíveis (embora tenham demostrado em campo, por vezes, não serem tão acessíveis quanto isso), desta feita a sorte não esteve connosco. Isto se tivermos em conta o grau de dificuldade, claro.

As opiniões dividem-se. Se Deco acha que, de facto, o Brasil é o grande favorito a passar à fase seguinte, Liedson acha que é melhor enfrentar os zucas (o Miguel, o meu amigo que é brasileiro, é que me ensinou este termo) nesta fase do campeonato, em vez de no "mata-mata". O que até faz sentido. Muitos acham que as Selecções que falam a língua portuguesa passarão à fase seguinte e disputarão entre si o primeiro lugar do grupo. Eu não punha as mãos no fogo. Como já referi, a Costa do Marfim é uma das melhores selecções do continente africano e existe ainda uma outra agravante: nunca jogámos contra eles. Os jornais têm vindo a comparar esta ida ao Mundial com a viagem capitaneada por Bartolomeu Dias em que se dobrou o Cabo da Boa Esperança e já começaram a perguntar se esta Costa do Marfim será o Adamastor desta viagem, o factor desconhecido. Além disso, como Carlos Queiroz recordou, é logo o primeiro jogo. E, como o Mundial é em África, ainda devem haver uns quantos costa-marfinenses (é assim que se diz?) no público. Mas, por outro lado, é só a segunda vez que participa num Mundial, logo o factor experiência joga a nosso favor.

Também a Coreia do Norte só esteve uma vez num Mundial. Curiosamente, foi em 1966, no mesmo Campeonato em que tivemos aquele jogo histórico em que estávamos a perder 3-0 ao intervalo mas depois demos prespegámos-lhes cinco golos, quatro da autoria do grande Eusébio, e os coreanos foram para casa. De facto, também se comentou muito o facto de irmos enfrentar duas selecções que também enfrentámos em 66. Visto que foi o Mundial em que fomos mais longe - terceiro lugar - espero que esse facto dê sorte.

Pinto da Costa também deu a sua opinião sobre o sorteio do Mundial 2010. Admitiu que é possível Portugal chegar à final. "É um sonho, mas há sonhos que se concretizam". "Acho que Portugal vai passar e discutir com o Brasil a liderança do grupo". Palavras bonitas, sim senhor, mas vindas do homem que festejou o golo da Grécia na final do Euro 2004 não valem nada. Se eu já antes não tinha grande opinião sobre o dirigente portista, agora desceu ainda mais na minha consideração. Muito obrigada mas a Selecção não precisa desse tipo de apoio, tem apoiantes sinceros que cheguem.

Nós ficámos um bocado nervosos com o facto de irmos defrontar o Brasil na fase de grupos mas, pelos vistos, os brasileiros estão tão nervosos como nós. Quando estive a comentar o sorteio com o Miguel, ele lembrou-me que nós ficámos em quarto em 2006 e os brasileiros ficaram pelos quartos-de-final. Eu sosseguei-o dizendo que, em termos futebolísticos, isso foi há séculos. É bom saber que os nossos adversários (ainda) nos respeitam, mesmo depois de nos termos visto gregos para nos qualificarmos.
Em todo o caso, até gostei que nos tivesse calhado este grupo. O jogo com o Brasil será, sem dúvida o mais escaldante da fase de grupos, incluindo o jogo inaugural. Todos os olhos estarão em nós e nos nossos "irmãos". Um jogo de proporções epopeias já está garantido. Não faltará adrenalina, não faltará emoção. Será um jogo impróprio para cardíacos.
Em relação às nossas hipóteses, estou com a maior parte do pessoal, que considera que passamos e discutimos a liderança do grupo com o Brasil. Espero mesmo que fiquemos em primeiro lugar, porque se ficamos em segundo corremos o risco de ter de jogar os oitavos-de-final com a Espanha... O pior é que não sei o que esperar da Costa do Marfim. E se passarmos ao mata-mata, sim, acho que podemos ir longe desde que não nos calhe a Espanha ou a Alemanha pelo caminho... Se para o Euro 2008 não estava muito confiante, agora para o Mundial, depois desta fase de qualificação, estou ainda menos. Mas vou adoptar a mesma atitude que adoptei nessa altura, pensar um jogo de cada vez, não exagerar na euforia das vitórias, partilhar emoções cá no blogue, aproveitar ao máximo. Que o Mundial é a festa suprema do futebol e só acontece de quatro em quatro anos.

Certamente já repararam no vídeo de apoio à Selecção. Se já o viram, espero que tenham gostado. Já tinha feito um aquando do Euro 2008, mas fora só com fotografias e, admito, estava um bocado fraco. Neste ano e meio que decorreu entre a montagem desse vídeo e o momento actual aprendi a explorar as potencialidades do Windows Movie Maker, a montar vídeos a partir de outros vídeos, não só de fotografias, a adicionar efeitos (embora quase só use câmara lenta, o "aparece gradualmente a partir de preto" e o desaparece gradualmente até ficar preto"). Desta feita, usei a música "Here I Am", de Bryan Adams, o meu cantor favorito. Para mim, esta é a música que mais se identifica com a Selecção Nacional, execptuando os "Menos Ais", é claro. É muito viva, muito alegre, de ritmo rápido a letra é bastante simples mas tem versos como "Tonight we'll make our dreams come true" (Esta noite faremos com que os nossos sonhos se tornem realidade), "Here we are/We've just begun/ And after all this time our time has come" (Aqui estamos nós/Ainda agora começámos/E depois deste tempo todo, o nosso tempo chegou), "Here we are/Still going strong" (Aqui estamos nós/Ainda a fortalecermos) que me fazem pensar no espírito da Selecção.

Já que estamos dentro do assunto, tenho visto no YouTube alguns vídeos de apoio semelhantes aos meus, mas como música de fundo têm I Gotta Feeling dos Black Eyed Peas. Parece que o próprio Professor Carlos Queiroz disse que a música serviu para inspirar e motivar os jogadores agora na etapa final da qualificação. Tinha logo de ser essa... Não é por nada, sei que é um dos "hits do momento", mas eu não gosto lá muito dessa música. Acho-a muito repetitiva e um bocado fútil. Como disse um amigo meu no outro dia, parece que agora o pessoal gosta destas repetições. Mas eu não. Além disso, a música fala mais sobre sair à noite, à parte do refrão não tem muito a ver com a Selecção. Here I Am tem mais a ver. Pelo menos na minha opinião.
Não estou aqui a julgar ninguém, atenção! Tenho todo o direito de não gostar de uma música mas vocês também têm todo o direito de gostar dela. Como costumo dizer ou pensar quando alguém critica os cantores de quem eu gosto, quem perde sou eu. E como parece que serviu de catalizador aos jogadores... Só espero que o professor esteja a ser sincero, que ele tenha relacionado a Selecção com a música, que nenhuma editora discográfica lhe tenha pago para dizer isso.

Não, a mim ninguém me pagou para fazer publicidade ao Bryan Adams. Na verdade, acontece mais o contrário, eles não gostam que eu use as músicas dele nos meus vídeos. Há um ano atrás tiraram-me o vídeo com Heat Of the Night do YouTube. O Euro 2008 já fazia parte da História, o desempenho da Selecção deixava muito a desejar, o vídeo era muito fraquinho, a qualidade das fotografias e do som era péssima, só tive três comentários todos negativos, mas fiquei chateada. Apesar de o vídeo não ser grande coisa, foi ele que me permitiu obter cerca de mil visualizações do meu canal num único dia (no dia do Portugal-República Checa), recorde que só foi ultrapassado em Outubro deste ano, mais de um ano mais tarde. Desta vez, (ainda) não rejeitaram o vídeo, embora tenha recebido um avisozinho. De qualquer forma, estou prevenida para o caso das regras dos direitos de autor mudarem. Fiz um segundo upload do vídeo com uma versão karaoke de Here I Am (é só a parte instrumental mais as vozes de fundo), que até é bem gira. Ninguém se queixou de violação dos direitos de autor, até agora. Podem eventualmente tirar o vídeo com a versão oficial, mas o outro é pouco provável que retirem. Pelo menos, já usei versões instrumentais/karaoke para tornear a regra dos direitos de autor noutros vídeos e até agora resultou... Fica aqui a dica para outros utilizadores do YouTube com problemas semelhantes: versões instrumentais/karaoke. Em todo o caso, espero que mantenham o vídeo, pelo menos até ao fim do Mundial.

2009 aproxima-se do fim. Vem aí 2010 e com ele um Campeonato do Mundo. Na Noite de Ano Novo, costumo cumprir sempre a tradição das doze passas, um desejo para cada uma delas. Com grande sacrifício da minha parte, que odeio passas. Mas gosto de pedir os doze desejos. No final do ano passado, um dos meus desejos era a presença do Mundial 2010. Esse desejo foi cumprido. De resto, que me lembre, à excepção da carta de condução, é capaz de ter sido o único a ser cumprido. O desejo de novos governantes sinceramente empenhados em melhorar Portugal não foi... Mas agora, na próxima Noite de Ano Novo, um dos meus desejos será a Taça do Mundo. Lembro-me que, antes da passagem de 2005 para 2006, a Galp andou a fazer uma campanha para estimular o pessoal a "guardarem uma passa para a Taça", que 15 milhões de desejos podem significar alguma coisa. Agora faço um apelo semelhante através deste blogue. "Guarda uma passa para a Taça". Não que eu acredite sinceramente que será isso que nos dará a Taça, mas também não custa nada - para aqueles que costumam cumprir esta tradição, não deixam de ser doze passas - e temos de usar todas as armas que pudermos. E parece que, segundo o último livro do Dan Brown, é possível que os pensamentos de milhões provoquem alterações em acontecimentos supostamente aleatórios - isto segundo a explicação do meu irmão, que eu não li o livro...

Esta é a última entrada deste ano. Aproveito para desejar a todos os leitores um Feliz Natal, na companhia daqueles que mais gostam, e que 2010 vos traga coisas boas, incluindo a Taça do Mundo, claro está. E não se esqueçam daquilo das passas!

P.S. Ao saberem que a música deles serviu de inspiração à Selecção, os Black Eyed Peas gravaram um vídeo a darem apoio aos tugas para o Mundial. Foram simpáticos. Eu já gostei mais desta banda, mas agora subiram na minha consideração. Mesmo que só nos apoiem por termos gostado da música deles, eles podiam ter escolhido outras Selecções para apoiar, algumas das quais permitiriam uma promoção ainda maior da música deles, mas escolheram a nossa. São mais sinceros que o Pinto da Costa... A gente agradece o apoio. Não vou passar a gostar de I Gotta Feeling só por causa disso, mas vou fazer um esforço para evitar aquela irritação que me invade quando vejo a música associada à Selecção. Ao menos os Black Eyed Peas não fotografaram a Selecção Alemã aquando do Euro 2008 para uma exposição, ao contrário de um certo cantor canadiano que uma vez afirmou que Portugal era a sua segunda casa...


Quem deve andar passada de ciúmes é a Nelly Furtado...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Bósnia 0 Portugal 1 - "Quatro, sei, oito, dez - África do Sul agora é a tua vez!" - Eu sabia que conseguíamos!

Eu sabia que conseguíamos!


Ontem à noite, dia 18 de Novembro de 2009, Quarta-feira, a Selecção Nacional foi a Zenica, na Bósnia, vencer a respectiva Selecção por uma bola a zero sem resposta, finalmente carimbando desta forma o passaporte para o Campeonato do Mundo de 2010, a realizar na África do Sul. O autor do golo foi Raúl Meireles mas o mérito da vitória é de todo o colectivo, do Seleccionador ao Rui Patrício, que, apesar das dificuldades, de algumas críticas destrutivas, da descrença de muitos, conseguiu ultrapassar tudo isso e ganhar um lugar no Mundial. Como estou orgulhosa deles!


Para além da equipa bósnia, a Selecção tinha mais dois adversários: o relvado em péssimo estado e os adeptos muito pouco amigáveis. E se, noutros resultados menos positivos, o relvado tenha sido invocado como desculpa, perdão, factor que contribuíra para o escasso número de golos, ontem apenas impediu que jogassem um futebol mais bonito. Não foi suficiente para parar os marmanjos, que chegaram mesmo a fazer um jogo melhor do que aquele que fizeram no Inferno da Luz, sobretudo na segunda parte. Em minha casa, estivemos a jantar durante a primeira parte e eu estava tão nervosa que perdi o apetite - a minha mãe julgou que não comia por ter andado a pestiscar antes do jantar, por isso obrigou-me a comer um pouco mais do que queria e perdi a oportunidade para cortar nas calorias... Mas não tinha razão para estar nervosa. Se bem que os portugueses não atacassem muito, defendiam bem quando os bósnios ameaçavam a nossa baliza. Nas poucas vezes em que a bola conseguia passar pelos nossos defesas e ameaçar a nossa baliza, o Eduardo estava lá para a defender.


Na segunda parte, veio o golo de Raul Meireles numa jogada em que também entraram Liedson e Nani. O golo fez-me saltar a mim e ao meu pai saltar do sofá e contribuiu para expulsar de vez os nervos, pois a partir desse momento, se os bósnios quisessem passar tinham de nos marcar três golos. Foi também na ressaca dos golos que os milhares de bósnios se calaram finalmente e os poucos portugueses presentes no estádio se fizeram ouvir. E no resto do jogo, os marmanjos ficaram bem mais soltos e podíamos ter dilatado o resultado. Ainda falhámos umas quantas oportunidades excelentes. Noutras circunstâncias fartar-me-ia de praguejar mas naquela altura, com o jogo praticamente resolvido, limitei-me a alguns refilanços bem-humorados.


O triste episódio ocorrido aos 75 minutos, aproximadamente, é que estragou o jogo. Quando aquele jogador bósnio foi expulso, os adeptos começaram logo a arremessar coisas para o campo. Eu vi logo que alguém ia sair dali magoado e acabou por ser o árbitro assistente. Como o Simão estava mesmo à frente dele, julgo que ele é que era o alvo. Se ele tivesse de facto sido atingido, ia haver confusão ainda maior... Em todo o caso, não deixa de ser um episódio degradante, que só contribui para estragar o futebol. Se tivesse sido ao contrário, morreria de vergonha.


Finalmente, o jogo terminou e com o fim do jogo, a entrada no Mundial ficou definitiva e finalmente selada. Eu queria ver em directo os jogadores a celebrarem o apuramento que custou tanto a carimbar mas a TVI achou por bem escolher uma pausa para publicidade naquele momento. Eu ainda fiquei um bocado à espera que acabasse para ver as flash-interviews, na esperança de que fosse aqueles intervalos de pouco mais de um minuto, só com dois ou três anúncios, mas não foi. Acabei por me fartar, desliguei a televisão e a TVI desceu ainda mais na minha consideração. É por estas e por outras que, no que toca a canais generalistas, sem contar com os telejornais, já quase só vejo a RTP 2.


Mais tarde, estive um bocado a oscilar entre a SICNotícias e a RTPN, como costumo fazer em dias de jogo, para ver a Conferência de Imprensa do Seleccionador e ouvir um ou outro comentário sobre o jogo. Na SIC, estava o Rui Santos e outro senhor de idade avançada cujo nome não memorizei a comentar. Este último, depois de se rever a flash-interview de Carlos Queiroz, citou uma das frases que o Professor disse. Se não me engano, algo tipo "obrigado a todos que acreditaram em nós". O senhor considerou esta frase "infeliz", por estar subjacente uma crítica àqueles que, a certa altura, deixaram de acreditar (o próprio comentador admite que foi uma dessas pessoas), mas eu concordo com o Seleccionador. Com todo o respeito pelo senhor comentador e pela sua opinião, estaria ele à espera que Queiroz viesse agradecer àqueles interesseiros e hipócritas que, nas alturas mais difíceis da qualificação deixaram de apoiar e acreditar mas quando a Selecção encontrou de novo o caminho voltaram de novo a apoiar?!?


Eu fui uma daquelas que nunca deixou de apoiar, de acreditar. Admito que apanhei imensos baldes de água fria, que houve alturas em que me senti uma parva por continuar a acreditar, que estive a "um bocadinho assim" de desistir, que nunca deixei de ter medo que tudo falhasse. E teria sido bem mais fácil ter feito isso. Concordo plenamente com o que o jornalista Carlos Daniel escreveu uma vez no Record, se não me engano na véspera do último jogo frente à Dinamarca: é mais difícil ser-se optimista do que pessismista. Na altura, entusiasmada como andava com o jogo, não compreendi bem porque dizia ele isso, mas no dia seguinte, depois do jogo, percebi perfeitamente.


Mas agora estou feliz. Agora vou poder esfregar esta vitória na cara de todos os que me disseram que já estava tudo perdido. Ah, ah, ah! Engulam esta!


Ainda neste assunto dos críticos, ontem o Ricardo Carvalho surpreendeu-me pela positiva, tanto dentro como fora do campo. Admitiu que a qualificação começou mal, que perdemos pontos desnecessariamente, que "merecemos as críticas e temos de assumi-las", contrariando a fama que a Selecção ganhou nos últimos anos, sobretudo no tempo do Scolari, de não lidar bem com as críticas. Confesso que, neste tópico, o Ricardo é melhor pessoa do que eu, pois eu levo um bocado a mal as críticas à Selecção. Suponho que seja normal, que uma pessoa não goste de ouvir e ler seu clube a ser criticado. Mas também às vezes irrita-me ouvir e ler pessoas a chamarem "incompetente" ao Seleccionador, a porem em causa as suas Escolhas, a sugerirem outros nomes para a Selecção, não tanto os comentadores desportivos, mas aqueles que escrevem para os jornais ou participam nos fóruns de opinião. Os comentadores ainda têm a experiência de vários anos a lidarem com o futebol, mas será que as outras pessoas se julgam mais entendidas na matéria do que Carlos Queiroz que ganha o pão para a boca a observar jogadores portugueses e a Escolhê-los para a Selecção? Também eu às vezes não concordo com algumas opções tomadas pelo Professor, mas eu não percebo assim tanto de futebol para me pôr a questionar os jogadores que Convoca... Eu não estou a criticar as pessoas por terem e exprimirem a sua opinião, critico-as é pela arrogância das suas opiniões.


Também já ouvi e li muito que tudo isto até seria desnecessário, que podíamos perfeitamente ter garantido a qualificação mais cedo, que o grupo não era assim tão difícil, etc. Até têm razão. Penso que aquilo que impediu uma qualificação bem menos sofrida foi o facto de termos mudado de Seleccionador, que obriga sempre a um tempo de adaptação, jogadores lesionados, algum azar e alguma ansiedade que levou a problemas na finalização (um marmanjo consegue passar a defesa e ficar à frente da baliza mas, na altura de rematar enerva-se e chuta ao lado). Mas conseguimos ultrapassar isto tudo, graças a Deus. Graças a Deus é como quem diz... graças ao espírito colectivo, à persistência e a alguma sorte.
Quando confrontado com o facto de podermos ter encerrado a qualificação mais cedo, o Ricardo Carvalho afirmou que desta forma soube melhor. Eu até concordo com ele. O apuramento para Mundial 2006 não teve grandes atribulações, foi relativamente "fácil", mas a certa altura comecei a sentir saudades de um jogo mais renhido, mais complicado, de alguma adrenalina. nesta perspectiva, a qualificação para o Europeu 2008 foi melhor. Em relação a esta fase de qualificação, no entanto, acho que houve adrenalina a mais... Mas, sim, fez com que o triunfo tão dificilmente alcançado saiba tão bem...
Além disso, termos de ir a play-off deu-nos mais dois jogos de Selecção oficiais. Como, para mim, quanto mais jogos melhor, isto constitui uma grande vantagem. Agora só voltamos a ter jogos oficiais em Junho do próximo ano. Até ao anúncio dos Convocados, temos de nos contentar com um ou outro particular. Que, a menos que o adversário seja os grandes, tipo Itália ou Brasil, não tem nem metade da emoção de um jogo oficial.


Agora já se conhecem as 32 selecções que, no próximo Verão, vão disputar a Taça do Mundo: nós, África do Sul, Nigéria, Camarões, Nova Zelândia, Japão, Holanda, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Austrália, Estados Unidos, Brasil, Gana, Inglaterra, Paraguai, Espanha, Dinamarca, Costa do Marfim, Chile, Alemanha, Itália, México, Sérvia, Suíça, Argentina, Honduras, Eslováquia, Argélia, França, Eslovénia, Grécia e Uruguai.


A França, como nós teve de ir a play-offs para se qualificar mas, ao contrário de nós, necessitou de uma "mão de Deus" para se qualificar. Enquanto estava a alternar entre a SICNotícias e a RTPN, ouvi que a Irlanda estava a ganhar à França e iam a prolongamento. Na altura, fiquei satisfeita e um pouco esperançosa de que os franceses falhassem o Mundial. Perdoem-me esta falta de fair-play mas ainda não esqueci o jogo do Mundial 2006. E quando soube que eles tinham dado a volta ao texto com um golo, fruto de uma jogada em que Thierry Henry ajeitou a bola com a mão antes de centrar para o marcador, perante a indiferença do árbitro pensei logo que era típico da França. Pelos vistos a FIFA não podia deixar que uma das Selecções mais rentáveis falhasse o Mundial... Eu sei que nós beneficiámos com a alteração do regulamento dos play-offs, que se tivéssemos de defrontar a Grécia ou a própria França estávamos ainda mais tramados, mas nós vencemos o play-off com toda a justiça, não precisámos de "favores" do árbitro para passarmos. Mas não me supreende, de facto. Não falo do penálti que nos expulsou do Mundial (não tenho a certeza se era legal ou não, embora tenha ficado claro, na final, que a França não tinha perfil para estar lá), mas o facto de Zidane ter sido eleito o melhor jogador do Mundial depois da cabeçada ao... tem graça, não me lembro do nome do jogador italiano...


Tudo isto só me dá vontade de voltar a defrontar a França para desforrar isto tudo. Eu sei que esta atitude não vai muito com o espírito desportivo, mas também uma miúda não é de ferro...


Agora que a nossa bandeira já foi hasteada na África do Sul, já se começa a discutir como será a nossa prestação no Mundial. Eu acho que ainda é um bocado cedo para falar nisso. Ainda estou um bocado naquela fase de euforia pós-vitória, em que uma pessoa pensa que "somos os maiores e mais nada!". Depois do sorteio da fase de grupos lá analisarei as nossas hipóteses. Mas é claro que nada nos impede de sonhar. Quem sabe se não será desta?


Quero então agradecer através do blogue a toda a Selecção, desde o Professor ao funcionário que trata das botas dos marmanjos, passando por todos os jogadores que foram Convocados ao longo desta fase de qualificação, por me terem feito a vontade, por terem feito com que o facto de ter sempre acreditado tenha valido a pena. Obrigado Selecção! Estou orgulhosa de vocês! Agradeço também a todos que, tal como eu, nunca deixaram de acreditar, de apoiar. Valeu a pena!


Vai ser tão bom viver de novo um campeonato internacional de Selecções... um Campeonato do Mundo então... Oficialmente dura um mês inteirinho, mas com os Convocados e o Estágio de preparação ainda vão uns dois meses...


Entretanto, agora que nos qualificarmos, tenho uma ideia em mente que, assim que puder, colocarei em prática. Não revelarei o que é, mas assim que a concluir (e ainda é capaz de demorar um pouco...), anunciarei aqui no blogue.


"Quatro, seis, oito, dez, África do Sul agora é a tua vez!"

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Portugal 1 Bósnia 0 - Um passo de passarinho em direcção à Africa do Sul

Jogou-se Sábado passado, no Estádio da Luz, a primeira mão do play-off de acesso ao Campeonato do undo 2010 que opõe a Selecção Portuguesa e a Selecção Bósnia. A equipa da casa ganhou por 1-0, golo de Bruno Alves aos 31 minutos da primeira parte.

Foi um jogo assim assim, muito intermitente, com alturas em que os portugueses dominaram e alturas em que os bósnios nos pregaram uns sustos valentes. Com muitos nervos, mas quase não há jogo oficial de Selecção sem nervos. Ainda por cima sendo este tão importante. Já se viu a Selecção jogar melhor, mas também já se viu a Selecção jogar pior. Há que ter em conta que a Selecção Bósnia estava lá para ganhar, que ficaram em segundo lugar no seu grupo e não chegaram lá por acaso. O único golo é fruto de uma jogada conjunta de Deco, Nani e Bruno Alves. Como os Bósnios não marcaram em resposta, esta vantagem pela margem mínima pode dar-nos muito jeito para o jogo de amanhã.

Um dos "homens" do jogo foi a Sorte que, no Sábado, esteve do nosso lado, talvez para compensar o facto de nos ter abandonado ao longo da qualificação. Quando os bósnios atiraram aquelas duas bolas à trave ficou bem claro que a Nossa Senhora do Caravaggio estava connosco. Eu quase tive um ataque cardíaco com o susto e o comentador até exclamou: "Isto é o Euromilhões para o Carloz Queiroz!". Para ele e não só, para todos nós. Se os Bósnios tivesse marcado, nos ficávamos, passe a expressão, "lixados".

Esta jogada surgiu, de resto, já perto do fim do jogo, numa altura em que os bósnios fizeram imensas ameaças, como que mostrando que não iam sair derrotados na Luz sem dar luta, sem tentarem marcar também. Eu já suplicava pelo final do jogo, antes que a bola cruzasse a linha da baliza defendida por Eduardo. Graças a Deus, tal não chegou a acontecer.

Outro dos pontos que marcaram o jogo foi o número de faltas. Os bósnios foram um bocado agressivos, fartaram-se de nos marcar faltas. E alguns deles eram bem corpulentos, comparados com alguns jogadores nossos... No entanto, foram eles que saíram mais prejudicados, uma vez que três deles perderam o direito de jogarem na segunda mão, incluindo o capitão. Pode ser mais uma coisa que jogue a nosso favor, mas mesmo assim, não é de fiar. Sabe-se lá se eles não têm bons suplentes no banco.

O Estádio da Luz estava completamente cheio e, como de costume, os adeptos foram fantásticos. O décimo segundo jogador voltou a ser homem (e mulher) do jogo. Mereciam um resultado um bocadinho mais dilatado, mas não se podem queixar. Tive pena de não poder estar lá.

Em suma, pode-se dizer que o resultado é o menos mau para nós. Mas deixa tudo em aberto para amanhã. Já deu para ver que os bósnios querem estar no Mundial, que não estão ali para facilitar. E se no jogo de Sábado houve uma amostra daquilo que são capazes, amanhã, com o Estádio do lado deles, aposto que ainda nos vão criar mais problemas. Vai ser um jogo ainda mais difícil do que o último, que já não foi nenhum piquenique.

Entretanto, a Galp lançou uma campanha para apoiar a Selecção neste play-off, campanha essa que inclui uma nova versão da música do Menos Ais. Para ouvirem, venham a este site: http://www.queromais.pt/ . A letra que está no site tem uns quantos erros, portanto, vou escrever aqui a letra como deve ser:

Quatro, seis, oito, dez
África do Sul, agora é a tua vez.
O grupo já passou, como lá tinha que ser
Suado, chorado que o 'tuga tem que sofrer
Continhas até ao fim não é tradição, é sina
E agora já só falta a Bósnia-Herzegovina

Palavras do Professor: eles não são equipa fraca
Mas acredita, Queiroz, não vamos dar barraca
Nem penses. Não dispenses uns berros ao pessoal
Balneário empolgado, motivação coiso, e tal.
O people é sereno mas o play-off é p'ra ganhar
Que a nação fica valente é quando a bola entrar
Truques? Bruxarias? Mezinhas? Não!
Baza lá meu irmão, tu sabes esta canção.
Isto não tem grande ciência e o segredo
Está no refrão
Marca mais!
Corre mais!
Menos ais, menos ais, menos ais!
Quero muito mais!

Ronaldo, Liedson, Deco, Simão
Algum de vocês quer ver o Mundial pela televisão?
Bruno Alves, Eduardo, Tiago e João Moutinho
Vamos à África do Sul ou vai faltar um bocadinho?

Vitórias morais não têm arte nem engenho
'Bora lá trocar desculpas por mais empenho!
Jogaste mal? Corre mais. Correu mal? Sua mais.
Soa mal? Estás a mais! Ficar de fora já é demais!

Olha à volta e ouve os gritos de milhões que querem festa
Residentes, emigrantes, interessa é que seja desta
E depois de passares ainda estás longe do fim
Para levantares a Taça tens que fazer sempre assim.
Vai por mim!

Marca mais!
Corre mais!
Menos ais, menos ais, menos ais!
Quero muito mais!
Joga mais!
Sua mais!
Menos ais, menos ais, menos ais!
Quero muito mais!


É mais curta que as outras duas versões mas também não se justificaria escrever uma música daquele tamanho só para uma jornada dupla - e, provavelmente, não há muito mais a dizer que não isto. É exigente, como as outras duas músicas o eram, mas desta feita não pedem nada de mais. Ainda estou para descobrir porque é que não tivemos direito a um Menos Ais para o Euro 2008. Mas, se tudo correr bem e nós garantirmos um lugar no Mundial, pode ser que escrevam um para esssa altura.

No site estão ainda alguns vídeos de fotografias desta campanha, se não me engano capturadas no jogo de Sábado. Eu bem estranhei os fatinhos cor-de-laranja que alguns adeptos estavam a usar... A letra deste Menos Ais, à semelhança do que aconteceu com os outros dois, apenas exprime o desejo de 10 milhões de verem a nossa Selecção no Mundial 2010.

Enfim, é amanhã que se decide tudo. Está tudo em aberto. Faltam pouco mais de 24 horas. Vai ser um jogo de muitos nervos até ao último segundo do tempo de compensação da segunda parte. Impróprio para quem tiver problemas cardíacos.

Eu quero muito que passemos esta prova e que estejamos na Àfrica do Sul no início do próximo Verão. Quero mesmo muito! Neste momento, é o que mais quero. Quero que tudo isto tenha valido a pena. Ter acreditado sempre até ao fim, ao longo de todo o tempo, todos os jogos, todas as desilusões, quando todos me tentavam convencer que estava a perder tempo, que estava tudo perdido. Estas horas todas que gastei a actualizar o blogue, para que o Mundo saiba que estou com a Selecção até ao fim. Quero provar que tenho razão, que sempre tive razão em apoiar a Selecçao.

Tenho um bocado de medo que falhemos. Quem não tiver, que atire a primeira pedra. Contudo, acredito sinceramente na Selecção, que é possível corrigirmos de vez esta complicada fase de qualificação. Só deixarei de acreditar quando o árbitro amanhã apitar para o final da partida. Mas também, mesmo que esteja tudo a correr bem, só festejo a vitória depois desse apito. Até lá tudo é possível. Sei que temos capacidade para irmos ao Mundial. Só peço aos jogadores que dêem tudo o que têm amanhã, que retribuam todo o apoio que os portugueses têm dado à sua Selecção. Não é nada de mais. Certo?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Antes da oral

Daqui a dois dias, pelas oito é meia da noite, no Estádio da Luz, a Selecção Portuguesa entra em campo para jogar a primeira das duas partidas, com carácter de finais, frente à Selecção Bósnia, que decidirão quais destas duas equipas terá um lugar no Campeonato do Mundo a realizar no próximo ano, na África do Sul. O encontro será transmitido na TVI.


Carlos Queiroz afirmou na Terça-feira passada que duas das maiores armas da Selecção Nacional para derrotar o "inimigo" é a "experiência" e a "maturidade". Afirmou ainda que será "o jogo das nossas vidas", e que quer presentear o povo português com uma vitória. De facto, se há povo que merece tal presente somos nós, que tanto apoio damos e tanto sofremos pela nossa Selecção. Agora, se este é o jogo das nossas vidas, é discutível. O jogo das nossas vidas seria a final do Mundial. Mas faz sentido se se consideram todos os jogos como os "jogos das nossas vidas" ou "finais". Para mim, são os dois jogos mais cruciais desde o fim do Euro 2008.


Entretanto, a Federação Portuguesa de Futebol viu pelos seus próprios olhos que Cristiano Ronaldo não pode jogar contra a Bósnia, encerrando de vez esta polémica. É evidente que a Selecção não é a mesma sem Ronaldo (se fica melhor ou pior é discutível) mas não será pela sua ausência que a gente falhará o objectivo (bato três vezes na madeira...). Além disso, o Nani, que segundo uma entrevista dada ontem, pelos vistos anda aborrecido com a sua eterna condição de suplente, tem outra oportunidade (já teve uma no jogo com a Malta e não a aproveitou nada mal...) de mostrar o seu valor.


Em relação a estas declarações, que já cheiram a polémica, eu não posso censurar o jovem marmanjo. Não deve ser nada fácil ter a mesma posição que o Melhor do Mundo e, consequentemente, ficar sempre à sombra dele. Ainda por cima, o Simão Sabrosa tem a vantagem da experiência. Tudo isto o deixa no banco mais vezes do que ele desejaria. O Nani até é um dos meus jogadores preferidos e não lhe falta talento. Não fica muito atrás do Ronaldo até. O pior é que, nesta posição, há um excesso de jogadores bons. Mas tem uma grande vantagem: quando um se lesiona, o prejuízo não é grande. É este o caso. Tenho um pressentimento de que o Nani vai dar o seu melhor no próximo Sábado.


E não só o Nani. Todos os marmanjos que pisarem o relvado da Luz. Ninguém quer ficar fora do Mundial. Acho que até funcionamos melhor com pressão.


Mas não vai ser nada fácil. Ao que consta, a Bósnia tem um dos melhores ataques e, como nunca entraram num Campeonato Europeu ou Mundial, não têm nada a perder, a pressão está toda do nosso lado. Por outro lado, tem também uma das piores defesas - sofreram treze golos em dez jogos, contra os cinco que nós sofremos. Chegamos mesmo a ter a segunda melhor defesa. O Eduardo é um óptimo guarda-redes. A fraca defesa deles pode até dar jeito, com os problemas na finalização que tivemos ao longo da fase de qualificação.


E daí talvez não seja isso que resolva o problema. Pelo que tenho percebido, os golos falhados são mais uma questão psicológica, de falta de confiança. Um marmanjo está à frente da baliza, enerva-se, acha que vai falhar e falha mesmo. Esta teoria explica de facto todos aqueles jogos em que nós fomos claramente superiores mas não passámos do empate. Mas não estou preocupada com isso. Tenho a certeza de que não haverá insegurança que resista ao Inferno da Luz. Parece que já só sobram mil bilhetes, os mais caros.


Não me canso de apelar a todo o pessoal que tenha possibilidades para tal que vá à Luz, que mostrem tanto visual como sonoramente que o Povo Português está com a sua Selecção.


Espero que se marquem muitos golos na Luz, para depois partirmos em vantagem para o segundo jogo. Eu não sei se os play-offs funcionam como os jogos a duas mãos das ligas europeiras de clubes, mas dá sempre jeito marcar golos. O árbitro é Mark Atkinson. É inglês, o que, para mim, não é um bom presságio. Lembro-me que foi um inglês que anulou um golo espectacular ao Ronaldo num jogo da qualificação para o Euro 2008 contra o Azerbaijão. E não consigo deixar de pensar do desejo de Wayne Rooney de que sejamos eliminados... Mas não será suficiente para nos derrotar!


Confesso que estou um bocadinho nervosa em relação ao jogo. Como já disse, a Bósnia não chegou aos play-offs por acaso. Mas sei que temos capacidade para irmos ao Mundial, que não falta motivação aos jogadores, que ainda somos uma das melhores Selecções do Mundo. Só espero que os marmanjos o provem no próximo Sábado, com o Inferno da Luz do nosso lado. Eu sei que conseguimos!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Procura-se Rei Salomão

No próximo Sábado, dia 14 de Novembro, no Estádio da Luz, jogar-se-á a primeira mão dos play-offs de acesso ao Campeonato do Mundo de 2010, que a Selecção Portuguesa disputará com a Selecção Bósnia. A segunda mão jogar-se-á na Quarta-feira seguinte, dia 18 de Novembro, no terreno do adversário. Carlos Queiroz divulgou ontem os Convocados.


Pegando de novo na metáfora escolar que utilizei em entradas anteriores, é como tivéssemos passado o ano lectivo quase todo sem atinar com a matéria e a tirar más notas e, chegado o terceiro período, a hipótese de chumbar, outrora remota, ganha cada vez mais força e começamos todos a estudar que nem doidos, a ver se passamos. Deixamos tudo para a última hora, à boa maneira portuguesa. Acabamos por ter de ir a exame oral para decidir se se passa ou não. De resto, agora que já conseguimos umas positivas, a nossa confiança está um pouco mais elevada. Mas convém não esquecer que a oral não é nenhum piquenique.

Ou seja, voltando à literalidade, a Bósnia não é um adversário "fácil". Muitos defendem que seria o adversário mais acessível que nos poderia calhar, mas hoje em dia já não há adversários acessíveis. Convém lembrar que esta Selecção ficou em segundo lugar no seu grupo, tal como nós - e nós vimo-nos gregos para chegarmos cá. Que não se espere facilidades. Também estou convencida que ninguém está à espera disso. Ainda por cima, o seleccionador veio dizer que tenciona imitar a estratégia da Grécia no Euro 2004, conquistando o meio campo e saindo a jogar para o ataque sempre que possível.

Tenho dúvidas de que isso resolva todos os problemas que a gente criar aos bósnios (claro que vamos criar!). Os gregos só (ou pelo menos quase só) nos ganharam porque não estávamos mentalizados para uma final. De resto, acho que eles devem ter mantido a estratégia durante a qualificação para o Mundial 2006 e não lhes valeu. E não fizeram grande campanha durante o Euro 2008. E a Selecção mudou bastante deste essa final. Se eu fosse aos bósnios, não me fiava muito niesta estratégia. Mas que percebo eu de futebol?

Em minha casa chegou a pôr-se a hipótese de irmos assistir ao jogo no Estádio da Luz. A minha irmã faz anos mais ou menos nesta altura e pediu isso como presente. Só que o meu pai tem de trabalhar nesse dia e a minha mãe não quer ir sozinha connosco. Também a mim não me dá muito jeito, uma vez que tenho teste na Segunda-feira seguinte - o que me chateia imenso. Mas tenho imensa pena, lá isso tenho. Por outro lado, tenho a certeza de que a Luz irá estar cheia, que se irá criar de novo o correspondente Inferno, à semelhança do que aconteceu no jogo frente à Hungria, os marmanjos não sentirão a nossa falta.

Deste modo, faço aqui um apelo a todos que estejam a planear ir assistir ao jogo: vão e gritem, pulem e apoiem o máximo que conseguirem por nós!

De resto, a minha irmã tem imensa sorte de fazer anos nesta altura do ano em que há sempre jogos da Selecção. Já teve a sorte de ter um jogo no dia de anos. O resultado não foi propriamente uma prenda mas enfim... Infelizmente, quando eu faço anos nunca há jogo da Selecção. Nunca mesmo! Por ironia do destino, eu nasci duas semanas antes do previsto. Eu já estava bastante grande, por isso os médicos acharam melhor antecipar o nascimento para não ter de me arrancarem com cesariana. O pior é que eu não quis sair e tiverem de recorrer à cesariana à mesma. Mais valia terem-me deixado em paz, sossegadinha lá no útero, e terem feito a cesariana duas semanas mais tarde, numa altura em que costuma haver jogo.

Voltando à Selecção, esta encontra-se outra vez em rota de colisão (adoro esta expressão...) com o Real Madrid por causa do Cristiano Ronaldo. Carlos Queiroz Chamou-o apesar de o clube madrileno garantir que ele ainda está lesionado, que precisa de mais quinze dias de repouso absoluto para recuperar. Ao que consta, Ronaldo foi observado por um médico holandês, o mesmo que já o tinha tratado no ano passado, depois do Euro 2008, teoricamente isento. O pior é que no Sábado, na capa do jornal "O Jogo", dizia que esta conversa toda não passava de um bluff do Real Madrid, que no outro dia já se via o Ronaldo a treinar corrida num treino do Real à porta fechada (como é que os jornalistas conseguiram espreitar, só Deus sabe), que o Real Madrid queria era que ele estivesse apto para um jogo contra o Barcelona, perto do fim do mês (não me lembro da data exacta). E hoje, no Sapo Desporto, dizia que o Real Madrid considerou a Chamada de Ronaldo uma "provocação" e que põe a hipótese de processar a Selecção.


Isto já parece o caso Esmeralda... E tanto nesse caso, como este caso Ronaldo, dava jeito alguém que desse uma de Rei Salomão, que viesse avaliar quem é que defende o superior interesse da criança, perdão, do jogador. E, já agora, gostava de saber, pela boca do próprio, o que é que o Cristiano pensa disto tudo. Se quer vir ajudar a Selecção, ou prefere jogar pelo seguro e poupar-se. Eu sou suspeita para opinar sobre isto, não me arrisco a dizer quem é que tem razão, se o Ronaldo deve Vir à Selecção ou não. Seria egoísta colocar a Selecção à frente do bem-estar de uma pessoa. Mas acho que devia ser o Cristiano, que já é maior e vacinado, a decidir.

Além disso, só tenho mais isto a dizer: malta, apertem os cintos, pois estamos a atravessar uma zona de forte turbulência.

Se por acaso ele não conseguir recuperar a tempo de nenhum dos play-offs não é o fim do mundo. Nem necessariamente o fim do Campeonato do Mundo para nós. A Selecção não é, nunca foi e duvido que alguma vez o seja só Cristiano Ronaldo. Tal como nunca foi só Figo ou só Eusébio. É certo que estes deram um grande contributo para caminhadas de sucesso, podendo mesmo ser considerados crucias nalguns momentos. Mas uma equipa de futebol é constituída por onze jogadores, não apenas um. E muitas vezes, para não dizer sempre, é preciso mais do que um jogador só para marcar um golo.

Também já houveram jogos que vencemos sem a ajuda do Ronaldo. Há quem diga mesmo que houve alturas em que jogámos melhor porque o Ronaldo não estava lá. Estou a lembrar-me do Portugal-Brasil de 2007, em que nos organizámos melhor depois de o Ronaldo ter sido substituído. Muitas vezes, o madeirense é tão marcado que não consegue fazer nada de especial. Além disso, temos outros jogadores de talento para nos ajudar: o Nani, o Simão, o Deco, etc.

Por outro lado, confesso que também fico um bocado nervosa com a sua ausência. Ao fim e ao cabo, o Ronaldo é "aquela coisa", é o Melhor do Mundo, é aquele que neste momento mais temos parecido com o Figo, aquele que mais mobiliza os adeptos e mais assusta os adversários...

Resta esperar pela sua chegada na próxima Quarta-feira (o Real Madrid lá deu uma desculpa, perdão, pretexto para adiar a sua vinda por dois dias) e pela avaliação dos médicos da Selecção. Mas parece-me que este braço-de-ferro ainda agora começou.


Só espero que, na altura do jogo, já esteja resolvido para que, com ou sem Ronaldo, nos possamos concentrar em carimbarmos o nosso passaporte para o Mundial 2010.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Portugal 4 Malta 0 - Venham os play-offs!

Ontem tivemos o nosso segundo jogo frente à selecção maltesa nesta fase de apuramento, no final desta última. O primeiro jogo fora no ínicio do apuramento, há coisa de um ano e um mês. E nos dois jogos, a Selecção Portuguesa ganhou por 4-0. A diferença é que, quando se jogou no ano passado, estava apenas a começar a qualificação. Ontem a qualificação terminou, Portugal ficouem segundo lugar na tabela classificativa, com 19 pontos e lugar assegurado nos play-offs de acesso ao Mundial 2010.


A Selecção entrou muito bem no jogo, fazendo para aí cinco remates nos primeiros cinco minutos de jogo. Um dos principais rematadores foi Nani. Ele foi um dos homens do jogo, ao marcar o primeiro golo e assistir o terceiro, e fartando-se de disparar em direcção à baliza. Talvez tenha querido aproveitar o facto de Cristiano Ronaldo não ter jogado para mostrar o seu valor.

Este último, de resto, não chegou a ir assistir ao jogo ao vivo, mas enviou um fax aos companheiros:

"Desejava, do fundo do coração, lutar por Portugal convosco mas, como sabem, esta lesão não mo permite.

O vosso grande desafio desta noite é fazer uma grande exibição, para ficarmos mais perto do Mundial; o meu é recuperar o quanto antes para ajudar o meu clube e a Selecção a atingir os objectivos propostos.

Neste momento tenho que lutar pela minha recuperação, até porque acredito que é a melhor forma de ajudar a Selecção quando for necessário.

Quero também que saibam que o meu coração estará ao vosso lado a cada minuto do encontro e, como qualquer português, me sentirei orgulhoso do vosso esforço.

Um abraço para todos"

Foi querido. E tenho a certeza que ele vai recuperar a tempo dos play-offs. É muito raro ele lesionar-se e como ultimamente tem dado (mais) sinais de que quer ajudar a Selecção...

Mas voltando ao Nani, este marcou ao minuto treze, de fora da grande área, a perna descrevendo um movimento perfeito. Celebrou com o seu habitual mortal, uma lembrança dos tempos em que ele praticava capoeira no Real Sport Club, mais conhecido por Real Massamá, o clube desportivo da freguesia onde vivo. A velha Massamá City tem um representante na Selecção... Por acaso, depois de ele marcar o golo, lembrei-me daquele anúncio que passava na altura do Euro 2008, em que o Quaresma cantava:

"Aaaaah, lá vai o Nani
Vai marcar um golo,
Vai dar um mortal,
Lá vai o Nani"

Foi o que aconteceu ontem ao fim e ao cabo. Grande Nani!

O golo dele foi,de resto, o primeiro de quatro que deixaram os portgueses todos felizes, sobretudo os cerca de trinta mil que ontem foram ao Afonso Henriques assistir ao jogo. E mais uma vez, o décimo segundo jogador foi homem e mulher do encontro, sempre aos berros por Portugal. E a Selecção correspondeu ao carinho e apoio demonstrado, marcando mais três golos. Giro foi quando, já perto do fim do jogo, eles gritavam "Só mais um! Só mais um!" mas a bola não entrava na baliza dos malteses. Vendo que este grito não resultava, resolveram começar a cantar o hino nacional. Resultado: ainda não tinham chegado ao fim, já Edinho dera um toque na bola enfiando-a na baliza de Malta. Está mais que provado: o nosso hino é mágico, dá sorte. Da próxima vez que quiserem um golo, pessoal, não gritem "Só mais um!", está muito batido, cantem o hino!

Já não estava habituada a uma dupla jornada da Selecção com dupla vitória, muito menos com dupla goleada. É esta a Selecção que eu quero! Acho que, finalmente, estamos no caminho certo. Agora, na próxima Segunda-feira dia dezanove, temos o sorteio que nos vai dizer quem é que vamos defrontar o play-off. Muito se tem discutido qual é que seria o melhor adversário para nós, mas como eu conheço mal todos os potenciais candidatos não me posso pronunciar. Acho que nenhum deles é superior a nós mas, hoje em dia, isso já pouco ou nada significa.

Eu acredito na qualificação. Esta deve ser para aí a 452ª vez (ou a vez número 452, se vos der mais jeito) que o escrevo no blogue. É que eu nunca deixei de acreditar, ao contrário de muita gente, mas isso agora não interessa. Sei que vamos conseguir. Depois de termos ficado em quarto lugar em 2006, o Mundial não será a mesma coisa sem Portugal. Venham os play-offs! Nós conseguimos!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Bruxos e "portas do céu"

É hoje que Portugal jogará com a Malta o último jogo desta tão atribulada fase de qualificação.


Contudo, as atribulações não ficam por aqui. O Real Madrid e a Selecção Nacional andam em rota de colisão desde Sábado à noite. O clube merengue já se mostrou indignado por Ronaldo ter jogado frente à Hungria, agravando a sua lesão. Agora, o mardeirense enfrenta cerca de 3 a 4 semanas de paragem, ficando de fora de vários jogos importantes da equipa madrilena e talvez dos play-offs, caso consolidemos hoje o segundo lugar da tabela classificativa. Chegaram mesmo a proibir o Cristiano de vir a Guimarães apoiar os colegas de Selecção, sob a desculpa, perdão, pretexto de que o melhor do Mundo precisa de repouso absoluto para recuperar da lesão. Carlos Queiroz, quando confrontado com isto, alegou não saber de nada. Das duas uma, ou está a fazer-se de desentendido, ou se calhar foram os media que inventaram esta proibição para acirrarem a luta. Não me admirava nada que esta segunda hipótese fosse verdadeira.


Eu até compreendo esta proibição, caso o Real tivesse mesmo proibido o Ronaldo de ir ver o jogo. Compreendo é como quem diz... eles estão preocupados com os resultados e com o dinheiro que vão perder com a ausência do Cristiano. Por outro lado, não sei se podem impedir o madeirense se ele quiser mesmo ir ver o jogo. Por amor de Deus, o tipo já é crescidinho (embora às vezes não pareça). Lá porque lhe pagam um ordenado absurdamente elevado, não podem amarrá-lo à cama, com dois seguranças à porta do quarto... acho eu. Não sei como é que este diferendo se resolveu, se é que se resolveu. É esperar pelo jogo e ver se o Cristiano anda por lá.


Ao menos há uma coisa boa no meio disto tudo. Depois desta novela ibérica toda, ninguém pode dizer que o Ronaldo liga mais ao clube do que à Selecção.


Entretanto, a coisa tem raiado os limites do bom senso, quando se mete ao barulho, o alegado bruxo Pepe que alegadamente terá utilizado um boneco de vudu para provocar uma lesão ao Cristiano, alegadamente segundo as instruções de uma ex-namorada, e o alegado bruxo de Fafe que pretende anular a magia negra do espanhol. Esta história até teria graça num episódio do Sobrenatural, da Quinta Dimensão, até talvez do House (alguém alegadamente usa magia para que um inimigo adoeça e o House leva o episódio todo a provar que não era magia nenhuma) mas na vida real é pura e simplesmente uma enorme estupidez. Como dizia hoje o João Gobern na Antena 1, custa a acreditar que jornais supostamente de prestigio vão nesta cantiga. Por amor de Deus!


E ainda assim, não é isto que mais me revolta. É que, alegadamente, o tal bruxo espanhol tencionava provocar ainda mais lesões ao Cristiano para arruinar a sua carreira. O madeirense nasceu praticamente com uma bola de futebol nas mãos, sonha em ser um jogador de primeira desde miúdo, foi sozinho para o continente aos onze anos, fartou-se de fazer horas extra nos campo de futebol e no ginásio para chegar onde está, nota-se à légua que ele gosta mesmo de jogar futebol e foi isso, mais do que o dinheiro, que o fez optar por esta carreira... Era preciso ser-se incrivelmente invejoso, mal formado, cruel para desejar acabar com o sonho de uma vida inteira, só para vingar uma derrota ou uma desilusão amorosa.

Entretanto, Souleymane Diawara, o defesa do Marselha que fez a entrada dura que lesionou o Cristiano, já afirmou que lamenta o que fez. Certamente não imaginava que uma falta pudesse provocar esta confusão toda...

Mas mudemos de assunto. O jogo de hoje é para ganhar. Isso mesmo tem sido repetido tanto pelos jogadores como pelo treinador. Carlos Queiroz diz que está confiante, bem como o resto da Selecção. Que estamos nos últimos 100m desta maratona que é a qualificação. Estou, por acaso, a lembrar-me de uma piada que li num comentário a um artigo na Internet, que dizia queteria dado jeito se Queiroz tivesse convocado Francis Obikwelu para estes últimos cem metros... Em todo o caso, se bem que um bocadinho nervosa, estou também confiante para este jogo. Nós somos capazes. Pode dar sorte o facto de irmos jogar no berço da Nação, no Estádio do Conquistador... Vamos dar uma lição àquela Malta!

domingo, 11 de outubro de 2009

Portugal 3 Hungria 0 - Guardem as calculadoras!

Ontem, a Selecção Portuguesa recuperou a possibilidade de se qualificar para o Campeonato do Mundo, a realizar em 2010 na África do Sul, apenas dependendo dos seus próprios resultados. Foi a vitória da Selecção Dinamarquesa sobre a Sueca mas, sobretudo, a vitória da Selecção Portuguesa sobre a Húngara que devolveram a possibilidade. No mítico Estádio da Luz, os marmanjos marcaram três golos à Hungria e não sofreram nenhum, num jogo fantástico, provavelmente o melhor desde o Euro 2008. Dez anos depois de terem vencido a mesma seleccção com o mesmo resultado, na antiga Luz.


Os marcadores foram Simão e Liedson. O primeiro estava de regresso a casa, marcou o primeiro e o último golo, foi o capitão durante a maior parte do encontro, foi considerado o homem do jogo. Ele parecia ainda mais baixinho do que é quando às vezes disputava a bola com jogadores húngaros muito altos. Fez-me lembrar uma cena do último Portugal-Inglaterra, em que ele estava a disputar a bola com o Peter Crouch... Mas, de resto, ontem à noite provou que os jogadores não se medem aos palmos, que Marques Mendes tinha razão quando disse no outro dia que "Às vezes é das coisas pequenas que vêm as grandes surpresas". Grande Simão!

Outro herói da noite foi Liedson, que marcou o segundo golo, numa altura em que a Selecção parecia um bocado atrapalhada e um golo dava jeito para acalmar o pessoal. A sua Convocatória esteve envolta em polémica mas, depois de dois golos em três jogos, está mais que provado que a sua Escolha foi boa e pode até fazer a diferença. O pessoal já se habituou a vê-lo marcar na Luz, mas não a vê-lo ser tão aplaudido na Luz...

É este o espírito da Selecção. Aqui não há rivalidades clubísticas, é um país inteiro unido em torno de uma equipa.

De resto, pelo que se diz, parece que Pedro Mendes foi outra boa escolha para o lugar de Pepe, que estava castigado. Eu sobre isso não me pronuncio, pois os meus conhecimentos futebolísticos não me deixaram reparar que o jogador estava a fazer uma exibição assim tão boa... Mas, por outro lado, é bom saber que dispomos de vários jogadores bons, não só de duas ou três estrelas, cuja ausência nos complica demasiado a vida. Ontem o Cristiano saiu lesionado aos 27 minutos, o Pepe não jogou por castigo, o Deco não estava nos seus dias, mas o Simão e os outros conseguiram aguentar o barco e conduzi-lo à vitória.


A propósito do Cristiano Ronaldo, o madeirensezinho saiu aos 27 minutos de jogo, mas esses 27 minutos chegaram para que este assistisse o golo de Simão. Disse ao longo desta última semana que queria fazer a diferença no jogo contra a Hungria e cumpriu o seu desejo. Na minha opinião, este golo foi determinante. Se não tivéssemos marcado nesta altura, este jogo podia ter sido igual a tantos outros desta qualificação. Foi largamente aplaudido quando foi substituido por Nani. É capaz de ter feito mais pela Selecção neste jogo nesta meia horinha em que jogou do que fez noutros jogos em que jogou na maioria dos noventa minutos.


Eu de resto tenho de engolir algumas coisas que pensei e disse em relação à dedicação de Ronaldo à Selecção. Muito se tem comentado ao longo desta fase de qualificação que ele "na Selecção não joga nada", que no clube, seja no Manchester United, seja no Real Madrid, joga melhor, etc, etc. Apesar disso tudo, ele esforçou-se por jogar frente à Hungria, por fazer uma boa exibição apesar do tornozelo lesionado. E agora, como consequência desse esforço, pode ficar umas semaninhas sem jogar. E este foi só um caso. Para além daquele que eu falei da outra vez, do jogo frente ao Cazaquistão. E de outro de que o próprio Ronaldo falou: quando o pai dele morreu na véspera de um jogo de qualificação para o Mundial 2006, frente à Rússia.

Quem é que agora pode dizer que ele liga mais aos euros do que à camisola? O Ronaldo deu-nos a todos uma grande lição ontem à noite. Ainda pode haver quem diga que foi só porque, de repente, ficou com medo de não ir ao Mundial 2010, o que seria péssima publicidade, mas eu não acredito nisso. Acredito que um dia irá desempenhar na Selecção o mesmo papel que Luís Figo desempenhou, como líder da Selecção. Apesar de já ser capitão, ainda não é o verdadeiro líder: falta-lhe alguma maturidade, na minha opinião, mas creio que há-de chegar lá, com o tempo.

Os adeptos, o décimo-segundo jogador que, segundo Queiroz, ontem vestiu a camisola número 1, também foram os homens (e mulheres!) do jogo. Ainda foram uns 50 mil! Não chegou para encher o estádio, mas não faltou muito. Acho que nunca os tinha visto tão animados nesta fase de qualificação. Quem me dera ter estado lá, ter juntado a minha voz, o meu apoio, às vozes e ao apoio dos outros 50 mil. Ainda se ouviram assobios para Carlos Queiroz, o que é compreensível. Tinham todo o direito de dizerem que, apesar de estarem lá para apoiar Portugal, não estavam satisfeitos com o desempenho da Selecção. Eu compreendo os assobios, mas eu não era capaz de os fazer. Para já, não consigo assobiar daquela forma, tenho de me contentar com "Uuuuuuuuu", e além disso, se eu vim ao estádio é para apoiar e não para criticar. Mas, de resto, o público portou-se impecavelmente ontem, criaram o verdadeiro Inferno na Luz para os húngaros, só assobiaram mesmo quando estes tinham a bola nos pés. Também, com um jogo daqueles, era difícil sair da Luz chateado.
Em suma, adorei pura e simplesmente o jogo de ontem. Já não estava habituada a uma vitória tão expressiva da Selecção Nacional. Apesar de confiante, tinha medo que se repetisse a mesma história dos anteriores jogos de qualificação: uma boa exibição, mas golos falhados atrás de golos falhados, o pessoal cada vez mais nervoso, o apito final e o marcador empatado. Graças a Deus, nada disso aconteceu ontem à noite. Graças a Deus é como quem diz, foi a Selecção e os adeptos à assistirem que deram esta tão esperada vitória. Como disse Rui Santos ontem, isto acontecer nesta altura do campeonato, depois de uma qualificação tão atribulada, é uma grande vitória - desta feita, concordo com ele. Outros mais fracos não conseguiriam fazer o que nós fizemos em circustâncias tão adversas. Agora o sonho de um lugar na África do Sul está mais forte.

Mas não está cumprido, atenção! Ainda é muito cedo para lançar os foguetes! Ainda temos de vencer a Malta para termos lugar nos play-offs. Eu sei que a Malta é capaz de ser a Selecção menos difícil do grupo, que está no fundo da tabela com um único ponto, que nós a vencemos por 4-0 no primeiro jogo desta fase de qualificação, mas isso não quer dizer nada. Já vi demasiado desta Selecção para pôr as mãos no fogo em relação a isto... Contudo, não creio que não vençamos a Malta, na próxima Quarta-feira, dia 14. Só mesmo se acontecer uma grande desgraça, um grande azar, mas já tivémos azar demais neste campeonato! E, de resto, praticamente todos os jogadores que prestaram declarações frisaram este mesmo aspecto: nada está decidido, ainda falta um jogo para a qualificação acabar. Há-de correr tudo bem.

Ah, mas se ou quando (escolham vocês) garantirmos um lugar no Campeonato do Mundo do próximo ano, eu vou chatear tudo e todos os que já tinham dado a qualificação por perdida! Eh eh eh!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Na véspera da última dupla jornada

O jogo com a Hungria é já amanhã. Começa às 20h45, hora em Portugal, será transmitido pela TVI. O jogo entre a Suécia e a Dinamarca, cujo resultado nos interessa, começa, salvo erro, às 19h de cá, ou seja, quando os marmanjos entrarem em campo, já se saberá se o resultado nos foi favorável.


Há quem se queixe do facto de a hora dos dois jogos não coincidirem, mas eu não me importo por aí além. Se a Suécia ganhar (bato três vezes na madeira, apesar de tudo), não nos deixa já de fora, apenas adia as coisas para a última jornada. Temos de ganhar em ambas as circunstâncias. Em todo o caso, é mais provável que a Suécia saia derrotada do jogo de amanhã, já que irá enfrentar a Selecção Dinamarquesa e na Quarta-feira irá jogar contra a Albânia. Também se receia que as duas selecções do Norte da Europa combinem um resultado de modo a deixarem-nos de fora, à semelhança do que fizeram à Itália no Euro 2004. Isso também me deixa um bocado nervosa, mas, ao que li, é pouco provável que se arrisquem a tal, pois "um deslize" na última jornada pode complicar a vida aos nossos amigos escandinavos. Que Deus ouça (ou leia) isto!


Entretanto, Wayne Rooney, outro "velho amigo" já veio dizer que está a torcer para que Portugal não se qualifique para o Mundial. Se eu ainda antes de saber desta declaração não ia muito com a cara do Rooney, agora vou ainda menos!


O inglês teve o azar de nunca ter chegado ao fim dos dois últimos jogos da Selecção Inglesa contra a nossa. No primeiro jogo, no Euro2004, no Estádio da Luz, o mesmo estádio em que se joga amanhã, saiu lesionado, salvo erro na primeira parte. Uns amigos da minha mãe que são médicos em Santa Maria contaram que ele foi para este Hospital em consequência da lesão e, segundo os médicos, vinha de muito mau humor. Mau humor este que ficou bem mais visível à medida que este ouvia os gritos de triunfo dos portugueses, primeiro pelo golo do Hélder Postiga, depois pelo golo do Rui Costa e, por fim, com os pénaltis do Ricardo, o homem deve ter ficado com uma cara de meter medo ao susto...


No segundo jogo, saiu no prolongamento de forma ainda mais triste. Certamente se lembram na pisadela selvagem e propositada ao Ricardo Carvalho em zona sensível. Ele foi expulso, mas convenceu-se que foi culpa do Cristiano Ronaldo, só porque este lembrou ao árbitro que era falta, e os ingleses ficaram todos fulos com o madeirense. A perseguição que eles lhe fizeram foi de tal forma baixa que eu, na altura, julguei que os dias do Ronaldo no Manchester United estavam contados. Contudo, rapidamente passou de besta a bestial ao fazer uma época excelente.


Não é de surpreender esta atutude. Já se sabe que os ingleses são muito mauzinhos. Não vale a pena deixar que isto nos incomode. Mesmo assim, dá vontade de voltar a dar-lhes uma coça (ou, em inglês, kick their ass), caso nos qualifiquemos para o Mundial.


Mas antes de fazermos planos para a nossa estadia na África do Sul, convém ganhar o lugar primeiro. E para ganharmos esse lugar, temos obrigatoriamente de ganhar estes dois jogos. Não há volta a dar! Já desperdiçámos tudo o que podíamos desperdiçar.


Seleccionador e jogadores têm apelado aos adeptos para irem apoiar a Selecção ao Estádio da Luz. Contudo, parece que os adeptos não estão muito nessa. Ontem dizia-se que só estavam vendidos 15 mil bilhetes. Gilberto Madaíl dizia hoje que esse número chegava já aos 50 mil, mas nem tenho a certeza se ele falava dos bilhetes já vendidos ou dos que esperava vender... Já comentei aqui sobre o apoio (ou a falta dele) que se tem dado à Selecção, mas não gostava que houvessem muitos lugares vazios na Luz... Eu ia com todo o gosto, nem precisava que mo pedissem, mas não posso. Mas pode ser que se vendam bastantes mais bilhetes, até porque nós, os portugueses, temos muito a mania de deixar tudo para a última hora.


Já só falta um dia para o penúltimo jogo desta fase de qualificação. Estou bastante confiante. Ganhámos em casa dos húngaros e pode ser que também ganhemos aqui. Felizmente estes dois últimos jogos são frente a equipas teoricamente mais fracas - embora já se tenha provado demasiadas vezes que o teoricamente mais fraco pode não significar nada - que já vencemos antes nesta fase de qualificação, em princípio não deve ser muito difícil. Em princípio... Em relação ao jogo da Dinamarca e da Suécia, não conheço muito bem as seleccções, não faço prognósticos. Estou ainda para saber como é que vou vendo o resultado desse jogo. Quando tinha Teletexto era fácil, agora não sei. Talvez na Internet. Mas tenho a certeza que vai ser uma noite de nervos, a de amanhã.


Doutra coisa tenho a certeza, para além disso. Tenho a certeza que os nossos jogadores vão dar tudo por tudo para que tudo corra bem amanhã, e o mesmo se passará na Quarta-feira, quando defrontarmos a Malta. Sei que não será por falta de empenho que não nos qualificaremos (mais uma vez, bato três vezes na madeira). Eu acredito neles. Apesar de todas as desilusões, eu acredito neles. E agora sei que não estou sozinha, que não são só quatro as pessoas que ainda não perderam a fé. Descobri esta petição online para aqueles que acreditam na Selecção. Eu já assinei. Eu e mais uns cento e cinquenta. Juntem-se a nós!


www.peticao.com.pt/por-portugal

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Revisões para os testes

No próximo Sábado, dia 10 de Outubro, a Selecção Portuguesa defrontará a Selecção Húngara em Lisboa, no Estádio da Luz, se não me engano, pelas 19h45. Depois na Quarta-feira seguinte, dia 14 de Outubro, a Selecção defrontará a Malta, em Guimarães. Estes dois encontros são os últimos desta fase de qualificação que não tem corrido da melhor maneira. Daqui a pouco mais de uma semana saberemos se o Mundial 2010 pode contar com Portugal ou não.


De certa forma, sinto-me como se tivéssemos estado este tempo todo a fazer testes, só faltam dois para que a época acabe e para que saibamos a nota final: passamos ou não? Qualificamo-nos ou não? Infelizmente, sinto-me também como se fôssemos daqueles alunos que têm péssimas notas no 2º período do ano lectivo, notas que, se fosse no 3º período estavam chumbados, e que passam o 3º período todo entre a espada e a parede. E em vez de acarinharem, apoiarem e acreditarem em nós, os pais fartam-se de criticar, de resmungar "Pois, se tivesses estudado ao longo do ano, não estavas nesta aflição" ou "Agora de certeza já não consegues, nem vale a pena!", bocas que, longe de ajudarem, só contribuem para espezinhar o que resta da nossa auto-estima e para nos desesperar ainda mais.


Nesta metáfora, caso ainda não tenham percebido, os pais são muito do pessoal que por aí anda, sobretudo nos comentários às notícias na Internet (pelo menos, é onde mais os encontro). Em vez de dar apoio e carinho à Selecção na altura em que esta mais precisa, só sabem criticar e deitar abaixo.


Não que eu não compreenda como é que eles se sentem. Esta fase de qualificação tem sido recheada de empates e de desilusões. E eu já me fartei de sofrer com os marmanjos ao longo deste último ano. Eu nunca deixo de apoiar, de gritar por eles, de acreditar até ao último minuto do tempo de compensação, mesmo depois de vários jogos em que se falhou, se perderam pontos, mas eles fartam-se de me desiludir... O resultado é que a minha fé já viu melhores dias, já não acredito como antes acreditei.

Torna-se cada vez mais difícil acreditar, de resto. Quase toda a gente com quem falo já perdeu a esperança há muito. Ainda no outro dia um colega me perguntou:


- Se eles jogaram mal até agora, achas que será nos últimos dois jogos que vão jogar como deve ser?

Tento não ligar ao que eles dizem, provar que estão errados, mas há muito que me começam a faltar os argumentos. Nessas alturas, agarro-me àqueles que ainda acreditam.

Não sei se repararam, mas fiz uma pequena alteração à estrutura do blogue. A esta barrinha cinzenta à direita, acrescentei um poema que encontrei na secção das cartas e comentários dos leitores do jornal Destak, escrito por Alexandrina Silva, no dia 17 de Setembro:


Somos roubados, invejados
E estamos enguiçados
Mas não somos coitados
Estamos apenas
Um pouco mais atrasados
Vamos lutar e levar tudo
Até ao fundo
Porque ninguém tem dúvidas
Que somos
Dos melhores do Mundo

Força Portugal!


Na altura, gostei de ter dado com este poema. Fiquei feliz por ainda existir alguém que acredita para além de mim e do Carlos Queiroz.


E pelos vistos o nosso ex-seleccionador Luiz Felipe Scolari é mais outro que acredita (fixe, já vamos em quatro...). Apesar de antes se ter desentendio com o actual Seleccionador, ele foi impecável ao elogiar Carlos Queiroz e ao apelar à união dos portugueses em torno da Selecção. É curioso ele fazer esse apelo, mesmo depois de ter deixado a Selecção...


De resto, o nosso actual Seleccionador tem feito mais ou menos o mesmo. Ainda no outro dia disse que existe um "jogador especial" com quem ele conta de "forma inequívoca": os adeptos. Gostei. Só que ele ainda ontem falou num "mar de adeptos" que ainda acreditam. Talvez ele conheça mais gente que acredite do que eu, mas, cá para mim, esses adeptos mal chegam para formar uma poça de água... Já quase ninguém acredita sem contar com nós os quatro.

De resto, é uma atitude tipicamente portuguesa. Toda a gente se queixa que nós estamos "na causa da Europa", toda a gente resmunga "Só neste país" quando alguma coisa corre mal. Contudo, quase ninguém faz alguma coisa para mudar a situação. Nas escolas, os bons alunos são desprezados (aconteceu comigo...), e as mamãs e os papás vêm logo reclamar com os stôres se estes repreendem uma vez que seja os meninos. O sucesso dos outros é invejado (veja-se o exemplo do Ronaldo), por vezes é menos atribuído ao esforço pessoal e mais atribuído a cunhas, o insucesso é sempre culpa dos outros. É fácil ter-se esta atitude. São fracos.


Não digo que seja forte ou mesmo que não seja fraca mas não tenciono fazer o que eles fazem. Sei que, apesar do que o Seleccionador diz, não farei a diferença entre passar e chumbar, entre qualificarmo-nos ou ficarmos a ver o Mundial pela TV. Mas recuso-me a atirar para o chão as poucas armas que tenho. E faço um apelo através deste blogue para que façam o mesmo. Estes são os momentos em que os verdadeiros adeptos se revelam - não na bonança, mas sim na tempestade. Eu não vou poder ir assistir ao jogo no Estádio da Luz, mas ao menos tenho o blogue para mostrar que, apesar destas desilusões todas, estou com a Selecção até ao fim. Mesmo que não nos qualifiquemos. E que me estou nas tintas para o que os Velhos do Restelo dizem.


Que venham então os últimos testes.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Depois de uma derrota e de uma vitória

Era para ter escrito antes do jogo contra a Hungria mas não tive tempo.


Saímos desta jornada dupla com uma derrota frente à Dinamarca, uma vitória frente à Hungria, treze pontos (menos dois que a Suécia e menos cinco que a Dinamarca), sem a possibilidade de nos qualificarmos sozinhos, uma calculadora numa mão e o terço na outra.

O jogo contra a Dinamarca foi de emoções fortes, impróprio para cardíacos. A Selecção Nacional entrou com força, com uma exibição excelente mas incapaz de enfiar o raio da bola no raio da baliza. A exibição da Selecção entusiasmou-me mas os golos falhados enervaram-me. O guarda-redes dinamarquês agarrava-as todas, chegou a uma altura em que já sentia cá um ódio ao pobre homem que só estava a fazer o seu trabalho.

Depois do golo dinamarquês, no final da primeira parte, foi o descalabro. O ritmo português manteve-se mais ou menos, mas o meu entusiasmo tinha sofrido um certo abalo. Pior do que noutros jogos desta qualificação, pois uma coisa é um empate, outra coisa é uma derrota. Havia alturas, sobretudo depois de falharmos mais um remate em que já escondia o rosto nas almofadas. O meu coração ia a duzentos à hora, sentia-o no peito, na carótida e em sítios em que não sabia que existiam artérias em que era possível sentir a pulsação. De vez em quando mordia o meu boné branco da Selecção. Só me faltou rezar mas como nuca rezo nem vou à missa, seria uma autêntica hipocrisia fazê-lo naquele momento. Chegou a uma certa altura em que eu já nem queria saber, em que agradeci o facto de precisarem da minha ajuda para não ter de ver o jogo por alguns minutos.

As coisas alteraram-se um bocadinho aos 86 minutos com o golo de Liedson. Tive esperança de conseguirmos reverter a situação. Afinal de contas tínhamos conseguido ganhar o jogo contra a Albânia já em tempo de compensação. Passei os últimos minutos do jogo com um olho no que os jogadores faziam e outro no relógio, mas não deu em nada.

No fim, tinha os dedos doridos de ter feito figas durante quase todo o encontro. A primeira reacção que tive foi de que o resultado podia ser pior - visto que passei uma boa parte do jogo com medo de perdermos, o empate sempre era um mal menor. O pior é que agora não dependemos só de nós próprios para nos qualificarmos. Ao lembrar-me daquilo que tinha escrito cá no blogue na véspera do jogo senti-me humilhada. "Estive ali a defender os marmanjos, a demonstrar a minha total confiança neles, até com uma certa dose de arrogância e eles empatam... Não devia ter já aprendido a lição?". Era frustrante. Jogámos melhor do que os dinamarqueses mas não os conseguimos vencer. Na televisão comentaram que "Portugal joga e a Dinamarca marca". O meu pai adaptou a frase para "Portugal joga e a Dina marca".

Confesso que a minha fé, o meu entusiasmo, sofreu um horrível abalo, tão grande que nos dias seguintes nem me esforcei muito para arranjar tempo para escrever no blogue. Pelo menos não tanto como me esforcei na semana passada, antes do jogo com a Dinamarca, em que não me importava de ficar a pé até altas horas para actualizar o blogue. Fui cobarde. Por outro lado, encarei o jogo contra a Hungria com bastante mais calma embora sem indiferença. Já não havia muito a perder...

Tenho a sensação de que a sorte pode ter mudado ontem, mas também o achava na altura do jogo frente à Albânia, já não ponho as mãos no fogo. Contudo, marcarmos ao minuto nove, no dia nove, do nove, do nove é uma grande coincidência. Eu normalmente não sou supresticiosa, mas com a Selecção acredito um bocado na sorte e no azar. Há coisa de três anos, entre o Euro 2004 e o Mundial 2006 cheguei a ter uma t-shirt da sorte. Tudo começou com o Portugal-Espanha. Visto ser uma t-shirt verde-alface, era suposto eu tê-la usado com um par de calções vermelhos, para ficar como a bandeira nacional. Como já referi aqui, eu fui assistir ao jogo ao Estádio de Alvalade, mas como dava frio, troquei os calções por calças de ganga. Se bem se lembram, ganhámos. No dia do jogo com a Inglaterra, por mera coincidência, voltei a usar a t-shirt com calças de ganga e ganhámos. Foi aí que comecei a pensar que aquilo dava sorte. Repeti a indumentária no dia do jogo com a Holanda. Ganhámos. Quis repetir a indumentária no dia da final, mas a minha mãe insistiu que eu usasse os calções vermelhos. Perdemos. O ritual manteve-se durante dois anos, até qque quando perdemos com a França e com a Alemanha no Mundial, decidi que a camisola já não dava sorte.

Apesar de tudo nunca deixei de ter pequenos rituais, como usar as meias e o boné da Selecção, vestir-me um pouco melhor em dias de jogo, lavar o cabelo... Era mais por ser um dia feliz do que por sorte. A proximidade de jogos da Selecção faz-me feliz.

Mas voltando ao jogo contra a Hungria, estava bastante mais calma do que com o jogo contra a Dinamarca, embora não deixasse de dar uns gritos de "Agarra a bola!" ou "Tirem a bola daí!" de vez em quando (embora, confesso-o, fosse mais para irritar a minha irmã do que por ansiedade). E embora o jogo estivesse longe de ser empolgante, de emoções fortes como Queiroz prometera, ganhámos. Muita gente queixou-se de que "eles não jogaram nada", "eles não mereciam ganhar", o que eu acho uma enorme hipocrisia, pois provavelmente, são as mesmas pessoas que se queixaram do empate frente à Dinamarca em que nós jogámos de forma brilhante. Eu também gostei mais do resultado do que da exibição mas já estava farta de gostar mais da exibição do que do resultado.

Pois é, as coisas estão complicadas, eu já não acredito como antes acreditava, mas, como tenho dito quando comento a qualificação com outras pessoas, eu acredito em milagres. Pelo que ouvi falar, temos de ganhar os dois próximos jogos e de esperar que a Suécia perca frente à Dinamarca. Eu vou contiuar a apoiar, pois, como já referi aqui, o pessimismo nunca levou ninguém a lado nenhum. Espero que se juntem a mim.
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