quinta-feira, 27 de maio de 2010

Portugal 0 Cabo Verde 0 - Mas a partir de agora é a sério!

Era para ter escrito mais cedo mas faltou-me tempo. Na Segunda-feira passada, Portugal empatou sem golos no jogo de preparação para o Mundial 2010, frente a Cabo Verde. Eu escrevi na entrada anterior que não estava muito interessada no resultado, mas não consegui evitar ficar desiludida quando o árbitro apitou três vezes e o marcador por abrir. Eu contava com uma vitória, mesmo que não fosse muito expressiva!

Tal como previra, não consegui assistir à primeira parte via televisão. Em vez disso, na última aula teórica que tive, sentei-me a um canto do anfiteatro para não incomodar (e para não repararem em mim...), coloquei os headphones e pus-me a escutar a emissão da Antena 1, um pouco antes do início do jogo. Como de costume, os locutores descreviam o ambiente do estádio, cheios de entusiasmo. As suas palavras iam sendo pontuadas por vuvuzelas e motores de avião que, segundo o que percebi, andavam por lá a demostrar apoio à Selecção.

Na altura, lembrei-me de outra ocasião em que estivera em aulas enquanto a Selecção jogava. Fora em Outubro de 2007, o Cazaquistão-Portugal. Eu tinha vindo substituir uma aula. Não havia outro horário, eu bem procurei. E depois, como era uma aula em grupo e eu não fazia parte de nenhum, fiquei ali a olhar para o ar e a pensar que mais valia não ter vindo. Tinha, entretanto, pedido à minha irmã para me mandar toques caso houvesse golos e como ela nada me disse, comecei a ficar nervosa. Felizmente a aula acabou antes do jogo. Eu peguei no meu leitor de MP3, fui para junto da estação do Metro e lá fiquei a ouvir o relato do jogo. Ainda não tinham marcado Imagino a minha figura, a andar de um lado para o outro, a falar sozinha coisas como "vá lá, marquem...". Ah, mas fiquei tão contente quando marcaram... Fico sempre. Lembro-me do locutor a exclamar "MA-MAKUKULA!!!!!". Foram simpáticos, esperaram pelo fim da minha aula para marcarem os golos...

Infelizmente, desta feita, não marcaram golos. Por outro lado, até pode constituir uma vantagem, pois não sei se conseguiria evitar gritar "GOLO" no meio da aula... Ouvi perfeitamente o público cantando o hino em coro, eu própria cantei em play-back, com o meu boné da Selecção no colo. Entretanto o jogo começou. Como de costume, os comentários dos locutores divertiram-me. A certa altura, um deles disse que alguém tinha passado para o cabeludo Pedro Mendes. Outro comentário engraçado também se relacionou com este último marmanjo. Parece que a certa altura este fez menção de tirar a camisola porque tinha um aparelho qualquer para medir o ritmo cardíaco ou algo do género. Não percebi muito bem. O comentador disse Por um momento pensei que o Pedro Mendes nos ia presentear como uma sessão de strip-tease, mas não e eu tive de invocar todas as minhas forças para não desatar a rir. Mas aposto que, se tivesse sido o Ronaldo, ninguém se importava. O marmanjo pode ser demasiado vaidoso para o meu gosto, preocupar-se mais com a sua aparência do que eu me preocupo com a minha e sou rapariga, mas nenhuma mulher consegue deixar de apreciar aquele físico...

Mas passando à frente do físico do Cristiano Ronaldo, parece que o estádio não estava cheio, mas os que lá estavam eram adeptos dos bons. Praticamente nunca se deixaram de ouvir as buzinas, os gritos e as vuvuzelas. Muito chinfrim para apoiar a Selecção!

Mesmo limitada a um relato de rádio, dava para ver que o Fábio Coentrão era um daqueles que mais se esforçava. Penso que chegou a ser considerado o homem do jogo. O jovem benfiquista parecia mesmo querer demostrar que merecia estar na Selecção.

Ao intervalo, já começava a ver que não íamos lá. Tomando como exemplo o particular contra a China, na segunda parte Queiroz ia provavelmente trocar os jogadores e o desempenho ia ressentir-se disso. Se isto acaba mal, o pessoal atira-se todo ao Professor, tipo sanguessugas, pensei. E, de facto, a segunda parte apenas trouxe mais do mesmo. Entretanto, tinha chegado a casa. Estive a ver um bocado o jogo na televisão enquanto jantava. A minha mãe pôs-se logo a resmungar coisas do género:

- Que vergonha, Sofia! É o Cabo Verde! Que é que eles vão fazer ao Mundial?

Eu irritei-me e atirei-lhe:

- Mãe! Eu não sou o Queiroz! Não sou eu que os treino!

Mas na altura não invejei nada o Professor. Coitado, ele deve ouvir daquilo tantas vezes...

Era a primeira vez que usavam o novo equipamento principal. Eu até gosto, mas parece o equipamento do Manchester United...

O jogo finalmente acabou. Seguiram-se as flash-interviews. O Ronaldo foi o primeiro. O marmanjo aparentava estar bem-disposto mas a mim pareceu-me que estava mais chateado do que dava a entender. Ele invocou a "falta de frescura física" como desculpa, perdão, motivo para o resultado abaixo das expectativas. É capaz de ser essa a principal razão, se pensarmos que os jogadores foram chegando a conta-gotas ao estágio.

Outro dos entrevistados foi Fábio Coentrão. O jovem disse verbalmente aquilo que tinha dito ao longo de todo o jogo através do seu desempenho: que o Mister pode contar com ele. Talvez seja isso que por vezes falte aos outros jogadores. Como já foi referido, o Fábio está a estrear-se na Selecção. O Nani, que também esteve muito bem no jogo, perde muitas vezes a titularidade para Simão - que só não jogou devido ao desgaste físico - ou para Ronaldo. Ambos queriam demostrar que mereciam a titularidade. Às vezes, penso que seria bom se outros jogadores sentissem os lugares ameaçados de vez em quando. Era da maneira que não se desleixavam.

Queiroz, entretanto, já veio ontem afirmar que a partir de agora é a sério. Ainda bem. Eu compreendo o mau resultado, percebo que aquilo tenha sido mais um treino do que um jogo. Espero que, ao menos, tenha servido para se tirar ilações sobre o que é preciso fazer. Não me importo que se perca ou empate nestes jogos, mas quando estivermos no Mundial não haverá desculpas para ninguém!

P.S. Surgiu outro tema de apoio à Selecção. Desta vez, chama-se, se não me engano, A Selecção de Todos Nós e é inerpretado pelos Fonzie. Podem ouvi-lo neste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=4-qzzkMnzrs. Tenho também um link para download http://cid-f2b324c1ea207c60.skydrive.live.com/self.aspx/.Public/A%20Selec%C3%A7%C3%A3o%20de%20Todos%20N%C3%B3s.mp3?wa=wsignin1.0&sa=131084116 . É um tema bem rock e sendo esse o meu estilo musical preferido... Certamente deve ser interpretado esta tarde no Rock in Rio, já que os Fonzie vêm substituir os Sum 41, que cancelaram a sua actuação. Não faltam mesmo hinos de apoio à Selecção neste Mundial...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Selecção em velocidade de cruzeiro

No Sábado, Simão, Tiago e Paulo Ferreira juntaram-se aos companheiros de Selecção, que preparam o Mundial na Covilhã. O grupo ficou finalmente completo. Para hoje, Segunda-feira, têm já marcado um jogo particular com a Selecção do Cabo Verde, que será disputado na Guarda. Será o primeiro de três particulares com Selecções africanas que tenhos agendados. Dia 1 de Junho jogamos contra os Camarões e dia 8 jogamos contra Moçambique - este último encontro será disputado já na África do Sul, se não me engano. O objectivo destes três encontros será familiarizar os marmanjos com o estilo de jogo africano.

Queiroz já revelou qual será o onze inicial, mas eu aposto que a equipa irá sofrer várias alterações ao longo do jogo. De resto, não estou muito interessada no resultado deste particular. Nem sequer vou ser capaz de o ver na totalidade, visto que à Segunda-feira tenho aulas até perto das oito da noite. Quanto muito, vou ouvindo o relato na rádio, com o meu leitor de MP3, até ter acesso a uma televisão. Neste jogo só interessa literalmente a preparação da Selecção, o resultado é secundário. Só espero que quem vá assistir ao jogo tenha isso em conta. Não quero ver repetidas as cenas do particular com a China. Mas começo a ter dúvidas, depois do que aconteceu no treino de ontem à tarde... Em relação a isso, só tenho uma coisa a dizer: com adeptos destes, quem precisa de adversários?

Mas voltando ao particular de hoje, é claro que, se ganhássemos de forma expressiva, ficávamos todos contentes. Se isso não acontecer, paciência. Antes perdermos/jogarmos mal nestes encontros do que quando for a sério.

Estes últimos dias ficaram marcados pelas declarações de José Mourinho, treinador do Inter, sobre a Selecção Nacional. Mourinho acha que Portugal não tem hipóteses de chegar a campeão, nem com Ronaldo a mil à hora. Como seria de esperar, a frase criou polémica. Felizmente, Carlos Queiroz teve a sensatez de não atirar mais lenha para a fogueira, de se manter fora de eventuais guerras de palavras, afirmando apenas que as declarações merecem reflexão, e que temos hipóteses de ganharmos se toda a equipa jogar a mil à hora.

Não sem antes felicitar José Mourinho pela recente conquista do título de Campeão Europeu de Clubes, vou aproveitar para falar um bocado do "Special One", agora chamado "Il Speciale" e que, se for treinar o Real Madrid - ainda não percebi se já está confirmado ou não - provavelmente será apelidado "Lo Especial". Quando ele treinava o Futebol Clube do Porto e eu era adepta ferrenha do Sporting, odiava o homem. Não só por fazer com que o clube nortenho ganhasse enquanto o meu clube fazia um percurso cheio de altos e baixos, mas também porque a sua arrogância enervava-me.

Por outro lado, também me recordo da final da Taça UEFA da época 2002-2003. Lembro-me de ver Mourinho aos pulos pelo campo, com a medalha na mão, parecendo um miúdo de oito anos. Apesar de na altura ser do Sporting, fiquei satisfeita por uma equipa portuguesa ter ganho a Taça UEFA e a Liga dos Campeões no ano seguinte. Isto para não falar da mão-cheia de grandes jogadores, como o Deco, o Maniche, o Ricardo Carvalho, o Paulo Ferreira, entre outros, que ele revelou.

Hoje, passados já vários anos desde que tomei a resolução de não me ligar permanentemente a nenhum clube, ainda não decidi se gosto de José Mourinho ou não. Sobretudo porque é sempre arriscado avaliar o carácter de uma pessoa apenas a partir daquilo que a Comunicação Social nos transmite. Muitas das declarações são retiradas do contexto - as que referi acima, se calhar, incluem-se nesse grupo. E aposto que a mulher, os filhos e mesmo as pessoas com quem ele trabalha têm uma opinião diferente sobre Mourinho.

Tendo só em conta aquilo que se vê na televisão e se lê nos jornais, o homem é muito arrogante, sem margem para dúvidas. Um pouco de humildade nunca fez mal a ninguém. A minha mãe afirmou mesmo que a mãe de Mourinho podia tê-lo educado melhor. Por outro lado, eu própria admito que me sentiria tentada a dar uma resposta desagradável a algumas perguntas que os jornalistas fazem. E não deve ser assim tão fácil ser um treinador que "ganha tudo" - os inimigos aparecem tão rapidamente quanto os amigos. Talvez até eu me tornasse cínica e amarga. Contudo, o Cristiano Ronaldo está numa situação parecida com a dele, mas ainda vai mantendo a sua humildade.

Já que se fala no Cristiano, se o Mourinho for mesmo para o Real Madrid, vai ser interessante ver como é ter os dois deuses portugueses do futebol a trabalhar no mesmo clube.

Em relação à sua opinião sobre as hipóteses da Selecção, é óbvio que não concordo com ela. Como já expliquei no outro dia, sei que as probabilidades de nos sagrarmos campeões do Mundo não são muitas, mas também disse que o futebol é imprevísivel. Dizer que é impossível sagrarmo-nos campeões do Mundo é quase mentir. Mais: se existe algum marmanjo na comitiva da Selecção que acredita que não temos qualquer hipótese de levarmos o Campeonato de vencida, na minha opinião, nem precisa de embarcar no avião rumo à África do Sul. Portugar vai ao Mundial lutar pelo título de campeão. Podemos falhar, é provável que falhemos - há que admiti-lo. Mourinho disse mesmo que seria "um milagre" - mas só estaremos fora da corrida após o apito final do árbitro. Até lá, tudo é possível. E, enquanto for possível, acreditaremos. Lutaremos. Em velocidade de cruzeiro.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Vizinhos e parceiros no futebol

Na Segunda-feira passada, foi entregue na FIFA a candidatura Ibérica à organização do Mundial de 2018 ou de 2022. De acordo com Ángel Maria Villar, o presidente da Federação Espanhola de Futebol, a opção por Portugal e Espanha é a mais "alegre", mais "organizada", mais "segura" e mais "divertida". O presidente, que também preside a fundação da candidatura, afirmou existir uma "grande sintonia" entre os povos português e espanhol.

A candidatura apresenta 21 estádios e 18 cidades, de entre os quais três estádios (o da Luz, o de Alvalade e o do Dragão) e duas cidades (Lisboa e Porto) são portuguesas. Os vencedores serão anunciados em Dezembro deste ano.

Já se fala desta candidatura há algum tempo, mas só agora é que tenho oportunidade para falar dela aqui, no meu blogue. Se alguém estava à espera que esta candidatura viesse dar novo uso aos estádios que se construiram para o Euro 2004, acho que sofreram uma desilusão, uma vez que os únicos estádios que serão utilizados são os dos três grandes. Eu, por acaso, acho que até faria mais sentido terem incluido o eternamente abandonado Estádio do Algarve na lista. Para além de ser pouco utilizado, situa-se na região que os turistas preferem.

E se alguém estava à espera de um contributo fifty-fifty para a organização do Campeonato (eu estava mais ou menos à espera...), também sofreram uma desilução. O nosso contributo será de apenas 16%. Pergunto-me se isso contribuirá ainda mais para a teoria de que Portugal não passa de uma província espanhola. Ou para o desejo de que fosse uma província espanhola.

Esse desejo, de resto, deve remontar ao século XIX, visto que n'Os Maias já se fala disso. Eu não partilho desse mesmo desejo por vários motivos. Para além de um vago patriotismo, Afonso Henriques, Nuno Álvares Pereira, a Padeira de Aljubarrota e os Conjurados de 1640 não ficariam quietos nos respectivos túmulos. Além disso, num ponto de vista mais prático, se passássemos a ser espanhóis, a ETA ganhava uma mão-cheia de novos alvos para os ataques deles. Ou pior, talvez se criasse um grupo separatista, equivalente à ETA, mas para nós.

E, de resto, já que os nossos vizinhos também andam às voltas com a crise, já não haveria grande vantagem de nos unirmos a eles.

Por outro lado, desde que tenho doze anos e comecei a interessar-me pelos Telejornais, passo o tempo todo a ouvir que "estamos em crise", "Portugal está de tanga", "Portugal está na cauda da Europa", "Portugal não tem futuro", "só neste País", "estamos em recessão técnica". E parece que essa mentalidade já perdura desde, pelo menos, o séc XIX - mais uma vez, Os Maias são a referência. Mas se olharmos para os últimos dois séculos, temos de concluir que atingimos muitas metas. As condições de vida melhoraram sem comparação, vivemos numa Democracia (longe de ser perfeita, mas podia ser pior), temos um Sistema Nacional de Saúde melhor do que o dos Estados Unidos... OK, não somos tão bons como outros países, mas andámos sempre para a frente. Vamo-nos aguentando e dando passinhos de bebé.

Voltando à Candidatura Ibérica, eu não me importo muito se as coisas não forem exactamente como no Euro 2004, se as atenções estiverem mais centradas na Espanha do que em Portugal. Já considero uma enorme vantagem o facto de termos a Selecção a estagiar e a jogar em casa, de podermos assistir aos jogos. E mesmo assim duvido que favoreçam demasiado a Espanha em detrimento de nós. Contudo, só saberemos como é que será se a FIFA nos escolher. Eu vou fazer figas!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Probabilidades e estatística

Ontem, Pepe, Ricardo Costa e Ricardo Costa e Zé Castro juntaram-se aos companheiros de Selecção no Estágio e preparação do Mundial 2010, que está a decorrer na Covilhã. Pepe revelou aos jornalistas que a sua recuperação está num bom caminho, que tenciona trabalhar arduamente nestas semanas de estágio e que sente muita vontade de ajudar a Selecção.

Nani também falou à Comunicação Social e revelou que se sente ansioso pela chegada dos companheiros, para que a Selecção fique completa. O marmanjo revelou que espera, sobretudo, por Cristiano Ronaldo. Nani tenciona provar que é melhor do que o madeirense... no pingue-pongue.

Na manhã de Domingo passado, houve treino aberto ao público e a população de Covilhã respondeu em força. Vieram dois mil assistir ao treino, apesar de só estarem presentes sete marmanjos, e, pelo que li nos jornais, o público vibrou com os jogadores. Parece que a própria cidade de Covilhã está a receber muito bem a Selecção Nacional. Vi fotografias de lojas e barraquinhas vendendo produtos relativos à Selecção e, de acordo com os jornais, sempre que os jogadores passam, ouvem-se aplausos. É bom saber que o povo está com a Selecção... apesar de as duras críticas à Convocatória de Carlos Queiroz ainda persistirem nos Media.

Eu confesso que estas críticas começam a irritar-me e admito que não é uma reacção racional, longe disso. Só que eu também duvido que as opiniões expressadas sejam totalmente racionais, que não haja muito clubismo por detrás daquilo. Eu até compreendo muitas das críticas e até concordo com algumas. Mas não entendo porque é que este pessoal não pode parar de choramingar as ausências e as presenças de certos jogadores - e eu, de resto, duvido que boa parte destes últimos cheguem a titularidade, ou mesmo que vão todos para a África do Sul. Quer dizer... não podem engolir isso e apoiar a Selecção? A actividade clubística em Portugal já cessou, por isso não podem invocar a desculpa de darem mais importância ao clube do que à Selecção. Até agora, só João Gobern e Artur Agostinho afirmaram que apoiariam a Selecção, mesmo depois de criticarem a Convocatória. E o primeiro até criticou bastante duramente. É isso que mais me irrita. Que mais ninguém diga:
- OK, a minha lista não era esta, mas pronto, é a Selecção. Força Portugal!

Enfim, não vale a pena gastar cera com estes defuntos.

Entretanto, saiu ontem um estudo da PricewaterhouseCoopers (o que quer que isso seja...) que concluiu que a Selecção que, de acordo com as estatísticas, a Selecção Brasileira é a mais forte candidata a sagrar-se Campeã do Mundo. Existem ainda referências à Alemanha, à Itália e à Argentina. Estas quatro selecções, contando com o Brasil, são, de acordo com este estudo, as que possuem maiores probabilidades de levarem a final de vencida. Isto por possuirem forte historial nesta competição.

Nós também somos mencionados como fortes candidatos. Nós e os gregos, sobretudo por causa dos nossos recentes bons desempenhos. Muita gente concorda com isso, pelo menos na parte que diz respeito a nós. Toda a gente diz que só não somos favoritos porque nunca ganhámos um Mundial. O estudo refere ainda que as selecções africanas também têm boas hipóteses, visto terem o factor casa do lado deles.

Eu confesso que não acredito muito neste estudo. Em primeiro lugar, porque é que não falam da Espanha, que é campeã da Europa e fez uma qualificação brilhante? E, peço desculpa, de que "bons desempenhos gregos" estão eles a falar? Eles nem se qualificaram para o último Mundial! E não foram nada de especial no Euro 2008! OK, ganharam o Euro 2004 (grrr...), mas a Espanha ganhou o de 2008 e não falaram nela.

E daí talvez tenham falado. Só que no artigo em que li isto (http://desporto.sapo.pt/mundial2010/artigo/2010/05/17/brasil_favorito_a_ganhar_campe.html) não falam dela.

Outros critérios que não compreendo são os do ranking da FIFA. Como é que chegámos ao terceiro lugar?!? Quando eu soube que estávamos em terceiro, a minha primeira reacção foi, literalmente:

- Hã?!?

Como já mencionei aqui, nós estivemos numa final de um Campeonato Europeu, ficámos em quarto lugar num Campeonato do Mundo, e, se não me engano, não passámos do sétimo lugar. Contudo, agora ascendemos ao terceiro lugar, meses depois de uma qualificação resvés Campo de Ourique, como diz a minha mãe... E em Agosto estávamos em décimo-sétimo lugar... Mas enfim, se nos querem meter em terceiro lugar, eu não me queixo. Antes no topo do que no fundo.

Existe de facto muita gente a colocar-nos entre os candidatos ao título, mas eu não estou assim tão optimista. Por isso é que sou grande adepta da máxima "pensar jogo a jogo" - se me ponho a pensar nos adversários que nos esperam se passarmos a fase de grupos, fico com insónias!

Na semana passada, o meu irmão esteve a olhar para o mapa com os jogos com Mundial. Este mapa vinha no jornal, no dia a seguir ao sorteio dos grupos do Mundial. Eu afixei-o na parede do meu quarto. Tenciono ir completando o mapa com os resultados dos jogos durante o Campeonato. Mas adiante, eu e ele estivémos um bocado a comentar os nossos adversários.

A fase de grupos não me preocupa muito. Sobretudo por falta de conhecimento sobre a Coreia do Norte e a Costa do Marfim - realmente não sei o que esperar deles. Em relação ao Brasil, sim, já referi que eles são os mais fortes candidatos ao título mas, como foi recentemente assinalado, não me lembro por quem, possuem uma fraqueza: eles sabem que podemos vencê-los.

A propósito do Brasil, Pepe também falou dos nossos adversários, ontem. O marmanjo luso-brasileiro tenciona vingar a pesada derrota de Novembro de 2008. O último jogo ficou atravessado e está mais do que na hora de mostrarmos ao Mundo que nós temos valor e que aquele último jogo foi um lapso, disse ele.

O pior será depois. Se não conseguirmos passar a fase de grupos em primeiro lugar, o mais provável é levarmos com a Espanha em cima. E se conseguirmos vencê-los, um dos possíveis adversários é a Itália. Como observou o meu irmão, primeiro apanhamos o Campeão da Europa e depois levamos com o Campeão do Mundo em cima... Outros adversários possíveis são a Holanda e o Japão.

No fundo, acredito que estes estudos, rankings, apostas e especulações pouca influência têm. O futebol nem sempre obedece à lógica dos favoritos, dos fortes e fracos. Existem tantos factores a influenciar os jogos que é impossível fazer profecias sobre os resultados. E os exemplos abundam!

Além disso, eu também me sinto pouco confiante porque a qualificação ainda está fresca na minha memória. Convém recordar que as circustâncias de uma fase de qualificação são diferentes das circustâncias de um Campeonato Internacional como este. Nós tínhamos um Seleccionador novo e pouquíssimos dias para treinar como Selecção. Mas agora temos um mês para criar rotinas, para afinar as armas.

Ninguém disse que era fácil. Ninguém disse que o favoritismo está do nosso lado. E toda a gente sabe que as probabilidades e a estatística já foram mais favoráveis. Mas uma coisa é certa: nós vamos dar luta. Não será por não nos esforçarmos que vamos falhar. E eu sei que não farei grande diferença, mas eu faço a minha parte ao escrever este blogue, ao montar vídeos de apoio e tentar enviá-los para o YouTube, ao pendurar uma bandeira à janela, ao envergar os símbolos da Selecção. Tenho é poucas possibilidades de assistir a jogos e treinos, de apoias fisicamente a Selecção. Não é por falta de vontade. A questão não é o que faria pela Selecção, mas sim o que faço pela Selecção. E eu faço quase o máximo que posso. Com todo o gosto.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Primeiro dia de estágio

Hoje, os marmanjos começam a concentrar-se na Covilhã com vista à preparação do Campeonato do Mundo. Parece que hoje só chegam sete jogadores - Nani, Daniel Fernandes, Fábio Coentrão, Eduardo, Pedro Mendes, Miguel Veloso e Liedson - visto que os outros têm ainda compromissos com os respectivos clubes, entre os quais se inclui a final da Taça de Portugal, entre o Futebol Clube do Porto e o Desportivo das Aves, a realizar-se, se não me engano, no próximo Domingo.

Parece que a Federação escolheu a cidade da Covilhã como palco do Estágio de Preparação do Mundial porque iremos jogar em altitude, na África do Sul. Os marmanjos irão, por isso, pernoitar no hotel com maior altitude de Portugal. Penso que o objectivo é fazer com que aqueles vinte e quatro organismos se habituem ao ar rarefeito característico das altitudes elevadas. Para compensar o teor em oxigénio mais baixo do que o habitual ao nível médio das águas do mar, os rins produzem eritropoetina, um composto que vai estimular a síntese de glóbulos vermelhos - para aqueles que não sabem, são as células que transportam o oxigénio pelo sangue. E como os glóbulos vermelhos têm um tempo de vida médio de quartro meses, estes "aguentam" até ao Mundial. Por outro lado, se eles vierem jogar a baixa altitude, como têm maior número de glóbulos vermelhos, maior quantidade de oxigénio será fornecida às células, logo, maior quantidade de energia será produzida. É por isso que a eritropoetina artificial é conseiderada um composto dopante. Curiosamente, pelo que me contaram, treinar em elevada altitude de modo a estimular a produção de eritropoetina não é considerado doping.

Esta tarde, mais precisamente às quatro, Carlos Queiroz dará uma Conferência de Imprensa. Toda a gente espera que ele explique as Escolhas que divulgou na passada Segunda-feira, mas eu duvido. Naquela entrevista a A Bola, sobre a qual falei no outro dia, quando confrontado com a opção que tomara por um jogador qualquer, já não me lembro qual, em detrimento de outro, ele respondeu que, obviamente, fora por considerar que o primeiro era melhor ou estava melhor do que o segundo. Um pouco mais à frente, afirmou que tinha o direito de não explicar as suas opções. Aposto o que quiserem que ele, hoje à tarde, vai voltar a invocar esse direito.

De resto, não estou a ver qual é a vantagem de questionar insistentemente as opções do Seleccionador. Ele não vai chamar o jogador X nem mandar embora o jogador Y, só porque um comentador desportivo considera que o X merece ser Convocado e o Y não! É claro que umas declarações polémicas dão sempre jeito à Comunicação Social...

Depois da Conferência de Imprensa, às cinco da tarde, haverá treino aberto ao público. Os ingressos estão já esgotados. Quer-me parecer que se vai repetir a festa que os anteriores estágios para Campeonatos Internacionais como este foram. E repito o apelo que já tinha feito aquando da preparação para o Euro 2008: aproveitem ao máximo estas semanas em que têm a Selecção ao pé deles, para que estes fiquem ainda mais motivados para fazer um Mundial que fique para a História!

NOTA: a fotografia que utilizei é antiga. Não encontrei nenhuma que mostrasse os jogadores a chegarem à Covilhã...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Hinos de apoio

Outros sinais de proximidade do Mundial são os anúncios dos patrocinadores. Não sei se já viram o anúncio da Galp de apoio à Selecção. Se não, podem ver neste link: http://www.youtube.com/watch?v=MmnxsKX6GTw&playnext_from=TL&videos=xq5AdbIEb38 . O anúncio está muito giro, mas a melhor parte é outra. vejam este vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=YSC-bZYF_nI&playnext_from=TL&videos=2XXqgVfdG6s. Ou então saquem directamente a música atrávés do link que adicionei nesta barra lateral, na parte dos "Sites relacionados".

Que acharam? eu achei que a música é um bocado totó, um bocado disparatada, um bocado amalucada. Eu gosto. É muito melhor que I Gotta Feeling, para começar. Não só pelo facto de ter mais a ver com a Selecção, mas também porque, em termos musicais, tem melhor qualidade (o que, de resto, não é muito difícil), com influências africanas.

E a ideia que transmite, de tocar a vuvuzela... Pelo que explicam neste vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=nm73mPmSCsc&playnext_from=TL&videos=TblVXpBGZtU), parece que é tradição os sul-africanos levarem a vuvuzela quando vão ao futebol. a ideia de criarem vuvuzelas portuguesas é original, se bem que um bocado infantil. Não sei se terei coragem para me pôr a soprar aquilo à janela, como eles pedem, como se tivesse sete anos.

Além disso, apesar do que eles dizem, duvido que o som chegue à Africa do Sul. É claro que, tanto quanto sei, nunca ninguém fez a experiência com 10 milhões de vuvuzelas. Mas era fixe se todo o português, incluindo os emigrantes, tocasse a vuvuzela antes do jogo. Para o Mundo nos ouvir. E mesmo que os jogadores não nos oiçam realmente, já não é mau se imaginarem o pessoal todo em Portugal a soprar nas vuvuzelas, a torcer por eles. Ou ainda, podemos usar as vuvuzelas como trompas de guerra, estilo o que faziam n'O Senhor dos Anéis. Pois, se pensarmos nisso, até foi uma boa ideia.

No outro dia, a minha irmã começou também a pedir uma vuvuzela. Eu mostrei-lhe o anúncio e a música e ela gostou. Foi a desculpa que eu precisava. Ontem à tarde fui procurar uma vuvuzela. Fui mesmo a pé até um posto Galp. Subi uma rampa enorme e quando cheguei lá estava esgotada! Disseram que, em princípio receberão mais, mas não sabem quando. Bolas... Mas é bom sinal, significa que o pessoal está a aderir à campanha. Ou isso, ou compraram vuvuzelas para celebrar a vitória do Benfica.

Em relação a I Gotta Feeling, já que falei dela acima, hoje já tolero melhor a música. Há mesmo alturas em que não resisto a cantar um ou outro verso. Mais porque, comparadas com outras músicas do último CD dos Black Eyed Peas, ainda é das poucas que se aproveita. Mas continuo a achar que Queiroz podia ter escolhido algo melhor. E parece que o Zé Pedro, dos Xutos e Pontapés, concorda comigo. Ele chegou a dizer ao Record, no dia 3 de Maio, que como músico tinha ficado "chocado com a escolha do hino". Fixe, ainda bem que não sou só eu...

No Domingo passado eu tinha enviado para o YouTube um vídeo sobre a Selecção Nacional, semelhante àquele com a música Here I Am, de Bryan Adams, que tenho no meu canal. Desta feita, usei a música Bang The Drum. Foi o tema que o Bryan e a Nelly Furtado interpretaram na Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, que se realizaram este ano em Vancouver, no Canadá. Escolhi esta música, primeiro, por ser cantada pelos dois canandianos, provavelmente, mais ligados a Portugal em todo o mundo; além disso, tem uma mensagem de "Dá o teu melhor!", que eu achei que se adequava à Selecção. Andei a trabalhar nele durante dois meses. Quando o carreguei, fiquei toda contente, pois não tinha aparecido nenhum aviso daqueles, a indicar que a música tinha direitos de autor. Quem tiver uma conta no YouTube saberá, certamente, do que estou a falar. Mas a coisa não durou 24 horas. Quando acedi ao YouTube no dia seguinte, pouco antes da Divulgação dos Convocados, aparece-me logo um aviso enorme, daqueles bem sério, a avisar que o meu vídeo tinha sido bloqueado por violação dos direitos de autor e a ameaçar com suspensão da conta caso voltasse a violá-los. Uau...

Tão cedo não devo voltar a carregar um vídeo do género. É só porque eu prezo bastante a minha conta no YouTube, já tenho 60 vídeos carregados, alguns dos quais bastante populares, muitos deles amplamente elogiados. Mas que fiquei chateada, fiquei.

No outro dia li no Destak uma notícia segundo a qual o pessoal da RTP - que possui os direitos de cobertura televisiva do Mundial 2010 - teria gravado um rap entitulado "Ligados a Portugal" para apoiar a Selecção Nacional. A música terá direito a videoclipe, inclusivamente. Se quiserem saber mais pormenores, podem ler a notícia neste link: http://www.destak.pt/artigo/62984. Já pesquisei um bocado no Google, mas não encontrei mais referências ao tal rap. Estou curiosa em relação a ele. Só espero que não seja como aqueles hinos que publicitam mais a estação em questão do que propriamente a Selecção.

Pois é, parece que estamos bem servidos no que toca a Hinos de apoio à Selecção Nacional. Uns melhores do que outros, mas não falta apoio musical. E, de resto, sejam composições sofisticadas, músicas compostas em cima do joelho, vuvuzelas compradas numa estação de gasolina que patrocina a Selecção, buzinas de carros, apitos, megafones, tambores, guitarras, castanholas de plástico (como uma que tenho), palmas ou o nosso grito de guerra POR-TU-GAL! POR-TU-GAL!, o que interessa é, como diz a música, fazer chinfrim p'ra apoiar a Selecção!

terça-feira, 11 de maio de 2010

As Escolhas de Carlos

Numa entrevista ao diário desportivo A Bola, no dia 5 de Maio, Carlos Queiroz afirmou que planeava uma cerimónia para anunciar os Jogadores Convocados para representar Portugal no Mundial 2010. E foi, de facto com pompa e circustância, que estes foram divulgados ontem, ao fim da tarde. Depois de uns acordes de Final Countdown (não lembro de quem é esta música e não estou com pachorra para descobrir. Mas até foi bem escolhida), veio o apresentador. Parece que até era jornalista da CNN, mas aquilo que eu registei foi o facto de ele, mesmo no início, em vez de ter dito "Mundial Dois Mil e Dez", disse "Mundial Dois Mil e Dois". A princípio, pensei que tinha sido eu a ouvir mal, mas depois mostraram Gilberto Madaíl, sentado ao lado de Carlos Queiroz a corrigir, possivelmente em voz baixa:
- Dez! Dez!
Aparente, o apresentador não deu por nada. Foi um momento engraçado.
Confesso que a cerimónia foi um bocado aborrecida, nem me importei muito que interrompessem a emissão televisiva para passar as primeiras notícias do Telejornal. Realmente, não sei se se justificava tanta cerimónia para divulgar os Convocados. Enfim, eles entrevistaram o Presidente da Federação, o grande Eusébio e o Seleccionador. Queiroz mandou logo um aviso à navegação, certamente já adivinhando que a Convocatória ia dar polémica (eu também já calculava que tal ia acontecer, não era preciso ser vidente para adivinhar...), disse que dificilmente a escolha seria consensual, mas afirmou que os rejeitados (atenção, ele não usou este termo!) teriam outras oportunidades para darem o seu contributo para a Selecção.
Finalmente, os Escolhidos foram revelados através de uma montagem de vídeos. Desta vez, devo confessar que até gostei desta parte, embora a música fosse um bocado irritante. Eu e a minha família assistimos à Divulgação enquanto jantávamos e ainda nos divertimos (eu pelo menos diverti-me...) a tentar adivinhar qual era do jogador visado:
- Quem é este?
- Olha, é o Daniel Fernandes...
- O número 5 é qual?
- Este aqui é o Miguel Veloso?
- Não, é o Fábio Coentrão.
- Era giro se ele não Chamasse o Ronaldo...
- Como é que este se chama? Ai não me lembro... É o... é o... Yah! É o Danny!
- Eh pá, este é o tal que tem imensas tatuagens...
- Olha, chamou o Miguel Veloso...

Convocados:

- Eduardo
- Daniel Fernandes
- Beto
- Miguel
- Paulo Ferreira
- Ricardo Carvalho
- Bruno Alves
- Rolando
- Ricardo Costa
- Duda
- Fábio Coentrão
- Pedro Mendes
- Pepe
- Zé Castro
- Tiago
- Deco
- Raúl Meireles
- Miguel Veloso
- Simão Sabrosa
- Danny
- Liedson
- Hugo Almeida
- Cristiano Ronaldo
- Nani

Divulgados todos os Eleitos, as primeiras coisas em que pensei foram que o Professor tinha optado por muitos jogadores habituais e que a Chamada que mais me surpreendeu foi a de Ricardo Costa. Entretanto, a minha irmã estranhou o facto de ele ter convocado jogadores como Paulo Ferreira, Tiago e Ricardo Carvalho, que ela se recordava do Euro 2004. Eu fiz-lhe ver que esses jogadores tinham a vantagem da experiência em Campeonatos deste género.
Entretanto, já houve tempo para milhares de comentadores esmiuçarem esta Convocatória, para comentarem as ausências de Quim, João Moutinho, Ruben Amorin, Carlos Martins, entre outros, para comentarem as presenças de jogadores como Ricardo Costa. Típico. A propósito destas polémicas, Queiroz afirmou, na entrevista que referi acima que A forma como as pessoas vêm a equipa [a Selecção] tem muito a ver com a ver com os afectos. Tem toda a razão. Eu própria não tenho problemas em admitir que percebo pouco de futebol, que quando se põe a falar de "trincos", "defesas-centrais", "alas" e assim é como se falassem alemão, geralmente, simpatizo com um ou outro jogador por motivos pouco racionais. Deve ser sobretudo por causa disso que muitos não gostaram de verem Quim, Ruben Amorim e Carlos Martins de fora da Chamada. Mesmo assim, não sei se aquilo que o Professor diz se aplica aos comentadores desportivos, que são imparciais. Ou deviam ser...
Já que falo nisso, esta entrevista que o Professor deu a A Bola é muito interessante. Para começar, confessou que prefere que lhe tratem por Carlos. Contou que, durante algum tempo, ninguém o tratou assim, que gostou à brava quando voltou a ter nome próprio. Nunca ninguém me tinha chamado pelo nome próprio desde a minha mãe. Com esta ri-me. Isto foi revelado depois de o entrevistador lhe ter perguntado se era verdade que o Ronaldo o tratava por "tu". Ficámos então a saber que não, que o trata por Carlos e às vezes por Mister.
Outra das coisas que se ficou a saber através desta entrevista é que o nosso Seleccionador é surpreendentemente divertido. Isso foi, sem dúvida, aquilo que mais me surpreendeu. Para mim, o Professor era um senhor sereno, sensato, que falava bem. Nunca pensei que tivesse bom sentido de humor. O próprio entrevistador afirmou que as pessoas não tinham a noção disso. em resposta, Carlos disse que Se me expuser como realmente sou, as pessoas não me levavam a sério. Outra piada que deu foi quando lhe perguntaram se era verdade que se dava tão mal com os jornalistas que escolhera um local de estágio na África do Sul sem hotéis num raio de 80 quilómetros. Eis a resposta do Seleccionador:
- O que eu não posso tolerar é que não tenha sido escrita a verdade. Não foram 80 quilómetros, foram 120.
Grande Carlos!
Já no fim da entrevista, Carlos disse que não se demitia se não nos qualicarmos para os quartos-de-final (três vezes na madeira!). Eu concordo. Ainda antes ele tinha afirmado que O padrão de continuidade é o único que dá mais hipóteses a uma Selecção como Portugal se intrometer entres os favoritos. Ia ser bonito se mudássemos outra vez de Seleccionador e tivéssemos de passar outra vez por aquela fase de adaptação, prejudicando outra fase de qualificação. Contudo, quando interrogado se, se tal acontecesse, se seria um falhanço, ele não respondeu. Embora eu tenha uma resposta.
Não pensemos nisso! Pensamento positivo sempre!
Vamos ter assunto para conversas de café ou de intervalos das aulas para os próximos dias, comentar esta lista de Convocados. Mas não falemos disso mais do que alguns dias. Aqui, o mais importante é a Selecção e, como me farto de dizer aqui no blogue, assobios, vaias, comentários azedos e críticas duras nunca tornaram nenhuma equipa campeã. Como sabiamente afirmou João Gobern - um dos meus jornalistas preferidos - esta manhã, na sua crónica Pano para Mangas (mais ou menos às sete e quarenta e cinco na Antena1), depois de despejar imensas críticas à Convocatória, Só a unidade em torno destes homens lhes permitirá partir para o Safari com espírito de caçadores. Não é preciso dizer mais nada.
P.S. A minha vizinha, entretanto, já veio reclamar pelo facto de Queiroz só ter Chamado Fábio Coentrão. Chamou-lhe vários nomes, sendo os mais meigos "gozão" e "mosca-morta". Disse que, por causa disso, já não quer saber da Selecção, que era bem feita se eles perdessem e que gostava mais do Scolari, que odeia a cara deste gajo. Clubismo do mais extremo que existe...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Início da fase aguda

E cá vamos nós, uma vez mais! Estamos a um mês e um dia do início do Campeonato do Mundo de Futebol, a realizar na África do Sul. Hoje, mais ou menos às oito da noite, Carlos Queiroz, o Seleccionador Nacional, divulga a lista dos Convocados para representar Portugal naquela que é por muitos considerada a prova suprema do futebol. Depois, daqui a uns dias terá início o Estágio de Preparação do Mundial 2010, na Covilhã.
Por esta altura, começo já a sentir o vírus da Selecção Nacional a emergir lentamente do seu estado de latência e a doença a evoluir para a sua fase aguda. E tenho a certeza que o vírus, em breve, começará a infectar muitas outras pessoas, sobretudo quando a conquista do Campeonato Nacional pelo Benfica e a visita de Sua Santidade, o Papa Bento XVI, fizerem parte do passado.
Passarams-se já dois anos desde que ocorreu o Euro 2008. Por um lado parece que passou pouquíssimo tempo. Ainda me lembro do dia em que os Convocados foram divulgados, em que estreei este blogue. Ainda me lembro dos dias de alguns jogos, de ver o jogo com a Turquia (e de escrever sobre isso no blogue, no dia anterior, na Sala de Computadores da minha Faculdade); de ver o jogo com a República Checa com toda a minha família, num dia também marcado pela greve dos camionistas; de torcer o cachecol da Selecção enquanto via o jogo com a Alemanha. Admito que o facto de ter escrito sobre isso no blogue me ajudou a fixar esses momentos na memória. É uma das (muitas) vantagens da escrita.
Por outro lado, se pensarmos em tudo o que aconteceu neste intervalo de tempo – a troca de Seleccionador, a qualificação tão atribulada, etc – somos levados a concluir que não passou assim tão pouco tempo quanto isso.
Cada vez mais razão dou àquele meu professor que uma vez nos disse que, à medida que vamos envelhecendo, parece que o tempo vai passando cada vez mais depressa.
Encontramo-nos actualmente numa situação muito parecida com aquela em que nos encontrávamos em véspera do Europeu de 2008: viemos de uma qualificação longe de brilhante (e, desta feita, ainda mais longe de brilhante) e toda a gente sabe que as nossas hipóteses de trazermos a Taça para Portugal já foram mais altas. A filosofia com que temos de encarar este campeonato será mais ou menos a mesma com que encarámos o Euro (ou devíamos ter encarado): pensar jogo a jogo, sem confiança em excesso, mas aproveitando ao máximo cada momento.
Existem, no entanto, várias coisas novas nesta época de Campeonato do Mundo. Nunca tivemos Queiroz ao leme durante Campeonatos Internacionais como este. Não savemos como é que gosta de fazer as coisas. A começar pela Divulgação dos Convocados. No tempo de Scolari, havia sempre um "rejeitadinho" (ou melhor, a Comunicação Social escolhia sempre um "rejeitadinho"). Não sei se vai haver, desta vez. Mas que vai haver polémica, é provável que haja. Os Media começam já a dar sinais disso, sobretudo depois da Pré-Convocatória, ao especularem sobre a possibilidade de nenhum jogador do Benfica ser convocado.
A minha vizinha, uma senhora benfiquista, razoavelmente representativa do típico adepto fanático (deste ou de qualquer outro clube), no outro dia, disse-me que não gostava de Queiroz pois receia que ele não Chame benfiquistas para a Selecção. Ela também dizia que não gostava de Scolari, por isso… O Rui Santos não gostava de Scolari mas gosta de Queiroz, ao menos. Mas voltando à minha vizinha, de nada serviu eu lhe lembrar que o Benfica não tem assim tantos jogadores portugueses quanto isso, que o Seleccionador não vai Escolher exactamente os mesmos que Escolheu para o particular frente à China. Ela continuou a murmurar vagas ameaças contra o Professor. Já se sabe como é.
Quanto a mim, prefiro não fazer especulações. "Prognósticos, só no fim do jogo!" Mas confesso que seria giro se nenhum benfiquista fosse Chamado à Selecção menos de um dia depois de o clube lisboeta se sagrar campeão pela primeira vez em cinco anos. Embora ache que tal seja pouco provável.
A pergunta que se costuma fazer nesta altura é: Até onde acham que vamos? Acreditam que vamos ser campeões? Eu respondo assim: não faço apostas. É mais sensato ver cada jogo como uma final, tal como o Professor quer fazer, mantendo os pés assentes na Terra, dando um passo de cada vez. Mas sim, acredito que podemos vir a ser campeões. Eu acredito sempre. Sou daquelas que acredita até ao último segundo do tempo de compensação. Porque não?
De qualquer forma, enquanto escalamos a montanha, tenciono ir apreciando a paisagem. Por outras palavras, quero seguir a notícias que saem sobre a Selecção, quero escrever sobre ela neste blogue sempre que puder (não posso prometer actualizações muito regulares, mas vou tentar), viver este Mundial o mais intensamente que me seja possível, até ao último segundo do prolongamento, até ao último penálti da morte súbita, até ao último apito final.
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