quarta-feira, 29 de maio de 2013

Alimentando a chama

No próximo dia 7 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol recebe, no Estádio da Luz, a sua congénere russa, em jogo a contar para a Qualificação para o Campeonato do Mundo da modalidade, a realizar-se daqui a um ano, no Brasil. Três dias mais tarde, desloca-se a Genebra, na Suíça, para um jogo de carácter particular a propósito do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Estes serão os últimos jogos da época futebolística 2012/2013. Este ano acompanhei a temporada dos clubes, tanto portugueses como estrangeiros, mais de perto do que o habitual, sobretudo por causa da página do Facebook - chegam a passar-se semanas sem notícias sobre a Equipa de Todos Nós e não posso, nem quero, deixar a página inativa durante esse tempo todo. Além disso, interessa prestar atenção ao percurso dos jogadores portugueses nos respetivos clubes, já que isso influenciará a sua chamada à Seleção, bem como os seus desempenhos quando vestirem a camisola das Quinas.

Tal como disse a minha irmã no outro dia, foi uma época esquisita. Por vários motivos. Já aqui falei das dificuldades por que vários jogadores portugueses passaram este ano nos respetivos clubes e, em alguns casos, continuam a passar. O caso dos jogadores do Real Madrid, por exemplo. A trágica época do Sporting - a minha irmã fartou-se de sofrer este ano, coitadinha! E a desgraça recente do Benfica, que durante algum tempo pareceu ter tudo nas mãos e deixou-o escapar entre os dedos.

No que toca ao clube das águias, aquilo que mais desapontou foi a perda da Liga Europa, pois era uma equipa portuguesa numa final europeia, representando o futebol português - embora, em rigor, só haja um único jogador nacional no plantel benfiquista e nem sequer é dos mais utilizados. Foi o único jogo dos decisivos para o Benfica a que assisti e, pelo que vi, os benfiquistas jogaram melhor que o Chelsea. Acabou por ser um filme já muitas vezes visto, em diferentes circunstâncias. Isto é como diz José Mourinho, finais não são para jogar, são para ganhar. Equipa que quer levar um jogo de vencida não pode falhar tantos remates. O objetivo do futebol é marcar golos, quem não consegue fazê-lo não pode aspirar a vitórias, é tão simples quanto isso.

Julgo que não é a primeira vez que falo disto aqui no blogue. Só espero agora não ter de voltar a abordar este assunto tão cedo.





Mas a época já terminou para os clubes, tirando o campeonato espanhol, que termina no próximo fim-de-semana. Paulo Bento divulgou na segunda-feira passada os Convocados para os próximos dois jogos da Seleção. A única novidade de maior foi a Chamada de André Martins, o jovem médio do Sporting. Quem ficou muito feliz com esta Convocatória foi a minha irmãzinha sportinguista. Já quando, há pouco menos de duas semanas, íamos as duas no carro e ouvimos na rádio que o jovem médio fora incluído na pré-Convocatória, ela deu um berro:

- EU DISSE! EU DISSE! EU DISSE QUE ELE IA PARAR À SELEÇÃO! EU DISSE! - E tratava-se apenas de uma pré-Convocatória, nada nos garantia que ele seria Chamado já para estes jogos.

Sim, acho que ela sai a mim.

Quando a Convocatória lhe veio a dar razão, reagiu com menos histeria, felizmente. Limitou-se a ficar muito feliz. "Como uma mãe orgulhosa", nas palavras da mesma, apesar de ser mais nova do que ele... Mas compreendo-a. Quando tinha a idade dela, cada elogio que fizessem ao Cristiano Ronaldo equivalia a um elogio a mim.




A minha irmã diz que o André Martins será o próximo João Moutinho, o próximo formiguinha. Talvez tenha razão. O que é facto é que o jovem médio tem já longo percurso nas Seleções de formação, com 43 jogos e 4 golos - incluindo um frente à Rússia há um ano, pelos sub-21. Há quem diga que ele pode jogar logo de início contra a Rússia mas tenho as minhas dúvidas. Quanto muito entrará a meio. Estará, certamente, ansioso por mostrar o seu valor, mostrar que merece tornar-se uma opção para Paulo Bento. Só o tempo poderá dizer que o André cumprirá as promessas que tem deixado.

O Paços de Ferreira já se veio queixar de não ter nenhum jogador na lista de Convocados. A polémica ainda não estalou a sério porque os media ainda estão a explorar a desgraça do Benfica e o futuro incerto de Jorge Jesus. Mas aposto que, assim que o assunto se esgotar e, sobretudo se alguma coisa correr mal frente à Rússia (três vezes na madeira!!!), estalará. Eu, nesta, concordo que o Paços tem motivos para se queixar. Depois da época que fez e sendo a equipa do pódio da Liga Portuguesa com maior número de jogadores portugueses (acho eu), merecia atenção por parte de Paulo Bento. Mas também, para ser sincera, não estava à espera de grandes inovações nesta Convocatória. Só a Chamada de André Martins apanhou-me de surpresa. E se é verdade que a Seleção precisa de sangue novo, de alternativas, estar a criar uma equipa completamente nova para um jogo desta importância poderia dar para o torto. Haverá tempo para fazer experiências, até porque veem aí vários particulares - mais sobre isso adiante - mas, para já, é melhor apostar em jogadores que já estão habituados uns aos outros, que já deram garantias, apesar da irregularidade de alguns dos últimos jogos.




Vamos, então, jogar com a Rússia pela segunda vez nesta fase de Apuramento, desta feita em casa, num Estádio da Luz que se espera cheio. Fala-se de muitos jogadores não se encontrarem na forma ideal, alguns deles, como já referi aqui, depois de épocas menos boas. Gostei, contudo, da resposta que o Selecionador deu na Conferência: "Nunca consegui encontrar um jogo da Seleção num momento adequado." Julgo até que já o disse aqui no blogue: os jogos da Seleção nunca dão jeito, seja por entrarem em rota de colisão com os planos dos clubes, por os jogadores terem as cabeças noutro lugar ou por terem perdido ritmo competitivo.

Bem, terão de se amanhar. Tendo em conta que Portugal já perdeu os pontos que tinha para perder nesta Qualificação, não existe nenhuma escolha que não seja ganhar. Paulo Bento, Humberto Coelho e alguns jogadores já começaram com o discurso habitual, de que é-para-ganhar, discurso esse que continuará, certamente, a ser repetido por toda a gente na Seleção até ao dia do jogo. Tal como aconteceu há uns meses, antes do jogo com Israel, em que aconteceu o que se viu. O que me dá vontade de citar letras das chamadas break up songs, para dizer que estou farta de ouvir a mesma conversa de sempre e ver muito pouco dentro de campo. Falar é fácil, o que eu quero é golos, quero exibições que, ainda que não possam ser muito boas, pelo menos não tenham a mediocridade de alguns dos nossos últimos jogos. Quero vitórias. Quero passos em frente na Qualificação. Quero poder fazer planos para o Mundial 2014.




Também já começou, um pouco, o circo para chamar o Povo ao Estádio da Luz, como podem ver. Conforme já afirmei aqui no blogue uma vez, gosto deste tipo de circo, desde que não se caia em exageros. Este anúncio protagonizado por Nani ficou giro. Também gosto de outro que vi no outro dia, que ainda não encontrei no YouTube, mostrando uma mulher equipando-se para assistir ao jogo com a mesma solenidade com que se equiparia caso entrasse mesmo em campo. Afinal de contas, o próprio Selecionador afirmou, há poucas semanas, que a seleção não vende tanto como os clubes, o que explica todo o circo publicitário que costuma anteceder a participação da Equipa de Todos Nós numa fase final. E, para esta fase de Apuramento, a própria Turma das Quinas criou as condições que permitiram usar o slogan: "Cada jogo uma final". Digo apenas que seria bom se, por uma vez, pedissem uma moldura humana, obtivessem-na e agradecessem o tempo e o dinheiro dispendidos com uma vitória.

Eu e a minha irmã estivemos quase para ir ver este jogo mas não vamos poder, por vários motivos. O que me deixa infelicíssima pois não vou a um jogo da Seleção há quase seis anos, ainda não pude conhecer o Estádio da Luz e este promete ser um jogo interessante. Eu e a minha irmã vamos tentar ir ao jogo contra Israel, em outubro, no Estádio de Alvalade e, eventualmente, ao provável playoff, no Estádio da Luz. A única coisa má é que, nesses jogos, não devo poder usar a blusa que usei no A Tarde É Sua, no ano passado. Mas acho que a usarei à mesma no dia do jogo. E, se em agosto formos assistir a um treino, tornarei a usá-la.

Ou talvez não, já que o tempo não tem estado grande coisa e dizem que o verão será frio.

Já que falo nisso, esta semana a Seleção treina no Jamor, abrindo três treinos ao público. Se fosse há um ano, tentaria ir a um deles. Mas. depois de ter ido no ano passado com a minha irmã, já não quero ir sem ela, que tem aulas à hora dos treinos. De resto, o pessoal do campeonato espanhol só chega na próxima semana, jogadores como Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão e Hélder Postiga não estarão lá. É preferível irmos em agosto, quando estivermos livres das aulas e de todo o trabalho com elas relacionado.





Três dias depois de jogarmos com a Rússia, vamos à Suíça para um particular com a Croácia, na segunda-feira dia 10. Tanto quanto me lembro, é o primeiro jogo da Seleção fora de Europeus e Mundiais a realizar-se a uma segunda-feira. 

Não sei muito sobre a seleção croata. Sei que jogámos com ela em novembro de 2005 mas, antes de ver o vídeo acima, a única coisa de que me recordava desse jogo era do resultado. Como poderão ver acima, os golos foram de Petit e Pauleta, que nesta altura já ultrapassara o recorde de Eusébio.

Só agora que começo a aperceber da qualidade da Seleção entre 2004 e 2006. Uma Qualificação tranquila como mais nenhuma, nem calculadoras, com Figo (embora se tenha ausentado durante a primeira metade do Apuramento), Pauleta, Deco, Maniche, Costinha, Ricardo Carvalho e um Cristiano Ronaldo em ascensão, usando a camisola 17, desejoso de mostrar o seu valor. Até agora nenhuma Seleção foi capaz de superar essa. Quem me dera ter tido noção disso na altura.

Não estava à espera de termos este particular e o seu anúncio foi uma agradável surpresa, apesar de suspeitar que alguns dos jogadores entrarão de férias logo a seguir ao jogo com a Rússia. Para mim, jogos da Seleção nunca são de mais. Não posso, portanto, queixar-me pois, nos próximos meses, teremos uma totalidade de três particulares e, por uma vez, com adversários "decentes", em vez de seleções estilo Gabão ou Liechenstein. Não falo tanto do jogo com a Croácia, mas acredito que vitórias nestes jogos, ou mesmo apenas boas exibições, podem dar a confiança necessária para enfrentarmos a reta final da Qualificação. 




Antes disso, contudo, precisamos de vencer a Rússia. A preparação desse jogo arranca hoje, apesar de faltar mais de uma semana para o desafio. Talvez escreva outra entrada antes do jogo, mas não sei se terei tempo ou se terei assunto que o justifique. Em todo o caso, já sabem, a página do Facebook manter-se-à atualizada, como sempre. Vai saber bem ter a Seleção reunida de novo.

As circunstâncias em que disputaremos este jogo não são as ideais mas também nunca o são. E a Equipa das Quinas tem esta capacidade de perder (ou empatar) quando tem todas as condições para ganhar, bem como de ganhar quando tem todas as condições para perder. Conforme disse José Manuel Paulino no Record, "quero crer que a vontade de marcar presença no Brasil em 2014 seja mais forte que um qualquer momento menos bom de forma". Algo semelhante disse Afonso de Melo no livro A Pátria Fomos Nós, de que já falei AQUI. "Às vezes nem o talento resiste à vontade de fazer bem." Tenho sentido em vários momentos desta Qualificação que, apesar de garantirem o contrário em múltiplas declarações à Imprensa, os Marmanjos não estiveram para se chatearem em vários jogos. Contudo, tenho a certeza de que todos eles, sem exceção, querem estar no Brasil daqui a um ano. Seja por que motivo for, seja pela publicidade pessoal, pela "montra", pelo prestígio, pelos incentivos financeiros. Ou pela honra de representar o País. Se o facto de jogarem em casa, possivelmente com Inferno da Luz do lado deles, perante um adversário estimulante, obrigados a ganhar, não for suficiente para motivá-los para dar o seu melhor então, peço desculpa mas não merecem ir ao Mundial. Como diz o Menos Ais, troquem desculpas por mais empenho. À boa maneira portuguesa, desenrasquem-se!

Apesar de tudo, sinto-me entusiasmada pela proximidade destes jogos. Posso andar a ligar ao futebol de clubes mais do que é habitual mas nenhum clube me apaixona como a Seleção. E não me parece que isso alguma vez mude. Agora, tudo o que mais desejo é que a Turma das Quinas continue a alimentar o meu entusiasmo, começando por ganhar à Rússia. Na última entrada, disse que a vitória frente ao Azerbaijão pode ter sido o ponto de viragem, a faísca que nos permitira continuar a lutar. Agora cabe à Equipa de Todos Nós alimentar essa pequena chama, deixá-la crescer, para que nos sirva de catalisador, de combustível, para aquilo que falta do nosso caminho para o Brasil.
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