sábado, 19 de outubro de 2013

Portugal 3 Luxemburgo 0 - Queremos muito mais

Na passada terça-feira, dia 15 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu no Estádio de Coimbra a sua congénere luxemburguesa no último jogo de Apuramento para o Campeonato do Mundo da modalidade, que se realizará no próximo ano, no Brasil. Tal encontro terminou com uma vitória portuguesa por 3-0. Ao mesmo tempo, a Rússia empatou com o Azerbaijão. Contas feitas, os russos vencem o grupo F e Qualificam-se diretamente para o Mundial. Quanto a nós, ficamos em segundo lugar, obrigados a ir aos playoffs lutar por uma vaga no Brasil. Conheceremos o nosso adversário na próxima segunda-feira. 

 Tal como se previa, o último jogo desta fase de Qualificação foi tranquilo, equivalente a um particular para levantar a moral. A Seleção não precisou de jogar melhor do que jogou contra Israel, mas parecia jogar melhor visto que os luxemburgueses pouco conseguiam fazer para nos travar. Tivemos várias iniciativas de Varela e Hélder Postiga mas também um número exasperante de bolas perdidas. Apesar da clara inferioridade do adversário, foi necessário este ver-se reduzido a dez para nós marcarmos. Corria a meia hora de jogo. João Moutinho consegue passar a bola a Varela que, isolado, marca com facilidade. Estava aberto o marcador.



Não tivemos de esperar muito pelo segundo golo, resultante de uma jogada iniciada, uma vez mais, por João Moutinho. Não me canso de ver esta jogada, não me lembro da útima vez que vi a Turma das Quinas sincronizada com tanta perfeição. Destaque óbvio para o passe de génio de Moutinho para trás, com o calcanhar, e para o pontente remate de Nani. O momento do jogo, claramente.

Foi bom ver Nani de regresso aos golos quase um ano e meio depois do último. Ele que, no Apuramento para o Euro 2012, foi um dos melhores marcadores mas que, depois disso, até ao momento, só tinha marcado uma vez, naquele malfadado particular contra a Turquia, antes do Euro 2012. Era um dos que queria que marcasse, no jogo de terça-feira. Espero, também, que o jogador do Manchester United não fique por aqui, que volte em breve a ser um dos melhores marcadores da Seleção.


Destaque também para o cumprimento que Nani foi dar a Paulo Bento nos festejos do golo, em jeito de manifestação de apoio e agradecimento pela confiança que o técnico continua a depositar nele. Gestos deste género são sempre de louvar.

Se a primeira parte do jogo ainda foi razoável, a segunda chegou a ser uma seca em vários momentos. Estávamos a jogar contra dez amadores mas não havia maneira de enfiarmos a bola na baliza. Nesse aspeto, um dos jogadores mais exasperantes era Hugo Almeida. Eu não gosto de criticar um jogador da Seleção assim tão abertamente mas, meu Deus, o tipo não dava uma para a caixa! Toda a gente anda, agora, a falar dele como se ele fosse uma nulidade e eu sei que não é bem assim, que ele já audou várias vezes a Seleção com os seus golos, mas o seu desempenho nestes últimos dois jogos, sobretudo no de Coimbra, deixa imenso a desejar. Imenso.


Felizmente, Postiga estava lá para ensinar como se acerta na baliza - embora também pudesse tê-lo feito mais cedo. O ponta-de-lança era outro dos que queria que marcasse, que sabia que marcaria - não é por acaso que ele já é o sexto melhor marcador de sempre com a Camisola das Quinas.

Destaco, ainda, que Moutinho também assistiu este golo, que assistiu todos os golos que marcámos ao Luxemburgo nesta fase de Apuramento. Também sem surpresas aqui. O Moutinho, pura e simplesmente, não sabe jogar mal.

Foi isto o jogo. uma vitória fácil mas que esteve longe de empolgar. Podia ter sido mais expressiva, com as oportunidades que tivemos - incluindo três bolas nos eternos ferros da baliza - e a nossa óbvia superioridade. Dá a ideia, às vezes, que eles não estão para se chatear, ou então que têm medo - sendo ambas as hipóteses indignas de nós. Em todo o caso, gostei das palavras realistas de Paulo Bento, admitindo que a Seleção não foi suficientemente competente para se Qualificar em primeiro, apesar de ter capacidade para isso.



Entretanto, os nossos amigos azeris lá conseguiram empatar com a Rússia - algo que aumenta a nossa frustração pois, se tivéssemos ganho a Israel na semana passada, já estaríamos Apurados, livres de todo este drama. Mas também é aquela, bem assinalada pelos comentadores da RTP: se tivéssemos conquistado aqueles três pontos, a Rússia teria, quase de certeza, abordado o jogo de forma diferente, com menos complacência. Teria ganho e as consequências práticas seriam as mesmas. Tal como disse na última entrada, a diferença seria, sobretudo, em termos anímicos.


A minha frustração acentua-se quando olho para o lote dos já Apurados, quando vejo seleções como os Estados Unidos (onde o futebol é ainda considerado secundário), o Irão de Carlos Queiroz (Grrr!!!), a Bósnia. A Bósnia-Herzegovina que nós derrotámos nos dois últimos playoffs mas que, agora, Qualificou-se diretamente.

Ao mesmo tempo, a Dinamarca ficou já excluída do Mundial por ter sido a pior segunda classificada do conjunto europeu. Eles que nos venceram nas duas Qualificações anteriores a esta, que nos dificultaram a vida à grande e à dinamarquesa no grupo do Euro 2012. Ironias do futebol.

Em todo o caso, frustrações à parte, parabéns à Bósnia pela sua primeira Qualificação para um Mundial.

Quanto a nós, teremos de esperar pela uma da tarde da próxima segunda-feira para saber com quem disputaremos o acess ao Mundial do Brasil. Perante a possibilidade de termos de disputá-lo com a Suécia ou, sobretudo, com a França, tenho-me rido para não chorar. Pouco ajuda saber que eles também não desejam encontrar-se connosco - daria, aliás, mais jeito se estivessem confiantes, demasiado confiantes. Se fosse outra equipa "das grandes" (Inglaterra, Holanda, Itália..), poderia invocar como vantagem a nossa capacidade dde superação perante seleções deste género Mas o nosso historial com a França (só derrotas desde 1975) não tranquiliza.

Por outro lado, há sempre aquele desejo de desforra pelas três meias-finais em que o franceses foram o nosso carrasco. E poucas coisas dariam mais gozo do que fazê-lo barrando-lhes o acesso ao Mundial. Além disso, tal como a minha irmã assinalou no outro dia, se nem eles nem os suecos se apuraram diretamente, será porque não estão assim tão bem quanto isso. Pela mesma lógica, também não podemos subestimar a Islândia e a Roménia - ainda que não tenham o mesmo prestígio, se ficaram em segundo lugar nos seus grupos, se foram considerados melhores que a Dinamarca, por algum motivo será.

Por outro lado, se nos calhasse a França, com todas as dificuldades associadas, era bem feita para eles. Para ver se aprendiam a deixarem-se de desleixos na Qualificação.


O que eu quero mesmo é ir ao Mundial, seja de que modo for, vencendo quem quer que nos calhe. Não concebo a alternativa, não imagino um Mundial sem nós. Não quando há quinze anos que não falhamos um campeonato de seleções, não depois da campanha que fizemos no Euro 2012. Para o conseguirmos, não chega fazer o que fizemos durante o Apuramento. Qualquer que seja o adversário que nos sair na rifa, literalmente, para o vencermos será necessário fazer muito mais, tudo o que vem no refrão do Menos Ais. Sei o que vários de vocês dir-me-iam, que nesses momentos Portugal supera-se, eu mesma farto-me de dizê-lo - mas até quando poderemos fiar-nos nisso, até quando isso será suficiente?

Temos um mês para nos prepararmos para os playoffs, para corrigir as nossas falhas, espero. Se Deus quiser, nessa altura teremos bem menos baixas - apesar de tudo, das boas exibições de jogadores como Ricardo Costa e Antunes, acho que a ausência de titulares habituais continua a fazer mossa. Se não em termos táticos, pelo menos em termos psicológicos. Qualquer que seja o nosso adversário, mesmo com todas as desilusões recentes, com todas as dúvidas, farei por manter a fé na Seleção. Fé essa que, tal como farto de dizer, acaba sempre por ser recompensada, mais cedo ou mais tarde. Paulo Bento prometeu que Portugal tudo fará para descobrir o caminho futebolístico para o Brasil e eu acredito nele. Calhe quem calhar, eles que venham. Nós estaremos prontos.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Portugal 1 Israel 1 - Quem merece?

Na passada sexta-feira, dia 11 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu no Estádio de Alvalade a sua congénere israelita em jogo a conta para a Qualificação para o Mundial 2014. Eu estive lá e assisti ao vivo ao triste jogo que terminou com um empate a uma bola. Um triste resultado e uma triste exibição que, ainda assim, nos valeram um ponto que nos coloca praticamente nos playoffs. 

Foi o primeiro jogo da Seleção a que assisti ao vivo em mais de seis anos. Já tinha dito na última crónica que não guardava muitas boas recordações do último jogo (contra a Sérvia em setembro de 2007). No entanto, também não ficarei com grandes recordações deste. A única melhoria em relação ao último jogo, para além do ponto que nos coloca mais perto dos playoffs, foi o facto de, desta vez, ninguém ter andado aos murros dentro do campo.

Em todo o caso, ir a um jogo de futebol, em particular da Seleção, é sempre uma experiência inesquecível. Inesquecível é como quem diz... as recordações que eu tinha não faziam de todo justiça ao que é ir a um jogo da Seleção. Habituada como estava a ver o jogos pela televisão, a proximidade ao campo, aos jogadores, parecia irreal. Além de que as corres parecem ainda mais alegres - talvez seja a combinação do verde e vermelho das bandeiras, cachecóis e camisolas com os bancos de várias cores do Estádio de Alvalade. A casa estava praticamente cheia e o ambiente fantástico - incluindo uma pequena banda, com tambor e instrumentos de sopro que, ao longo do jogo, ia tocando ou músicas pimba ou o clássico "Portugal Olé!" ou, mais frequentemente, o "Cheira Bem, Cheira a Lisboa", que o público ia acompanhando com palmas e cantoria. 


Chegámos um bocadinho em cima da hora mas a tempo do hino que, naturalmente, foi um dos momentos da noite. Os nossos lugares ficavam no comprimento do campo, junto à baliza sul. Durante a primeira parte, essa baliza era ocupada por Rui Patrício. Muitos se têm queixado de aborrecimento durante o jogo - para mim, contudo, um jogo destes nunca é aborrecido por causa dos nervos. Alem de que estava no Estádio. O que sentia, portanto, era mistura de nervosismo e entusiasmo: tornava-se difícil tomar notas com as mãos a tremer, bater palmas com os dedos cruzados, gritar por Portugal sentindo o coração na garganta. Eu e a minha irmã não tínhamos olhos suficientes, ambas queríamos em simultâneo ver a bola, ver as reações de Patrício, as de Paulo Bento.

Devo dizer que, sempre que olhava, este último encontrava-se sempre no mesmo sítio: no canto superior esquerdo do rectângulo que delimitava o banco português. Por seu lado, o técnico israelita fartava-se de gesticular, de instruir os seus pupilos.


Ao longo de praticamente todo o jogo, Portugal dominava mas era exasperante a maneira como não conseguia chegar à baliza israelita. O golo português aliviou tais nervos. Infelizmente, ocorreu na baliza norte, pelo que não pudemos vê-lo como devia ser. Pouco após o grito do "GOLO!", que colocou todo o Estádio de pé, eu perguntava a todos os que me rodeavam:

- Quem é que marcou? Quem é que marcou?

O speaker do Estádio atribuiu, inicialmente, o golo a Pepe. Só vários minutos mais tarde, quando me pus a ouvir o relato radiofónico - naquela situação, o problema era o inverso do costumeiro: o relato estava atrasado em relação à imagem - é que soube que tinha sido o Ricardo Costa. Eu sempre fui um bocadinho cética em relação ao defesa do Valência mas devo admitir que ele tem tido boas exibições ultimamente, com óbvio destaque para o jogo de sexta-feira. Satisfeita por termos mais uma mais-valia.

Durante a segunda parte, desejei que marcássemos de novo em breve. Mas o maldito segundo golo nunca mais surgia. Agora reparava que os israelitas não estavam propriamente interessados em reverter a desvantagem - destaque para o guarda-redes, agora na baliza sul, que nos irritava a todos ao demorar eternidades a pôr a bola em jogo, nos pontapés de baliza. Mas nós também não tirámos proveito disso. Já estou como o Scolari, quem é o verdadeiro burro aqui? O Ronaldo estava em dia não, embora procurasse empurrar a equipa para a frente. O Nani ia-se esforçando mas sem consequências práticas. O Hugo Almeida parecia não saber jogar com os pés, só nas alturas, mas a bola nunca lhe chegava à cabeça - de uma das poucas vezes que chegou, o golo foi anulado. Nós ainda festejámos mas eu estranhei logo que ninguém fosse abraçá-lo. Só ai é que se reparou no fora-de-jogo assinalado.


Já se sabe que quem não marca , sofre, e foi isso que aconteceu. Pena é a vítima ter sido o Patrício, ele que tantas vezes tem salvo o couro nacional. Apesar da distância, eu e a minha irmã conseguimos ver o atraso de Ricardo Costa e o passe infeliz do guarda redes.

- Não! Não! Agarra! - gememos, levando as mãos à cabeça.

Mas o isreaelita não desperdiçou a oportunidade.

Teve uma certa graça ver os Marmanjos todos com a mesma postura: mãos nos quadris, a cara com que, provavelmente, todos ficámos após aquela fífia do Patrício. Não que o culpe - não me custaria elaborar uma lista de disparates, cometidos por guarda-redes e não só, que nos custaram caro. Alguns desses exemplos seriam bem recentes, até. E, conforme disse acima, nós colocámo-nos a jeito.

Devo dizer que, ainda que a reação imediata do público tenha sido uma assobiadela, ainda nem dois minutos tenham passado do golo e já estávamos, de novo, a gritar por Portugal. Como já é da praxe, os portugueses, ao verem-se aflitos, aumentaram a intensidade, a ver se recuperavam a vantagem. Como também é da praxe, acordaram tarde demais.


Em suma, foi mais um jogo parvo, um entre muitos jogos parvos com que temos sido brindados deste o Euro 2012 e até antes. Pena um deles ter calhado logo no dia em que fui ao Estádio. Não que fosse provável ser muito melhor. Já repararam que, ao longo deste Apuramento, não tivemos um único jogo em que fizéssemos uma boa exibição do princípio ao fim? Já não sei se isto é falta de talento, se é falta de atitude, qual das lacunas é a pior, se não será uma mistura de ambas. Cada coluna de opinião dá o seu diagnóstico e penso que nenhum deles está completamente errado. Não sei, sequer, se vale a pena tentar compreender, tentar descobrir qual é o problema. Ainda na véspera do jogo ouvi o comentador Jorge Baptista dizer que já acompanhava o futebol há muitos anos e continuava incapaz de prever a maneira como a Seleção encararia um jogo. Não há nada a fazer, eles são absolutamente imprevisíveis, caprichosos.

A única coisa que sei, sem dúvida, é que eles não merecem os adeptos que têm. Não me arrependo de ter ido ao jogo pois, conforme disse anteriormente, o ambiente estava fantástico - ainda que muitos digam que, noutros jogos, estive melhor. Estavam quarenta e oito mil pessoas no Estádio. Quarenta e oito mil! A larga maioria das quais terá, certamente, passado por transtornos de todos os tipos para poder estar lá. E os jogadores continuam incapazes de retribuir tal apoio, a casa cheia, os gritos de encorajamento nas piores alturas do encontro. 



Em todo o caso, ao menos ficámos com o playoff garantido. Não apaga a tristeza que foi o jogo mas a verdade é que, mesmo que tivéssemos ganho e vencêssemos o Luxemburgo amanhã, sempre seria improvável ganharmos o grupo - algo de que muitos parecem ter-se esquecido. Como se não soubéssemos há um ano que dificilmente nos Apuraríamos de outra maneira. Já o tinha dito anteriormente e este jogo confirmou-o: pela maneira como esta Qualificação se tem desenrolado, a Turma das Quinas não merece ganhar o grupo. É a velha questão de os portugueses escolherem sempre o caminho mais difícil. Talvez em termos práticos, no final, o resultado de sexta-feira não faça grande diferença. Mas, em termos anímicos, estaríamos bastante melhor agora caso tivéssemos conseguido pelo menos manter aquele 1-0.

Vou esforçar-me por me focar mais na parte prática da coisa. Se/quando (cada um escolhe a conjunção que considerar mais adequada) estivermos no Brasil, os tropeções dados no caminho serão irrelevantes, o que interessará será marcamos presença e fazermos um bom Mundial. Ainda que não tenhamos gostado do jogo de sexta, a verdade é que demos mais um passo - não tão grande como desejaríamos mas foi um passo em frente e não para trás. Continuamos na luta. Urge, no entanto, pararmos de cometer sempre os mesmos erros, aprendermos com eles.


Amanhã jogamos com o Luxemburgo. Pepe e Ronaldo, ausentes por castigo (ao menos, estes não falharão os playoffs) derão lugar, respetivamente, a Rolando e Bruma - estou particularmente ansiosa por ver este último estreando-se pela Seleção A. Penso que, pelo calibre do adversário e pelos requisitos necessários, este jogo pouco mais será que um particular. Em todo o caso, a vitória será sempre o cenário mais favorável. Já se diz que estes playoffs serão os mais duros de sempre mas eu prefiro não me preocupar demasiado com possíveis adversários antes de sabermos, de certeza absoluta, quem iremos enfrentar. Depois, logo analisaremos as nossas hipóteses.

Com tudo isto, a dívida que a Equipa de Todos Nós tem para connosco continua a crescer...

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Seis anos depois

Na próxima sexta-feira, dia 11 de Outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá a sua congénere israelita. Quatro dias mais tarde, receberá os luxemburgueses. Ambos os jogos contarão para o Apuramento para o Campeonato do Mundo, que terá lugar no Brasil, no próximo ano. O jogo com o Luxemburgo terá lugar no Estádio de Coimbra. O com Israel terá lugar no Estádio de Alvalade... e seis anos depois da minha última vez, eu estarei lá!

Já lá vamos.

Os Convocados para a última dupla jornada deste Apuramento foram revelados foram revelados na passada sexta-feira. Existem vários novidades, com destaque para as estreias de Cédric, do Sporting e André Almeida, do Benfica, ambos jovens mas já com historial nas seleções de formação. A dúvida recai em qual deles será titular, substituindo o lesionado João Pereira. Eu apostaria em Cédric, que tem sido titular no seu clube com regularidade, ao contrário de André Almeida. E, de resto, tanto a minha irmã como uma seguidora habitual da página do Facebook de apoio a este blogue têm elogiado o jogador, mesmo antes da Convocatória, tendo ficado naturalmente contentes com esta escolha. De qualquer forma, sempre haverá uma competição saudável entre os dois ao longo destes dias, a ver qual deles ganha a titularidade. Quem quer que seja o escolhido, só espero que se adapte bem à equipa e faça uma boa exibição. Porque o jogo não vai ser fácil e a nossa lista de baixas não me deixa descansada.

A essa lista juntou-se anteontem Bruno Alves. Sereno foi Chamado para o lugar dele mas não sei se este será titular, se Neto jogará no lugar de Bruno - julgo que Paulo Bento experimentou essa estratégia recentemente. Mais uma ausência que não me agrada de maneira nenhuma, não apenas por o Bruno ser uma peça importantíssima na nossa defesa, mas também porque, agora, vamos jogar com Israel amputados dos três Marmanjos que marcaram da última vez que enfrentámos os israelitas. Que, ainda por cima, incluem dois dos nossos melhores marcadores nesta Qualificação.


Entre esses três está Fábio Coentrão, cuja ausência em jogos anteriores esteve associada a dificuldades e maus resultados. E também aquele com quem ainda estou zangada por se ter excluído desnecessariamente deste jogo, impossibilitando-me de vê-lo em Alvalade. Não que esteja particularmente preocupada com a sua substituição, apesar de ele continuar a ser o nosso melhor marcador neste Apuramento - confio em Hugo Almeida e considero promissoras as Chamadas de Nélson Oliveira e Éder. No entanto, nenhum deles é Hélder Postiga, um dos meus preferidos, um dos que mais queria ver jogar sexta-feira. Entre outras coisas, queria participar numa celebração de golos que vi uma vez num dos jogos. O speaker diz o primeiro nome do marcador:

- Hélder...

E o público responde:

- POSTIGA!

- Hélder...

- POSTIGA!

Posso participar na celebração de outros marcadores mas poucos têm um apelido com esta sonoridade.


É por estas e por outras que acho que o jogo com Israel não vai ser fácil. Mas estou à espera que os Marmanjos ganhem o jogo porque, entre outros motivos, vou estar lá. O último jogo da Seleção a que assisti foi também no Estádio de Alvalade, contra a Sérvia, em setembro de 2007. Um jogo do qual não guardo muito boas recordações pois não só empatámos, comprometendo ainda mais a Qualificação para o Euro 2008, mas também, e sobretudo, pelo triste episódio da agressão de Scolari a um jogador sérvio. Tais más recordações deixaram-nos sem vontade de assistir a jogos da Seleção durante algum tempo. Tal vontade só regressou após o Euro 2012, em particular com a campanha da cadeia de supermercados patrocinadora, que oferece cinquenta por cento de desconto para compras. Estivemos para ir ao jogo com a Rússia mas não nos dava jeito, por razões variadas. Por fim, ontem de manhã comprei quatro bilhetes: para mim, para a minha mãe e para os meus irmãos.

Consta que, se vencermos Israel, o segundo lugar fica praticamente garantido. Mas ninguém esquece a possibilidade de a Rússia escorregar nos dois jogos que lhe faltam - uma possibilidade remota, visto que os russos vão jogar com o Luxemburgo e o Azerbaijão. Seria preciso os russos darem uma de... bem, de portugueses em início de Qualificação. Desleixarem-se por completo pensando que se resolverá mais cedo ou mais tarde, de não acordarem a tempo de evitarem o empate ou mesmo a derota.

Por outro lado, sabem como é o futebol. Há dois anos também era remota a hipótese de não nos Qualificarmos em primeiro. Lembram-se? "Bastava" empatarmos com a Dinamarca, talvez nem tanto pois podíamos ser os melhores segundos lugares. Na altura, esta conversa irritava-me, mesmo antes de tais teorias terem falhado redondamente. De resto, o playoff foi, depois, de tal maneira épico que compensou tudo isso. Largamente.


Há quem tenha vontade de ir aos playoffs por esse motivo. Por serem mais dois jogos oficiais da Seleção, pela esperança de que se revelem tão emocionantes como foram os de 2011. Eu também tenho essa esperança e julgo que já afirmei aqui que merecíamos mais o Apuramento direto há dois anos do que agora. No entanto, eu não negaria a tranquilidade de ficarmos já Qualificados. E os playoffs podem sempre revelar-se traiçoeiros - embora em tenha a noção de que não é do interesse de muita gente na FIFA um Mundial sem Cristiano Ronaldo, pelo que é pouco provável encontrarmos um adversário tipo a França. E daí, paradoxalmente, tal seleção poderia ser mais motivadora para os Marmanjos do que, por exemplo, a Bósnia.

Aquilo que uma parte significativa de mim sabe, sempre soube mesmo aquando daquela série de jogos infelizes no passado recente, é que Portugal estará no Brasil de uma maneira ou de outra. Já o disse aqui anteriormente. Pode ser ingenuidade mas assumo sempre que Portugal marcará presença no campeonato de seleções seguinte. Raramente questiono tal convicção e a verdade é que, até agora, não me enganei. É claro que não é uma certeza a cem por cento porque... é o futebol! No futebol não há certezas a cem por cento!

Do mesmo modo sei - e também já o disse aqui - que nenhum dos Marmanjos quer ficar de fora do Mundial; que, de resto, o improviso, o desenrascanço, são especialidades portuguesas. Já o fizeram antes e acredito que o farão de novo. Começando - ou melhor, continuando - com o jogo de sexta-feira. O que peço são três pontos - de preferência sem os sobressaltos do jogo com a Irlanda do Norte mas, se tiver de ser... Seja com uns bons 2-1, com uns convincentes 4-1, com um 1-0 arrancado a ferros ou um 3-2 em cima do minuto noventa. Quero gritar "GOLO!" em coro com o resto de Alvalade, quero sair de lá com a sensação de que o tempo e o dinheiro gastos para garantir a minha presença não serão desperdiçados. Seis anos depois, vou responder ao apelo várias vezes repetido pelos jogadores, vou estar no Estádio, vou cantar, vou celebrar, vou gritar, vou dar-lhes apoio e puxar por eles, num jogo difícil. Em troca, o apelo que faço é o seguinte: não me desiludam.
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