quarta-feira, 2 de setembro de 2009

"Vem aí o sprint final"

No próximo Sábado, dia 5 de Setembro, pelas 19h, hora de Lisboa, a Selecção Portuguesa defrontará a sua congénere dinamarquesa, em jogo de qualificação para o Campeonato do Mundo a realizar em 2010 na África do Sul. Na Quarta-feira seguinte, dia 9 de Setembro, a hora desconhecida (pelo menos da minha parte), a Selecção Nacional defrontará a húngara, também em jogo de qualificação para o Mundial. Ests duas partidas serão as primeiras duas finais de uma série de quatro em que se decidirá se Portugal se qualificará para o Mundial, se terá de ir aos play-offs, ou se ficará a ver o Mundial pela televisão. Por outras palavras, como disse Queiroz, "vêm aí o sprint final".



No fim-de-semana passado, Carlos Queiroz, o Seleccionador Nacional, concedeu uma entrevista à estação de rádio Antena 1 e ao Jornal Record. Eu não tive oportunidade de ouvir na rádio nem de ler no jornal, mas encontrei o vídeo da entrevista na Internet. Eis o link para quem quiser ouvir a entrevista na íntegra: http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Entrevista-a-Carlos-Queiroz-completa.rtp&article=275123&visual=16&layout=55&tm=44 Quando vi a duração da entrevista, assustei-me: demorava mais ou menos uma hora. Sorte que eu estou de férias, logo, consegui aranjar tempo para ouvir. Se estivesse em aulas duvido que arranjasse uma hora para ouvir uma entrevista. Com um bocado de sorte, limitar-me-ia a lê-la no jornal.



Gostei bastante de ouvir o Professor a falar. Também gostava de ouvir Scolari, com o seu sotaque gaúcho, o seu humor variável que tem o seu quê de cómico (estou a lembrar-me da célebre conferência do "E o burro sou eu?" e de outra, na altura do Europeu, em que resolveu responder às perguntas dos jornalistas só com "Sim" e "Não" e em que tinha de ouvir as traduções das perguntas dos jornalistas ingleses), algumas expressões engraçadas que ele usa. Tenho algumas saudades de o ouvir. Queiroz tem um estilo diferente, uma voz agradável, fala bem, dá gosto ouvi-lo.



Um dos temas mais discutidos durante a entrevista foi a tão falada Chamada de Liedson, recém-naturalizado português. Carlos Queiroz não alimentou as polémicas, disse que Convocou o luso-brasileiro porque, em primeiro lugar, é oficialmente português, em segundo lugar, o eterno problema da falta de pontas-de-lança (e, ainda por cima, Hugo Almeida está lesionado). Além disso, Liedson já joga cá há muitos anos, há algum tempo que manifestou ter vontade de representar a Selecção Portuguesa. "Dá jeito" nesta altura do campeonato e pode ajudar-nos. Ponto final. Admite que o assunto "Vai dar jeito aí a uma certa malta para se enterter com essas coisas", mas não quer saber.



Eu ainda estou dividida, ainda não sei se aprovo ou não a Chamada de Liedson. Tenho medo que se abuse das Convocatórias de portugueses neutralizados, que se perque a noção de Selecção Nacional. Contudo, por outro lado, os brasileiros são nossos irmãos, é diferente de convocar um francês neutralizado português (como se houvesse algum francês não luso-descendente interessado em ser português...). Além disso, como a minha mãe se costuma queixar de que "os brasileiros estão a invadir tudo", é cada vez menos provável que o empregado a quem pedimos o café não tenha sotaque brasileiro, a Selecção até reflecte o que está acontecer no país. Não que eu tenha algum problema com o número de imigrantes vindos do Brasil a viverem em Portugal, até porque entre esses imigrantes está um amigo meu.



E, se virmos bem as coisas, o caso não difere muito dos dos jogadores que nasceram nas antigas colónias portuguesas mas que há muito que são portugueses. Estou a pensar no Nani, que nasceu em Cabo Verde, e cresceu cá, mas há imensos outros casos. E, de resto, o Eusébio, o nosso Pantera Negra, nasceu na Angola ou em Moçambique (não sei em qual), no tempo em que ainda eram colónias portuguesas. A única diferença entre Nani e Liedson, é que este último só veio há uns anos para Portugal. Se os nossos antepassados, do século XIV e XV não tivessem tido a grande ideia de ver o que havia no outro lado do mar, se não fosse o Infante D. Henrique, o Vasco da Gama, o Diogo Cão, o Pedro Álvares Cabral e companhia, não tínhamos pelo menos metade dos actuais jogadores portugueses.



Na prática, o que mais me preocupa é a pressão que estão a pôr em Liedson, o pouco tempo de que dispõe para se adaptar à equipa. A eterna desculpa, perdão, razão que se invoca para justificar o desempenho de Ronaldo na Selecção, bastante inferior ao antigo desempenho no Manchester United.



Em relação ao facto de o Ronaldo se ter "baldado" ao jogo com o Liechenstein, Queiroz explicou que a confusão toda se deveu a "mal-entendidos" e "falhas de comunicação" e que isso ficou claro para a maioria das pessoas, mas há sempre gente que se aproveita destas coisas para gerar intrigas, "conversas de escárnio e mal-dizer". Quando o jornalista se "esticou", quando afirmou que acompanhara a Selecção na deslocação ao Liechenstein e que não percebia como ocorrera a comunicação de que o Ronaldo não jogava, o Professor mandou uma indirecta criticando o desrespeito pela privacidade das pessoas. Pode haver quem interprete isso dizendo que o Seleccionador tem algo a esconder, mas o Professor está no seu direito em manter as suas conversas com os jogadores privadas. Queiroz afirmou ainda que nunca duvidou das desculpas, perdão, dos motivos apresentados para a ausência de Ronaldo, porém, questionou-se se o Real Madrid teria feito tudo para que o Cristiano pudesse vir jogar. "Eu não poria as mãos no fogo", disse ele. Eu também tenho as minhas dúvidas, mas como não passava de um particular, ainda por cima frente ao Liechenstein, acho desnecessário fazer uma tempestade num copo de água.



De resto, Queiroz afirmou mesmo que "Isto não é acerca do Cristiano, isto não é acerca do Carlos Queiroz, isto não é acerca do Liedson, é acerca de Portugal se classificar para o Campeonato do Mundo". Acrescenta ainda que se acha obrigado a "estimular esse sentido de responsabilidade em todas as pessoas, dos adeptos, dos jogadores, para que todos nós estejamos concentrados nesse grande objectivo". É a única coisa que interessa neste momento. Mais tarde, discutirá outros temas que considera importantes, mas agora não.



Esta frase fez-me lembrar o verso de uma música dos Nickelback, "Someday". "Someday, somehow, we're gonna make it alright but not right now" (Um dia, de alguma forma, pomos isto bem mas não agora).



Passando, então, ao que interessa, os jornalistas começaram a perguntar-lhe sobre as tácticas. No início, Queiroz tinha medo de revelar demasiado, o que motivou um gracejo dos entrevistadores, referindo que era pouco provável que os dinamarqueses o ouvissem. Eu não arriscaria... Como não percebo muito desta matéria, acho melhor não falar sobre isso, ou ainda digo algum disparate.



O Professor revelou que o seu grande objectivo é tornar a nossa Selecção Campeã do Mundo, que fará tudo, que levantará "pedra por pedra". Pode demorar "um ano, dois anos, seis anos", dez anos, vinte anos, quarenta anos. Acredita que seremos melhores que a Dinamarca, falou mais uma vez em "vontade ilimitada". O nosso primeiro jogo com a Dinarmarca foi provavelmente um dos melhores desta fase de qualificação mas perdemos por detalhes, por "erros individuais". Tanto ele como os entrevistadores concordaram que hoje a Selecção está melhor que há um ano atrás. Queiroz chegou mesmo a usar uma comparação engraçada - afirmou que o Bolt, nos Mundiais de Atletismo partiu em quarto, fez uma má partida, e acabou por bater o recorde. Portugal também teve uma má partida, mas ainda pode ganhar esta guerra. E eu também ainda acredito que pode.



Foi basicamente isto que eu achei relevante desta entrevista. No fundo, não tem dito nada que não tivesse dito anteriormente mas os resultados nem sempre têm correspodido às expectativas. Contudo, não é hora de relembrar batalhas perdidas. Queiroz deixou por fim uma mensagem de união em torno da Selecção que eu também deixo. Eu sei que não era aqui que queríamos estar nesta altura do campeonato há um ano atrás. Eu sei que houve uma altura em que a Selecção não nos desiludia tanto como tem desiludido ao longo do último ano. Eu sei que muitos de nós já não têm forças para acreditar como acreditaram antes. Mas o pessimismo nunca fez ninguém qualificar-se. É nosso dever como adeptos dar todo o apoio que pudermos. E é isso que tenciono fazer.



P.S. Descobri agora que, aparentemente, os dinamarqueses estão com nove jogadores indisponíveis por lesão ou por castigo. Eh, eh, a sorte está de novo connosco. É aproveitar!

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