quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Depois de uma derrota e de uma vitória

Era para ter escrito antes do jogo contra a Hungria mas não tive tempo.


Saímos desta jornada dupla com uma derrota frente à Dinamarca, uma vitória frente à Hungria, treze pontos (menos dois que a Suécia e menos cinco que a Dinamarca), sem a possibilidade de nos qualificarmos sozinhos, uma calculadora numa mão e o terço na outra.

O jogo contra a Dinamarca foi de emoções fortes, impróprio para cardíacos. A Selecção Nacional entrou com força, com uma exibição excelente mas incapaz de enfiar o raio da bola no raio da baliza. A exibição da Selecção entusiasmou-me mas os golos falhados enervaram-me. O guarda-redes dinamarquês agarrava-as todas, chegou a uma altura em que já sentia cá um ódio ao pobre homem que só estava a fazer o seu trabalho.

Depois do golo dinamarquês, no final da primeira parte, foi o descalabro. O ritmo português manteve-se mais ou menos, mas o meu entusiasmo tinha sofrido um certo abalo. Pior do que noutros jogos desta qualificação, pois uma coisa é um empate, outra coisa é uma derrota. Havia alturas, sobretudo depois de falharmos mais um remate em que já escondia o rosto nas almofadas. O meu coração ia a duzentos à hora, sentia-o no peito, na carótida e em sítios em que não sabia que existiam artérias em que era possível sentir a pulsação. De vez em quando mordia o meu boné branco da Selecção. Só me faltou rezar mas como nuca rezo nem vou à missa, seria uma autêntica hipocrisia fazê-lo naquele momento. Chegou a uma certa altura em que eu já nem queria saber, em que agradeci o facto de precisarem da minha ajuda para não ter de ver o jogo por alguns minutos.

As coisas alteraram-se um bocadinho aos 86 minutos com o golo de Liedson. Tive esperança de conseguirmos reverter a situação. Afinal de contas tínhamos conseguido ganhar o jogo contra a Albânia já em tempo de compensação. Passei os últimos minutos do jogo com um olho no que os jogadores faziam e outro no relógio, mas não deu em nada.

No fim, tinha os dedos doridos de ter feito figas durante quase todo o encontro. A primeira reacção que tive foi de que o resultado podia ser pior - visto que passei uma boa parte do jogo com medo de perdermos, o empate sempre era um mal menor. O pior é que agora não dependemos só de nós próprios para nos qualificarmos. Ao lembrar-me daquilo que tinha escrito cá no blogue na véspera do jogo senti-me humilhada. "Estive ali a defender os marmanjos, a demonstrar a minha total confiança neles, até com uma certa dose de arrogância e eles empatam... Não devia ter já aprendido a lição?". Era frustrante. Jogámos melhor do que os dinamarqueses mas não os conseguimos vencer. Na televisão comentaram que "Portugal joga e a Dinamarca marca". O meu pai adaptou a frase para "Portugal joga e a Dina marca".

Confesso que a minha fé, o meu entusiasmo, sofreu um horrível abalo, tão grande que nos dias seguintes nem me esforcei muito para arranjar tempo para escrever no blogue. Pelo menos não tanto como me esforcei na semana passada, antes do jogo com a Dinamarca, em que não me importava de ficar a pé até altas horas para actualizar o blogue. Fui cobarde. Por outro lado, encarei o jogo contra a Hungria com bastante mais calma embora sem indiferença. Já não havia muito a perder...

Tenho a sensação de que a sorte pode ter mudado ontem, mas também o achava na altura do jogo frente à Albânia, já não ponho as mãos no fogo. Contudo, marcarmos ao minuto nove, no dia nove, do nove, do nove é uma grande coincidência. Eu normalmente não sou supresticiosa, mas com a Selecção acredito um bocado na sorte e no azar. Há coisa de três anos, entre o Euro 2004 e o Mundial 2006 cheguei a ter uma t-shirt da sorte. Tudo começou com o Portugal-Espanha. Visto ser uma t-shirt verde-alface, era suposto eu tê-la usado com um par de calções vermelhos, para ficar como a bandeira nacional. Como já referi aqui, eu fui assistir ao jogo ao Estádio de Alvalade, mas como dava frio, troquei os calções por calças de ganga. Se bem se lembram, ganhámos. No dia do jogo com a Inglaterra, por mera coincidência, voltei a usar a t-shirt com calças de ganga e ganhámos. Foi aí que comecei a pensar que aquilo dava sorte. Repeti a indumentária no dia do jogo com a Holanda. Ganhámos. Quis repetir a indumentária no dia da final, mas a minha mãe insistiu que eu usasse os calções vermelhos. Perdemos. O ritual manteve-se durante dois anos, até qque quando perdemos com a França e com a Alemanha no Mundial, decidi que a camisola já não dava sorte.

Apesar de tudo nunca deixei de ter pequenos rituais, como usar as meias e o boné da Selecção, vestir-me um pouco melhor em dias de jogo, lavar o cabelo... Era mais por ser um dia feliz do que por sorte. A proximidade de jogos da Selecção faz-me feliz.

Mas voltando ao jogo contra a Hungria, estava bastante mais calma do que com o jogo contra a Dinamarca, embora não deixasse de dar uns gritos de "Agarra a bola!" ou "Tirem a bola daí!" de vez em quando (embora, confesso-o, fosse mais para irritar a minha irmã do que por ansiedade). E embora o jogo estivesse longe de ser empolgante, de emoções fortes como Queiroz prometera, ganhámos. Muita gente queixou-se de que "eles não jogaram nada", "eles não mereciam ganhar", o que eu acho uma enorme hipocrisia, pois provavelmente, são as mesmas pessoas que se queixaram do empate frente à Dinamarca em que nós jogámos de forma brilhante. Eu também gostei mais do resultado do que da exibição mas já estava farta de gostar mais da exibição do que do resultado.

Pois é, as coisas estão complicadas, eu já não acredito como antes acreditava, mas, como tenho dito quando comento a qualificação com outras pessoas, eu acredito em milagres. Pelo que ouvi falar, temos de ganhar os dois próximos jogos e de esperar que a Suécia perca frente à Dinamarca. Eu vou contiuar a apoiar, pois, como já referi aqui, o pessimismo nunca levou ninguém a lado nenhum. Espero que se juntem a mim.

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