sexta-feira, 3 de junho de 2011

Tudo o que é preciso

A Selecção Portuguesa de Futebol tem andado a preparar o confronto com a sua congénere norueguesa - que se realiza amanhã, às 21h, no Estádio da Luz, com transmissão televisiva a cargo da RTP - há cerca de semana e meia mas só na Terça-feira passada é que o grupo ficou completo, depois de Nani, Bruno Alves, Danny e Paulo Machado se terem juntado aos colegas.

O Nani vinha em baixo por causa da derrota do Manchester United na final da Liga dos Campeões mas, segundo dizem, recuperou a boa disposição entre os companheiros da Equipa de Todos Nós. Apenas mais um exemplo do companheirismo que - todos o garantem - reina na Selecção. Eu agora fico sempre com um pé atrás quando me dizem estas coisas. Também o diziam no tempo de Carlos Queiroz e, mais tarde, veio a saber-se que não era bem assim... De qualquer forma, recentemente pude vê-lo com os meus próprios olhos e não notei nada de errado. Conforme já descrevi na entrada anterior, o ambiente parece positivo. Não parece haver motivos para preocupações.

Estava a contar ter oportunidade para publicar umas quantas entradas ao longo deste estágio invulgarmente longo, mas não tenho tido grande assunto sobre que escrever. Mas tenho procurado! Todos os dias folheio os jornais no meu café preferido, consulto as notícias na Internet, cheguei mesmo a ver a entrevista que Paulo Bento deu à RTP no domingo passado. Dou-me ao trabalho de, literalmente, copiar para o caderno onde faço os rascunhos para as entradas do blogue as declarações dos jogadores, na esperança de que alguma frase deles motive um texto jeitoso. Sem sorte.

Todos eles, jogadores e treinador, dão a entender que tudo corre bem no seio da Equipa de Todos Nós. "As coisas voltaram à normalidade e ao bom caminho... [Vitória no Sábado e consequente primeiro lugar] é meio caminho andado para o apuramento... Estamos na máxima força... Todo o grupo está motivado para alcançar os seus objectivos... Dependemos de nós próprios e não queremos desperdiçar essa vantagem... Há que vencer o jogo com a Noruega para irmos de férias descansados... Temos um enorme respeito por uma equipa com quem perdemos na primeira volta e conhecemos bem  a [sua] força e o [seu] jogo mais físico (...) Mas não temos medo...  Se jogarmos ao nosso nível temos grandes hipóteses de ganhar... [A Selecção] dá tudo pelos adeptos... Precisamos deles neste momento tão importante... Todos afinam pelo mesmo diapasão, usam palavreado diferente para transmitir a mesmíssima mensagem, sem nunca se desviarem do politicamente correcto.

Não me interpretem mal. Eu sei que isto significa que eles estão em sintonia, unidos, confiantes, motivados, concentrados (ou, pelo menos, tencionam transmitir essa imagem). Isso é bom. Muito melhor do que no Verão passado, em que ninguém se entendia e a Selecção ia-se desintegrando.  Mas também é uma seca. É uma seca porque, assim, não tenho nada de novo para escrever no blogue. Carlos Queiroz não era uma figura consensual na Opinião Pública. Nessa altura, tinha sempre oportunidade de ir contra tudo e contra todos ao exprimir o meu apoio, a minha fidelidade, a minha fé, e de estimular os outros a fazerem o mesmo. Mas agora que o povo está de bem com a Selecção, não há nada de novo a dizer.

É nestas alturas que compreendo por que é que a Comunicação Social gosta tanto de polémicas. Por que é que, tantas vezes, espicaça os protagonistas, encoraja guerras de palavras, inventa casos. A falta de assunto chega a ser desesperante até para mim, que não passo de uma blogueira ocasional, que só publica duas ou três entradas de tantas em tantas semanas!

É nestas alturas que quase desejo uma declaração mais para o controverso, por exemplo, umas ameaças com as que os nossos "amigos" dinamarqueses gostam de fazer quando jogam connosco. Mas nunca desceria ao nível de provocar situações destas, como fazem os media. Uma coisa é compreender os motivos por que o fazem. Outra coisa, muito diferente, é concordar com o que fazem.

As declarações que vêm do outro lado, tanto quanto sei, têm sido tudo menos provocadoras. Aliás, o seleccionador norueguês, Egil Olsen, chegou a afirmar que considera-nos a melhor Selecção do Mundo por termos goleado a campeã Mundial. Não digo que sejamos os melhores mas já provámos que podemos enfrentar como iguais algumas das melhores selecções do Mundo. É por estas e por outras que, para o jogo de amanhã, somos claros favoritos. Nesta altura do campeonato, ninguém acredita que falharemos o apuramento. Há dois anos era ao contrário...

Mas considero perigosa esta filosofia. Já vi que chegue para não alinhar em vencedores antecipados. A Noruega tem alinhado o seu físico à experiência, pode ser um adversário à altura e já nos venceu nesta fase de qualificação. É certo que as circunstâncias eram tremendamente desfavoráveis mas serviu para provar que, mais uma vez, no futebol não há impossíveis.

A vitória, aliás, pode não ser suficiente para o primeiro lugar. Precisamos de marcar golos para ultrapassarmos a Noruega na tabela classificativa. Nesse aspecto, os noruegueses partem com uma vantagem relativa pois, para se manterem no topo, basta marcarem e perderem pela margem mínima, amanhã.

De qualquer forma, não acredito que tal aconteça. Temos uma defesa sólida, com um guarda-redes competente que de certeza não voltará a cometer o erro humilhante que nos fez sofrer um golo e sair de Oslo derrotados. Temos vários jogadores capazes de marcar golos, incluindo dois pontas-de-lança com potencial para serem titulares e um que marcou quarenta golos na liga onde compete e afirma que "a mira está boa para um golinho".

Outra das nossas armas será o factor casa. Jogadores e treinador têm feito variados apelos ao longo do estágio, estimulando o povo a ir assistir ao jogo. Temos como dois exemplos, os seguintes vídeos:




Por acaso, estava com medo que as pessoas não fossem por ser demasiado caro. O próprio Amândio de Carvalho admitiu que os preços dos bilhetes deviam ser revistos tendo em conta as actuais condições económicas. Mas parece que o pessoal anda a responder ao apelo e que os bilhetes se encontram em via de se esgotarem. Álvaro Albino, responsável federativo, chegou a afirmar:

- A certa altura, o público desligou-se um pouco da Selecção, mas aos poucos tem vindo a ser reconquistado. Estamos a voltar à fase em que há um apoio massivo à Selecção Nacional e isso vai certamente reflectir-se neste jogo.

Em momentos como este, é claro que toda a gente se reúne em torno da Selecção, manifesta o seu apoio. Grande coisa! Não são nestes momentos que se descobrem os verdadeiros adeptos... Mas não quero falar disto, não hoje. É sempre preferível quando a Selecção é verdadeiramente a Equipa de Todos Nós, quando o estádio enche e dá condições para ser criado o mítico Inferno da Luz, para intimidar os noruegueses. E, de qualquer forma, tal como afirmei na semana passada, com ou sem verdadeiros adeptos, quando a Turma das Quinas ganha, a alegria é geral, unânime, democrática, sem amarguras clubísticas.

O jogo é já amanhã. Já começo a sentir o típico entusiasmo que precede os encontros da Selecção Nacional. Como podem ver, temos tudo o que é preciso para fazermos um grande desafio, para vencermos os noruegueses. E apesar do que disse acima, apesar de ter sido feito um apelo à humildade, não resisto a concluir esta entrada com uma dose "saudável" de arrogância, repetindo o que disse aos nossos adversários, há uma semana: we're gonna kick their asses! E acrescento: vamos demolhá-los e ultracongelá-los, como fazemos aos bacalhaus que lhes compramos! Vamos vingar a derrota de Oslo! Vamos dar mais um passo a caminho do Europeu 2012, a realizar dentro de um ano na Polónia e na Ucrânia! Vamos provar-lhes que eles têm razão: que nós somos a melhor Selecção do Mundo!

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