sexta-feira, 4 de julho de 2008

Última Entrada - Até ao Mundial!


Era para ter escrito mais cedo mas não tive tempo.
No Domingo passado, a Espanha venceu a Alemanha na final, sagrando-se Campeã da Europa e o Euro 2008 terminou oficialmente. Fiquei satisfeita, sobretudo por não ter sido a Alemanha a ganhar. E, ao fim e ao cabo, nuestros hermanos mereceram o título.
No geral até foi um Europeu bastante interessante, cheio de surpresas. A maior de todas foi a eliminação da Holanda nos quartos-de-final. A Holanda, que depois das goladas aos finalistas do último Mundial era candidata a campeã. Acabaram por ter uma queda maior do que a nossa aos pés da Rússia, uma adversária teoricamente mais fraca.
O desempenho desta última, bem como da Turquia, foi outra das surpresas, de resto. Tive pena que nenhuma delas tenha chegado à final. Os pobres dos turcos tiveram o mesmo azar que nós tivémos: jogaram melhor que os alemães, só que estes remataram sete vezes e marcaram três golos! Em todo o caso, ninguém esperava que chegassem tão longe, portanto, tanto os russos como os turcos estão de parabéns. E a Espanha também. E a Alemanha... não, o meu fair-play não chega para tanto.

Entretanto, nós por cá há já algum tempo voltámos ao mundo real. As bandeiras vão aos poucos desaparecendo das janelas, o Euro 2008 deixou de ocupar as capas dos jornais e a primeira meia hora dos noticiários, confinando-se ao espaço usual dos assuntos desportivos, as nossas vidas regressam à melancólica rotina de antes.
Já houve tempo para discutir de quem foi a culpa do desempenho abaixo das expectativas da Selecção Nacional e, como seria de esperar, a vítima principal é o Seleccio... perdão, o ex-Seleccionador, sobretudo com a saída para o Chelsea metida ao barulho. Muito pessoal, como por exemplo o Rui Santos (não gosto nada deste sujeito...) dizem que o Scolari não fez absolutamente nada de palpável, não nos deu títulos, nas horas H falhou sempre...
Estes comentários irritam-me solenemente. Como se outros seleccionadores anteriores a ele nos tivessem ganho alguma coisa... Só mostra arrogância e falta de gratidão. Concordo que as nossas derrotas nas fases finais foram um autêntico balde de água fria, se tivesse sido durante a qualificação ou na fase de grupos não doía tanto - quanto maior a subida, maior a queda. Contudo, apesar de não termos ganho nada na prática, Luiz Felipe Scolari foi um dos responsáveis pela projecção da nossa Selecção no Mundo, pelo respeito que as outras selecções passaram a ter para connosco, pela união nunca antes vista dos portugueses em torno da nossa Selecção, por nos dar um motivo, um mísero e fútil motivo que seja para sentirmos uma ponta de orgulho no nosso miserável país. Esse mérito nem o Rui Santos nem ninguém lhe pode tirar.
Também há quem ache que o Scolari já devia ter sido despedido há muito, depois do célebre soco ao Dragutinovic no fim do Portugal-Sérvia. Confesso que este triste episódio me irritou. Já sabem que fui assistir a este jogo ao estádio. Das bancadas dava para perceber que havia batatada, mas não dava para perceber quem estava envolvido. Lembro-me de gritar "Parem!", mas de nada serviu. Quando saí do estádio, vinha quase a chorar. Tanto por causa do resultado como da pancadaria. Episódios como estes, só arruinam a nossa imagem, prefiro sermos derrotados mas sairmos de cabeça erguida e um mínimo de dignidade. E o Scolari já tem idade para se controlar!
No entanto, na minha opinião, despedi-lo não ia ajudar a Selecção em nada, só ia piorar a situação. Depois daqueles dois empates em casa, a qualificação equilibrava-se num trapézio sem rede (ninguém estava à espera que isso acontecesse), os jogadores não teriam tempo de se adaptarem ao estilo do potencial novo seleccionador, corríamos o risco de ficar a ver o Euro 2008 pela televisão.
Além disso, o Scolari foi devidamente castigado, aquilo não passou de um ataque isolado de mau génio quando o homem estava com os nervos em franja, ele nem sequer acertou no tipo. Lamentável, a não repetir, mas não vale a pena repisar isso. Eu já o perdoei.
Só lamento, e muito, o anúncio da contratação pelo Chelsea com um péssimo timing. Há quem diga que foi isso que desnorteou os jogadores mas eu duvido. Acho que os marmanjos são suficientemente maduros para não se deixarem afectar. Por outro lado, são capazes de ter alguma razão.
Ainda lamento mais o facto de ele nos ter traído por nove milhõs de euros, ou lá quanto lhe vão pagar. Dizia ele que adorava o nosso país, que a família tinha a vida toda cá, blá, blá, blá, mas tudo isso deixou de ser problmema quando o outro pôs milhões em cima da mesa... É claro que isto somos nós a especular. Nenhum de nós sabe ao certo porque é que ele se vai embora, podem haver outras razões para além desta - espero bem que haja!!!!!
Acho que ele deve estar um bocado magoado e farto do pessoal que lhe dedica um ódio de estimação, de alguma falta de gratidão, da falta de apoio durante a cena do soco. Isso ficou bem patente durante a célebre conferência de imprenda do "E o burro sou eu?!".
Aproveito para dizer que, na altura, quando soube do sucedido, a minha primera reacção foi achar que ele estava no seu direito ao abandonar a Sala de Imprensa. A liberdade de expressão inclui o direito ao silêncio, acho eu. E ele até tinha alguma razão no que disse. Agora acho que o Scolari podia ter tido um pouco mais de paciência, até porque os jornalistas só estavam a fazer o seu trabalho. Por outro lado, quando revejo a conferência, farto-me de rir, e não é só por causa do "E o burro sou eu?!". O homem tem uma maneira engraçada de falar, mesmo quando está zangado. Vai ser das coisas de que mais vou ter saudades depois de ele se ir embora.
Entretanto, ele ainda mal chegou ao Chelsea e já começou a implicar com os jornalistas. Não quer que lhe chamem Big Phil. "O meu nome é Felipe". Isto começa bem... Eu acho que ele está a ser casmurro, não vejo mal nenhum em Big Phil. Mas já sabem como é o Scolari... e os ingleses fazem bem em descobri. Isto promete...
Fiz uma aposta com a minha mãe. Ela acha que o Scolari não dura mais do que uma época no Chelsea. Diz que não está habituado a treinar clubes, que não se vai entender com os jornalistas por causa do seu mau feitio. Eu não acho, dou-lhe o benefício da dúvida.
Os ingleses, esses, também apostam, mas é em quem irá o Scolari dar um soco. Eu não conheço assim tão bem a malta do futebol inglês, senão também apostava. Gostava era de ver se os adeptos se vão por a cantar "Luiz Felipe Scolari! Luiz Felipe Scolari!", com uma caneca de cerveja vazia em punho, como faziam com o Mourinho...
A ver como Scolari se dá em terras de Sua Majestade. Mudemos de assunto.
Como já vem sendo tradicional, as críticas ao Ricardo são aos milhares. Chamaram-lhe frango e todos criticaram a sua titularidade constante. O cúmulo foi quando no outro dia os meus irmãos na praia pediram-me para jogar com eles ao "burro" mas em vez das letras da palavra "burro", quiseram usar as letras de "Ricardo". Sem comentários...
Cá para mim, podem dizer o que quiserem mas nós devemos muito ao Ricardo. Eu nunca me vou esquecer dos penálties de Inglaterra. Quando quer, o Ricardo consegue ser um guarda-redes do outro mundo, deve ser por isso que o Scolari confiava tanto nele. Só é pena mesmo que ele dê uma de frango mais vezes do que o ideal.
Além disso, quase ninguém se lembrou que não havia melhor alternativa. O Quim, que estava a tornar-se num sério candidato à titularidade, lesionou-se. O Rui Patrício é um puto. O Nuno Espírito Santo é suplente no Porto, se não me engano... Ao menos o Ricardo tinha a vantagem da experiência em fases finais. Eu sei que outro guarda-redes talvez defendesse aqueles golos, mas enfim...
Também se falou muito do Ronaldo, o suposto melhor do Mundo, mas que não o provou durante o Europeu. Muita gente se queixa que ele nunca dá o seu melhor na Selecção, se ele jogasse como joga no Manchester... Eu concordo com a generalidade dessas críticas. Talvez seja por estar numa equipa diferente, a verdade é que o Ronaldo da Selecção não passa de uma sombra do Ronaldo do United. Lembro-me de ouvir muitas vezes os comentadores a dizer que ele é candidato a melhor do Mundo, blá, blá, blá, mas eu digo para mim mesma:
- Não se vê nada...
Acho que pode ter sido por causa disso que ele só ficou como terceiro melhor do Mundo no ano passado, mas isto são só especulações minhas. E agora, com a exibição aquém das expectativas neste Europeu pode ser que também ainda não seja desta...
Há quem diga que foi a disputa entre o Real Madrid e o Manchester United pelo passe dele que o desnorteou. Já se escreveram muitas linhas sobre o assunto e eu, para não destoar, vou escrever mais meia dúzia delas aqui no blogue.
Antes de mais nada, devo dizer que desde que comecei a interessar-me por futebol, sempre me baralhou um bocado o mercado de transferências de jogadores, comprar um jogador, vender um jogador, etc. Faz lembrar um bocado o tráfico de escravos, só que com uma diferença: nestes casos, os escravos são pagos (e bem!) e em vez de serem maltratados muitas vezes são venerados como se fossem deuses (o Ronaldo é um óbvio exemplo disso).
Agora especificando, há quem diga que o Ronaldo quer dar de frosques do Manchester e ir para o Real, há quem garanta que ele fica em Inglaterra. No início desta novela, eu achava que ele ficava, porque, salvo erro, ele tem contrato até 2010. Agora já não faço a mínima ideia. Acho indecente a pressão psicológica que alguns jogadores ingleses (não me lembro dos nomes) têm feito sobre ele, e também irritou o constante assédio dos jornalistas espanhóis durante o Europeu. A coisa complicou-se quando veio à baila que o Scolari teria insistido com o Ronaldo para que ele fosse para o Real (ainda não chegou a Inglaterra, e já andam os ingleses a arranjar motivos para o odiarem...). O Manchester também podia ter uma ponta de tolerância em vez de recusar toda e qualquer hipótese de negociação.
A ver como é que isto acaba.
Talvez se o Carlos Queiroz vier para a Selecção consiga pôr o Ronaldo a jogar como joga no Manchester, já que o conhece um pouco melhor.
O meu blogue termina aqui. Não definitivamente da maneira que eu o queria terminar, nem de longe, nem de perto. Queria que a Selecção tivesse chegado mais longe, bem mais longe. Em todo o caso, já o disse e repito-o, orgulho-me da atitude da Selecção Nacional durante o Euro 2008, especialmente durante o jogo frente à Alemanha. É claro que quando comparamos com o Euro 2004 e o Mundial 2006 fica aquela sensação de pouco...
Um dia tudo será diferente. Havemos de conseguir chegar à final de um Campeonato da Europa ou do Mundo e trazer a Taça para Portugal. Pode ser já daqui a dois anos, daqui a quatro, dez, vinte ou quarenta. Pode ser que nessa altura, nós, que agora somos jovens e saudáveis, sejamos já velhos decrépitos, com um Alzheimer avançado, fechados na casa de repouso, reclamando com cinquenta anos de atraso do anúncio da contratação de Solari fora de horas. Mas o maldito dia há de chegar, que diabo! E quando esse dia chegar, a festa vai ser maior do que nunca!
Ainda não estou bem nessa fase mas daqui a uns tempos vou sentir imensas saudades da época pré-Euro 2008 e Euro 2008 propriamente dito. De ver as bandeirinhas nas janelas e não só, de ver os programas especiais dedicados à Selecção, de escrever no blogue... A qualificação para o Mundial começa em Setembro mas não é a mesma coisa que uma fase final... Em princípio se/quando (escolham vocês) estivermos no Mundial 2010, também hei-de escrever um blogue de apoio à Selecção. Ainda faltam dois anos...
Um agradecimento a todos os que visitaram o meu blogue durante estas semanas todas. Despeço-me como o Fernando Pessoa se despediu no fim da Mensagem: Valete, fratres. Selecção Nacional para sempre!







Ah, se a gente tivesse conseguido marcar mais um golo frente à Alemanha...
BG

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