Na passada Segunda-feira, dia 8 de Agosto, a Selecção Nacional realizou uma sessão de treino aberto no Estádio do Jamor e, mais uma vez, eu estive lá!
Para preparar o encontrou amigável com o Luxemburgo, efectuaram-se duas sessões de treino abertas. Uma anteontem, às seis da tarde e outra ontem de manhã, às nove e meia. Teria preferido ir a esta última mas, durante a manhã, tenho trabalho. Por isso, fui ontem. Como já conhecia o caminho, foi-me um pouco mais fácil chegar ao Estádio, mas não deixou de custar. Apesar de já ser fim do dia e, teoricamente, o calor já não apertar tanto (razão pela qual o treino se realizou tão tarde, penso eu), ainda estava bastante quente (o cachecol de Portugal nos meus ombros não ajudou); estavam a construir uma estrada nova e, ao passar por lá, fiquei cheia de pó; além disso, aparentemente, havia um incêndio algures pois cheirava imenso a queimado. Mas ultimamente tenho vivido de acordo com a seguinte filosofia: "Se estás cansado(a), dorido(a), sujo(a), significa que aproveitaste a experiência ao máximo. Se te assusta, deves fazê-lo. Não te arrependerás." Por isso, não me importei.
Cheguei ao Estádio mesmo em cima da hora e fui apanhada de surpresa pela quantidade de pessoas que haviam tido a mesma ideia que eu. Muitas mais do que no outro treino a que assisti. Uma parte significativa do público era constituída por crianças, ansiosas por verem os seus heróis. Ouvia-se o pregão de um vendedor ambulante:
- Olhá garrafinha de água, olhá cerveja, olhó Sumol!
Os jogadores subiram ao relvado (os balneários são subterrâneos) pouco depois de eu chegar. O treino começou com corrida de aquecimento à volta do campo. Nas primeiras voltas, à medida que os Marmanjos passavam, nós aplaudíamos. Depois os mais pequenos (e eu... ) iam chamando pelos craques:
- Ronaldo! Coentão! Nani! - mas estes começaram por não ligar.
Eu ainda me pus a gritar: "POR-TU-GAL! POR-TU-GAL!", a ver se mais gente no público se juntava a mim, mas não pegou e eu calei-me.
Entretanto, de uma das vezes que o grupo passou perto de nós, eu acenei-lhes e o Pepe acenou logo a seguir. Não sei se se dirigia a mim ou se foi coincidência, se ele estava a acenar a outra pessoa. Bem, nunca o saberei, por isso, vou considerar que ele estava a responder ao meu aceno.
Nesta altura, já os jogadores iam acenando para o público em resposta aos chamamentos. No fim do aquecimento, alguns deles foram para o banco, num altura em que estava mesmo por detrás dele (mas atrás do muro, obviamente) e desfrutei de alguns momentos em que tinha os meus heróis a poucos passos de mim.
Mais tarde, acabei por ir para o outro lado do campo, para onde a maior parte do pessoal se tinha acumulado. Fiquei lá até ao fim do treino, vendo o Coentrão, o Bruno Alves, o Danny e outros de quem não me recordo jogando futevólei, na esperança de que, depois, viessem distribuir autógrafos. Ao longo do outro treino a que assisti, tinha-me deslocado regularmente, tentando ver o que se passava no campo de todos os ângulos possíveis. Ontem não pude fazê-lo porque estava demasiada gente e os polícias tinham vedado o acesso a uma parte da pista de corrida. Em todo o caso, estive a vê-los de perto e fui testemunha da alegria, do companheirismo, da cumplicidade que reina entre os Marmanjos.
Na parte final da sessão de treino, já tinha um olho no campo e outro nas horas, com medo de perder o comboio. Ainda estive para sair mais cedo, mas decidi que valia a pena chegar um pouco mais tarde a casa, com um autógrafo no meu caderno. Por isso, fiquei até ao fim. Só que, logo depois do treino, os jogadores enfiaram-se no balneário. Só o Sílvio se dignou a vir dar uns autógrafos e a tirar uma ou outra fotografia com uns miúdos. Ainda tentei a minha sorte, enfiei-lhe o caderno e uma caneta debaixo do nariz mas ele ignorou. Não me importei muito. Não o conheço tão bem. Se tivesse sido outro, talvez o Ronaldo, o Nani ou mesmo o Ricardo Carvalho ou o Hélder Postiga, teria ficado mais zangada.
De qualquer forma, já fiquei um bocadinho zangada com aqueles ingratos. Que diabo, vieram oitocentas pessoas. Oitocentas! E não deve ter sido fácil para muitas delas. Já falei do calor, do pó, do fumo. Muitos de nós estariam melhor na praia, mas usaram a tarde livre para ir dar o seu apoio à Selecção. Aliás, a maior parte do pessoal que lá foi, estava, com certeza, de férias. Eu posso eventualmente voltar em Outubro, mas outros provavelmente não. Ontem, seria a melhor hipótese de conseguirem um autógrafo. Custava muito?
Eu não vou desistir. Nem que da próxima vez finte os polícias e invada o campo. Hei-de conseguir arrancar um autógrafo àqueles totós!
Comecei a descer a rampa em direcção à Estação da Cruz Quebrada. Trazia ainda o cachecol de Portugal nos ombros, na esperança de que o autocarro da Selecção passasse por mim, como da outra vez. Em várias ocasiões, cheguei a parar e a olhar para trás, a ver se avistava as motos da Polícia que costumam anteceder o autocarro.
E este acabou por aparecer. Não passou muito depressa, felizmente. Pus-me a acenar com o cachecol. Um dos jogadores, não consegui perceber qual, retribuiu-me o aceno (mais uns quantos treinos e já terei trocado acenos com toda a Selecção, eh eh) e o Eduardo, mais uma vez, olhou para mim. Pelos vistos, o autocarro passa sempre por ali, no fim dos treinos no Jamorpropriamente dito, hei-de ficar conhecida entre os jogadores como A Miúda do Cachecol ou A Totó À Saída Do Jamor ou outra alcunha do género... Fiquei a ver o autocarro afastando-se e só quando o perdi de vista é que guardei o cachecol e retomei o meu caminho.
E foi assim o segundo treino da Selecção Nacional a que assisti. Não soube tão bem como o primeiro. Já não havia o efeito da novidade, já não era a primeira vez que via a Equipa de Todos Nós ao vivo em quase quatro anos. Suponho que, ao fim de mais algumas vezes, hei-de me fartar... Por outro lado, estava muita gente, tal como já expliquei, não andava tão à vontade.
Tenho pena de não poder ter ido ao treino de ontem de manhã. Pelo que vi nos noticiários, estava menos gente do que anteontem. Além disso, não teria o stress de chegar a casa antes da hora do jantar.
Mas gostei. É sempre bom ver os nossos heróis sem ser através da lente de uma câmara, trocar acenos com eles, fazê-los saber que adoro a Selecção, que estou com eles. E é como disse acima: ultimamente, tenho começado a sair da minha zona de conforto e, até agora, não me tenho arrependido.
Tenciono voltar. Outra e outra vez. Mesmo que acabe por se tornar banal. Nem que seja só para fazer de Miúda do Cachecol. O pior é que, agora, só devo poder ir de novo em Outubro já que, em Setembro, vou estar fora do País na altura do jogo com o Chipre.
Agora que penso nisso, também não sei se haverá treino no Jamor nessa altura, já que o jogo é fora.
Entretanto, Paulo Bento fez ontem a ante visão do jogo que começa daqui a pouco mais de três horas, com transmissão na RTP1. O Seleccionador disse que Portugal abordará o particular com "a mesma atitude de sempre". Disse mesmo que os três principais objectivos para o desafio consistem em ganhar, não sofrer golos e manter a postura. Espero, agora, que às palavras do técnico se juntem as acções dos Marmanjos. Mesmo que o jogo não fique na História, quero ter uma noite feliz graças à Selecção, quero gritar "GOLO!" várias vezes, quero receber mais um motivo para acreditar que não estamos assim tão longe de realizar o nosso sonho.
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