Estamos, finalmente, a horas da nossa estreia na fase final do Europeu da Polónia e da Ucrânia. Tal estreia será frente à poderosa Alemanha, grande candidata ao título e com quem o historial não nos é favorável. O optimismo já não era grande há algumas semanas - o resultado dos dois últimos jogos particulares pioraram ainda mais a situação.
Como o costume, agora que a Seleção está num momento menos bom, há quem aproveite para causar polémica e aumentar a audiência da Comunicação Social, com o efeito secundário de fragilizar ainda mais a Equipa das Quinas. É o caso de Manuel José, que afirma que a Seleção tem passado mais tempo em festas do que a preparar o Europeu. Carlos Queiroz já veio corroborar tais declarações, como não podia deixar de ser - já se sabe, este se tem uma oportunidade para cuspir no prato de onde comeu, aproveita-a. E um pouco por todo lado têm surgido opiniões semelhantes. Comenta-se o enorme poder que as patrocinadoras têm sobre a Seleção, as várias folgas que foram concedidas aos jogadores, os inúmeros popós topo de gama exibidos pelos jogadores aquando do regresso destas folgas, o facto de as três televisões em sinal aberto terem transmitido em direto a visita da Seleção ao Presidente da República, a posterior viagem até ao aeroporto, etc, etc.
Tais críticas não me surpreendem por aí além, são habituais em alturas como estas, conforme já foi referido acima. Não será a primeira nem a última vez que tais coisas acontecerão, já estou habituada a isso. A única coisa que difere neste caso é que... eu concordo com uma boa parte das críticas.´
Mas vamos por partes, que isto é uma questão muito complexa, com várias facetas. Começando pelas folgas. Julgo que já falei disso anteriormente, se não aqui no blogue, pelo menos na página do Facebook. Não vejo grandes vantagens em manter os jogadores aprisionados no estágio durante semanas a fio. No entanto, nesses dias viram-se demasiadas vezes os Marmanjos em eventos publicitários das respetivas patrocinadoras quando, segundo Paulo Bento, esses dias deviam ter sido aproveitados para estarem com a família e os amigos.
Por outro lado, embora tais comportamentos possam ser moralmente discutíveis, parecem-me relativamente inofensivos quando comparados com o dos nossos adversários: parece que os jogadores alemães têm tido permissão para fumarem, beberem cerveja e vinho, saírem do hotel nos tempos livres, entre outras coisas. Acho que isso é mais prejudicial do que folgas a mais, mas também acho que a nicotina e o etanol no organismo dos nossos adversários em nada nos vai facilitar a vida quando entrarmos em campo com eles...
Também não acho que se possa dizer que o desempenho de Portugal será afetado pelo desfile dos carros de luxo dos jogadores nas chegadas a Óbidos após as folgas. Muitos deles são apaixonados por automóveis. Cresceram em meios desfavoráveis, sem quaisquer tipo de luxos, provavelmente prometendo a si mesmos que, quando fossem grandes, seriam jogadores de futebol, teriam muito dinheiro, suficiente para terem Porsches e Ferraris. E agora que já são grandes e ricos, estão a realizar os seus sonhos infantis (porque são infantis, independentemente do carácter positivo ou negativo do termo). As outras pessoas, que se calhar, tinham os mesmos sonhos quando eram miúdos, mas não conseguiram realizá-los, invejam-nos, criticam-nos por exibirem gritantes sinais exteriores de riqueza estando o País mergulhado na crise - não digo que estas críticas sejam motivadas apenas pela inveja, mas acredito que esta represente uma larga percentagem da motivação.
Pessoalmente, não compreendo esta obsessão dos homens por popós. É que chega a roçar o ridículo, como quando o Ronaldo, no outro dia, aparentemente, trouxe uma réplica do carro do Batman ou algo parecido. Um amigo meu já me veio explicar que os carros estão para os homens como os sapatos estão para as mulheres. Talvez. De qualquer forma, acho que existem coisas melhores em que gastar o dinheiro. Eu, pelo menos, se ganhasse o que eles ganham, não investiria em carros desportivos. Investiria, se calhar, uma parte em roupas e acessórios, mas não é essa a questão...
Mas um ramo em que, certamente, investiria, se, mais do que o dinheiro, tivesse o estatuto e o mediatismo que alguns deles têm, seria a filantropia. Vocês viram a campanha que fizeram quando o Gustavo, o filho do Carlos Martins, precisou de medula óssea. Se eles criassem uma fundação, se se dedicassem a uma causa humanitária, fosse ela combater uma doença ou ajudar crianças carenciadas, sem ser apenas quando toca a um filho deles, movimentariam imensa gente. Mas adiante.
A questão do "circo", do "big brother", do "folclore", das patrocinadoras, não é tão linear quanto isso. Eu própria tenho opiniões contraditórias sobre o assunto. Por um lado, concordo com Manuel José quando fala sobre o "big brother", sobre programas como o Vamos Lá Portugal. Já tinha falado sobre isso ou aqui ou no Facebook: o programa quase só tem transmitido coisas irrelevantes, tem sido sobretudo um espaço de publicidade à Nike.
Em relação à transmissão em direto das atividades da Seleção na tarde de 4 de junho (a visita ao Presidente da República, a viagem até ao aeroporto, etc) por parte das três televisões de canal aberto... é complicado. Complicado porque eu participei num deles programas. Mas não acho que seja assim tão interessante estar a transmitir coisas como os treinos abertos, as viagens no autocarro, no avião... Essas coisas são emocionantes quando estamos presentes lá fisicamente, quando podemos gritar, acenar bandeiras, fazer figuras parvas, como fiz eu, e haver a possibilidade de sermos vistos e ouvidos pelos nossos heróis, de nos tornarmos reais para eles. Tirando essa componente, tudo aquilo não passa de uma aula de Educação Física, de um autocarro, de um avião da TAP - e, na minha opinião, existem coisas mais interessantes para se ver na TV. Ou pelo menos, não me parece que sejam assim tão interessantes que justifiquem três televisões façam o direto ao mesmo tempo.
O que nos leva à influência das patrocinadoras - porque são claramente elas que beneficiam com a atenção exagerada à Equipa de Todos Nós. Sempre o soube mas só agora, depois da conversa de Manuel José e Carlos Queiroz é que me ocorreu que isso poderia ser prejudicial à Seleção. A ser verdade o que o ex-selecionador diz, seria uma completa estupidez toda aquela história de uma votação para escolher o 23º jogador da Convocatória para o Mundial 2010.
Carlos Queiroz até poderia ter recuperado parte do meu respeito por se ter recusado a fazer isto, não fosse o timing destas declarações. Ele sabe perfeitamente que a pressão é imensa nestas alturas, declarações como esta em nada ajudam. Mas não, teve dar mais uma prova do seu carácter desprezível.
Acaba por ser engraçado. Nos primeiros tempos de Paulo Bento como Selecinador, sentia-me dividida pela euforia que me causou a boa fase da Seleção e culpada devido à minha antiga lealdade para com Queiroz. O antigo selecionador acabou por resolver o meu dilema ao deixar vir ao de cima o seu verdadeiro carácter. Assim, deixei de me sentir culpada por a minha lealdade ir toda para Paulo Bento. Obrigada Queiroz!
Por outro lado, se não me engano, não é a primeira vez que Manuel José critica o folclore em volta da Seleção. Julgo que já o ouvi, há uns meses, culpar a festa antes da final do Euro 2004, no caminho desde Alcochete até à Luz, pelo fracasso da mesma. Não me admirou, portanto, que ele repetisse tais críticas agora, a propósito da preparação do Euro 2012.
Mas com isso não concordo. O futebol é um espetáculo, é um entretenimento, é feito para os adeptos, é para ser vivido, para ser aproveitdo. Eu gosto dessa componente, gosto do circo, do folclore - sem exageros, é claro. Eu sei que o BES, a Galp, o Continente e afins ganham muito com tal festa, mas isso faz parte. Sem o BES, não teria havido a Mais Bela Bandeira aquando do Mundial 2006. Sem o Continente, não teriam havido aqueles anúncios provocatórios dirigidos aos nossos adversários. Sem a Galp, não havia Menos Ais, não havia o Onze Por Todos - que eu considero uma campanha muito original, muito inspiradora. Estas campanhas muito têm contribuído para a mobilização do povo em torno da Equipa de Todos Nós. E, na minha opinião, de uma maneira geral, têm-no feito promovendo mais a Turma das Quinas do que as próprias marcas.
Como em praticamente tudo na vida, o que se pede é moderação, equilíbrio. Que se trabalhe e que se concentre no que é importante mas que haja tempo para alguma festa, alguma ligação aos adeptos.
Também já li as costumeiras opiniões de pseudo-intelectuais, considerando-se superiores ao resto do povo que vibra com a Seleção em fases finais como esta, que os julgam alienados da realidade numa altura em que todos os esforços deviam ser concentrados na resolução da crise, a conversa do costume. Nesta questão, recorrerei a um artigo de opinião, já antigo, da altura do Euro 2008, publicado no dia que se seguiu ao jogo com a República Checa, no jornal Meia Hora, que entretanto já saiu de circulação. Tem quatro anos de idade, mas continua atualíssimo e transmite exatamente aquilo que eu penso sobre este assunto.
Não digo que a alienação seja uma coisa boa, porque não o é. No entanto, a não-alienação não nos tem servido de muito. Como diz Luciano Amaral, autor do artigo: "o argumento implícito dos queixosos parece ser o de que, no espaço de tempo entre os Europeus e os Mundiais de futebol, andamos por aí a resolver os problemas do País. (...) Afinal, houve dois anos desde o último Mundial (e quatro desde o Europeu) para resolver o atraso económico português (ou a crise das finanças públicas), sem qualquer sucesso".
Isto em 2008, numa altura em que a crise ainda não tinha explodido com toda a sua força.
Não alinho na campanha da Galp, não me parece que a Taça resolva alguma coisa, que impeça os jovens da minha geração - que, como eu, cresceram ouvindo que só seriam alguém se tirassem um curso universitário e agora não conseguem arranjar emprego - de emigrar, que diminua o desemprego, a pobreza. No entanto, como assinalou muito bem João Gobern sexta-feira de manhã, no "Pano Para Mangas", no futebol não temos de nos submeter às directrizes, ao desprezo, de franceses e alemães, não temos de ser os "bons alunos" - podemos aspirar a ser maiores do que somos, a nos suplantarmos, a tentarmos o impossível e inspirar os restos dos portugueses a seguirem esse exemplo no que toca às suas carreiras, às suas ambições pessoais. Ou, pelo menos, como já repeti várias vezes ao longo do último ano e meio cá no blogue, podemos esperar por algo de bom no futuro, algo que torne tudo menos insuportável, por pequeno e fútil que seja.
E agora estamos a menos de vinte e quatro horas da nossa estreia no Europeu. Carlos Daniel resumiu bem a forma como encaro este jogo: "Nós somos um povo do oito ao oitenta, mas agora estamos para aí no quarenta e oito". Acho que vai ser muito, muito difícil ganharmos, que uma derrota não será muito grave, mas não seria a primeira vez que a Seleção me surpreenderia.
De uma coisa tenho a certeza, contudo. Independentemente do resultado, será um jogo que ficará na História. Este e não só. No outro dia, durante uma Conferência de Imprensa, julgo que com o Eduardo, um jornalista d'A Bola disse que considera que o nosso grupo deveria ser chamado de Grupo da Vida, em vez de da Morte, pois será certamente este que mais vida trará ao Europeu. É um conceito interessante. Emoções fortes não faltarão no nosso grupo.
A mensagem que, se pudesse, deixaria à Seleção, seria a seguinte: deem o vosso melhor, façam por merecer o apoio que vos tem sido dado, deixem-nos orgulhosos. Se aqueles Marmanjos derem tudo o que têm, tudo pode acontecer. É encarar a Alemanha, a Dinamarca, a Holanda, encarar os quartos-de-final como o primeiro grande objetivo, olhos nos olhos, sem medo, e dizer...
...ou, para não ofender os mais puritanos, em bom português: Desafio Aceite!
Pessoalmente, não compreendo esta obsessão dos homens por popós. É que chega a roçar o ridículo, como quando o Ronaldo, no outro dia, aparentemente, trouxe uma réplica do carro do Batman ou algo parecido. Um amigo meu já me veio explicar que os carros estão para os homens como os sapatos estão para as mulheres. Talvez. De qualquer forma, acho que existem coisas melhores em que gastar o dinheiro. Eu, pelo menos, se ganhasse o que eles ganham, não investiria em carros desportivos. Investiria, se calhar, uma parte em roupas e acessórios, mas não é essa a questão...
Mas um ramo em que, certamente, investiria, se, mais do que o dinheiro, tivesse o estatuto e o mediatismo que alguns deles têm, seria a filantropia. Vocês viram a campanha que fizeram quando o Gustavo, o filho do Carlos Martins, precisou de medula óssea. Se eles criassem uma fundação, se se dedicassem a uma causa humanitária, fosse ela combater uma doença ou ajudar crianças carenciadas, sem ser apenas quando toca a um filho deles, movimentariam imensa gente. Mas adiante.
A questão do "circo", do "big brother", do "folclore", das patrocinadoras, não é tão linear quanto isso. Eu própria tenho opiniões contraditórias sobre o assunto. Por um lado, concordo com Manuel José quando fala sobre o "big brother", sobre programas como o Vamos Lá Portugal. Já tinha falado sobre isso ou aqui ou no Facebook: o programa quase só tem transmitido coisas irrelevantes, tem sido sobretudo um espaço de publicidade à Nike.
Em relação à transmissão em direto das atividades da Seleção na tarde de 4 de junho (a visita ao Presidente da República, a viagem até ao aeroporto, etc) por parte das três televisões de canal aberto... é complicado. Complicado porque eu participei num deles programas. Mas não acho que seja assim tão interessante estar a transmitir coisas como os treinos abertos, as viagens no autocarro, no avião... Essas coisas são emocionantes quando estamos presentes lá fisicamente, quando podemos gritar, acenar bandeiras, fazer figuras parvas, como fiz eu, e haver a possibilidade de sermos vistos e ouvidos pelos nossos heróis, de nos tornarmos reais para eles. Tirando essa componente, tudo aquilo não passa de uma aula de Educação Física, de um autocarro, de um avião da TAP - e, na minha opinião, existem coisas mais interessantes para se ver na TV. Ou pelo menos, não me parece que sejam assim tão interessantes que justifiquem três televisões façam o direto ao mesmo tempo.
O que nos leva à influência das patrocinadoras - porque são claramente elas que beneficiam com a atenção exagerada à Equipa de Todos Nós. Sempre o soube mas só agora, depois da conversa de Manuel José e Carlos Queiroz é que me ocorreu que isso poderia ser prejudicial à Seleção. A ser verdade o que o ex-selecionador diz, seria uma completa estupidez toda aquela história de uma votação para escolher o 23º jogador da Convocatória para o Mundial 2010.
Carlos Queiroz até poderia ter recuperado parte do meu respeito por se ter recusado a fazer isto, não fosse o timing destas declarações. Ele sabe perfeitamente que a pressão é imensa nestas alturas, declarações como esta em nada ajudam. Mas não, teve dar mais uma prova do seu carácter desprezível.
Acaba por ser engraçado. Nos primeiros tempos de Paulo Bento como Selecinador, sentia-me dividida pela euforia que me causou a boa fase da Seleção e culpada devido à minha antiga lealdade para com Queiroz. O antigo selecionador acabou por resolver o meu dilema ao deixar vir ao de cima o seu verdadeiro carácter. Assim, deixei de me sentir culpada por a minha lealdade ir toda para Paulo Bento. Obrigada Queiroz!
Por outro lado, se não me engano, não é a primeira vez que Manuel José critica o folclore em volta da Seleção. Julgo que já o ouvi, há uns meses, culpar a festa antes da final do Euro 2004, no caminho desde Alcochete até à Luz, pelo fracasso da mesma. Não me admirou, portanto, que ele repetisse tais críticas agora, a propósito da preparação do Euro 2012.
Mas com isso não concordo. O futebol é um espetáculo, é um entretenimento, é feito para os adeptos, é para ser vivido, para ser aproveitdo. Eu gosto dessa componente, gosto do circo, do folclore - sem exageros, é claro. Eu sei que o BES, a Galp, o Continente e afins ganham muito com tal festa, mas isso faz parte. Sem o BES, não teria havido a Mais Bela Bandeira aquando do Mundial 2006. Sem o Continente, não teriam havido aqueles anúncios provocatórios dirigidos aos nossos adversários. Sem a Galp, não havia Menos Ais, não havia o Onze Por Todos - que eu considero uma campanha muito original, muito inspiradora. Estas campanhas muito têm contribuído para a mobilização do povo em torno da Equipa de Todos Nós. E, na minha opinião, de uma maneira geral, têm-no feito promovendo mais a Turma das Quinas do que as próprias marcas.
Como em praticamente tudo na vida, o que se pede é moderação, equilíbrio. Que se trabalhe e que se concentre no que é importante mas que haja tempo para alguma festa, alguma ligação aos adeptos.
Também já li as costumeiras opiniões de pseudo-intelectuais, considerando-se superiores ao resto do povo que vibra com a Seleção em fases finais como esta, que os julgam alienados da realidade numa altura em que todos os esforços deviam ser concentrados na resolução da crise, a conversa do costume. Nesta questão, recorrerei a um artigo de opinião, já antigo, da altura do Euro 2008, publicado no dia que se seguiu ao jogo com a República Checa, no jornal Meia Hora, que entretanto já saiu de circulação. Tem quatro anos de idade, mas continua atualíssimo e transmite exatamente aquilo que eu penso sobre este assunto.
Não digo que a alienação seja uma coisa boa, porque não o é. No entanto, a não-alienação não nos tem servido de muito. Como diz Luciano Amaral, autor do artigo: "o argumento implícito dos queixosos parece ser o de que, no espaço de tempo entre os Europeus e os Mundiais de futebol, andamos por aí a resolver os problemas do País. (...) Afinal, houve dois anos desde o último Mundial (e quatro desde o Europeu) para resolver o atraso económico português (ou a crise das finanças públicas), sem qualquer sucesso".
Isto em 2008, numa altura em que a crise ainda não tinha explodido com toda a sua força.
Não alinho na campanha da Galp, não me parece que a Taça resolva alguma coisa, que impeça os jovens da minha geração - que, como eu, cresceram ouvindo que só seriam alguém se tirassem um curso universitário e agora não conseguem arranjar emprego - de emigrar, que diminua o desemprego, a pobreza. No entanto, como assinalou muito bem João Gobern sexta-feira de manhã, no "Pano Para Mangas", no futebol não temos de nos submeter às directrizes, ao desprezo, de franceses e alemães, não temos de ser os "bons alunos" - podemos aspirar a ser maiores do que somos, a nos suplantarmos, a tentarmos o impossível e inspirar os restos dos portugueses a seguirem esse exemplo no que toca às suas carreiras, às suas ambições pessoais. Ou, pelo menos, como já repeti várias vezes ao longo do último ano e meio cá no blogue, podemos esperar por algo de bom no futuro, algo que torne tudo menos insuportável, por pequeno e fútil que seja.
E agora estamos a menos de vinte e quatro horas da nossa estreia no Europeu. Carlos Daniel resumiu bem a forma como encaro este jogo: "Nós somos um povo do oito ao oitenta, mas agora estamos para aí no quarenta e oito". Acho que vai ser muito, muito difícil ganharmos, que uma derrota não será muito grave, mas não seria a primeira vez que a Seleção me surpreenderia.
De uma coisa tenho a certeza, contudo. Independentemente do resultado, será um jogo que ficará na História. Este e não só. No outro dia, durante uma Conferência de Imprensa, julgo que com o Eduardo, um jornalista d'A Bola disse que considera que o nosso grupo deveria ser chamado de Grupo da Vida, em vez de da Morte, pois será certamente este que mais vida trará ao Europeu. É um conceito interessante. Emoções fortes não faltarão no nosso grupo.
A mensagem que, se pudesse, deixaria à Seleção, seria a seguinte: deem o vosso melhor, façam por merecer o apoio que vos tem sido dado, deixem-nos orgulhosos. Se aqueles Marmanjos derem tudo o que têm, tudo pode acontecer. É encarar a Alemanha, a Dinamarca, a Holanda, encarar os quartos-de-final como o primeiro grande objetivo, olhos nos olhos, sem medo, e dizer...
...ou, para não ofender os mais puritanos, em bom português: Desafio Aceite!
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