quarta-feira, 6 de junho de 2012

Os meus quinze minutos de fama

Na passada segunda-feira à tarde, dia 4 de junho, fui entrevistada no programa "A Tarde é Sua" dedicado à Seleção Portuguesa de Futebol.


Passei o domingo inteiro e a manhã de segunda-feira nervosíssima com a minha entrevista. Falar em público nunca foi o meu forte - julgo que já o tinha dito aqui no blogue. Já me enervo demasiado com apresentações de trabalhos na minha Faculdade, perante apenas uma dúzia de pessoas. A minha oralidade, embora já tenha tido piores dias, sempre deixou muito a desejar. Ainda por cima, nunca tinha ido à televisão - antes daquilo só tinha aparecido uma ou duas vezes no máximo e sempre de passagem. Também não ajudava o facto de não ter grandes certezas acerca do que eu ia exatamente fazer ao programa.

Os nervos ainda não se tinham dissipado quando cheguei aos estúdios da TVI em Queluz de Baixo, por volta do meio-dia e meia, mais coisa menos coisa. No cantinho com sofás onde me disseram para esperar, já lá estavam outras pessoas também convidadas para participarem no programa: três raparigas mais ou menos da minha idade - a Catarina, a Mafalda e a Alexandra - dois senhores mais velhos - o Paulo e o Eduardo - e uma senhora cujo nome não me recordo. Todos os lugares estavam ocupados mas o Paulo ofereceu-me logo o seu lugar. Uns minutos mais tarde, quando o ouvi perguntar pelo almoço, ofereci-lhe a sandes de bife panado que tinha trazido de casa para comer de manhã. Ainda não a tinha comido pois os nervos tinham-me tirado a fome. Mas ele recusou. Na altura, ainda não sabia quem eram eles ao certo, mas a simpatia foi imediata. Pelo menos, da minha parte foi.

Acabaram por nos chamar para a maquilhagem. As meninas entraram primeiro. Eu fiquei com o Paulo e o Eduardo à espera noutra salinha. Continuava com os nervos em franja, sem saber o que responder quando eles me perguntavam:

- Mas porque é que estás nervosa?

Pela salinha chegou mesmo a passar rapidamente o Manuel Luís Goucha, que tinha acabado de sair do "Você na TV", desejando-nos um bom programa. Entretanto, as pessoas da produção deram-nos umas coisas para lermos e assinarmos, relacionadas com os direitos de imagem e afins. Nessa altura, ouvi o Paulo dizer que se chamava Paulo Lima. Eu conhecia aquele nome e já sabia que as raparigas vinham cantar. Assim que arranjei coragem, perguntei:

- O senhor chama-se Paulo Lima? Não foi o senhor que compôs aquele hino para a Seleção? - cheguei mesmo a pôr a música a tocar, em jeito de confirmação.

Tinha mesmo sido ele. O Eduardo, que na verdade se chamava Eduardo Jorge, era o autor da letra. A Catarina era a voz principal da música. Ela, a Alexandra e a Mafalda iam interpretá-la no "A Tarde é Sua". Foi de facto uma enorme e feliz coincidência os autores e intérpretes do meu cântico preferido da Seleção terem sido convidados para o mesmo programa que eu e para atuarem imediatamente antes de mim. Sobretudo se tivermos em conta que o programa duraria mais de quatro horas. Eles ficaram, naturalmente, muito contentes quando, atabalhoadamente, elogiei-lhes o Hino, o facto de terem pegado na História e na Cultura portuguesas, quando lhes disse que era o meu cântico preferido e que tinha falado dele no meu blogue. 

Entretanto, fui chamada à maquilhagem, que ainda demorou um pouco, Cheguei mesmo a ser maquilhada ao mesmo tempo que a Fátima Lopes, que apresentaria o programa. Nunca usei tanta maquilhagem na minha vida, mas, mais tarde, disseram-me que eu até estava gira. De seguida, fui almoçar no refeitório da estação, que ainda ficava um pouco longe, voltei para ser retocada, fiquei com o senhor Paulo e o senhor Eduardo à espera no corredor, enquanto as meninas se vestiam e depois ala para o estúdio. Tudo isto a correr. Pelo meio, lá me lembrei de perguntar se sempre podia apresentar rapidamente o livro que publiquei há cerca de seis meses (AQUI), tal como me tinham prometido, de ligar à minha avó e enviar uma mensagem à minha tia a dizer que eu apareceria logo na primeira parte do "A Tarde É Sua".

Se resumisse, aliás, o ambiente dos bastidores de um estúdio de televisão numa única palavra, esta seria "dinâmico". Lá estão sempre a acontecer coisas e a acontecer muito depressa, mal temos tempo para pensar. Eu, pelo menos, não estava habituada àquele tipo de pressão. Agora, penso nos músicos e outras celebridades que, quando estão a promover os seus trabalhos, têm de fazer aquilo todos os dias, por vezes em cidades diferentes, em países diferentes... e compreendo porque é que muitos deles se sentem tão pressionados, tão sozinhos, tão desorientados que se viram para as drogas. Para aqueles que conseguem lidar com tudo aquilo mantendo um exame toxicológico imaculado... respeito!

Nesse aspeto, tenho de agradecer ao Paulo, ao Eduardo e às outras. Era a minha primeira vez na televisão, tinha vindo sozinha (a minha irmã era para vir comigo mas não deu), estava super nervosa... Se não fosse a companhia deles, teria enlouquecido com o stress.


Além de que o facto de eles terem atuado imediatamente antes da minha entrevista ajudou-me também a descontrair, a entrar no espírito. Nesta altura eu já estava com a Fátima Lopes, junto às cadeiras onde nos íamos sentar - aqui o dinamismo e a rapidez continuam. A emissão ia alternando entre momentos musicais, entrevistas, reportagens já gravadas, filmagens no exterior do estúdio, diretos da Seleção, quando as câmaras não estavam focadas em nós, nós íamos tomando as nossas posições - Toda a gente no público dançava mas eu era a única que conhecia a letra - algo em que a Fátima não deixou de reparar. Foi, de facto, uma atuação muito boa, como poderão ver no vídeo acima.

Finalmente, chegou o momento da minha entrevista. Não vou estar a descrevê-lo, vocês podem ver o vídeo no início da entrada. Mais uma vez, foi tudo muito rápido, não houve tempo para pensar demasiado nas coisas, para me sentir nervosa - mesmo assim, tinha a mão que segurava o microfone a tremer e só esperava que lá em casa não reparassem... 

Agora, depois de ver várias vezes a gravação, vejo que a minha maneira de falar é muito à Paulo Bento: repito palavras, gaguejo um pouco... as maiores diferenças residem no facto de eu ter estado mais sorridente e ter uma voz bem mais irritante. A sério, como é que as pessoas conseguem ouvir-me? Por lapso, não chegou a ser referido o nome do meu blogue mas ao menos pude apresentar o meu livro - algo que receei não ser capaz de fazer. No geral, até correu bem a entrevista. Acho que os pontos fortes foram, precisamente, a referência ao Cristiano Ronaldo no meu livro, a metáfora do vírus da Seleção - que já é velha cá no blogue mas lá acharam piada - e o momento em que defendi o Hélder Postiga dos críticos. A Fátima ficou impressionada, mas, na verdade, já tinha falado disso aqui no blogue, tinha-me informado acerca dos marcadores para esfregá-lo no nariz dos que contestaram a Chamada do avançado. Espero agora é que o Hélder faça por merecer o facto de o ter defendido na televisão. Em todo o caso, se alguém me quiser como comentadora, que o publique num comentário aqui no blogue, na página do Facebook ou no vídeo do YouTube. 



Como podem ver no vídeo, antes de sair, ainda tive direito a um momento com o Quim Barreiros. Nestes dias, houve quem tivesse colocado um cachecol do Futebol Clube do Porto ao pescoço do Chester Bennington dos Linkin Park - uma das minhas bandas preferidas - houve quem subisse ao palco para cantar com o Bryan Adams - o meu cantor preferido. Eu dancei com o Quim Barreiros...

E já está. Já tive direito aos meus quinze minutos de fama, graças ao meu jeito para a escrita e ao meu amor à Seleção - acho que até são motivos razoáveis para aparecer na TV. Há piores, pelo menos. Já recebi uns quantos likes extra na página do Facebook. No café onde costumo escrever e consultar os jornais, já me vieram pedir um autógrafo. Talvez consiga vender mais meia dúzia de livros. Por fim, mesmo que o Europeu não nos corra de feição (três vezes na madeira), já tenho algo bom para recordar deste período. 

Por isso, quero agradecer à Carla Leal Ferreira - que me descobriu e me convidou - à Fátima Lopes, à Mariana, ao Diogo e a toda a equipa do "A Tarde É Sua" por esta incrível experiência. E agradecer uma vez mais a Paulo Lima, Eduardo Jorge, à Catarina Rocha, à Alexandra e à Mafalda pela companhia. Graças a todas estas pessoas, nunca esquecerei a tarde do dia 4 de junho de 2012!

1 comentário:

Hino Selecção 2012 disse...

E nós nunca nos esqueceremos de ti da tua pureza de expressão da delicadeza e naturalidade cativante, quem sabe não nos voltamos a encontrar por essa estrada longa que é a vida, mas se tal não acontecer ganhámos já o consolo de termos te conhecido e gostado e isso é um acto adquirido que não pode ser apagado.

Um grande abraço e beijo de todos nós Sofia com até sempre junto.

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