No Sábado passado, dia 9 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol estreou-se no Euro 2012 frente à sua congénere alemã com uma derrota por um golo sem resposta.
Peço desculpa por só agora estar a publicar a minha análise ao jogo, mas não consegui fazê-lo antes.
Encarei este jogo com relativa tranquilidade e - admito-o - baixas expectativas. Mesmo assim, tal não me impediu de sentir a habitual mistura de nervosismo e entusiasmo típica de jogos deste género, quando este começou. Acompanhei o jogo com o portátil à frente, usando-o para registar as minhas impressões no Twitter, bem como para ler as reações das outras pessoas através da mesma rede social. É esta a magia da Internet. Na teoria, estava a assistir ao jogo apenas com o meu pai e com a minha irmã. Na prática, estava a vê-lo com muitas mais pessoas. E foi divertido.
A primeira parte foi muito equilibrada, com algum domínio por parte da Alemanha, que tinha mais posse de bola. Os nossos pareciam muito lentos na hora do contra-ataque - talvez por cautela, por demasiado respeito para com o adversário. Houve uma altura em que os nossos adversários atacaram bastante. Lembro-me em particular de um livre direto falhado.
- Já passou - disse um dos comentadores depois do lance, como se consolasse uma criança pequena depois de uma queda. Tal fez-me rir e, com os nervos, não consegui parar durante largos minutos.
Como o costume, eu e a minha irmã fartámo-nos de mandar bocas de treinadoras-de-sofá-de-sala, a minha irmã com um pouco mais de histeria. Ela conhecia quase todos os jogadores alemães pelo nome, graças à caderneta de cromos do Euro 2012 que tem andado a tentar completar. Chegava mesmo a informar-nos do peso e da altura de cada um deles. Graças à coleção de cromos, a miúda está melhor informada acerca do Euro 2012, acerca dos grupos, dos jogos, do que eu. Agora é a ela que perguntamos quais serão os embates do dia e respetivos resultados.
Só prova que está tudo nos genes.
O meu pai, por sua vez, estava bem mais calmo do que nós, como o costume, limitando-se a resmungar acerca do jogo dos portugueses. Contudo, aquando do quase-golo do Pepe, em cima do intervalo, saltou da cadeira e gritou "GOLO!" com o mesmo ímpeto que nós as duas, antes de percebermos que a bola não chegara a cruzar a linha. Como que a provar que gosta tanto disto como nós, ainda que o disfarce muito bem. Quando se soube que a bola, afinal, não tinha entrado, a minha mãe reclamou:
- Vocês não podem gritar assim quando não é golo!
Mas não tínhamos sido os únicos. Quando voltei a atenção para o Twitter, depois desta jogada, vi logo que, um pouco por todo o País, muitos haviam gritado "GOLO!" em falso, à semelhança de nós. Mais tarde, a minha irmã perguntaria ao meu irmão, que não tinha visto o jogo connosco:
- Gritaste "GOLO" com aquela do Pepe?
- Com a do Pepe, com a do Varela, com a do Nani... - respondeu ele.
Mas adiante.
Tive esperança de que este quase-golo do Pepe injetasse confiança nos Marmanjos para a segunda parte. Se de facto injetou, não sei. Mas Portugual até conseguiu manter a Alemanha sob controlo quando o jogo recomeçou. Comecei a ter esperança de que a Seleção marcasse em breve.
No entanto, tal como já havia acontecido no jogo com a Turquia, os meus pressentimentos revelaram-se redondamente enganados. Poucos minutos depois, Mario Gomez marcou. Lembro-me perfeitamente de levar as mãos à cabeça, cravando as unhas no couro cabeludo enquanto via os nossos adversários festejando.
Os portugueses até reagiram bem ao golo, sobretudo depois da entrada de Varela e Nélson Oliveira. No entanto, acordaram tarde demais, não foram a tempo de reverter o resultado.
Não posso dizer que o resultado me surpreendeu. Eu sabia que ia ser assim. Sabia-o desde 2 de dezembro, desde que o nome da Alemanha saiu daquela bolinha. Sabia que ia ser muito, mas muito difícil sairmos do nosso jogo de estreia. Sabia que este era o desfecho mais provável para este encontro. E já tinha avisado. Já tinha avisado que, perante equipas do calibre da Alemanha, não podemos estar sempre a falhar emates, não podemos dar-nos ao luxo de não marcar golos.
O problema acabou por ser o mesmo do jogo de 2008. Em suma,
Apesar da derrota, eu até gostei do jogo, diverti-me a vê-lo. Foi de emoções fortes, conforme tinha previsto. Só é pena Portugal não ter ganho ou, pelo menos, empatado. E fica aquela sensação de frustração - saber que aquilo estava ao nosso alcance e não fomos capazes de aproveitá-lo.
Muita gente ficou satisfeita com a prestação da Turma das Quinas, eu também fiquei, mas uma boa prestação não nos serve de nada se não ganhamos. Nesse aspeto concordo com Luís Figo. E, como diz o Hino, "vitórias morais não têm arte nem engenho". Acaba por ser a conversa do costume, que estou farta de repetir há não sei quantas entradas. Quantas vezes e de quantas maneiras preciso de dizê-lo? Chega de desculpas, deem-nos uma vitória, por amor da Santa!
Contudo, desta feita, não posso censurar os Marmanjos por não terem entrado no jogo a matar, quando eu própria tinha um absoluto respeito pela Alemanha e consideraria um empate a zero como um resultado satisfatório.
Depois, há a questão da finalização, que tem preocupado muita gente, eu incluída. Há quem fale de falta de talento, quem defenda a troca de Hélder Postiga (uma pessoa defende-o na televisão mas ele...) por Nélson Oliveira. Apesar de o Hélder ser um dos meus favoritos há anos, eu admito que o Nélson seria uma boa opção. Para além de ter jogado bem contra a Alemanha, seria também uma solução a longo prazo para a caprichosa posição de ponta-de-lança.
No entanto, não me parece que o problema seja "falta de talento". Aliás, não compreendo o que é que se passa com a Equipa de Todos Nós este ano, de onde é que vieram estes problemas na finalização. Nós marcámos imenso durante o Apuramento! Três golos à Dinamarca e três golos à Islândia em outubro de 2010. Quatro golos à Espanha em novembro do mesmo ano. Cinco golos à Islândia em outubro de 2011. E, no mês seguinte, seis golos à Bósnia. O que é que está a acontecer este ano?
Cá para mim, é apenas um problema psicológico. Que isto será como o ketchup, como diz o Cristiano Ronaldo. Quando os Marmanjos conseguirem marcar, o enguiço quebrar-se-à, certamente.
Qualquer que seja a etiologia do problema, espero que os Marmanjos o resolvam rapidamente, a tempo do jogo com a Dinamarca, daqui a pouco mais de vinte e quatro horas. Equipa que, ainda por cima, conseguiu contrariar o rótulo que lhe foi colocado de outsider neste grupo B e vencer a Holanda. À grande e à dinamarquesa - ou seja, complicando a vida de equipas teoricamente mais fortes, como a holandesa e... a portuguesa. Razão tinha eu para lamentar o facto de partilharmos com grupo com esta seleção nórdica. Nada nos garante que não voltem a ser um espinho na nossa carne.
No entanto, estou confiante. Porque a Seleção provou ter um coletivo de respeito no jogo contra a Alemanha. Houve jogadores que se destacaram, como o Pepe e o Fábio Coentrão (cuja garra recordou-me o Mundial 2010), mas o ponto forte da Turma das Quinas foi a dinâmica de equipa, que nos coloca ao nível das melhores do Mundo. Tal atitude nem sempre é suficiente para ganharmos os jogos - como ficou provado no nosso jogo de estreia - mas sem ela não vamos a lado nenhum.
Isto ainda não acabou. Ainda podemos dar a volta ao texto. Portugal provou ter capacidade de ir bastante longe no Europeu. Se vai conseguir converter tal capacidade em vitórias, é outra questão. Eu, como é habitual, acreditarei até ao apito final e apoiarei até muito depois disso. Só falta a Seleção Nacional, de uma vez por todas, cumprir a sua parte.
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