Na passada terça-feira, dia 16 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu a sua congénere norte-irlandesa no Estádio do Dragão, em jogo contando para o Apuramento para o Mundial 2014, que terá lugar no Brasil. O encontro terminou com um empate a uma bola.
Como disseram na quarta-feira de manhã, na Antena1, não foi Seleção, foi deceção. É uma boa maneira de resumir o jogo. Ninguém estava à espera que a Turma das Quinas consentisse tal resultado quando tínhamos tudo para sairmos do Dragão com uma vitória.
Eu estava bastante confiante, bem disposta, aquando do início do jogo e não era a única. Toda a gente se sentia orgulhosa e entusiasmada com a centésima internacionalização de Cristiano Ronaldo, que foi homenageado por tal feito no início do jogo, na presença de outro herói da Seleção, o inesquecível Luís Figo.
Outro belo momento antes do início do jogo foi o hino cantado por Rui Reininho, dos GNR. Uma vez que há já muitos anos que associo a música Sangue Oculto à Seleção Nacional, quase esperei que Rui, em vez do hino, começasse a cantar: "Há luz na artéria principal...". Em todo o caso, a presença do cantor fez-me sorrir enquanto entoava o hino. A voz dele, contudo, mal se ouviu no meio das cinquenta mil gargantas do Dragão.
A alegria no início do jogo não duraria muito. A primeira parte de Portugal foi medíocre ao ponto de a nossa melhor oportunidade ter sido um quase auto-golo. E a jogada que deu origem ao tento que colocou os norte-irlandeses em vantagem foi uma reposição do golo russo de sexta-feira passada. Não queria acreditar no que estava a acontecer, não percebia como é que estávamos a perder aquele jogo.
Aquando do início da segunda parte, obriguei a mim mesma a seguir a minha própria máxima de acreditar até ao apito final. No fim de contas, nunca ninguém disse que era fácil ser-se adepto incondicional da Seleção. Aquele era apenas mais um exemplo.
No entanto, como diz a música, ninguém disse que seria tão difícil, depois do nosso passado recente. Mas já lá vamos.
Na segunda parte, Portugal decidiu finalmente começar a jogar, embora o desacerto entre os jogadores fosse evidente. No entanto, apesar de continuar a barafustar no Twitter, à semelhança de muito boa gente, sentia que o golo do empate já estivera mais longe.
Mesmo assim, ainda tivemos de esperar até aos oitenta minutos para que o golo do empate chegasse. Dos pés do Hélder Postiga, como não podia deixar de ser. Podem alegar que é sorte, que ele precisa de vinte remates para marcar um golo, que com a tenda montada na grande área norte-irlandesa alguma bola teria de entrar, que ele não roça os calcanhares a "matadores" como Pedro Pauleta, que o Paulo Bento tem um "fetiche" pelo Carteiro, mas a verdade é que ele já conta três golos em quatro jogos nesta fase de Qualuificação - e quando ele não marcou, mais ninguém envergando a camisola das Quinas o fez. Outros, se calhar, marcariam golos mais facilmente mas, pelos vistos, não se têm dado a esse trabalho.
Depois deste golo, Portugal continuou a procurar colocar-se à frente no marcador, a ver se conseguíamos os três pontos, mas tínhamos acordado tarde de mais. Quando o jogo acabou, cada uma das equipas em campo no Dragão ganhou apenas um ponto.
De repente, a Seleção está num mau momento. Numa altura em que nunca havíamos precisado tanto de uma alegria, em que eu nunca havia precisado tanto de uma alegria, a Seleção perde um jogo e empata outro. Acabamos por ficar na mesma situação em que estávamos há dois anos, com a diferença de que, quando era para o Euro 2012, foi uma melhoria, uma recuperação milagrosa Isto, isto foi uma escorregadela das grandes. Que até podia ter sido pior. Algo que, depois da emocionante reviravolta que foi a Qualificação para o Euro 2012, do nosso percurso nessa fase final, nunca pensei que acontecesse tão cedo.
Sinto-me traída. Durante estes dois anos, a Seleção esteve associada a alegria, a boas recordações, a esperança de momentos ainda melhores no futuro, mesmo depois de termos sido expulsos do Euro 2012. Foi um consolo, em suma. Com isto, transformou-se em mais uma fonte de angústia. Logo agora...
Agora só temos novo jogo oficial daqui a cinco meses. Em circunstâncias normais, estaria desagradada com isso. No entanto, esta pausa prolongada pode vir a dar jeito pois é urgente pararmos e refletirmos. Porque só vejo a Seleção cometendo os mesmos erros outra e outra vez, alguns dos quais já vêm de trás. Dependência excessiva no onze-base, más entradas em jogo, deslizes na defesa, o eterno problema da finalização, etc. Alguma coisa terá de mudar. Espero que Paulo Bento o perceba e consiga resolver este imbróglio.
Os particulares que vamos ter entre estes jogos de Qualificação (dois, penso eu) são capazes de ajudar. O primeiro é no próximo mês, frente ao Gabão. Como o jogo virá numa altura complicada para mim e duvido que haja muito a dizer, talvez não publique entrada pré-jogo. Mas não deixarei de manter a página do Facebook atualizada.
Apesar de a Seleção nos ter traído completamente, de ter falhado, continuo a colocar os Marmanjos num pote diferente das outras instituições deste País. Porque a Equipa de Todos Nós de vez em quando falha, como tudo na vida. No entanto, ao contrário dos nossos políticos, é capaz de se levantar e de, mais cedo ou mais tarde, dar uma alegria aos portugueses, por pequena que seja, fazer por merecer o apoio, a fé e... o dinheiro gasto nos bilhetes para os jogos. Ainda acho que vamos conseguir Qualificarmo-nos, nem que seja via play-offs. Não é por isso que estou zangada. Estou zangada porque acho que seríamos capazes de nos apurarmos sem este drama todo. É como diz o Menos Ais: "Continhas até ao fim não é tradição, é sina". A Seleção parece, por vezes, fazer de propósito, só parece ser capaz de acordar para a vida quando sente "o rabinho a arder", como diz a minha irmã. E qualquer alegria que nos possam dar, agora só virá em março do próximo ano.
E daí, talvez o jogo com o Gabão ajude nisso, talvez nos dê uma vitoriazita que nos ajude a dormir melhor nessa noite. Que nos faça acreditar, nem que seja um pouco, que a Seleção pode dar a volta a este texto e dar-nos alegrias maiores em breve. Durante estas próximas semanas, procurarei agarrar-me a esse pensamento como forma de neutralizar o sabor amargo que esta jornada dupla deixou na boca.Só espero que a Turma das Quinas não torne a boicotar tais esperanças daqui a um mês.
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