quarta-feira, 14 de agosto de 2013

"Agora Qualifiquem-se, OK?"

Anteontem, segunda-feira dia 12 de agosto, a Seleção Portuguesa de Futebol efetuou o seu primeiro treino de preparação do embate particular, frente à sua congénere holandesa, a realizar-se hoje à noite, às 20h30, no Estádio do Algarve. O treino, aberto ao público, teve lugar no Estádio Nacional, no Jamor... e eu estive lá, com a minha irmã e uma amiga dela.

Pela fotografia, julgo que se pode deduzir como correu.

Não escrevi a minha habitual entrada de análise aos Convocados e de análise ao jogo que se avizinha por dois motivos. O primeiro é por considerar que pouco poderia dizer que já não tivesse dito anteriormente. Ao fim de não sei quantos anos de blogue, um certo desgaste é inevitável. Não tanto nas crónicas pós-jogo - cada encontro, seja ele oficial ou particular, é único, essa é uma das belezas do futebol. Mas nestas entradas pré-jogo, tenho de puxar pela minha criatividade para não escrever sempre o mesmo texto outra a outra vez. E como, de resto já planeava ir a um treino aberto e escrever sobre isso, não me importei.

O motivo principal, contudo, foi o facto de ter passado a última semana - incluindo o dia da Convocatória  de férias no estrangeiro. É claro que agora todo o hotel que se preze tem wi-fi, por isso, a desculpa é questionável. No entanto, não levei o meu computador comigo e o meu irmão mal me deixava tocar no dele. De resto, também estava a precisar de uma pausa da Internet. Em todo o caso, deu para ir ficando a par das principais novidades: os Convocados, a onda de lesões (outra vez, Nani?!?), a transferência de Hélder Postiga para o Valência, a derrota do Chelsea aos pés do Real Madrid.


Deu também para saber que, na preparação deste particular com a Holanda só haveria um treino aberto, na segunda-feira às 17h30, sendo que o treino de terça-feira de manhã apenas seria aberto aos Órgãos de Comunicação Social, durante quinze minutos. O que me contrariava por diversos motivos. Um deles era por ser no dia que se seguiu ao nosso regresso a Portugal, deixando-nos pouco tempo para recuperarmos da cansativa viagem. Além disso, num treino matinal, o calor não seria um inconveniente tão grande e não existira a urgência de não chegar demasiado tarde a casa. O motivo principal foi, contudo, o facto de suspeitar - acertadamente - que vários jogadores, com destaque para Cristiano Ronaldo, se baldariam àquele treino.

Eu devia era falar com os boys do Miguel Relvas, a ver se este blogue e respetiva página de Facebook me garantiam uma equivalência a Órgão de Comunicação Social...

Quer-me parecer que, para o melhor e para o pior, ir ver a Seleção ao Jamor será sempre uma aventura - até porque o local continua a ser isolado, meio degradado nalgumas zonas, e a ter péssimos acessos.

Por estes e por outros motivos - incluindo as peripécias na viagem de ida de há um ano - este nosso passeiozinho foi cuidadosamente planeado. Viemos equipadas com três garrafas de água fresca - porque o calor apertava - pacotinhos de bolachas para o caso de nos dar a fome, cartões carregados com dinheiro para os transportes, dinheiro extra para o caso de precisarmos de um táxi, o número de telefone da respetiva central, máquina fotográfica, cadernos e canetas para os autógrafos. Como agora vivemos em Lisboa, fomos de Metro até ao Cais do Sodré, onde apanhámos a Linha de Cascais. Apeámo-nos na minúscula e antiquada estação da Cruz Quebrada, atravessámos o pequeno bairro degradado e, debaixo do sol abrasador, subimos até ao Estádio, os holofotes entre as árvores servindo-nos de marco orientador. Receosa como estava dos atrasos dos comboios e de outros imprevistos, fiz questão de sairmos cedíssimo - como resultado, chegámos ao Jamor uma hora antes o início do treino.


Não fomos as únicas, de resto. Ainda não estava ninguém à entrada do Estádio mas, mais acima, junto ao parque de estacionamento, já se haviam juntado umas boas trinta pessoas, à espera do autocarro da Seleção. Aqui, encontrámos a Bárbara, uma seguidora da minha irmã no Twitter, uma jovem sportinguista, tal como ela, que viera ao Jamor praticamente só para ver o Miguel Veloso, o seu herói. Trazia um cartaz verde fluorescente, pedindo uma camisola ao jogador do Kiev que já lhe tinha sido prometida quando ela fora ao jogo com a Rússia.

Ainda ficámos uma boa meia hora à espera do autocarro, unto ao portão através do qual, no ano passado, o Eduardo, o João Pereira e o Rui Patrício nos haviam dado autógrafos. Sempre que se vislumbrava um autocarro ao fundo da estrada, as pessoas entusiasmavam-se:

- São eles? São eles?

Não eram e eu ria-me. Sabia perfeitamente que, quando fosse a Seleção, não teríamos dúvidas. E, quando eles chegaram, tal como previ, vinham no costumeiro autocarro cor-de-laranja, rodeados de polícias - a minha irmã chegou mesmo a filmar o momento da chegada mas não me deixa divulgar os vídeos. Enquanto o autocarro efetuava a manobra para entrar, chegámos a trocar acenos com o Paulo Bento e o Beto.


Depois de estacionado o autocarrro, ainda esperámos que os jogadores viessem ter connosco, os adeptos, mas não me surpreendi por não terem vindo. De resto, os portões para o Estádio foram abertos pouco depois. Mas ainda houve tempo para as meninas, juntamente com uns quantos adeptos, espreitarem entre as sebes, fazendo lembrar papparazzi, na esperança de vislumbrar um ou outro jogador. Depois de entrarmos para o Estádio, plantámo-nos o mais perto que pudémos da saída dos balneários, apesar de ficar debaixo da luz do Sol. Por algum motivo, desta vez os seguranças pareciam mais permissivos, ninguém nos veio pedir para mantermos as pernas atrás do muro. Conseguimos ver e filmar a subida dos jogadores: o André Martins e o João Pereira, o Rui Patrício e o Eduardo, o Pizzi e o Rúben Amorim, o Nélson Oliveira, o Bruno Gama, o Miguel Veloso, o Hélder Postiga. Nós e os outros adeptos íamos chamando alguns deles, trocando acenos, a Bárbara chegou a gritar ao Patrício que ficasse no Sporting, bem como ao Postiga que regressasse ao clube leonino. Eu, às vezes, ficava tão envergonhada quando os jogadores olhavam na nossa direção que olhava para baixo.

Julgo ter visto o Bruno Gama recebendo a costumeira "receção ao caloiro" antes do aquecimento. Tal como faz igualmente parte da praxe, os jogadores estiveram a passar bolas uns aos outros, dando carolos amigáveis a quem falhava. Nada de novo mas não deixava de ser engraçado vê-los ali, na brincadeira, como se fossem cachorrinhos. Destaque para o André Martins, baixinho, com cara de miúdo, a dar carolos ao Eduardo, que é um matulão.

Ao meu lado, ia ouvindo a Bárbara suspirando pelo Miguel Veloso:

- Ai aqueles braços... Ai, ele mexeu no cabelo... Porque é que ele é tão lindo?

Eu ria-me pois, quando tinha quinze anos, também era assim. A diferença é que limitava estes monólogos ao meu diário e pouco mais. Todas as meninas passa por isto, faz parte do crescimento. E, pelo menos no meu caso, a fase do ai-que-ele-é-tão-perfeito já acabou há muito mas o carinho permanece.


A pedido da minha irmã, ficámos mais um pouco no mesmo sítio, vendo os guarda-redes - logo, o herói dela, Rui Patrício - treinando daquele lado do campo. Achei particularmente interessante um exercício em que Ricardo Peres - o treinador dos guarda-redes, penso eu - e dois dos guarda-redes avançavam em direção à baliza, cada um com a sua bola, mas só um é que rematava, para o terceiro guardião tentar defender. Metia um certo medo ver os três atacantes ao mesmo tempo. Eu é que não queria estar a defender a baliza!

A parte mais interessante do treino foi o minijogo. Gosto sempre de ver aqueles homens a jogar, mesmo sendo naquelas circunstâncias. Como não podia deixar de ser, foram várias bolas aos postes. Sempre que o Hélder Postiga se encontrava com a bola em frente à baliza, eu gritava:

- Vai, Postiga!

Mas a bola acabava sempre por ir parar às mãos do Eduardo ou do Beto. No fim, só houve um golo, de Bruno Gama.



Tal como já foi mencionado, estiveram ausentes muitos dos titulares habituais, incluindo o Cristiano Ronaldo. Irrita-me, contudo, quando dizem, por exemplo, que "a intenção dos adeptos [ao irem ao Jamor] era, obviamente, ver ao vivo Cristiano Ronaldo". Como se a Seleção fosse só ele, como se nós, os adeptos tivéssemos vindo só por causa dele. Não era o caso de nós as três, pelo menos. A Bárbara, tal como já foi referido, viera, sobretudo, pelo Miguel Veloso. A minha irmã queria, como podem deduzir pelo que ela escreveu  nas costas do cartaz da Bárbara, queria uma foto e/ou um abraço do Rui Patrício (infelizmente, não obteve nenhum dos dois). Quanto a mim, vim, não apenas para ver os meus heróis mas também, sobretudo, como forma de demonstrar que os apoiava.

Mas não nego que fiquei desiludida com a ausência do Cristiano.

E ainda pensámos que poderíamos perder mais gente quando o Pizzi foi tocado e começou com queixas Felizmente, passou-lhe e terminou o treino sem limitações.


Tínhamos mudado de lugar para ver o mini-jogo mas, quando os jogadores começaram a fazer os alongamentos finais, voltámos para o local inicial, junto à entrada dos balneários, na esperança de que, pelo menos, o Miguel Veloso viesse ter connosco, atraído pelo cartaz da Bárbara. Eu tinha algumas dúvidas de que isso acontecesse, pensava que só dariam atenção aos adeptos antes de entrarem no autocarro, como no ano passado.

Mas enganei-me, o Miguel veio - consegui filmar o momento - e a Bárbara foi de imediato tirar uma foto com ele. Claro que o resto dos adeptos veio atrás, à caça de fotografias e autógrafos. Eu e a minha irmã juntámo-nos logo à pequena multidão. De alguma forma, consegui manter-me bastante calma, tendo em conta que era a primeira vez, em mais de dez anos apoiando a Seleção - embora, só a tenha começado a seguir fielmente depois do Euro 2004 - era a primeira vez que estava assim tão perto de um jogador. Ainda foi um bocadinho difícil, houve alguma confusão, ainda que de uma forma bastante ordeira e civilizada, até porque os seguranças estavam sempre presentes, calmos mas firmes, para evitar abusos. Estive perto de me meter em foto alheia algumas vezes. Por fim, eu e a minha irmã (uma de cada vez), já conseguimos uma foto com o Miguel, bem como o seu autógrafo.

Entretanto, em resposta aos apelos dos outros adeptos, o Beto e o Eduardo vieram, também, ter connosco. Tal como mencionei acima, ia-me mantendo surpreendentemente calma - mas admito que, se lá estivesse o Cristiano Ronaldo, o Nani ou mesmo o Postiga, talvez caísse para o lado  de sorriso no rosto, que os jogadores retribuíam quando nele reparavam. A minha irmã conseguiu uma fotografia com o Beto e, depois, veio comigo tirar uma foto com o Eduardo - ela pediu-me para a cortar das fotografias que publicasse aqui no blogue. Depois da foto e os agradecimentos, virei-me para o Eduardo e disse-lhe:

- Agora Qualifiquem-se, OK?


Por fim, foi a vez de Paulo Bento vir ter com os adeptos. Tal como os jogadores já o tinham sido, ele foi muito paciente para connosco. Apesar de começar por dizer que não podia demorar muito, que tinha o autocarro à espera, depressa garantiu:

- Eu tiro foto com todos.

De novo tivémos de esperar pela nossa vez. Eu e a minha irmã tentámos várias vezes ir ter com o Selecionador, mas acabávamos por dar o lugar aos outros adeptos, em particular quando eram crianças. Achámos particular graça a dois miudinhos gémeos, loiros de olhos claros, que falavam francês, cada um deles com o equipamento branco da Seleção completo do Cristiano Ronaldo. A minha irmã ficou particularmente feliz quando, a certa altura, Paulo Bento olhou para ela e disse:

- Deixem lá vir a menina, que está aqui à espera.

Contudo, eu e a minha irmã ainda tivémos de esperar um bocadinho mais antes de conseguirmos a tão desejada foto com o Mister. No fim, eu ainda lhe disse:

- Meta o pessoal a jogar.

Mas acho que ele não ouviu. A minha irmã diz que ele ainda lhe piscou o olho.

Eu e as meninas ainda corremos para junto do autocarro, na esperança de que mais um viesse ter connosco, o que não aconteceu. A Bárbara só dizia:

- Eu tive o Miguel ao pé de mim... Eu tive o Miguel ao pé de mim...

Ainda houve tempo para dizermos adeus a Paulo Bento e a alguns dos jogadores antes de o autocarro partir.



Como podem calcular, quando chegámos a casa (tivemos boleia), eu vinha exausta mas era aquele tipo de cansaço que prova de que fizémos o que devíamos, de que tivemos um dia extraordinário. Todo o stress, todas aquelas horas debaixo dos calores do Sara, valeram a pena pois, ao fim de anos sonhano com isto, pude contactar de perto com jogadores e treinador da Seleção, tirar fotografias com eles. Só tenho pena de não ter conseguido ver o Cristiano, o Nani, o Pepe, o Moutinho e os outros, de não ter tirado uma fotografia com o Postiga. Mas um dia conseguirei encontrar-me com mais Marmanjos, se Deus quiser, com a minha troika de ataque preferida. De resto, não devo ficar muito tempo sem vê-los de nov ao vivo, visto que, em princípio, iremos ao jogo com Israel, em Alvalade.

Antes disso, temos outros jogos, começando por o de daqui a menos de duas horas, frente à Holanda, no Estádio do Algarve - ironicamente, uma região fértil em laranjas E, apesar de, tradicionalmente, a Holanda se dar mal connosco em campo, as várias ausências fazem-me recear que esta laranja se revele mais amarga do que o costume. Paulo Bento afirma que o principal objetivo do jogo é manter a competitividade em níveis elevados. Eu acrescentaria que estes dois particulares, frente a adversários de respeito, servem precisamente para os Marmanjos se mentalizarem de que o tempo para brincadeiras já passou, que o que resta da Qualificação é para ser levado a sério.

Como tal, espero para este jogo pelo menos um empate com golos e, sobretudo, uma exibição consistente por parte das cores portuguesas, à semelhança do jogo com a Croácia. No fundo, uma garantia de que aquilo que pedi ao Eduardo será cumprido. Fui ao Jamor para demonstrar o meu apoio para com a Seleção para o resto do Apuramento. Agora, a bola está do lado dos Marmanjos.

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