sábado, 31 de agosto de 2013

Uma final e um reencontro

No próximo dia 6 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol defrontará, em Belfast, a seleção da casa, em jogo a contar para a Qualificação para o Campeonato do Mundo da modalidade, que se realizará no próximo ano, no Brasil. Será precisamente com a seleção desse país que, quatro dias depois, Portugal disputará um encontro de cariz amigável em Boston, nos Estados Unidos.

Os Convocados para esta dupla jornada de Seleção foram divulgados anteontem, quinta-feira dia 29 de agosto. As principais novidades consistem na Chamada de Antunes e Josué (que, neste início de época, se tem destacado ao serviço do Futebol Clube do Porto), bem como no regresso dos que falharam o jogo com a Holanda: Raul Meireles, João Moutinho, Nani e Hugo Almeida. Confesso-me francamente aliviada pelo regresso de Moutinho, apesar de ainda não existirem certezas relativamente à sua aptidão - já toda a gente sabe da importância do "formiguinha", que é pouco afetada pela sua forma física.

E, ao menos, desta feita é pouco provável o Pinto da Costa vir mandar bocas ou, como diz o Selecionador, debitar postas de pescada sobre a eventual utilização, ou não, de Moutinho.




Quanto a Nani, estou dividida. Por um lado, sinto-me satisfeita por ver um dos meus futebolistas preferidos de regresso aos Convocados. Por outro lado, o jogador continua a não competir com regularidade no Manchester United, agora por causa de mais uma lesão. Tal deixa-me céptica relativamente aos benefício da sua Chamada. Paulo Bento garante que , apesar das recentes atribulações da carreira de Nani, este continua "com um talento e qualidade" de que o Selecionador não se dá "ao luxo de desperdiçar". Será suficiente para ele merecer a titularidade? Sinceramente, não sei. Neste momento, tanto a presença como a ausência do jogador no onze inicial frente à Irlanda me parecem igualmente prováveis. No entanto, eu, se calhar, apostaria em Vieirinha.

Por outro lado, fiquei surpreendida com a ausência de Nélson Oliveira, que está a atravessar uma boa fase no seu clube, o Rennes. O jovem jogador tem sido apenas uma promessa há demasiado tempo, convinha começar a conquistar um lugar entre os habituais da Seleção.




Aproximam-se, então, dois jogos extremamente interessantes, cada um por um motivo diferente. Começarei pelo menos importante ("menos", por ser um particular). Praticamente desde que foi anunciado, tenho andado ansiosa pelo jogo com o Brasil. Não tanto pelo confronto Ronaldo versus Neymar, mas sobretudo por causa do reencontro com Luiz Felipe Scolari mais de cinco anos (!) após este abandonar o comando técnico da Seleção Portuguesa.

Será, no minimo, agridoce ter o nosso antigo selecionador sentado no banco do adversário. O próprio Scolari admite que, para ele e para o Murtosa, será "um jogo estranho", que "dá um nó na garganta", tal como era estranho quando estavam no comando técnico da Turma das Quinas e esta jogava com o Brasil. Eu ainda me sinto um bocadinho zangada pela maneira como Scolari nos trocou pelo Chelsea, anunciando a notícia quando a Seleção ainda se encontrava no Euro 2008. Contudo, superior a isso é a minha gratidão por tudo aquilo que o nosso ex-selecionador nos proporcionou, em particular de 2004 a 2006. Há quem defenda que o único mérito que o treinador canarinho teve nessa era foi ter tido a felicidade de poder dispôr de parte da Geração de Ouro, de Cristiano Ronaldo e da espinha dorsal do Futebol Clube do Porto de Mourinho. Nesse aspeto, a vitória do Brasil na Taça das Confederações deixou-me secretamente satisfeita por ter provado que Scolari até sabe treinar. Não chega apenas ter bons jogadores.




Além disso, tenho saudades dele, do seu estilo bonacheirão, da sua maneira de falar muito característica, do seu temperamento caprichoso, da sua proximidade com os jogadores, do carinho que nutre pelo povo português.

Que ainda nutre, aliás. Não apenas pelo facto de continuar a seguir, à distância, o que vai acontecendo com a Seleção, mas também pela maneira como se lembrou de nós, nos agradeceu, pouco depois de ganhar a Taça das Confederações comandando outra equipa.

Anseio, em particular, pelo reencontro e Scolari com os Marmanjos. Se formos a ver, metade do atual plantel da Seleção, sobretudo os habituais titulares, foi lançada na Turma das Quinas pelo atual técnico do Brasil. Vai ser agradável ver o Cristiano Ronaldo, o Hélder Postiga, o Hugo Almeida e os outros reencontrarem Scolari - depois, exigirei fotografias e vídeos desse(s) momento(s)!

Por tudo isto, pelo menos para mim, neste jogo o resultado será um aspeto secundário. Será como no jogo com a Holanda: o importante será afinar armas, testar alternativas, habituar os Marmanjos a elevados níveis de exigência de modo a prepará-los para a reta final da Qualificação. Mas também servirá para apreciar a beleza de um embate entre duas seleções de topo, representando países irmãos.


O jogo a sério, o jogo que nos tirará anos de vida, realizar-se-à quatro dias antes, com a Irlanda do Norte, uma seleção teoricamente mais fraca, motivada por uma recente vitória perante um dos candidatos à Qualificação, que ainda por cima é forte jogando em casa, que provavelmente entrará em campo sem medo. O próprio selecionador irlandês já avisou que Portugal deve preparar-se, pois a vitória da sua seleção perante a Rússia não foi, segundo ele, produto do acaso.

A incógnita que se coloca é, tal como já referi na entrada anterior, se a Irlanda do Norte jogará à defesa ou ao ataque, como fizeram contra a Rússia, e qual destas estratégias será mais benéfica para Portugal. Eu, por exemplo, preferia a segunda, visto que a Turma das Quinas costuma dar-se mal com autocarros estacionados à frente da baliza. Por sua vez, a minha irmã não em grande confiança na nossa defesa após uma série de disparates que nos custaram caro no passado recente.

Aquilo sobre o qual não existem dúvidas é de que este jogo será mais um encontro difícil, intenso, mais uma final, mais um jogo em que perder pontos não é opção. Mais uma vez, os Marmanjos estão obrigados a desenrascar-se, a dar tudo por tudo, a deixar a pele em campo. A Irlanda do Norte será um adversário difícil, mais difícil do que, se calhar, imaginávamos há um ano, mas eu acredito que temos equipa para vencê-los, mesmo com todas as circunstâncias desfavoráveis. Acredito que os Marmanjos farão por isso. E está mais do que provado que quando o fazem, quando dão o seu melhor, por vezes, nascem jogos fantásticos, daqueles que nos enchem de orgulho e funcionam como verdadeiros antidepressivos. Não peço que isso aconteça agora, frente à Irlanda - mas peço que ganhem, de modo a podermos viver mais momentos desses no próximo ano, na terra dos nossos irmãos.

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