quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Revisões para os testes

No próximo Sábado, dia 10 de Outubro, a Selecção Portuguesa defrontará a Selecção Húngara em Lisboa, no Estádio da Luz, se não me engano, pelas 19h45. Depois na Quarta-feira seguinte, dia 14 de Outubro, a Selecção defrontará a Malta, em Guimarães. Estes dois encontros são os últimos desta fase de qualificação que não tem corrido da melhor maneira. Daqui a pouco mais de uma semana saberemos se o Mundial 2010 pode contar com Portugal ou não.


De certa forma, sinto-me como se tivéssemos estado este tempo todo a fazer testes, só faltam dois para que a época acabe e para que saibamos a nota final: passamos ou não? Qualificamo-nos ou não? Infelizmente, sinto-me também como se fôssemos daqueles alunos que têm péssimas notas no 2º período do ano lectivo, notas que, se fosse no 3º período estavam chumbados, e que passam o 3º período todo entre a espada e a parede. E em vez de acarinharem, apoiarem e acreditarem em nós, os pais fartam-se de criticar, de resmungar "Pois, se tivesses estudado ao longo do ano, não estavas nesta aflição" ou "Agora de certeza já não consegues, nem vale a pena!", bocas que, longe de ajudarem, só contribuem para espezinhar o que resta da nossa auto-estima e para nos desesperar ainda mais.


Nesta metáfora, caso ainda não tenham percebido, os pais são muito do pessoal que por aí anda, sobretudo nos comentários às notícias na Internet (pelo menos, é onde mais os encontro). Em vez de dar apoio e carinho à Selecção na altura em que esta mais precisa, só sabem criticar e deitar abaixo.


Não que eu não compreenda como é que eles se sentem. Esta fase de qualificação tem sido recheada de empates e de desilusões. E eu já me fartei de sofrer com os marmanjos ao longo deste último ano. Eu nunca deixo de apoiar, de gritar por eles, de acreditar até ao último minuto do tempo de compensação, mesmo depois de vários jogos em que se falhou, se perderam pontos, mas eles fartam-se de me desiludir... O resultado é que a minha fé já viu melhores dias, já não acredito como antes acreditei.

Torna-se cada vez mais difícil acreditar, de resto. Quase toda a gente com quem falo já perdeu a esperança há muito. Ainda no outro dia um colega me perguntou:


- Se eles jogaram mal até agora, achas que será nos últimos dois jogos que vão jogar como deve ser?

Tento não ligar ao que eles dizem, provar que estão errados, mas há muito que me começam a faltar os argumentos. Nessas alturas, agarro-me àqueles que ainda acreditam.

Não sei se repararam, mas fiz uma pequena alteração à estrutura do blogue. A esta barrinha cinzenta à direita, acrescentei um poema que encontrei na secção das cartas e comentários dos leitores do jornal Destak, escrito por Alexandrina Silva, no dia 17 de Setembro:


Somos roubados, invejados
E estamos enguiçados
Mas não somos coitados
Estamos apenas
Um pouco mais atrasados
Vamos lutar e levar tudo
Até ao fundo
Porque ninguém tem dúvidas
Que somos
Dos melhores do Mundo

Força Portugal!


Na altura, gostei de ter dado com este poema. Fiquei feliz por ainda existir alguém que acredita para além de mim e do Carlos Queiroz.


E pelos vistos o nosso ex-seleccionador Luiz Felipe Scolari é mais outro que acredita (fixe, já vamos em quatro...). Apesar de antes se ter desentendio com o actual Seleccionador, ele foi impecável ao elogiar Carlos Queiroz e ao apelar à união dos portugueses em torno da Selecção. É curioso ele fazer esse apelo, mesmo depois de ter deixado a Selecção...


De resto, o nosso actual Seleccionador tem feito mais ou menos o mesmo. Ainda no outro dia disse que existe um "jogador especial" com quem ele conta de "forma inequívoca": os adeptos. Gostei. Só que ele ainda ontem falou num "mar de adeptos" que ainda acreditam. Talvez ele conheça mais gente que acredite do que eu, mas, cá para mim, esses adeptos mal chegam para formar uma poça de água... Já quase ninguém acredita sem contar com nós os quatro.

De resto, é uma atitude tipicamente portuguesa. Toda a gente se queixa que nós estamos "na causa da Europa", toda a gente resmunga "Só neste país" quando alguma coisa corre mal. Contudo, quase ninguém faz alguma coisa para mudar a situação. Nas escolas, os bons alunos são desprezados (aconteceu comigo...), e as mamãs e os papás vêm logo reclamar com os stôres se estes repreendem uma vez que seja os meninos. O sucesso dos outros é invejado (veja-se o exemplo do Ronaldo), por vezes é menos atribuído ao esforço pessoal e mais atribuído a cunhas, o insucesso é sempre culpa dos outros. É fácil ter-se esta atitude. São fracos.


Não digo que seja forte ou mesmo que não seja fraca mas não tenciono fazer o que eles fazem. Sei que, apesar do que o Seleccionador diz, não farei a diferença entre passar e chumbar, entre qualificarmo-nos ou ficarmos a ver o Mundial pela TV. Mas recuso-me a atirar para o chão as poucas armas que tenho. E faço um apelo através deste blogue para que façam o mesmo. Estes são os momentos em que os verdadeiros adeptos se revelam - não na bonança, mas sim na tempestade. Eu não vou poder ir assistir ao jogo no Estádio da Luz, mas ao menos tenho o blogue para mostrar que, apesar destas desilusões todas, estou com a Selecção até ao fim. Mesmo que não nos qualifiquemos. E que me estou nas tintas para o que os Velhos do Restelo dizem.


Que venham então os últimos testes.

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