Ontem, a Selecção Portuguesa recuperou a possibilidade de se qualificar para o Campeonato do Mundo, a realizar em 2010 na África do Sul, apenas dependendo dos seus próprios resultados. Foi a vitória da Selecção Dinamarquesa sobre a Sueca mas, sobretudo, a vitória da Selecção Portuguesa sobre a Húngara que devolveram a possibilidade. No mítico Estádio da Luz, os marmanjos marcaram três golos à Hungria e não sofreram nenhum, num jogo fantástico, provavelmente o melhor desde o Euro 2008. Dez anos depois de terem vencido a mesma seleccção com o mesmo resultado, na antiga Luz.
Os marcadores foram Simão e Liedson. O primeiro estava de regresso a casa, marcou o primeiro e o último golo, foi o capitão durante a maior parte do encontro, foi considerado o homem do jogo. Ele parecia ainda mais baixinho do que é quando às vezes disputava a bola com jogadores húngaros muito altos. Fez-me lembrar uma cena do último Portugal-Inglaterra, em que ele estava a disputar a bola com o Peter Crouch... Mas, de resto, ontem à noite provou que os jogadores não se medem aos palmos, que Marques Mendes tinha razão quando disse no outro dia que "Às vezes é das coisas pequenas que vêm as grandes surpresas". Grande Simão!
Outro herói da noite foi Liedson, que marcou o segundo golo, numa altura em que a Selecção parecia um bocado atrapalhada e um golo dava jeito para acalmar o pessoal. A sua Convocatória esteve envolta em polémica mas, depois de dois golos em três jogos, está mais que provado que a sua Escolha foi boa e pode até fazer a diferença. O pessoal já se habituou a vê-lo marcar na Luz, mas não a vê-lo ser tão aplaudido na Luz...
É este o espírito da Selecção. Aqui não há rivalidades clubísticas, é um país inteiro unido em torno de uma equipa.
De resto, pelo que se diz, parece que Pedro Mendes foi outra boa escolha para o lugar de Pepe, que estava castigado. Eu sobre isso não me pronuncio, pois os meus conhecimentos futebolísticos não me deixaram reparar que o jogador estava a fazer uma exibição assim tão boa... Mas, por outro lado, é bom saber que dispomos de vários jogadores bons, não só de duas ou três estrelas, cuja ausência nos complica demasiado a vida. Ontem o Cristiano saiu lesionado aos 27 minutos, o Pepe não jogou por castigo, o Deco não estava nos seus dias, mas o Simão e os outros conseguiram aguentar o barco e conduzi-lo à vitória.
A propósito do Cristiano Ronaldo, o madeirensezinho saiu aos 27 minutos de jogo, mas esses 27 minutos chegaram para que este assistisse o golo de Simão. Disse ao longo desta última semana que queria fazer a diferença no jogo contra a Hungria e cumpriu o seu desejo. Na minha opinião, este golo foi determinante. Se não tivéssemos marcado nesta altura, este jogo podia ter sido igual a tantos outros desta qualificação. Foi largamente aplaudido quando foi substituido por Nani. É capaz de ter feito mais pela Selecção neste jogo nesta meia horinha em que jogou do que fez noutros jogos em que jogou na maioria dos noventa minutos.
Eu de resto tenho de engolir algumas coisas que pensei e disse em relação à dedicação de Ronaldo à Selecção. Muito se tem comentado ao longo desta fase de qualificação que ele "na Selecção não joga nada", que no clube, seja no Manchester United, seja no Real Madrid, joga melhor, etc, etc. Apesar disso tudo, ele esforçou-se por jogar frente à Hungria, por fazer uma boa exibição apesar do tornozelo lesionado. E agora, como consequência desse esforço, pode ficar umas semaninhas sem jogar. E este foi só um caso. Para além daquele que eu falei da outra vez, do jogo frente ao Cazaquistão. E de outro de que o próprio Ronaldo falou: quando o pai dele morreu na véspera de um jogo de qualificação para o Mundial 2006, frente à Rússia.
Quem é que agora pode dizer que ele liga mais aos euros do que à camisola? O Ronaldo deu-nos a todos uma grande lição ontem à noite. Ainda pode haver quem diga que foi só porque, de repente, ficou com medo de não ir ao Mundial 2010, o que seria péssima publicidade, mas eu não acredito nisso. Acredito que um dia irá desempenhar na Selecção o mesmo papel que Luís Figo desempenhou, como líder da Selecção. Apesar de já ser capitão, ainda não é o verdadeiro líder: falta-lhe alguma maturidade, na minha opinião, mas creio que há-de chegar lá, com o tempo.
Os adeptos, o décimo-segundo jogador que, segundo Queiroz, ontem vestiu a camisola número 1, também foram os homens (e mulheres!) do jogo. Ainda foram uns 50 mil! Não chegou para encher o estádio, mas não faltou muito. Acho que nunca os tinha visto tão animados nesta fase de qualificação. Quem me dera ter estado lá, ter juntado a minha voz, o meu apoio, às vozes e ao apoio dos outros 50 mil. Ainda se ouviram assobios para Carlos Queiroz, o que é compreensível. Tinham todo o direito de dizerem que, apesar de estarem lá para apoiar Portugal, não estavam satisfeitos com o desempenho da Selecção. Eu compreendo os assobios, mas eu não era capaz de os fazer. Para já, não consigo assobiar daquela forma, tenho de me contentar com "Uuuuuuuuu", e além disso, se eu vim ao estádio é para apoiar e não para criticar. Mas, de resto, o público portou-se impecavelmente ontem, criaram o verdadeiro Inferno na Luz para os húngaros, só assobiaram mesmo quando estes tinham a bola nos pés. Também, com um jogo daqueles, era difícil sair da Luz chateado.
Em suma, adorei pura e simplesmente o jogo de ontem. Já não estava habituada a uma vitória tão expressiva da Selecção Nacional. Apesar de confiante, tinha medo que se repetisse a mesma história dos anteriores jogos de qualificação: uma boa exibição, mas golos falhados atrás de golos falhados, o pessoal cada vez mais nervoso, o apito final e o marcador empatado. Graças a Deus, nada disso aconteceu ontem à noite. Graças a Deus é como quem diz, foi a Selecção e os adeptos à assistirem que deram esta tão esperada vitória. Como disse Rui Santos ontem, isto acontecer nesta altura do campeonato, depois de uma qualificação tão atribulada, é uma grande vitória - desta feita, concordo com ele. Outros mais fracos não conseguiriam fazer o que nós fizemos em circustâncias tão adversas. Agora o sonho de um lugar na África do Sul está mais forte.
Mas não está cumprido, atenção! Ainda é muito cedo para lançar os foguetes! Ainda temos de vencer a Malta para termos lugar nos play-offs. Eu sei que a Malta é capaz de ser a Selecção menos difícil do grupo, que está no fundo da tabela com um único ponto, que nós a vencemos por 4-0 no primeiro jogo desta fase de qualificação, mas isso não quer dizer nada. Já vi demasiado desta Selecção para pôr as mãos no fogo em relação a isto... Contudo, não creio que não vençamos a Malta, na próxima Quarta-feira, dia 14. Só mesmo se acontecer uma grande desgraça, um grande azar, mas já tivémos azar demais neste campeonato! E, de resto, praticamente todos os jogadores que prestaram declarações frisaram este mesmo aspecto: nada está decidido, ainda falta um jogo para a qualificação acabar. Há-de correr tudo bem.
Ah, mas se ou quando (escolham vocês) garantirmos um lugar no Campeonato do Mundo do próximo ano, eu vou chatear tudo e todos os que já tinham dado a qualificação por perdida! Eh eh eh!
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