domingo, 9 de setembro de 2012

Luxemburgo 1 Portugal 2 - Não havia necessidade

Na passada sexta-feira, dia 7 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere luxemburguesa por dias bolas a uma, naquele que foi o seu primeiro jogo da fase de Qualificação para o Mundial de 2014, que terá lugar no Brasil.

Estava praticamente toda a gente - eu incluída - à espera de uma vitória fácil e esmagadora. Mesmo que a Seleção não tivesse um desempenho brilhante, em princípio, a vitória chegaria sem dificuldades de maior. Não foi isso que aconteceu naquela noite.

Paulo Bento afirmara que a Seleção enfrentaria este jogo como se estivesse na fase final do Europeu. E, de facto, a maneira como entraram no jogo - lentos, desorganizados, trapalhões - lembrava-me o início dos jogos contra a Dinamarca e a Holanda. Acabou por não surpreender muito o golo do Luxemburgo - mas não deixou de ser um balde de água fira, cujo efeito nem sequer foi atenuado pelo calor que tem deito nestes dias. Dei por mim mordiscando o meu velho boné com os nervos, vendo a Seleção debatendo-se perante uma equipa na qual só jogavam três profissionais. Chegava a adquirir contornos caricatos, ridículos. Um dos jogadores é vereador. O Daniel da Mota, o luso-descendente que nos marcou o golo, trabalha num escritório durante o dia e só treina à noite. O guarda-redes é supervisor de um pavilhão desportivo ou algo do género. Havia momentos em que não sabia se devia rir ou chorar.



O golo de Cristiano Ronaldo aliviou um bocadinho os nervos. Curiosamente o abraço que trocou com o Hélder Postiga fez-me recordar o primeiro golo do jogo do ano passado, frente ao mesmo adversário. Nesse encontro, tinha sido o Hélder a marcar primeiro mas ele e o Ronaldo também se abraçaram. Fiquei com a ideia de que, em circunstâncias normais, o madeirense não festejaria um golo de empate mas, depois da polémica dos últimos dias, fez questão de agitar o punho em sinal de triunfo. E pronto, já toda a gente diz que ele está feliz de novo. 

Apesar dos golos, o ritmo do jogo manteve-se praticamente inalterado. Só depois da segunda parte é que os Marmanjos pareceram acordar para a vida: o golo do Hélder Postiga - executado de forma soberba - não surpreendeu.


Eu acho graça ao facto de só depois de o Hélder marcar é que as pessoas se recordam de todas as vezes que o ponta-de-lança já marcou pela Seleção, muitas vezes salvando-nos o couro - como, por exemplo, no Euro 2004, frente à Inglaterra. E anteontem. Ainda ontem, no Record, vieram falar da sua média de golos por jogo. Ninguém se recorda disso quando meia opinião pública contesta a sua Convocatória, quando os comentadores se queixam da falta de pontas-de-lança. Admito que o Postiga já fez os trinta, logo, já não lhe restam muitos anos de carreira, sendo, por essas e por outras, importante apostar em jovens como o Nélson Oliveira. No entanto, gostava que se desse mais valor àquilo que o Hélder faz pela Seleção.

Esperava-se que, depois deste golo, ficasse mais fácil marcar mais um ou dois tentos. No entanto, a Seleção continuava lenta e os luxemburgueses recusavam-se a render-se. Cheguei a uma altura em que só pedia para manterem o resultado - não me surpreenderia se a coisa ficasse, de novo, empatada.

Felizmente, tal não aconteceu. A Seleção conseguiu amealhar três pontos.


Fiquei bastante mais satisfeita com o resultado do que com a exibição. Não percebo como é que os luxemburgueses nos foram criar tantas dificuldades... Talvez seja como disse o Hélder, talvez já não existam adversários fáceis. Ou talvez, pura e simplesmente, não tenham levado o Luxemburgo a sério, apesar da promessa de Paulo Bento.

No entanto, três pontos são três pontos. Não me esqueci do que aconteceu há dois anos - ainda que, na altura, tivessem a desculpa do caso Queiroz. E também já tivemos uma dose exagerada de jogos em que dominámos em praticamente tudo exceto no marcador. Toda a gente prefere jogar mal mas ganhar, em vez do contrário. Não estou demasiado preocupada pois sei perfeitamente que a Seleção sabe jogar bem melhor do que isto, quando está para aí virada. Mas porque é que tivemos de sofrer tanto? Como dizia o outro, não havia necessidade...

Não é fácil ser adepto incondicional da Seleção...


Este jogo assemelhou-se imenso ao jogo com o Liechtenstein, em outubro de 2005, um a que fui assistir no Estádio de Aveiro. Também nesse começámos por estar a perder contra uma seleção amadora - acho que nunca me vou esquecer do velhotezinho isolado, apoiante do Liechtenstein, comemorando o golo - e vimo-nos gregos para virar o resultado. Tanto nesse jogo como neste, o mais importante foram os três pontos. A diferença é que, neste, foram os primeiros pontos a serem amealhados nesta fase de Qualificação. No jogo de 2005, os três pontos selaram-nos a Qualificação para o Mundial 2006.

Agora, tal como fiz em 2005, vou concentrar-me no lado positivo deste jogo, os três pontos amealhados. No entanto, estes não são suficientes para obtermos o bom arranque de Apuramento que desejo. Ainda falta ganhar ao Azerbaijão. Convinha jogar melhor do que se jogou na sexta-feira. O desempenho frente ao Luxemburgo foi suficiente para vencermos o Luxemburgo mas tenho medo que não seja suficiente frente aos azeris.

O que eu desejava mesmo era uma Qualificação imaculada, só com vitórias, como as últimas da Espanha. Mas o melhor é sempre encarar a viagem passo a passo, jogo a jogo. Para já, espero que Portugal ganhe o próximo, que dê mais um passo em direção ao Brasil. Que a viagem apenas acaba de começar.

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