domingo, 9 de junho de 2013

Portugal 1 Rússia 0 - Triunfo de equipa

Na passada sexta-feira, dia 8 de junho, a Seleção Portuguesa de futebol recebeu, no Estádio da Luz, a sua congénere russa, num jogo a contar para a Qualificação para o Campeonato do Mundo da modalidade, que terá lugar no Brasil, daqui a um ano. A Seleção da casa levou o jogo de vencida por uma bola sem resposta, cortesia de Hélder Postiga. Portugal assumiu deste modo, ainda que provisoriamente - tem mais jogos que a Rússia e Israel, os adversários mais perigosos - a liderança do grupo F. 

Parece que, finalmente, a Equipa de Todos Nós começa a encarreirar neste Apuramento.

Com o tudo o que se foi dizendo ao longo da preparação deste jogo, sobre uma Rússia, treinada por Fabio Capello, que joga à italiana, que estava a ter uma Qualificação imaculada, sem um golo sofrido; sobre o cansaço físico e psicológico de fim de época de alguns jogadores; a falta de ritmo competitivo de outros; as asneiras cometidas ao longo desta fase de Qualificação; por fim, o discurso habitual da falta de opções, de alternativas para a Seleção, do estes-tipos-não-valem-nada-quando-comparados-com-o-Figo-o-Rui-Costa-e-companhia (começo a ficar saturada dessa conversa...), não me atrevia a assumir-me como optimista ou pessimista antes do jogo. Em vez disso, tal como publiquei na página do Facebook algumas horas antes do arranque da partida, preparei-me para um jogo difícil, de sofrimento, em que tudo poderia acontecer. Manifestei, também, o desejo de que os Marmanjos entrassem em campo também assim, com a consciência das dificuldades do jogo, da importância de uma vitória, preparados para qualquer cenário, para dar tudo por tudo, para sofrer, para ganhar. 

O desejo foi cumprido.

Perante uma bela moldura humana, a Turma das Quinas entrou bem no jogo, decidida a cumprir as promessas feitas ao longo da preparação desta jornada. E a recompensa surgiu cedo, na sequência de um livre cobrado por Miguel Veloso. Este colocou a bola muito bem, a jeito para o Hélder Postiga encostar. A bola foi ao poste - que, por uma vez, esteve do nosso lado - e entrou.


O melhor disto tudo é que eu não preciso de dizer nada, não preciso de contrariar as críticas. O Hélder defende-se a si mesmo, outra e outra vez, prova que não é por capricho que teimo em louvá-lo. E, no processo ajuda a Seleção a encontrar o caminho certo. É o nosso talismã há já vários anos. Vai, aliás, fazer agora uma década desde os seus dois primeiros golos pela Equipa das Quinas (num particular contra a Bolívia, dia 13 de junho de 2003, que Portugal ganhou por 4-0). Desde esse dia até hoje, tem-se fartado de marcar golos pela Seleção. Estou a pensar, por exemplo, num tiro espetacular, num jogo de Qualificação para o Euro 2008, frente à Bélgica, em junho de 2007. E no jogo contra a Noruega, há dois anos, também em final de época, também no Estádio da Luz, também ganho por 1-0, com golo de Postiga. E agora igualou Rui Costa em número de tentos. Não me esqueço destas coisas, recordo-as. E fico orgulhosa.

O golo madrugador deu-nos a tranquilidade que não tivemos em outros jogos deste Apuramento. No entanto, tendo o jogo com Israel fresco na memória, não me atrevi a ficar demasiado tranquila, receei que a Rússia empatasse de novo. Não tive grandes motivos para temê-lo a sério durante a primeira meia hora de jogo, durante a qual houve claro domínio português. Só quando a Seleção procurou gerir o resultado, dando mais espaço aos russos, é que comecei a ter motivos reais para me assustar. Sempre que os russos se aproximavam da nossa baliza, eu rezava para que nenhum dos Marmanjos fizesse uma parvoíce, como as que cometeram noutros jogos desta fase de Apuramento. Valeu-nos os bons desempenhos do novato Luís Neto, que substituiu Pepe, as já costumeiras boas intervenções de Rui Patrício, um árbitro que, em certas ocasiões, foi nosso amigo e uma boa dose de sorte. Talvez para compensar alguma infelicidade que possamos ter tido em jogos anteriores, os deuses do futebol estiveram com Portugal naquela noite. 


Pena não terem permitido um segundo golo português, só para manter a nossa tensão arterial nos valores normais. Juro que ainda vou descobrir quem é o cardiologista que anda a patrocinar a Seleção para não haver um jogo que seja sem sofrimento...

O encontro acabou, por isso, por ser bastante equilibrado, embora Portugal se mantivesse quase sempre por cima. O que não quer dizer nada - a História recente do futebol é rica em jogos cujos resultados se decidiram numa questão de minutos. E se existiram várias ocasiões em que estivemos perto do segundo golo, existiram outras em que, como disse @lidiapgomes no Twitter, "estivemosábilitar-nos". Por o jogo decorrer no estádio do Benfica, houve quem se recordasse da maldição do minuto 92. Eu, nessa altura, já só rezava, "Apita, árbitro, apita... Termina o jogo...". E, apesar de várias vezes ter receado o contrário, o jogo terminou com a nossa baliza inviolada e Portugal em vantagem, amealhando três pontos.


Foi um bom jogo, sobretudo tendo em conta todos os fatores que jogavam contra nós, já mencionados neste texto. Não foi um jogo brilhante, mas ninguém esperava que o fosse. Vários jogadores se destacaram, como Luís Neto, Vieirinha, Moutinho, entre outros, mas, na minha opinião, foi sobretudo um jogo de equipa, um triunfo de equipa. Houve atitude, espírito guerreiro, de entre-ajuda, união - precisamente os pontos fortes da Equipa de Todos Nós. Os comentadores desportivos não estão errados quando dizem que esta Seleção é mais pobre em valores em individuais do que, por exemplo, a de 2004-2006. No entanto, quando estão para aí virados, quando vestem a camisola das Quinas e jogam em equipa, cada um dos onze jogadores vale mais do que o seu valor individual. Isto foi suficiente para chegarmos às meias-finais do Europeu, no ano passado, chegando a jogar de igual para igual com a Espanha. Foi, também, suficiente para ganharmos à Rússia, apesar das dificuldades todas. Isto, sim, isto é Portugal! Estamos de volta!

O problema é mesmo o facto de os Marmanjos nem sempre estarem para isso. Podia perguntar onde esteve este espírito noutros jogos deste Apuramento. Mas não o farei. Não quero olhar para trás. Não se pode mudar o passado. Aquilo que podemos controlar são os jogos que nos faltam. Cada um deles será uma final. Este, com a Rússia, já o era. Talvez tenha sido a mais difícil. Vencê-la foi um grande passo em frente, mas ainda temos caminho a percorrer e ainda existe o risco de nos perdermos pelo meio, de novo.

Mas, como o próximo jogo oficial é em setembro, haverá tempo para pensar melhor nisso. Antes, ainda teremos dois particulares, um dos quais já na segunda-feira, contra a Croácia. Não alimento grandes entusiasmos para este jogo, por motivos diversos, embora me atraia a possibilidade de vermos jogadores menos habituais - destaque para o estreante André Martins - em campo. Como será uma semana complicada para mim, não sei quando poderei publicar uma análise ao jogo. Nem sei, sequer, se farei uma análise ao jogo. Mas vou tentar escrevê-la, mesmo que o jogo não se revele grande coisa, mesmo que só consiga publicar a entrada uma semana depois.


Fico feliz por a Seleção, finalmente, estar no caminho certo. É verdade que ainda não conquistámos nada, as o Brasil encontra-se cada vez mais alcançável. É o que me farto de repetir aqui no blogue mais uma vez provado: mais cedo ou mais tarde, os jogadores recompensam-nos pelo apoio que lhes damos, mostram que vale a pena acreditar na Seleção. Por isso é que me obriguei a mim mesma, ao longo destes meses todos, a manter a fé, apesar das sucessivas desilusões. Fica este consolo para as próximas semanas: a chama está mais forte, o Brasil está mais perto. Agora, espero que não tornemos a desviar-nos da rota, que continuemos a dar passos em frente e que, daqui a uns meses, estejamos a comemorar a sexta presença num Campeonato do Mundo.

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