terça-feira, 8 de junho de 2010

Magaliesburg: a nova casa da Selecção

No Domingo, a Selecção aterrou finalmente no país anfitrião do Campeonato do Mundo de 2010. E foi recebia de uma forma apoteótica (tenho lido e ouvido muitas vezes esta palavra para descrever situações como esta, mas, na verdade, não sei bem o que significa...). A edição de ontem do jornal Record falava em cinco mil pessoas, duas mil das quais puderam ainda assistir ao primeiro treino dos marmanjos em solo sul-africano.

Talvez agora deva dizer "primeiro treino dos Navegadores", cognome que Carlos Queiroz escolheu para os jogadores da Selecção. Uma clara alusão aos Descobrimentos, à conquista do Cabo da Boa Esperança. Um bocado lugar-comum, mas sem deixar de ser adequado, mesmo assim.

Já não é a primeira vez que testemunhamos um acolhimento tão caloroso à Selecção das Quinas, mas nunca deixam de me surpreender, de me fazer sorrir, de me fazer desejar estar entre eles a gritar por Portugal. E pensar que, pelo menos de acordo com o Record, mais uma vez, que as Selecções Inglesa e Brasileira, mais favoritas à conquista do título do que nós, chegaram "perante a indiferença e a apatia geral à Terra de Nelson Mandela"... Nós somos mais populares que o Brasil e a Inglaterra?!?!? Custa-me a acreditar...

É engraçado que, onde quer que a Selecção vá, existe quase sempre uma comunidade de portugueses, luso-descendentes, ou pessoas que nada têm a ver connosco, pronta a receber-nos de braços abertos. E eu que, há dois anos, pensava que ninguém nos ligaria na Àfrica do Sul... Aposto até que, caso nos qualifiquemos para o Euro 2012, havemos de desencantar algures nos confins da Polónia ou da Ucrânia, uma comunidade lusa para fazer a Selecção sentir-se em casa. No Brasil, no Mundial a seguir a este, encontraremos de certeza portugueses e uns quantos brasileiros dispostos a reservar um espacinho para nós num coração quase totalmente ocupado pela Selecção Canarinha. E no Europeu de 2016, em França, nem se fala...

Hoje temos o nosso último jogo de preparação para o Mundial 2010. Jogamos contra Moçambique. Ontem, tive oportunidade de assistir em directo à Conferência de Imprensa de Carlos Queiroz, de antevisão a este amigável, enquanto almoçava. Este jogo terá um sabor especial para o Professor, já que foi naquele país que ele nasceu. Outra coisa que foi mencionada foi que o jogo será disputado no Bidvest Wanderers Stadium, considerado a "catedral" do criquete na África do Sul.

A Conferência foi sendo pontuada por tiradas humoradas de Carlos Queiroz, que afirmava estar com pressa por causa do treino, que começava às três e meia, hora sul-africana.

Um dos jornalistas afirmou que no jogo contra os Camarões e no fim-de-semana passado, Cristiano Ronaldo aparentava estar triste e questionou Queiroz sobre esse facto. O Professor começou por brincar com a situação, dizendo que ele provavelmente tinha perdido um jogo de pinguepongue, mas depois invocou a aproximação do Mundial e a responsabilidade inerente como justificação. Mas eu pergunto: o que é que interessa o estado de espírito dos jogadores? Não têm mais nada que perguntar? Sinceramente...

Já perto do fim Queiroz queixou-se que "tenho treino daqui a dois minutos", mas ainda aceitava "duas perguntas em estrangeiro". A primeira pergunta foi feita em inglês. O Professor começou por responder em português, mas depois o Assessor avisou:

- You're not answering in estrangeiro.

Riram-se e Queiroz lá respondeu em inglês. O Professor quer mesmo mostrar que pode ser divertido. A segunda pergunta em estrangeiro era em castelhano. Ele também respondeu nessa língua, mas muito macarronicamente. Foi assim que a Conferência terminou.

Como já disse, hoje jogamos com Moçambique. A partida será transmitida pela TVI esta tarde, às três e meia de cá. Eu não sei se poderei assistir à emissão televisiva, uma vez que vou ter uma aula às quatro e meia. Terei de sair de casa um pouco depois do início do jogo para apanhar o comboio. Em princípio só poderei ver o Hino Nacional pela televisão, depois saio logo. Pelo caminho, ainda devo conseguir ouvir o relato da primeira parte via rádio, mas, ao contrário do que fiz da última vez que tive um jogo da Selecção durante uma aula, não vou ouvir a segunda parte. Esta é uma aula extra, de dúvidas, que a Professora não era obrigada a dar, e eu quero aproveitar. Além disso, é apenas um jogo particular, contra um adversário que não é nada de especial. E como geralmente na segunda parte o rendimento da equipa cai, não devo perder nada. Quanto muito, posso ligar o leitor de MP3 nas alturas mais paradas da aula para ouvir o resultado, mas não deverá passar disso.

Entretanto, já referi que um dos nossos maiores obstáculos ao nosso caminho é a possibilidade de encontrarmos a Espanha nos oitavos-de-final. Contudo, parece que os espanhóis também não andam ansiosos por se encontrarem connosco. Ontem, o director das relações institucionais do Real Madrid, Emilio Butrageño, alertou os nossos vizinhos para o "perigo que representa jogar com Portugal nos oitavos de final", aconselhando especial cuidado com Cristiano Ronaldo. É sempre bom saber que os nossos adversários nos respeitam, mas sinceramente acho que estamos a ser um pouco sobrevalorizados. Quer dizer, eles fizeram uma qualificação perfeita, ganhando todos os jogos e nós vimo-nos gregos para chegar cá. Além disso, até nos dava jeito se aparecessem em campo com excesso de confiança...

Mas já sabemos que no futebol tudo é possível. Estou até a pensar na Dinamarca que só participou no Europeu de 92 porque a Jugoslávia foi proibida de jogar. Eles só souberam disso dez dias antes do início da fase final, quando muitos dos jogadores estavam de férias. E depois disto tudo, sagraram-se campeões Europeus! Maravilhas do futebol.

É por estas e por outras que, independentemente das nossas escassas hipóteses, dos favoritos, dos prognósticos, nunca devemos deixar de sonhar, de acreditar e de lutar. E nós, os adeptos, usamos o nosso apoio como arma. Enquanto for possível, eu acredito!

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