No Domingo, a Selecção aterrou finalmente no país anfitrião do Campeonato do Mundo de 2010. E foi recebia de uma forma apoteótica (tenho lido e ouvido muitas vezes esta palavra para descrever situações como esta, mas, na verdade, não sei bem o que significa...). A edição de ontem do jornal Record falava em cinco mil pessoas, duas mil das quais puderam ainda assistir ao primeiro treino dos marmanjos em solo sul-africano.
Talvez agora deva dizer "primeiro treino dos Navegadores", cognome que Carlos Queiroz escolheu para os jogadores da Selecção. Uma clara alusão aos Descobrimentos, à conquista do Cabo da Boa Esperança. Um bocado lugar-comum, mas sem deixar de ser adequado, mesmo assim.
Já não é a primeira vez que testemunhamos um acolhimento tão caloroso à Selecção das Quinas, mas nunca deixam de me surpreender, de me fazer sorrir, de me fazer desejar estar entre eles a gritar por Portugal. E pensar que, pelo menos de acordo com o Record, mais uma vez, que as Selecções Inglesa e Brasileira, mais favoritas à conquista do título do que nós, chegaram "perante a indiferença e a apatia geral à Terra de Nelson Mandela"... Nós somos mais populares que o Brasil e a Inglaterra?!?!? Custa-me a acreditar...
É engraçado que, onde quer que a Selecção vá, existe quase sempre uma comunidade de portugueses, luso-descendentes, ou pessoas que nada têm a ver connosco, pronta a receber-nos de braços abertos. E eu que, há dois anos, pensava que ninguém nos ligaria na Àfrica do Sul... Aposto até que, caso nos qualifiquemos para o Euro 2012, havemos de desencantar algures nos confins da Polónia ou da Ucrânia, uma comunidade lusa para fazer a Selecção sentir-se em casa. No Brasil, no Mundial a seguir a este, encontraremos de certeza portugueses e uns quantos brasileiros dispostos a reservar um espacinho para nós num coração quase totalmente ocupado pela Selecção Canarinha. E no Europeu de 2016, em França, nem se fala...
Hoje temos o nosso último jogo de preparação para o Mundial 2010. Jogamos contra Moçambique. Ontem, tive oportunidade de assistir em directo à Conferência de Imprensa de Carlos Queiroz, de antevisão a este amigável, enquanto almoçava. Este jogo terá um sabor especial para o Professor, já que foi naquele país que ele nasceu. Outra coisa que foi mencionada foi que o jogo será disputado no Bidvest Wanderers Stadium, considerado a "catedral" do criquete na África do Sul.
A Conferência foi sendo pontuada por tiradas humoradas de Carlos Queiroz, que afirmava estar com pressa por causa do treino, que começava às três e meia, hora sul-africana.
Um dos jornalistas afirmou que no jogo contra os Camarões e no fim-de-semana passado, Cristiano Ronaldo aparentava estar triste e questionou Queiroz sobre esse facto. O Professor começou por brincar com a situação, dizendo que ele provavelmente tinha perdido um jogo de pinguepongue, mas depois invocou a aproximação do Mundial e a responsabilidade inerente como justificação. Mas eu pergunto: o que é que interessa o estado de espírito dos jogadores? Não têm mais nada que perguntar? Sinceramente...
Já perto do fim Queiroz queixou-se que "tenho treino daqui a dois minutos", mas ainda aceitava "duas perguntas em estrangeiro". A primeira pergunta foi feita em inglês. O Professor começou por responder em português, mas depois o Assessor avisou:
- You're not answering in estrangeiro.
Riram-se e Queiroz lá respondeu em inglês. O Professor quer mesmo mostrar que pode ser divertido. A segunda pergunta em estrangeiro era em castelhano. Ele também respondeu nessa língua, mas muito macarronicamente. Foi assim que a Conferência terminou.
Como já disse, hoje jogamos com Moçambique. A partida será transmitida pela TVI esta tarde, às três e meia de cá. Eu não sei se poderei assistir à emissão televisiva, uma vez que vou ter uma aula às quatro e meia. Terei de sair de casa um pouco depois do início do jogo para apanhar o comboio. Em princípio só poderei ver o Hino Nacional pela televisão, depois saio logo. Pelo caminho, ainda devo conseguir ouvir o relato da primeira parte via rádio, mas, ao contrário do que fiz da última vez que tive um jogo da Selecção durante uma aula, não vou ouvir a segunda parte. Esta é uma aula extra, de dúvidas, que a Professora não era obrigada a dar, e eu quero aproveitar. Além disso, é apenas um jogo particular, contra um adversário que não é nada de especial. E como geralmente na segunda parte o rendimento da equipa cai, não devo perder nada. Quanto muito, posso ligar o leitor de MP3 nas alturas mais paradas da aula para ouvir o resultado, mas não deverá passar disso.
Entretanto, já referi que um dos nossos maiores obstáculos ao nosso caminho é a possibilidade de encontrarmos a Espanha nos oitavos-de-final. Contudo, parece que os espanhóis também não andam ansiosos por se encontrarem connosco. Ontem, o director das relações institucionais do Real Madrid, Emilio Butrageño, alertou os nossos vizinhos para o "perigo que representa jogar com Portugal nos oitavos de final", aconselhando especial cuidado com Cristiano Ronaldo. É sempre bom saber que os nossos adversários nos respeitam, mas sinceramente acho que estamos a ser um pouco sobrevalorizados. Quer dizer, eles fizeram uma qualificação perfeita, ganhando todos os jogos e nós vimo-nos gregos para chegar cá. Além disso, até nos dava jeito se aparecessem em campo com excesso de confiança...
Mas já sabemos que no futebol tudo é possível. Estou até a pensar na Dinamarca que só participou no Europeu de 92 porque a Jugoslávia foi proibida de jogar. Eles só souberam disso dez dias antes do início da fase final, quando muitos dos jogadores estavam de férias. E depois disto tudo, sagraram-se campeões Europeus! Maravilhas do futebol.
É por estas e por outras que, independentemente das nossas escassas hipóteses, dos favoritos, dos prognósticos, nunca devemos deixar de sonhar, de acreditar e de lutar. E nós, os adeptos, usamos o nosso apoio como arma. Enquanto for possível, eu acredito!
Talvez agora deva dizer "primeiro treino dos Navegadores", cognome que Carlos Queiroz escolheu para os jogadores da Selecção. Uma clara alusão aos Descobrimentos, à conquista do Cabo da Boa Esperança. Um bocado lugar-comum, mas sem deixar de ser adequado, mesmo assim.
Já não é a primeira vez que testemunhamos um acolhimento tão caloroso à Selecção das Quinas, mas nunca deixam de me surpreender, de me fazer sorrir, de me fazer desejar estar entre eles a gritar por Portugal. E pensar que, pelo menos de acordo com o Record, mais uma vez, que as Selecções Inglesa e Brasileira, mais favoritas à conquista do título do que nós, chegaram "perante a indiferença e a apatia geral à Terra de Nelson Mandela"... Nós somos mais populares que o Brasil e a Inglaterra?!?!? Custa-me a acreditar...
É engraçado que, onde quer que a Selecção vá, existe quase sempre uma comunidade de portugueses, luso-descendentes, ou pessoas que nada têm a ver connosco, pronta a receber-nos de braços abertos. E eu que, há dois anos, pensava que ninguém nos ligaria na Àfrica do Sul... Aposto até que, caso nos qualifiquemos para o Euro 2012, havemos de desencantar algures nos confins da Polónia ou da Ucrânia, uma comunidade lusa para fazer a Selecção sentir-se em casa. No Brasil, no Mundial a seguir a este, encontraremos de certeza portugueses e uns quantos brasileiros dispostos a reservar um espacinho para nós num coração quase totalmente ocupado pela Selecção Canarinha. E no Europeu de 2016, em França, nem se fala...
Hoje temos o nosso último jogo de preparação para o Mundial 2010. Jogamos contra Moçambique. Ontem, tive oportunidade de assistir em directo à Conferência de Imprensa de Carlos Queiroz, de antevisão a este amigável, enquanto almoçava. Este jogo terá um sabor especial para o Professor, já que foi naquele país que ele nasceu. Outra coisa que foi mencionada foi que o jogo será disputado no Bidvest Wanderers Stadium, considerado a "catedral" do criquete na África do Sul.
A Conferência foi sendo pontuada por tiradas humoradas de Carlos Queiroz, que afirmava estar com pressa por causa do treino, que começava às três e meia, hora sul-africana.
Um dos jornalistas afirmou que no jogo contra os Camarões e no fim-de-semana passado, Cristiano Ronaldo aparentava estar triste e questionou Queiroz sobre esse facto. O Professor começou por brincar com a situação, dizendo que ele provavelmente tinha perdido um jogo de pinguepongue, mas depois invocou a aproximação do Mundial e a responsabilidade inerente como justificação. Mas eu pergunto: o que é que interessa o estado de espírito dos jogadores? Não têm mais nada que perguntar? Sinceramente...
Já perto do fim Queiroz queixou-se que "tenho treino daqui a dois minutos", mas ainda aceitava "duas perguntas em estrangeiro". A primeira pergunta foi feita em inglês. O Professor começou por responder em português, mas depois o Assessor avisou:
- You're not answering in estrangeiro.
Riram-se e Queiroz lá respondeu em inglês. O Professor quer mesmo mostrar que pode ser divertido. A segunda pergunta em estrangeiro era em castelhano. Ele também respondeu nessa língua, mas muito macarronicamente. Foi assim que a Conferência terminou.
Como já disse, hoje jogamos com Moçambique. A partida será transmitida pela TVI esta tarde, às três e meia de cá. Eu não sei se poderei assistir à emissão televisiva, uma vez que vou ter uma aula às quatro e meia. Terei de sair de casa um pouco depois do início do jogo para apanhar o comboio. Em princípio só poderei ver o Hino Nacional pela televisão, depois saio logo. Pelo caminho, ainda devo conseguir ouvir o relato da primeira parte via rádio, mas, ao contrário do que fiz da última vez que tive um jogo da Selecção durante uma aula, não vou ouvir a segunda parte. Esta é uma aula extra, de dúvidas, que a Professora não era obrigada a dar, e eu quero aproveitar. Além disso, é apenas um jogo particular, contra um adversário que não é nada de especial. E como geralmente na segunda parte o rendimento da equipa cai, não devo perder nada. Quanto muito, posso ligar o leitor de MP3 nas alturas mais paradas da aula para ouvir o resultado, mas não deverá passar disso.
Entretanto, já referi que um dos nossos maiores obstáculos ao nosso caminho é a possibilidade de encontrarmos a Espanha nos oitavos-de-final. Contudo, parece que os espanhóis também não andam ansiosos por se encontrarem connosco. Ontem, o director das relações institucionais do Real Madrid, Emilio Butrageño, alertou os nossos vizinhos para o "perigo que representa jogar com Portugal nos oitavos de final", aconselhando especial cuidado com Cristiano Ronaldo. É sempre bom saber que os nossos adversários nos respeitam, mas sinceramente acho que estamos a ser um pouco sobrevalorizados. Quer dizer, eles fizeram uma qualificação perfeita, ganhando todos os jogos e nós vimo-nos gregos para chegar cá. Além disso, até nos dava jeito se aparecessem em campo com excesso de confiança...
Mas já sabemos que no futebol tudo é possível. Estou até a pensar na Dinamarca que só participou no Europeu de 92 porque a Jugoslávia foi proibida de jogar. Eles só souberam disso dez dias antes do início da fase final, quando muitos dos jogadores estavam de férias. E depois disto tudo, sagraram-se campeões Europeus! Maravilhas do futebol.
É por estas e por outras que, independentemente das nossas escassas hipóteses, dos favoritos, dos prognósticos, nunca devemos deixar de sonhar, de acreditar e de lutar. E nós, os adeptos, usamos o nosso apoio como arma. Enquanto for possível, eu acredito!
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