anunciará os Convocados para representar Portugal no Campeonato do Mundo da modalidade, que se terá início dentro de pouco menos de um mês, no Brasil.
Quem acompanha este meu blogue há algum tempo saberá, certamente, que para mim este é sempre um dia especial, o dia em que o Mundial começa. Já usei várias metáforas para explicá-lo, hoje usarei mais uma - que poderão já ter visto na minha página. Uma vez que, durante os períodos em que a Seleção Nacional se encontra reunida, quebra-se um pouco a monotonia da rotina, a vida ganha mais cor, como se o Sol brilhasse mais. Daí que sinta que o verão começa, não daqui a um mês, e sim já amanhã.
Há pouco menos de uma semana, no dia doze, este blogue, O Meu Clube é a Seleção, completou seis anos online. Pena o Anúncio dos Convocados não ter ocorrido naquele dia, como pensei que ocorreria da primeira vez que olhei para o calendário de 2014, para o aniversário ser perfeito. Mas não faz mal, porque assim vai ocorrer exatamente seis meses após a épica segunda mão dos playoffs com a Suécia. Não tenho nada a dizer sobre estes seis anos que não tenha dito anteriormente, tirando apenas que nunca, por um único momento, me arrependi de ter criado este blogue nem senti vontade de desistir, nem mesmo quando me apercebo da fraca audiência. Enquanto tiver disponibilidade, manterei o blogue. Disponibilidade, essa, que já será um problema ao longo deste Mundial. Há dois anos, no Euro 2012, quase nunca me faltou tempo para atualizar a página nem ara escrever no blogue. Agora, no entanto, conforme já disse aqui, estou a fazer estágio das nove às seis, logo, não tenho tanto tempo. Não se admirem, portanto, se as crónicas forem reduzidas e/ou demorarem a ser publicadas.
Não acredito que isso seja muito grave, pelo menos durante as primeiras semanas - se for como há dois anos, esse será um período mais morno. O pior será o facto de, por causa do meu horário, ir perder a primeira parte dos jogos com a Alemanha e o Gana. Hei de arranjar maneira de ir acompanhando, dentro do que me for possível, o que acontecer durante esses quarenta e cinco minutos. Mas chateia-me não poder vê-los como deve ser. Afinal de contas, o Mundial só vem de quatro em quatro anos.
Este ano, para além de se comemorar o centenário da Federação Portuguesa de Futebol, faz dez anos desde o Euro 2004. O que significa que acompanho de perto a Seleção há pelo menos uma década. Dez ano de alegrias e tristeza, triunfos e desilusões, sonhos, esperanças. Três selecionadores, cinco fases finais, cinco Apuramentos, inúmeros Marmanjos, muitos que chegaram e partiram passando quase despercebidos, muito que se destacaram, ou por fases, ou a título quase constante, centenas de jogos. A Seleção entranhou-se de tal maneira em mim que já faz parte, de certa forma, dos meus ritmos biológicos, já se tornou quase uma dependência física - ao ponto de, conforme já o referi várias vezes aqui no blogue, desenvolver sintomas de abstinência em períodos de poucas notícias sobre a Equipa de Todos Nós. E, por muito que certos aspetos venham a tornar-se repetitivos, cada jogo é único, com os seus próprios protagonistas, as suas próprias peripécias, pelo que ainda não me canso deles.
Esta é a quarta fase final que acompanho neste blogue e, apesar de cada um dos três campeonatos anteriores ter tido a sua própria história, hoje sinto-me mais ou menos da mesma maneira que me sentia no início de cada uma das fases finais anteriores: com algumas dúvidas, sem me atrever a sonhar demasiado alto, mas entusiasmada, esperançosa, decidida a encarar um jogo de cada vez, a saborear cada momento.
Com o tempo vou, também, tendo cada vez menos ilusões, vou tendo mais noção de que a equipa atual não é tão forte - ou pelo menos não tão consistente - como equipas anteriores. Por muito que me custe admiti-lo, em 2004 e 2006 tínhamos - adotando uma metáfora que ouvi recentemente - uma Seleção de Liga dos Campeões, hoje temos, mais do que "Ronaldo mais dez", uma Seleção de Liga Europa. Num campeonato como o Mundial, esses detalhes podem fazer a diferença. O período compreendido entre o Euro 2004 e o Mundial 2006 foi o mais consistente de que me recordo na Seleção - os meus dois primeiros anos acompanhando a Equipa das Quinas, daí que me tenha habituado mal. Todas as fases de Qualificação que se seguiram foram um drama, ainda que por motivos diferentes. A falta de opções para além do núcleo duro foi um dos factores que contribuiu para as dificuldades do nosso último Apuranmento. As circunstâncias em 2004 e 2006 eram-nos mais favoráveis que agora.
No entanto, a verdade é que tais circunstâncias não foram suficientes para levantarmos a Taça. E embora continue a achar que tais títulos foram injustamente atribuídos, ando a aprender que a justiça no futebol nem sempre é clara. Não ganha quem joga bem, ganha quem marca e sofre o menos possível, quer isso aconteça por mérito próprio ou por mera sorte. Isto para não falar da cumplicidade de árbitros e dirigentes da alta hierarquia do futebol.
Por outro lado, a Seleção tem vícios quase congénitos, sobretudo no que toca à tendência para sermos o nosso próprio maior adversário, de nos boicotarmos a nós mesmos, perante opositores que, em muitos casos, não nos causariam grandes problemas. Foi algo que se repetiu ao longo deste último Apuramento mas que, na verdade, também aconteceu no mítico Portugal x Coreia do Sul, do Mundial de 66 - pude testemunhá-lo quando o jogo foi transmitido pouco após a morte de Eusébio. Portugal facilitou, enfiou-se num buraco, ficando obrigado a superar-se de uma forma quase milagrosa, liderado pelo Pantera Negra - à semelhança do que aconteceu nos playoffs frente à Suécia, desta feita liderado por Cristiano Ronaldo. Dessas vezes, a coisa correu bem. No Mundial, perante seleções de calibre elevado, contudo, tal complacência pode muito bem representar a morte do artista.
Além disso, não basta uma mão-cheia de individualidades para se fazer uma equipa. Um bom exemplo é o Mundial 2002, que tinha nomes como Figo, Pauleta, Rui Costa, Fernando Couto, João Pinto, Vítor Baía, Sérgio Conceição, mas que teve um desempenho para esquecer, nesse campeonato. Em oposição, temos o Euro 2012, com uma equipa com "mais vulgaridade que qualidade", nas palavras de pessoas certamente bem mais sábias do que eu, que chegou a onde todos sabemos.
Eu quero acreditar que tal não aconteceu por acaso, por sorte, que aquilo foi a regra e não a exceção. Que é possível tal acontecer de novo. Que Paulo Bento tem razão quando diz que, mesmo não sendo favorito, Portugal tem condições para competir com os candidatos ao título (Brasil, Espanha, Argentina, Alemanha...) e mesmo vencê-los. Se por um lado considero que as premissas já nos foram mais favoráveis, por outro receio não tornar a ter uma oportunidade tão boa. Irrita-me o nosso historial de chegarmos a todos os campeonatos de seleções sob o estatuto, mais ou menos assumido, de candidatos ao título quando, na verdade, nunca ganhámos nada, falta-nos sempre aquele "quase". Dez anos depois do primeiro Menos Ais, está na altura de "passarmos à próxima fase", de uma vez por todas. Pode ser até que nos aconteça o mesmo que aconteceu à Espanha, que, depois de tantos anos numa situação semelhante à nossa, ganhou três títulos de seguida... mas não me atrevo a sonhar tão alto. A solução acaba por ser a mesma de sempre: abordar um jogo de cada vez e esperar que Deus, ou a Sorte, ou outra qualquer entidade sobrenatural em que acreditem, seja generoso(a) para connosco.
Esta é a quarta fase final que acompanho neste blogue e, apesar de cada um dos três campeonatos anteriores ter tido a sua própria história, hoje sinto-me mais ou menos da mesma maneira que me sentia no início de cada uma das fases finais anteriores: com algumas dúvidas, sem me atrever a sonhar demasiado alto, mas entusiasmada, esperançosa, decidida a encarar um jogo de cada vez, a saborear cada momento.
No entanto, a verdade é que tais circunstâncias não foram suficientes para levantarmos a Taça. E embora continue a achar que tais títulos foram injustamente atribuídos, ando a aprender que a justiça no futebol nem sempre é clara. Não ganha quem joga bem, ganha quem marca e sofre o menos possível, quer isso aconteça por mérito próprio ou por mera sorte. Isto para não falar da cumplicidade de árbitros e dirigentes da alta hierarquia do futebol.
Por outro lado, a Seleção tem vícios quase congénitos, sobretudo no que toca à tendência para sermos o nosso próprio maior adversário, de nos boicotarmos a nós mesmos, perante opositores que, em muitos casos, não nos causariam grandes problemas. Foi algo que se repetiu ao longo deste último Apuramento mas que, na verdade, também aconteceu no mítico Portugal x Coreia do Sul, do Mundial de 66 - pude testemunhá-lo quando o jogo foi transmitido pouco após a morte de Eusébio. Portugal facilitou, enfiou-se num buraco, ficando obrigado a superar-se de uma forma quase milagrosa, liderado pelo Pantera Negra - à semelhança do que aconteceu nos playoffs frente à Suécia, desta feita liderado por Cristiano Ronaldo. Dessas vezes, a coisa correu bem. No Mundial, perante seleções de calibre elevado, contudo, tal complacência pode muito bem representar a morte do artista.
Além disso, não basta uma mão-cheia de individualidades para se fazer uma equipa. Um bom exemplo é o Mundial 2002, que tinha nomes como Figo, Pauleta, Rui Costa, Fernando Couto, João Pinto, Vítor Baía, Sérgio Conceição, mas que teve um desempenho para esquecer, nesse campeonato. Em oposição, temos o Euro 2012, com uma equipa com "mais vulgaridade que qualidade", nas palavras de pessoas certamente bem mais sábias do que eu, que chegou a onde todos sabemos.
Eu quero acreditar que tal não aconteceu por acaso, por sorte, que aquilo foi a regra e não a exceção. Que é possível tal acontecer de novo. Que Paulo Bento tem razão quando diz que, mesmo não sendo favorito, Portugal tem condições para competir com os candidatos ao título (Brasil, Espanha, Argentina, Alemanha...) e mesmo vencê-los. Se por um lado considero que as premissas já nos foram mais favoráveis, por outro receio não tornar a ter uma oportunidade tão boa. Irrita-me o nosso historial de chegarmos a todos os campeonatos de seleções sob o estatuto, mais ou menos assumido, de candidatos ao título quando, na verdade, nunca ganhámos nada, falta-nos sempre aquele "quase". Dez anos depois do primeiro Menos Ais, está na altura de "passarmos à próxima fase", de uma vez por todas. Pode ser até que nos aconteça o mesmo que aconteceu à Espanha, que, depois de tantos anos numa situação semelhante à nossa, ganhou três títulos de seguida... mas não me atrevo a sonhar tão alto. A solução acaba por ser a mesma de sempre: abordar um jogo de cada vez e esperar que Deus, ou a Sorte, ou outra qualquer entidade sobrenatural em que acreditem, seja generoso(a) para connosco.
Paulo Bento falou, em entrevistas recentes, de jogadores que poderiam ser excluídos por não se encaixarem no plano que ele tem traçado para a Seleção, ou por ele considerar que não têm perfil para vestirem as Quinas. Em contrapartida, referiu também jogadores que se saem melhor pela Seleção do que pelos clubes - não é difícil pensar em exemplos. No entanto, tanto Cédric como Adrien apenas foram Convocados uma vez e, se não estou errada, apenas para substituir habituais titulares ausentes por lesão. Não chegaram a ser utilizados, sequer. Como é que Paulo Bento conseguiu, desta forma, recolher dados suficientes para concluir que estes jogadores não tinham perfil para a Seleção?
A única explicação que me ocorre é André Gomes, Almeida e Cavaleiro já terem percurso nas seleções de formação, percurso esse que Paulo Bento, às tantas, considerou mais relevante que o desempenho de Cédric, Adrien e, também, o guarda-redes Ricardo da Académica - um critério discutível. Até porque o percurso dos rejeitados não deve ser assim tão diferente. Eu não quero entrar no campo das teorias da conspiração, como as que dizem respeito a um qualquer ressentimento de Paulo Bento contra o Sporting ou a um conluio com Jorge Mendes. No entanto, não deixo de achar que o Selecionador deve uma explicação. Estou certa, até, que lha vão pedir (se não exigirem) já no Anúncio dos Convocados.
Por outro lado, admito que, independentemente dos muitos sites por aí que nos permitem brincar aos Selecionadores e fazermos as nossas próprias Listas de Convocados, nenhum de nós é Paulo Bento. Nenhum de nós, tirando evidentemente o resto da equipa técnica, conhece os jogadores, o funcionamento das Seleções - tanto a principal com as de formação - como ele. Nenhum de nós conhece a forma como ele pretende abordar o Mundial. Mesmo com as minhas dúvidas e as de toda a gente, perfeitamente legítimas, acredito que o Selecionador saberá usar os jogadores que escolheu, saberá extrair o melhor de cada um e colocá-lo ao serviço da Seleção, de modo a que façamos um bom Mundial. Nem sequer sabemos quais dos trinta pré-Convocados sobreviverão até à Convocatória. Contestação existiria sempre, em maior ou menor grau, independentemente da Lista Final. De outra forma, eu não teria nada sobre que escrever na entrada pós-Convocatória - e já me preocupa que a polémica esteja a ocorrer agora, antes do Anúncio dos Convocados. Podem existir por aí muitos fanáticos do Sporting a dizer que, por causa disto, não vão torcer pela Turma das Quinas. Eu sei que, caso o Mundial corra bem, muitos deles, se não todos, esquecerão tais promessas e juntar-se-ão à alegria coletiva.
Não adianta concentrarmo-nos demasiado nestes aspetos, nas comparações com as seleções do passado - afinal de contas, o slogan escolhido para o autocarro da Equipa de Todos Nós diz precisamente que "O passado é história, o futuro é a vitória." - nos jogadores que estarão ou não na Convocatória. Interessa concentrarmo-nos no presente, no momento, empenharmo-nos em fazer o melhor Mundial possível, em escrevermos novas páginas da História do futebol português. Por muitas dúvidas que tenha, nenhuma delas mancha a felicidade que sinto por, tirando a final da Liga dos Campeões, a temporada clubística ter finalmente terminado (só aguento o futebol de clubes até certo ponto, as clubites continuam a irritar-me) e a a preparação do Campeonato do Mundo estar prestes a começar. Estou ansiosa por tudo o que aí vem - os Convocados, o estágio de preparação, com as respetivas notícias, fotografias, eventuais publicações nas redes sociais por parte dos Marmanjos, os particulares preparatórios, a cobertura mediática, as campanhas publicitárias e, claro, os jogos "a sério" - e por escrever sobre isso aqui no blogue. Ou seja, por tudo o que está ligado àquela que é a festa suprema do futebol e por deixar aqui o meu testemunho daquilo que se espera ser uma épica aventura. Que começa já amanhã.
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