A Alemanha derrotou-nos por 3 bolas a 2, e expulsou-nos ao pontapé do Euro 2008.
Já passaram mais de doze horas mas ainda mal consigo acreditar que tudo tenha acabado tão cedo, quando nós esperávamos mais da nossa Selecção. Muito mais. Embora tivesse assumido desde cedo uma posição mais ou menos realista, de saber que este Campeonato ia ser mais difícil do que foram o Euro 2004 e o Mundial 2006, não estava à espera de sermos expulsos logo nos quartos-de-final. Nós tínhamos capacidade para chegar mais longe. Não foi o suficiente.
Foi o jogo em que mais me enervei, em que mais sofri. A minha pressão arterial deve ter ido aos píncaros, se eu estivesse na casa dos 40 e dos 50 provavelmente teria tido um ataque cardíaco ou um AVC. Sempre era melhor, ao menos não via o resto do jogo e não sofria mais. Fartei-me de gritar, de torcer o meu cachecol até quase o rasgar, de morder o lábio e os dedos até fazer sangue.
Acreditei até ao último segundo da compensação que nem tudo estava perdido, que ainda era possível dar a volta possível. Repetia de mim para mim: "Ainda falta muito para o jogo acabar", "Se os turcos conseguiram marcar três golos em vinte minutos, nós também conseguimos", "Isto não pode acabar assim", "Só são precisos alguns minutos para marcar um golo"... Ao que tudo indicava, os marmanjos também pensavam da mesma maneira. Nunca desistiram, nunca deixaram de lutar, embora de vez em quando aparentassem estar um bocado desnorteados. De facto, levar três golos desnorteia qualquer um... Se o nosso segundo golo tivesse sido marcado um pouco mais cedo, talvez a história tivesse sido diferente. Assim, mais valia que nunca tivessem marcado o segundo golo, que só nos deu falsas esperanças. Nós jogámos bem, sobretudo o Deco e o Simão! O jogo decidiu-se em "detalhes", como já tinha sido dito que muitas vezes acontece. Erros defensivos, falhas na marcação, um "frango" do Ricardo, um erro do árbitro, falta de sorte, etc, etc. Como disse a minha mãe:
- Não foi justo! Nós jogámos bem, mas a Alemanha fez quatro remates à baliza e marcou três golos!
Imediatamente depois da derrota na final do Euro 2004, pus-me no Messenger a falar com os meus amigos. Lembro-me de termos comentado que, poucos dias antes, depois do jogo com a Holanda, estávamos na rua a festejar a vitória, e agora estávamos enfiados em casa, presos ao Messenger, com uma amarga sensação de frustração. Imediatamente depois da derrota nas meias-finais do Mundial, fomos todos afogar as mágoas em... pastéis de Belém. O sabor deles não aliviava a mesma amarga sensação de frustração. Ontem à noite, imediatamente depois do jogo, pus-me a estudar e, mais tarde, a ver televisão, para tentar esquecer a amarguíssima sensação de frustração. Sem sucesso.
Depois de toda a festa criada em redor da Selecção, adeptos aos milhares armados até aos dentes com as cores nacionais nos treinos abertos ao público, em Viseu, em Neuchâtel, nos aeroportos, nos estádios, acho que nós, os adeptos, merecíamos mais. A Selecção está em dívida para connosco. Esta jornada no Euro 2008 não se compara, nem de longe, nem de perto, com as jornadas do Euro 2004 e do Mundial 2006. Só tivemos quatro jogos, só tivemos duas vitórias. Sabem a tão pouco... Eu nem cheguei a festejar essas vitórias como deve ser. Supostamente, era a partir de agora que as vitórias da Selecção começariam a saber mesmo bem, que seriam realmente aquelas vitórias que ficam para a história, como aquelas frente à Espanha, à Holanda, à Inglaterra nos últimos campeonatos... Ainda não era altura para sairmos do Europeu! É altamente injusto.
O mais irónico de tudo é que eu sentia que não tinha vivido como deve ser o Euro 2004 e o Mundial 2006 e andava há meses a planear o Euro 2008. Ia criar este blogue, ia fazer um vídeo de apoio e colocar no You Tube, ia recolher fotografias e artigos de jornais, etc, etc, para depois poder recordar no futuro. Recordar o quê? Eu sentia que ainda estava a meio, ainda tinha muitas fotografias para recolher, muitos artigos para recortar, tanta coisa para escrever aqui no blogue! Falta tanta coisa!
Contudo, no meio desta desilusão toda, há uma coisa de que me orgulho e muito! A atitude da Selecção. Da perserverança, da luta, do esforço, apesar de tudo! Pode não ter servido para nada, mas contribuiu para que saíssemos do Europeu de cabeça erguida, e com a consciência de que fizémos (quase) tudo o que pudemos. Esse mérito ninguém nos pode tirar!
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