segunda-feira, 10 de maio de 2010

Início da fase aguda

E cá vamos nós, uma vez mais! Estamos a um mês e um dia do início do Campeonato do Mundo de Futebol, a realizar na África do Sul. Hoje, mais ou menos às oito da noite, Carlos Queiroz, o Seleccionador Nacional, divulga a lista dos Convocados para representar Portugal naquela que é por muitos considerada a prova suprema do futebol. Depois, daqui a uns dias terá início o Estágio de Preparação do Mundial 2010, na Covilhã.
Por esta altura, começo já a sentir o vírus da Selecção Nacional a emergir lentamente do seu estado de latência e a doença a evoluir para a sua fase aguda. E tenho a certeza que o vírus, em breve, começará a infectar muitas outras pessoas, sobretudo quando a conquista do Campeonato Nacional pelo Benfica e a visita de Sua Santidade, o Papa Bento XVI, fizerem parte do passado.
Passarams-se já dois anos desde que ocorreu o Euro 2008. Por um lado parece que passou pouquíssimo tempo. Ainda me lembro do dia em que os Convocados foram divulgados, em que estreei este blogue. Ainda me lembro dos dias de alguns jogos, de ver o jogo com a Turquia (e de escrever sobre isso no blogue, no dia anterior, na Sala de Computadores da minha Faculdade); de ver o jogo com a República Checa com toda a minha família, num dia também marcado pela greve dos camionistas; de torcer o cachecol da Selecção enquanto via o jogo com a Alemanha. Admito que o facto de ter escrito sobre isso no blogue me ajudou a fixar esses momentos na memória. É uma das (muitas) vantagens da escrita.
Por outro lado, se pensarmos em tudo o que aconteceu neste intervalo de tempo – a troca de Seleccionador, a qualificação tão atribulada, etc – somos levados a concluir que não passou assim tão pouco tempo quanto isso.
Cada vez mais razão dou àquele meu professor que uma vez nos disse que, à medida que vamos envelhecendo, parece que o tempo vai passando cada vez mais depressa.
Encontramo-nos actualmente numa situação muito parecida com aquela em que nos encontrávamos em véspera do Europeu de 2008: viemos de uma qualificação longe de brilhante (e, desta feita, ainda mais longe de brilhante) e toda a gente sabe que as nossas hipóteses de trazermos a Taça para Portugal já foram mais altas. A filosofia com que temos de encarar este campeonato será mais ou menos a mesma com que encarámos o Euro (ou devíamos ter encarado): pensar jogo a jogo, sem confiança em excesso, mas aproveitando ao máximo cada momento.
Existem, no entanto, várias coisas novas nesta época de Campeonato do Mundo. Nunca tivemos Queiroz ao leme durante Campeonatos Internacionais como este. Não savemos como é que gosta de fazer as coisas. A começar pela Divulgação dos Convocados. No tempo de Scolari, havia sempre um "rejeitadinho" (ou melhor, a Comunicação Social escolhia sempre um "rejeitadinho"). Não sei se vai haver, desta vez. Mas que vai haver polémica, é provável que haja. Os Media começam já a dar sinais disso, sobretudo depois da Pré-Convocatória, ao especularem sobre a possibilidade de nenhum jogador do Benfica ser convocado.
A minha vizinha, uma senhora benfiquista, razoavelmente representativa do típico adepto fanático (deste ou de qualquer outro clube), no outro dia, disse-me que não gostava de Queiroz pois receia que ele não Chame benfiquistas para a Selecção. Ela também dizia que não gostava de Scolari, por isso… O Rui Santos não gostava de Scolari mas gosta de Queiroz, ao menos. Mas voltando à minha vizinha, de nada serviu eu lhe lembrar que o Benfica não tem assim tantos jogadores portugueses quanto isso, que o Seleccionador não vai Escolher exactamente os mesmos que Escolheu para o particular frente à China. Ela continuou a murmurar vagas ameaças contra o Professor. Já se sabe como é.
Quanto a mim, prefiro não fazer especulações. "Prognósticos, só no fim do jogo!" Mas confesso que seria giro se nenhum benfiquista fosse Chamado à Selecção menos de um dia depois de o clube lisboeta se sagrar campeão pela primeira vez em cinco anos. Embora ache que tal seja pouco provável.
A pergunta que se costuma fazer nesta altura é: Até onde acham que vamos? Acreditam que vamos ser campeões? Eu respondo assim: não faço apostas. É mais sensato ver cada jogo como uma final, tal como o Professor quer fazer, mantendo os pés assentes na Terra, dando um passo de cada vez. Mas sim, acredito que podemos vir a ser campeões. Eu acredito sempre. Sou daquelas que acredita até ao último segundo do tempo de compensação. Porque não?
De qualquer forma, enquanto escalamos a montanha, tenciono ir apreciando a paisagem. Por outras palavras, quero seguir a notícias que saem sobre a Selecção, quero escrever sobre ela neste blogue sempre que puder (não posso prometer actualizações muito regulares, mas vou tentar), viver este Mundial o mais intensamente que me seja possível, até ao último segundo do prolongamento, até ao último penálti da morte súbita, até ao último apito final.

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