terça-feira, 11 de maio de 2010

As Escolhas de Carlos

Numa entrevista ao diário desportivo A Bola, no dia 5 de Maio, Carlos Queiroz afirmou que planeava uma cerimónia para anunciar os Jogadores Convocados para representar Portugal no Mundial 2010. E foi, de facto com pompa e circustância, que estes foram divulgados ontem, ao fim da tarde. Depois de uns acordes de Final Countdown (não lembro de quem é esta música e não estou com pachorra para descobrir. Mas até foi bem escolhida), veio o apresentador. Parece que até era jornalista da CNN, mas aquilo que eu registei foi o facto de ele, mesmo no início, em vez de ter dito "Mundial Dois Mil e Dez", disse "Mundial Dois Mil e Dois". A princípio, pensei que tinha sido eu a ouvir mal, mas depois mostraram Gilberto Madaíl, sentado ao lado de Carlos Queiroz a corrigir, possivelmente em voz baixa:
- Dez! Dez!
Aparente, o apresentador não deu por nada. Foi um momento engraçado.
Confesso que a cerimónia foi um bocado aborrecida, nem me importei muito que interrompessem a emissão televisiva para passar as primeiras notícias do Telejornal. Realmente, não sei se se justificava tanta cerimónia para divulgar os Convocados. Enfim, eles entrevistaram o Presidente da Federação, o grande Eusébio e o Seleccionador. Queiroz mandou logo um aviso à navegação, certamente já adivinhando que a Convocatória ia dar polémica (eu também já calculava que tal ia acontecer, não era preciso ser vidente para adivinhar...), disse que dificilmente a escolha seria consensual, mas afirmou que os rejeitados (atenção, ele não usou este termo!) teriam outras oportunidades para darem o seu contributo para a Selecção.
Finalmente, os Escolhidos foram revelados através de uma montagem de vídeos. Desta vez, devo confessar que até gostei desta parte, embora a música fosse um bocado irritante. Eu e a minha família assistimos à Divulgação enquanto jantávamos e ainda nos divertimos (eu pelo menos diverti-me...) a tentar adivinhar qual era do jogador visado:
- Quem é este?
- Olha, é o Daniel Fernandes...
- O número 5 é qual?
- Este aqui é o Miguel Veloso?
- Não, é o Fábio Coentrão.
- Era giro se ele não Chamasse o Ronaldo...
- Como é que este se chama? Ai não me lembro... É o... é o... Yah! É o Danny!
- Eh pá, este é o tal que tem imensas tatuagens...
- Olha, chamou o Miguel Veloso...

Convocados:

- Eduardo
- Daniel Fernandes
- Beto
- Miguel
- Paulo Ferreira
- Ricardo Carvalho
- Bruno Alves
- Rolando
- Ricardo Costa
- Duda
- Fábio Coentrão
- Pedro Mendes
- Pepe
- Zé Castro
- Tiago
- Deco
- Raúl Meireles
- Miguel Veloso
- Simão Sabrosa
- Danny
- Liedson
- Hugo Almeida
- Cristiano Ronaldo
- Nani

Divulgados todos os Eleitos, as primeiras coisas em que pensei foram que o Professor tinha optado por muitos jogadores habituais e que a Chamada que mais me surpreendeu foi a de Ricardo Costa. Entretanto, a minha irmã estranhou o facto de ele ter convocado jogadores como Paulo Ferreira, Tiago e Ricardo Carvalho, que ela se recordava do Euro 2004. Eu fiz-lhe ver que esses jogadores tinham a vantagem da experiência em Campeonatos deste género.
Entretanto, já houve tempo para milhares de comentadores esmiuçarem esta Convocatória, para comentarem as ausências de Quim, João Moutinho, Ruben Amorin, Carlos Martins, entre outros, para comentarem as presenças de jogadores como Ricardo Costa. Típico. A propósito destas polémicas, Queiroz afirmou, na entrevista que referi acima que A forma como as pessoas vêm a equipa [a Selecção] tem muito a ver com a ver com os afectos. Tem toda a razão. Eu própria não tenho problemas em admitir que percebo pouco de futebol, que quando se põe a falar de "trincos", "defesas-centrais", "alas" e assim é como se falassem alemão, geralmente, simpatizo com um ou outro jogador por motivos pouco racionais. Deve ser sobretudo por causa disso que muitos não gostaram de verem Quim, Ruben Amorim e Carlos Martins de fora da Chamada. Mesmo assim, não sei se aquilo que o Professor diz se aplica aos comentadores desportivos, que são imparciais. Ou deviam ser...
Já que falo nisso, esta entrevista que o Professor deu a A Bola é muito interessante. Para começar, confessou que prefere que lhe tratem por Carlos. Contou que, durante algum tempo, ninguém o tratou assim, que gostou à brava quando voltou a ter nome próprio. Nunca ninguém me tinha chamado pelo nome próprio desde a minha mãe. Com esta ri-me. Isto foi revelado depois de o entrevistador lhe ter perguntado se era verdade que o Ronaldo o tratava por "tu". Ficámos então a saber que não, que o trata por Carlos e às vezes por Mister.
Outra das coisas que se ficou a saber através desta entrevista é que o nosso Seleccionador é surpreendentemente divertido. Isso foi, sem dúvida, aquilo que mais me surpreendeu. Para mim, o Professor era um senhor sereno, sensato, que falava bem. Nunca pensei que tivesse bom sentido de humor. O próprio entrevistador afirmou que as pessoas não tinham a noção disso. em resposta, Carlos disse que Se me expuser como realmente sou, as pessoas não me levavam a sério. Outra piada que deu foi quando lhe perguntaram se era verdade que se dava tão mal com os jornalistas que escolhera um local de estágio na África do Sul sem hotéis num raio de 80 quilómetros. Eis a resposta do Seleccionador:
- O que eu não posso tolerar é que não tenha sido escrita a verdade. Não foram 80 quilómetros, foram 120.
Grande Carlos!
Já no fim da entrevista, Carlos disse que não se demitia se não nos qualicarmos para os quartos-de-final (três vezes na madeira!). Eu concordo. Ainda antes ele tinha afirmado que O padrão de continuidade é o único que dá mais hipóteses a uma Selecção como Portugal se intrometer entres os favoritos. Ia ser bonito se mudássemos outra vez de Seleccionador e tivéssemos de passar outra vez por aquela fase de adaptação, prejudicando outra fase de qualificação. Contudo, quando interrogado se, se tal acontecesse, se seria um falhanço, ele não respondeu. Embora eu tenha uma resposta.
Não pensemos nisso! Pensamento positivo sempre!
Vamos ter assunto para conversas de café ou de intervalos das aulas para os próximos dias, comentar esta lista de Convocados. Mas não falemos disso mais do que alguns dias. Aqui, o mais importante é a Selecção e, como me farto de dizer aqui no blogue, assobios, vaias, comentários azedos e críticas duras nunca tornaram nenhuma equipa campeã. Como sabiamente afirmou João Gobern - um dos meus jornalistas preferidos - esta manhã, na sua crónica Pano para Mangas (mais ou menos às sete e quarenta e cinco na Antena1), depois de despejar imensas críticas à Convocatória, Só a unidade em torno destes homens lhes permitirá partir para o Safari com espírito de caçadores. Não é preciso dizer mais nada.
P.S. A minha vizinha, entretanto, já veio reclamar pelo facto de Queiroz só ter Chamado Fábio Coentrão. Chamou-lhe vários nomes, sendo os mais meigos "gozão" e "mosca-morta". Disse que, por causa disso, já não quer saber da Selecção, que era bem feita se eles perdessem e que gostava mais do Scolari, que odeia a cara deste gajo. Clubismo do mais extremo que existe...

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