domingo, 9 de outubro de 2011

Portugal 5 Islândia 3 - Wake-up call

Na passada Sexta-feira, a Selecção Portuguesa de Futebol recebeu a sua congénere islandesa no Estádio do Dragão e venceu-a por cinco bolas contra três.

Eu até estava bastante calminha no início deste encontro. Só que a Selecção Nacional não entrou da melhor maneira no jogo enquanto a Islândia entrou invulgarmente desenvolta, como que desafiando o estereótipo da equipa teoricamente mais fraca, e assim se manteve durante uma boa parte do jogo. Eu e o meu pai até trocámos umas piadas secas em relação a isso:

- Os islandeses, com este calor, deviam derreter… – disse o meu pai.

- Não – respondi eu – Eles geralmente ‘tão congelados lá na Islândia mas aqui, com o calor, descongelaram, ganharam energia cinética e ‘tão mais mexidos…

Se era por causa do calor, não sei, mas a verdade é que os islandeses estavam a dar luta. Como resultado, após terem tido o primeiro momento de perigo do jogo e três pontapés de canto marcados a seu favor seguidos, eu já roía as unhas.

Felizmente, o nervosismo não durou muito pois Eliseu assistiu para a cabeça de Nani que, marcou, deste modo, o primeiro golo do jogo aos treze minutos. Assim estava melhor. Mais tarde, o mesmo Marmanjo, cheio de lata, aproveitou um atraso para o guarda-redes islandês mal conseguido e marcou o segundo golo.
Estes dois tentos do Nani trouxeram à memória os dois golos que ele marcara, havia precisamente um ano menos um dia, no mesmo estádio, frente à Dinamarca, no primeiro jogo de Paulo Bento – precisamente o desafio em que a Selecção Nacional iniciou o seu renascimento. Como tal, estes dois golos pareceram-me um bom prenúncio para o resto do jogo.

E as coisas de facto correram bem até ao intervalo, com destaque para o golo engraçado de Hélder Postiga, em que a bola primeiro bateu na barra e só depois cruzou a linha de baliza. Não há muito a dizer em relação a este tento. Já se sabe que o Hélder tem altos e baixos mas, quando veste a camisola das Quinas, costuma fazer o gosto ao pé.

Ao intervalo tudo parecia estar decidido. Certamente, na segunda parte, os portugueses limitar-se-iam a manter o jogo sob controlo, a pouparem-se para o desafio frente à Dinamarca, talvez marcassem mais um ou outro golo. Era o que se esperava mas não foi bem isso o que aconteceu,

O primeiro golo da Islândia não preocupou por aí além. Fora por 3-1 que tínhamos ganho há um ano, na casa deles. Ainda havia tempo para se dilatar a vantagem.
Quando eles marcaram o segundo é que se começou a ver a vida a andar para trás. Recomecei a roer as unhas.

Nos cerca de vinte minutos que se seguiram, por algumas vezes, a Islândia esteve perigosamente à beira de anular a nossa vantagem – nessas alturas, a minha mãe dava-me vontade de dar um berro quando se punha a dizer coisas como:

- Olha o terceiro golo deles.

O Cristiano Ronaldo, esse, coitado, estava em noite não. Não que tenha jogado mal, ele até ajudava a equipa. Só que, amiudadas vezes, fazia uns remates de longe, estilo tiro-ao-alvo, que nunca entravam. Notava-se nas expressões que ele exibia que queria marcar um golo.

Ele e o resto da equipa começavam a dar sinais de intranquilidade e não eram os únicos; nesta altura, já eu fazia contas à vida, interrogava-me como raio haveríamos de fazer frente à Dinamarca jogando assim. Os adeptos presentes no estádio também não estavam a achar graça e, a certa altura, exprimiram o seu descontentamento através de assobios. Eu, geralmente, sou contra isso mas, naquela altura, até compreendia.
Em todo o caso, os adeptos não demoraram a trocar os assobios por gritos de “POR-TUG-AL! POR-TU-GAL!”. E resultou porque, depois disso, o Eliseu voltou a assistir, desta feita para Moutinho, que enviou a bola para as redes islandesas. Nas bancadas, um adepto segurava um cartaz dizendo: “Moutinho, génio da bola, dá-me a tua camisola”. Tal génio revelou-se aos oitenta e um minutos com o quarto golo de Portugal e devolveu-nos a tranquilidade. Grande Moutinho!

Mais uma vez ficou provado que, quando as coisas não estão a correr bem, os assobios não resolvem nada mas as manifestações de apoio até podem ajudar.

Cinco minutos mais tarde, Eliseu, que estava a fazer o jogo da vida dele, dilatou ainda mais o marcador com um belo remate de fora da área. O cabo-verdiano açoriano (como lhe chamei, na brincadeira, depois deste golo) foi considerado o homem do desafio e mereceu-o. Revelou ser uma boa alternativa a Fábio Coentrão e, como afirmou Nani, outra figura do jogo, “mostrou a Bento que pode contar com ele para o que der e vier”. Eliseu engrossou, assim, a lista, de tamanho considerável, de jogadores prontos a dar a sua parte pela Equipa de Todos Nós.

Ainda houve tempo para a Islândia marcar um terceiro golo, de penálti. Não teve efeitos práticos para além de diminuir a vantagem portuguesa, mas Johannesson, o Seleccionador Islandês, parecia muito feliz depois deste tento. Mais tarde, confessaria que se sentia satisfeito por a sua equipa ter marcado três golos a Portugal e diria, sem rodeios:

- Com a bola, Portugal é uma das melhores Selecções do Mundo mas, sem ela e a defender, os jogadores são um pouco preguiçosos.

Se foi por preguiça dos Marmanjos, não sei, mas a verdade é que este encontro teve altos e baixos e deixou bastante a desejar no que toca à defesa. O meu pai disse que o problema fora a falta dos titulares habituais, como o Pepe. E o Ricardo Carvalho. Talvez. O pior é que estes jogadores continuam indisponíveis para Terça-feira…

Hélder Postiga afirmou que “estes jogos servem para corrigir erros”. E, de facto, é preferível cometê-los frente à Islândia, que não soube aproveitá-los para obter a vitória, do que frente à Dinamarca. Por outro lado, se estivéssemos a enfrentar esta última selecção, seria pouco provável que os Marmanjos baixassem a guarda desta maneira… Em todo o caso, este jogo serviu de aviso, de wake-up call (chamada para acordar), como dizem os ingleses, mostrando que as coisas não vão ser fáceis na próxima Terça-feira.

Agora basta empatarmos para garantirmos a qualificação directa para o Europeu de 2012. Podemos até perder o próximo jogo, desde que sejamos a melhor selecção classificada em segundo de toda a prova. Esta ideia foi repetida até à exaustão pelos locutores da Antena1, durante o rescaldo do encontro de Sexta-feira. Eu prefiro não me fiar nessa, irrita-me estar a fazer esse tipo de contas quando não precisamos, quando basta um empate para nos qualificarmos.

Felizmente, não sou a única a pensar assim. Paulo Bento garantiu que “não planeia derrotas, não planeia empates” e todo o resto da Turma das Quinas aparenta afinar pelo mesmo diapasão. Tudo indica que o jogo de Terça-feira será uma autêntica final, intenso, emotivo, pois não acredito que os nossos amigos nórdicos nos facilitem a vida nem que joguem para o empate. Espero que os marmanjos não repitam os erros de Sexta-feira. Espero que, como dizia n’O Jogo, não parem de acelerar até a corrida estar ganha, até a qualificação estar assegurada, até os efeitos das polémicas do ano passado estarem definitivamente anulados, até o renascimento da Selecção estar finalmente consumado. É com isso que conto. E acredito que os Marmanjos não nos vão desiludir.

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