quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Um inesquecível início de capítulo

Na passada segunda-feira, dia 13 de agosto, a Seleção Portuguesa do Futebol realizou no Jamor o seu primeiro treino da época futebolística 2012/2013. O treino foi aberto ao público, por isso, eu e a minha irmã agarrámos a oportunidade, tal como anunciei que faríamos na última entrada.

Quis trazer a mina irmã pois ela dá claros sinais de gostar tanto de futebol como eu, eu até ainda mais. Neste momento, anda muito ferrenha pelo Sporting mas diria que a Seleção está no mesmo nível, que partilha esta loucura comigo. É apenas uma das muitas coisas que partilhamos. Já lhe tinha prometido que, assim que tivéssemos oportunidade, a levaria a um treino da Seleção. E a oportunidade surgiu agora.

Desta feita, descobri um autocarro que partia desde Monte Abraão e terminava na estação de Cruz Quebrada, pelo caminho parando junto ao Estádio Nacional. Pensava eu. Na verdade, a estação que supostamente correspondia ao Estádio era à beira do Alto da Boa Viagem, uma estrada secundária. Agora vejo que teria sido mais sensato sairmos em Cruz Quebrada e subido até ao Estádio... O que nos valeu foi uma bomba de gasolina ali perto. Se estivesse sozinha, talvez arriscasse fazer o que o empregado da bomba sugeriu, talvez andasse por ali à procura de um caminho que nos conduzisse ao Estádio. No entanto, como estava lá com a minha irmã, tive medo e pedi que nos chamassem um táxi. Mais quatro euros desembolsados e deixaram-nos no Estádio cerca de meia hora antes do início do treino. O que nos valeu foi termos tido a sensatez de apanhar o autocarro que, tivessem as coisas corrido de acordo com o planeado, nos deixaria no Jamor uma hora antes do início do treino. Foram uns dez, vinte minutos que pânico mas felizmente conseguimos dar a volta ao jogo.

- A Seleção fica a dever-nos mais esta - comentei eu para a minha irmã.

Já várias pessoas aguardavam a abertura dos portões, muitas delas falando francês, algo que causou estranheza à minha irmã.

- C'est Ronaldo! - dizia eu, pronunciando "Ronaldô".

Todas aquelas pessoas envergando camisolas do número sete apanharam uma surpresa desagradável quando se percebeu que o madeirense não se encontrava entre os jogadores que emergiram dos balneários subterrâneos. Mais tarde, saber-se-ia que Ronaldo ficara no hotel fazendo "gestão de esforço".



Acabou por ser este o único aspeto negativo da tarde: não só a ausência de Cristiano Ronaldo, mas também a de Pepe, Bruno Alves e Custódio, juntamente com o facto de o Nani, o Hélder Postiga, o Fábio Coentrão - com o seu inconfundível cabelo loiro - o Miguel Veloso e o Miguel Lopes apenas terem feito aquecimento, saindo antes da primeira hora de treino, ficando a Seleção reduzida a dezassete jogadores. O pior foi que o grupo esteve completo no treino de ontem, terça-feira, de manhã, tendo ainda havido golo de Nani, de Hélder Postiga e um penálti falhado por parte de Cristiano Ronaldo, no jogo de treino. Mas não nos dava jeito a essa hora...

Terá de ficar para a próxima.



Em todo o caso, não deixou de ser um fim de tarde bem passado, pois sempre estavam lá o João Moutinho, o Varela, o Eduardo, o Carlos Martins - que anda claramente com ganas. Não me admirava nada se marcasse esta noite - o Rui Patrício, o Hugo Viana, entre outros. E também, Paulo Bento, Humberto Coelho e João Pinto. Aconteceu, aliás, uma coisa engraçada no início do treino. Estávamos nós a arranjar lugar nas bancadas quando reparámos no João Pinto, que olhava na nossa direção. Mais por graça do que por outro motivo qualquer, acenei-lhe.

Mais tarde, quando a minha irmã falava ao telemóvel com a nossa mãe, ela disse:

- Não tens noção, mãe, o João Pinto acenou à Sofia!

- Acenou? - repeti eu, estupefacta. Pelos vistos, o ex-jogador retribuíra o meu aceno e eu nem sequer reparara...


A minha irmã sentia-se tão feliz quanto eu ali no Jamor, a poucos metros dos nossos heróis, em particular do Rui Patrício. Passou o treino quase todo dando uma de fan girl - como agora se lê muito no Twitter - pelo jovem guarda-redes, suspirando:

- Patrício... O Patrício...

Também ela se sentia tentada a correr para o campo, fintando os polícias todos, para abraçar os seus heróis. Se fosse ela a fazê-lo, talvez deixassem passar por ainda ser relativamente novinha. Se fosse eu, já parecia mal....



A propósito dos polícias, estes continuavam tão rigorosos como sempre no que tocava aos limites. Eu e a minha irmã rapidamente havíamos decidido não nos fixarmos nas bancadas, irmos mudando de sítio de modo a encontrar os melhores locais para vermos o treino. Na parte em que não havia aquele muro de cerca de um metro de altura, não nos deixavam ficar lá paradas. Passámos uma boa parte do tempo junto a uma das balizas principais, local onde os guarda-redes treinavam e onde, mais tarde, se realizou um dos jogos de treino. Naquela altura, estávamos ao lado de uma pequena família. O polícia veio recordar-lhes a regra das pernas em cima do muro, vindo depois com uma conversa, dizendo que teríamos melhor visibilidade nas bancadas.

- Aqui há mais proximidade - respondeu o pai da família.

- Sim, mas lá em cima também há proximidade e têm maior visibilidade... - insistia o polícia. 

- Boa tentativa - comentei eu para a minha irmã. E ficámos o mesmo sítio, ignorando as não-assim-tão-indiretas do polícia.

O treino prolongou-se para além do previsto. Cedo a nossa mãe - que fez questão de nos vir buscar ao Jamor - estava a ligar-nos de novo. Ela e o nosso irmão acabaram por vir ter connosco ao Estádio. Acabou por ser a melhor solução pois dificilmente conseguiríamos apanhar o autocarro de regresso com tudo o que aconteceu depois.



Perto do fim do treino, numa altura em que os jogadores já faziam alongamentos, plantámo-nos todos o mais perto que podíamos da saída para o balneário subterrâneo. É claro que nenhum deles veio dar autógrafos, nem mesmo depois de nos lamuriarmos todos em coro. Nem eu, para ser sincera, estava à espera que tal acontecesse. No entanto, a minha irmã, que se posicionara num local diferente do meu, teve a felicidade de captar em vídeo o momento em que o Rui Patrício acenara na sua direção.

Pois, como podem calcular pela relativa qualidade das fotografias, desta vez dispúnhamos de máquina fotográfica. A minha irmã tirou fotografias e gravou um ou outro vídeo. Não com grande qualidade, é certo, não tencionamos colocá-los no YouTube nem nada disso, servirá apenas para nos recordarmos melhor desta tarde.



À saída do Estádio, tomámos um caminho diferente do que estava acostumada, na direção oposta à da estação de Cruz Quebrada, para o parque de estacionamento. Nessa altura reparámos num aglomerado de pessoas junto a um portão. Percebemos que o autocarro da Turma das Quinas estava estacionado do outro lado.

Tinha sido tão estúpida... Fartara-me de refilar por os Marmanjos não darem autógrafos no Jamor quando eu é que estava errada, eu é que fora procurar no local errado... Bem, agora já aprendi.

Eu e a minha irmã tivemos a sorte de ficar num bom sítio, ao alcance dos jogadores. O primeiro a vir foi o Eduardo - ou Edu, como tínhamos ouvido no treino. Este autografou tanto o meu caderno como as folhas que tinha dado à minha irmã e ainda deu para trocar umas palavrinhas com ele:

- Olá - cumprimentou ele.

- Olá - retribui, acrescentando de seguida - Hei, bom trabalho no Euro 2012.

- Obrigado - respondeu ele.

- Obrigado nós. E boa sorte agora para o Mundial...

Com tudo isto, pela simpatia, o Eduardo já se consolidou como um dos meus preferidos. Já me vieram dizer que o Eduardo nem sequer tinha jogado no Europeu mas isso não tira o sentido ao que disse. Primeiro, porque a mensagem era geral, para toda a Seleção. Segundo, porque o Beto, o terceiro guarda-redes, afirmara uma vez que os três guardiões das redes portuguesas se treinavam uns aos outros, puxavam uns pelos outros, de tal forma que, mesmo quando só um deles joga, é como se os três estivessem em campo. Por isso, também o Eduardo merece ser congratulado pelo sucesso do Rui Patrício.

Estou certa de que o Eduardo compreendeu a mensagem.



 Depois veio o João Pereira, que eu demorei a reconhecer por causa do penteado novo. Desta vez, só deu autógrafo à minha irmã - não valia a pena estar eu também a pedir-lhe quando já ia levar um para casa e já tinha a recordação do encontro. Tentei dar-lhe os parabéns pelo passe de génio que permitiu o primeiro golo à Holanda, dizer-lhe que mandava abraços para todos, mas não sei se ouviu entre as várias vozes pedindo o seu regresso ao Sporting. A minha irmã, coitada, tremia de nervosismo e excitação, fazendo figas para que o Rui Patrício viesse também.



E ele veio, deu-nos também um autógrafo. Mais uma vez, tentei dar-lhe os parabéns pelo Europeu, ainda exclamei uma ou duas vezes quando o pessoal estava todo a elogiá-lo:

- É o São Patrício!

Mas, mais uma vez, não tive certezas de que ele tivesse ouvido.

Depois desta já o autocarro estava em funcionamento, por isso, mais nenhum veio. Mas tanto eu como a minha irmã ficámos delirantes com estes três autógrafos. Que fizeram com que a vinda ao Jamor e tudo o que implicou - incluindo termos sido largadas no Alto da Boa Viagem - tivesse valido a pena. A minha irmã falava já em emoldurar os autógrafos, em repetirmos a experiência. O pior é que suspeito que só teremos nova oportunidade daqui a um ano...



Quanto a mim, esta foi a maneira perfeita de abrirmos o capítulo da Qualificação para o Mundial 2014, deixando-me com um bom pressentimento, o melhor que tenho no início de uma fase de apuramento desde há vários anos. Em 2008, com a saída de Luiz Felipe Scolari, não andava com grande entusiasmo. Em 2010, com toda a confusão do caso Queiroz, era depressão completa. Este ano, depois do Europeu, sinto-me muito mais otimista. Não que me entusiasmem particularmente os jogos com o Luxemburgo e o Azerbaijão, mas desta feita sinto que tudo correrá sem grandes contratempos.

Uma das coisas que contribui para tal pressentimento é a aparente determinação de Paulo Bento em acabar com o mito dos adversários acessíveis. Agora é ser ser ele e os jogadores passam das palavras às ações - algo que nem sempre acontece.



Entretanto, devido as lesões de Pepe, Bruno Alves e Custódio, a Convocatória sofreu alterações significativas desde quinta-feira. Não espero por isso, um grande resultado hoje à noite, frente ao Panamá. O mais importante é fazer experiências, testar alternativas, como falei na outra entrada. Mas também quero que ganhem, é claro.

De qualquer forma, já cumpri o objetivo de transformar esta jornada desinteressante em algo inesquecível. Por, pela primeira vez, ter conversado - bem, mais ou menos... - com um jogador da Seleção, por ter conseguido autógrafos de três Marmanjos, por ter ficado ainda mais cúmplice da minha irmã, por ter mais uma boa recordação a que me agarre quando estiver deprimida. Ainda quero mais, mesmo assim. Um dia hei de conseguir autógrafos de outros Marmanjos, de preferência da minha Troika preferida, mas para já estou satisfeita.

Agora que o capítulo está aberto, que comece a Qualificação!

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