quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Começando de novo

No próximo domingo, dia 7 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol iniciará a Qualificação para o Campeonato Europeu da modalidade, que se realizará em França em 2016, com um jogo com a sua congénere albanesa, no Estádio de Aveiro. Os Convocados para esta jornada foram Divulgados na passada sexta-feira, dia 29. Devido a uma série de lesões e momentos de forma longe do ideal (para variar), bem como à muito comentada necessidade de renovação da Equipa de Todos Nós, a Lista conta com muitos nomes fora do habitual, só incluindo oito dos vinte e três que representaram - não muito bem - o País no Brasil.

O ausente mais gritante desta lista é, inevitavelmente, Cristiano Ronaldo. É a primeira vez em muito tempo que o madeirense fica de fora dos Convocados. Estava tão habituada que, momentos após ouvir a Convocatória em direto na televisão com a minha irmã, voltei-me para ela e indaguei:

- Hum... ele Chamou o Ronaldo?

Ainda debatemos se o nome dele teria sido mencionado antes - pois a transmissão televisiva não apanhara o início da Convocatória - mas cedo se concluiu que não, Ronaldo não fora Convocado. Mais tarde, Paulo Bento explicou que tinham "a informação de que Ronaldo não está em condições de competir neste momento". 


Cheguei a temer um reacendimento da polémica em torno da condição física do madeirense, que marcou a participação portuguesa no Mundial, e para a qual eu não tinha a mínima paciência. Eu apostava que fora o Real Madrid a proibir a Chamada de Ronaldo e alguns calculavam que este participaria já no jogo de domingo passado, frente à Real Sociedad, deixando o Selecionador e o estreante departamento médico com cara de parvos. Mas Ronaldo nem chegara a treinar na manhã de sexta-feira e, mais tarde, sairia a informação de que o madeirense ficaria de baixa durante três semanas. Logo, em princípio ninguém levantará problemas. 

De resto, penso que terá as suas vantagens ficarmos sem Ronaldo nesta jornada. Estando a Seleção tão dependente dele, uma desintoxicação vem mesmo a calhar. Mesmo que seja "só" frente à Albânia. Estou, aliás, convencida de que esta Ronaldo-mania foi uma das razões do fracasso dos portugueses no Mundial. Não apenas por culpa da equipa técnica ou dos jogadores, mas também por culpa dos jornalistas, que teimavam (e ainda teimam) em agir como se a Seleção fosse apenas constituída por Ronaldo, praticamente ignorando os demais, mesmo quando estes até se destacavam pela positiva  E não é por nada, mas eu já antes alertava para esse problema

É um tema que voltou à baila nos últimos dias, de qualquer forma, com o regresso da Seleção ao ativo: as razões do falhanço. O Presidente da Federação Portuguesa de Futebol deu mesmo uma conferência de imprensa sobre isso, há uma semana, anunciando as medidas consequentes desse mau desempenho. Em suma, o departamento médico foi substituído e o Selecionador ganhou novas funções, passando a trabalhar mais de perto com os técnicos responsáveis pelas camadas jovens. Muitos têm chamado a isto uma "promoção" (estou agora a interrogar-me se terá existido um correspondente aumento de salário), em jeito de "recompensa" pelo Mundial. Se por um lado considero que, tendo em vista uma renovação da Equipa de Todos Nós, faz sentido uma maior ligação às seleções de esperanças, não sei se esta promoção dará a mensagem correta. 


As explicações que têm sido fornecidas, aliás, de tão vagas, não esclarecem nada. Deixam-me sem saber o que pensar, com medo de que, mais cedo ou mais tarde, tornem a cometer os mesmos erros - embora acredite que seria preciso muito azar para que todas aquelas circunstâncias se repitam (as lesões, as condições meteorológicas, o jogo contra uma poderosíssima Alemanha em que tudo nos correu mal).

Mas regressemos à Convocatória. Tal como afirmei antes, há muitas novidades em relação à Lista para o Brasil. Bruma, por exemplo, foi Convocado, algo de que não estava à espera - nem sequer sabia que ele já tinha recuperado da lesão. Existem, também, alguns nomes que me são desconhecidos, mas já se sabe que eu estou longe de ser uma especialista absoluta em futebol. Também não ajuda a mania de alguns clubes portugueses de enviarem os seus jovens para o estrangeiro, antes de termos tempo de aprender os nomes deles. Como já vai sendo habitual, há Chamadas mais consensuais que outras, alguns jogadores em forma duvidosa, explicações que não satisfazem completamente. 

A verdade é que ninguém sabe o que esperar desta Seleção pós-Mundial 2014. Na teoria, este grupo de Apuramento encontra-se ao alcance de Portugal, ainda para mais quando os dois primeiros classificados garantem a Qualificação direta e o terceiro vai a play-offs. Na prática, a Turma das Quinas é cronicamente imprevisível e, ainda por cima, vem de um recente fracasso. Não dá para ter certezas de nada. E isso preocupa-me.


Tal como já disse antes, na minha opinião, teremos de encarar isto um jogo de cada vez, como se estivéssemos numa fase final. Não elevar demasiado a fasquia, não fazer demasiadas comparações com outros jogadores, outras épocas, outras seleções. Procurar, apenas, fazer o melhor possível com aquilo que tivermos. Se tudo correr bem, será possível irmos reconstruindo a Seleção, passo a passo, fazê-la regressar aos bons resultados, tal como eu sempre acredito que acontece. Felizmente, o nosso primeiro jogo não será demasiado difícil - embora já se saiba que isto é relativo no mundo do futebol; não nos esqueçamos dos problemas que a Albânia nos deu na Qualificação para a África do Sul. Na dupla jornada de outubro já não será bem assim... Abre-se agora um novo capíulo na Históra da Seleção. O cenário inicial pode não ser o melhor, mas não percamos a esperança de um final feliz. 

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