sexta-feira, 23 de maio de 2008

"Um por todos e todos por um"


Na Quarta-feira, o Manchester United derrotou o Chelsea na final da Liga dos Campeões. O Cristiano Ronaldo e o Nani sagraram-se Campeões da Europa de Clubes, depois de o primeiro ter marcado um golo e falhado um penálti. O Scolari aproveitou esse jogo para dar uma lição sobre união e entreajuda.

Ele foi recebido e homenageado pelo cantor luso-brasileiro(?) Roberto Leal, numa Conferência de Imprensa ontem de manhã. O cantor fez de mensageiro do Presidente do Brasil Lula da Silva e no inesquecível Pelé. "O Brasil está com Portugal no Euro 2008", foi a mensagem. É a velha história dos "países irmãos".

A presença do Roberto Leal na conferência fez-me lembrar a recepção à Selecção no Estádio do Jamor, há dois anos, no dia da final do Mundial, depois da derrota frente à Alemanha por 3-0. Eu estive lá e duvido que alguma vez esqueça esse dia.

Estava um calor infernal, podia-se fritar ovos nas bancadas. Acho que até ouve uma miúda que se sentiu mal. Antes da chegada dos marmanjos actuavam cantores "pimba" com canções alusivas à Selecção e ao Mundial. Nos intervalos, violinistas tocavam os acordes de "I Will Survive", que geralmente soam depois dos golos da Selecção e uma voz nos altifalantes ia dizendo coisas como "A Selecção já saiu do aeroporto", "A Selecção está na 2ª Circular", "A Selecção está já na A5" e eu só perguntava:

- Mas quando é que eles chegam, pá?!?

Eles chegaram e foi uma festa. Foi quase como se nós é que fôssemos campeões do Mundo, como se as derrotas frente à França e à Alemanha não passassem de pesadelos de uma noite mal dormida. O discurso do Figo, que ia abandonar a Selecção, interrompido por cânticos de "Campeões, Campeões, nós somos Campeões!" e, depois, o discurso de Scolari, interrompido por gritos de "Fica! Fica! Fica!". "Vocês são campeões do carinho de do sentimento. Orgulhem-se do quarto lugar. Nunca deixem de acreditar e pode ser que, um dia, cá estaremos para comemorar uma grande vitória". Toda a gente cantando o hino, esticando cachecóis, jogadores incluídos - o Cristiano tinha o dele de pernas para o ar. Depois, toda a gente a cantar e a dançar, ao som de "Uma Casa Portuguesa" cantada pelo Roberto Leal. Vários jogadores puseram-se a brincar com os instrumentos e tudo. E, no fim, eu e vários tugas fomos dizer adeus aos marmanjos ao autocarro. Foi a primeira vez que vi de perto jogadores como o Maniche, o Figo, o Cristiano e o Simão. Inesquecível.

Foi nesse dia, nessa altura que eu (e outros para além de mim, tenho a certeza) acreditei que o sonho falhara mas ainda não morrera, ainda estava, ainda está, bem vivo, à espera que se cumprido. Um dia a Taça virá para Portugal.

Mas voltando à Conferência de ontem de manhã, o Mister aproveitou o penálti falhado pelo Cristiano para transmitir um apelo à união. "Aprendemos que um jogador não pode carregar os 20, mas sim que os 20 podem carregar um. Quando o Cristiano falhou a grande penalidade, a época podia ter sido marcada negativamente para ele. Mas os companheiros de equipa ajudaram-no e é isso que queremos na nossa Selecção.” Uma excelente época feita pelo Ronaldo podia ter ido pelo cano abaixo, se aquele penálti falhado roubasse a Taça ao United, mas, felizmente a equipa ajudou a corrigir o erro. O mesmo tem de acontecer na Selecção.

A gente tem um bocado a ideia que a Selecção é (só) o Cristiano Ronaldo, tal como achávamos antes que a Selecção era (só) o Figo. Mas não era, não é e nunca será só um jogador. A Selecção é o Cristiano Ronaldo, o Scolari, o Murtosa, o Ricardo, o Quaresma, o Nani, o Simão, o Nuno Gomes, o Fernando Meira, e por aí fora. E são eles, não só o Cristiano, que no Euro 2008 vão lutar pela Taça, para que seja desta que o sonho se torne realidade.

É a velha máxima do "Um por todos e todos por um".

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