No Sábado passado, dia 4 de Junho de 2011, a Selecção Portuguesa de Futebol recebeu e venceu a sua congénere norueguesa por um golo sem resposta, no Estádio da Luz. O único tento do jogo foi marcado por Hélder Postiga. Com este resultado, a Turma das Quinas subiu ao topo da tabela classificativa do Grupo H da qualificação para o Campeonato Europeu de Futebol, a realizar-se dentro de um ano na Polónia e na Ucrânia.
Assisti ao desafio durante uma festa de anos. Já não via um jogo da Selecção acompanhada por tanta gente desde os jogos com a Coreia e o Brasil da fase de grupos do Mundial 2010. Pude, portanto, cantar o hino em voz alta, de braço dado com os outros presentes na festa, em vez de o sussurrar, como costumo fazer quando vejo os jogos em casa. Além de que existiram outros para além de mim mandando bocas de treinadores-de-sofá, que muito irritam os meus familiares quando as digo cá em casa.
O jogo não foi muito fácil para os portugueses. Os nossos lá iam fazendo pela vida, mas os noruegueses ainda nos pregaram uns quantos sustos. Houve alturas em que receei que o Eduardo fizesse uma asneira como a que fez em Oslo, em Setembro. Felizmente, tal não aconteceu. No entanto, o tão desejado primeiro golo tardava a surgir e já começávamos a ficar preocupados. Estávamos a ver o jogo com o som desligado e com o computador a passar músicas dos anos 80. A certa altura, mais ou menos a meio da primeira parte, passa uma música chamada "All I Need Is a Miracle" e comentámos que até se adequava ao que estava a acontecer.
E daí talvez não. Suponho que se tivéssemos perdido ou empatado não seria muito grave em termos do nosso apuramento, acho eu. Quer dizer... não sei. De qualquer forma, não deixaria de ser mau depois de todas as palavras de optimismo que foram ditas durante o estágio, de todos os apelos que foram feitos para que o público viesse assistir ao jogo, do que dissera àqueles noruegueses. Por isso, ao intervalo, resolvi ir buscar o meu boné e, durante o resto do jogo, segurei-o nas mãos, como um terço. Tinha feito isso aquando do jogo com a Dinamarca e dera bom resultado. Tal voltou a acontecer no Sábado. E quando o Hélder, um dos meus jogadores preferidos, marcou, gritámos "GOLO!" em coro - outra vantagem de assistir a jogos na companhia de várias pessoas.
Mais tarde, Postiga afirmou que o Estádio da Luz é, para ele, um talismã, depois de confrontado com o facto de várias vezes ter marcado pela Equipa de Todos Nós naquela arena. Mas há quem diga que o verdadeiro talismã é o próprio Hélder, que já anda na Selecção há uns bons anos e possui vários tentos na bagagem. Com este, atingiu o top 10 dos marcadores da Equipa das Quinas. Sei que ele tem tido desempenhos flutuantes mas custa-me a compreender que ele tenha sido excluído da Selecção durante dois anos. Com mais este golo, voltou a provar que essa ausência prolongada foi asneira. Em suma: o Hélder é o maior!
Depois deste golo, pensei que o gelo tinha sido quebrado e que entrariam mais umas bolas na baliza norueguesa. Tal não aconteceu mas mantive essa esperança até ao apito final.
Não foi um jogo brilhante. Não houve domínio português indiscutível. Não houve propriamente ass-kicking. Não vou mentir, esperava um pouco mais de jogadores como Fábio Coentrão - pensava que ele quereria provar que tinha qualidade para ir para o Real Madrid, tal como tanto deseja - e, claro, Cristiano Ronaldo. Parece mesmo que ele foi vaiado - não sei, pois, como já disse, tirámos o som. É a velha história: para-o-Real-ele-marca-quarenta-mas-para-a-Selecção-não-dá-uma-para-a-caixa. Mas eu não vou tão longe nas críticas. As pessoas gostam de se queixar de barriga cheia, esquecem-se que, apesar de não marcar tantos golos quando desejaríamos, ele assistiu a muitos, várias vezes carregou a equipa às costas. Além disso - e isto é, provavelmente, mais importante que tudo o resto - no Sábado, foi ele quem deu aos colegas as últimas palavras de encorajamento, de optimismo, de determinação:
- Estamos todos aqui atrás de um objectivo e de um sonho. Queremos vencer e temos o destino nas mãos.
Isto só prova que o Cristiano leva a Selecção muito a sério. Os golos não são tudo na vida!
De resto, o que terá impedido uma exibição mais empolgante terá sido a pressão do acesso ao primeiro lugar e o típico degaste de final de época. E não nos podemos queixar. A Selecção, em Outubro, encontrava-se em quarto lugar no grupo e agora estamos em primeiro. Em primeiro! Ninguém acreditava que tal seria possível depois daquela trágica primeira jornada dupla. Tal como desejava, foi um encerramento com chave de ouro de uma época futebolística que ficará para a História. Agora os Marmanjos podem partir para férias descansados, satisfeitos, confiantes de que a qualificação não falhará.
Dizem - e eu acredito - que depois, em Setembro e Outubro, quando disputarmos as últimas jornadas do apuramento, a pressão terá aliviado ligeiramente, os jogadores estarão mais frescos, haverá boas hipóteses de jogarmos com mais brilho, entusiasmo, ass-kicking. E agora que temos três equipas na corrida para o apuramento, as coisas vão aquecer... Mas ainda faltam três meses, ainda é cedo para pensar nisso.
Antes teremos um particular em Agosto, com o Luxemburgo. Será dia 10, no Estádio do Algarve. É sempre o Luxemburgo, ou com o Liechenstein, ou as Ilhas Faroé... Não conseguem arranjar equipas melhorzinhas? Bem, sempre é melhor do que não haver nenhum jogo durante três meses...
Um aparte só para comentar que acho uma crueldade não existirem mais jogos da Selecção por ano. Devia realizar-se pelo menos um jogo por mês!
Não sei se vou conseguir actualizar o blogue aquando desse jogo. Nessa altura devo estar fora de casa, de férias, sem acesso garantido à Internet. Mas vou tentar publicar pelo menos uma entrada. Também não acho que haja muito a dizer...
No Domingo, Pedro Passos Coelho foi eleito Primeiro-Ministro. Assisti ao discurso de vitória. Quando, no fim, soou o Hino Nacional, lembrei-me da Selecção. Nesse momento, percebi que, quando Carlos Queiroz e Paulo Bento assumiram o comando da Turma das Quinas, prometi a mim mesma que os apoiaria e acreditaria neles enquanto estivessem naquele lugar. Mas agora que Passos Coelho assumirá em breve o comando do País, não consigo ter a mesma fé.
Gostava de poder acreditar no País, nos seus governantes, no seu Povo, da maneira como acredito na Selecção Nacional, nos jogadores, na equipa técnica. A sério que gostava. Quero acreditar que a mudança que o eleitorado pediu valerá realmente a pena, que as coisas vão melhorar, que a crise será vencida, ultrapassada, esquecida, de uma vez por todas. Suponho que a diferença resida no facto de a Selecção retribuir, mais cedo ou mais tarde, o apoio, a fé, que lhe são dedicados. O País, os políticos, apenas nos desiludem, apenas pioram cada vez mais a situação.
O tempo dirá se tudo isto valeu a pena, se a alma não é pequena. Entretanto, a Equipa de Todos os Nós deu-nos mais um motivo para acreditar que, daqui a um ano, estaremos na Polónia e na Ucrânia, talvez, quem sabe, esticando um pouco os limites do realismo, lutando pelo título. Já o disse mil vezes, de mil formas, mas volto a repeti-lo: enquanto a boa fase da Selecção Nacional se prolongar, as coisas nunca estarão assim tão más.
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